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U N I V E R S I DA D E Z A M B E Z E

FAC U L DA D E D E C I Ê N C I A S E T E C N O L O G I A S
L I C E N C I AT U R A E M E N G E N H A R I A C I V I L

AULA 4
- INTRODUÇÃO AO CAPITULO III

HIDROCINEMÁTICA
DISCIPLINA: HIDRAULICA I
DOCENTE: ENG. GOLDEN GARFO
Definição
Hidrocinemática é o capítulo da Mecânica de Fluidos que estuda a
caracterização do movimento dos líquidos.
No âmbito de Hidraulica, o estudo é feito através da descrição do
comportamento das partículas de fluido que ocupam as diferentes posições de
um determinado domínio, em cada instante.
As hipóteses simplificativas a considerar são a temperatura constante e o
fluido incompressível.
Nesta caracterização é importante definir os conceitos de linha de corrente e
de trajectória.
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Cont.
• Trajectoria - A trajetória de um corpo em movimento consiste
numa linha imaginária que indica as sucessivas posições ocupadas pelo corpo
no decorrer do tempo.
Linha de corrente - Uma linha de corrente consiste numa linha contínua
traçada num fluido, tangente em todos os pontos ao vetor velocidade

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Tipos de Escoamento
Critérios de classificação
• condições físicas de fronteira
• variação com o tempo
• variação com o espaço
• regularidade das trajectórias
• propagação de perturbações

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Classificação segundo as condições físicas de fronteira
Escoamentos sob pressão – acontece em condutas de secção fechada,
sem contacto com a atmosfera; a pressão em qualquer ponto do escoamento
será normalmente diferente da pressão atmosférica. O escoamento em
condutas de sistemas de abastecimento de água ou em circuitos hidráulicos
de centrais hidroeléctricas é exemplo de escoamentos sob pressão.
Escoamentos com superfície livre – são escoamentos que ocorrem com
alguma parte do escoamento (a superfície livre) em contacto com a
atmosfera; a pressão na superfície livre é igual à pressão atmosférica. Pode
referir-se como exemplos de escoamentos com superfície livre o escoamento
em rios ou em valas de drenagem.
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Cont.
Escoamentos em meio poroso – são escoamentos através dum solo
permeável, sem contacto com a atmosfera; o escoamento dá-se através dos
poros do solo mas a secção do escoamento é definida estatisticamente pela
porosidade.
O escoamento subterrâneo que alimenta poços e furos de água é um exemplo
de escoamento em meio poroso.

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Classificação segundo a variação ao longo do
tempo
Escoamento variável – Escoamento que varia seu caudal, velocidade ao longo do
tempo. É a situação mais geral e também mais complexa de estudar. São exemplos o
escoamento dum rio durante uma cheia, o escoamento numa vala de drenagem
durante uma chuvada intensa, o escoamento numa conduta alimentada por gravidade
por um reservatório cujo nível vai baixando.
Escoamento permanente – Mandem seu caudal constante ao longo do tempo.
Podem referir-se como exemplos o escoamento num rio que não está em cheia ou o
escoamento numa conduta alimentada por um reservatório cujo nível de água se
mantém constante. Em muitas circunstâncias, as características do escoamento
podem variar tão lentamente que o escoamento pode ser estudado como
escoamento permanente.
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Cont.
Escoamento transitório – trata-se do escoamento variável que ocorre entre dois
escoamentos permanentes. Um exemplo é o fecho parcial duma conduta: as condições
iniciais de escoamento permanente alteram-se e gera-se um escoamento variável mas, ao
fim de algum tempo, o efeito da perturbação (fecho parcial) desaparece e fica-se com um
novo escoamento permanente.

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Classificação segundo a variação ao longo do espaço
Escoamento variado – as características do escoamento, como a velocidade, variam
de ponto para ponto do escoamento, podendo variar ou não ao longo do tempo.
Constituem exemplos de escoamento variado o escoamento num rio onde as secções
transversais variam, o escoamento num troço tronco-cónico duma conduta ou o
escoamento numa conduta de alimentação onde o caudal vai diminuindo ao longo do
percurso.
Escoamento uniforme – as características do escoamento não variam de ponto para
ponto do escoamento. v = cte. Note-se que não é fisicamente possível ter v = v(t) , ou seja,
ter uma característica do escoamento a variar com o tempo sem variar no espaço, visto que
isso implicaria que qualquer perturbação no escoamento se propagaria a uma velocidade
8 infinita. Portanto, não existe escoamento variável uniforme.
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Cont.
A conjugação dos critérios de variação no tempo e no espaço leva então à
existência de três e não quatro tipos diferentes de escoamento:
Escoamento uniforme – é o escoamento que não varia nem com o tempo
nem com o espaço. v = cte
Escoamento variado – é o escoamento que varia com o espaço mas não
varia com o tempo. v = v(x, y, z)
Escoamento variável – é o escoamento que varia com o espaço e com o
tempo. v = v(x, y, z, t)
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Classificação dos escoamentos em relação à
regularidade das trajectórias
Escoamentos laminares – as trajectórias são regulares, aproximadamente
rectilíneas e não interferem umas com as outras.
Escoamentos turbulentos – as trajectórias são irregulares e interferem
fortemente umas com as outras, aumentando a homogeneidade do
escoamento através da troca de quantidades de movimento entre partículas.

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Classificação de acordo com a propagação das
perturbações
Escoamento lento – a velocidade de propagação da perturbação é superior
à velocidade do escoamento e o efeito da perturbação propaga-se tanto para
jusante como para montante.
Escoamento rápido – a velocidade de propagação da perturbação é inferior
à velocidade do escoamento e o efeito da perturbação apenas se propaga para
jusante. A perturbação é arrastada para jusante.
Escoamento crítico – a velocidade de propagação da perturbação é igual à
velocidade do escoamento e o efeito da perturbação não se propaga para
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montante, ficando a perturbação estacionária.

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Exemplos

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Cont.

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Tubo de fluxo, caudal, velocidade média
• Tubo de Fluxo
Define-se tubo de fluxo como a porção de espaço delimitada pelo conjunto de linhas
de corrente que passam por um contorno. Filete é o tubo de fluxo para um
contorno com uma secção infinitamente pequena.
• Secção recta
Designa-se por secção recta a secção que corta ortogonalmente todas as linhas de
corrente num tubo de fluxo. Quando a secção recta é plana, ela é referida como
secção transversal.
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Cont.
Caudal é o volume do líquido que atravessa uma secção recta na unidade de
tempo. O caudal que atravessa uma secção recta será então:
Q = U∗ A

Velocidade média numa secção recta dum tubo de fluxo é a velocidade,


constante em todos os pontos dessa secção recta, dum escoamento fictício que
transporta o mesmo caudal Q

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U = 𝑸/𝑨
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Equação da continuidade
A Equação da Continuidade traduz o princípio da conservação da massa: a
variação da massa dum líquido contida num certo volume e, limitado por uma
superfície S, durante um intervalo de tempo dt é igual ao fluxo da massa de
líquido através de S, isto é, é igual à massa que entra menos a massa que sai
nesse intervalo de tempo.

Q1 = Q 2
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Escoamentos laminares e turbulentos
Num escoamento laminar, as trajectórias das partículas são regulares e não
se cruzam.
Pelo contrário, num escoamento turbulento a velocidade num ponto varia
ao longo do tempo, sem regularidade, tanto em grandeza como em direcção, e
as trajectórias são muito irregulares, com as trajectórias de partículas vizinhas
a cruzarem-se

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Cont.
Diz-se que temos escoamento turbulento em regime permanente
quando, em qualquer ponto do escoamento, o valor médio da velocidade ao
longo dum período de tempo suficientemente longo T se mantém constante e
é independente do instante inicial t0.

1 t0 T
V 
T 
t0
V dt

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Cont.
A velocidade instantânea num dado ponto, V, é dada por

em que V é a velocidade média ou velocidade de transporte e V’ é a velocidade de


agitação ou flutuação turbulenta de velocidade. É fácil de ver que o valor médio
no tempo de V’ é nulo. V =

O caudal na secção praticamente não varia: Q = U∗ A


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Aceleração local e aceleração convectiva
A aceleração local representa a variação da velocidade com o tempo num
dado ponto.
A aceleração convectiva representa a variação da velocidade num dado
instante entre dois pontos infinitamente próximos.
Apenas existe aceleração local em escoamento variável mas existe aceleração
convectiva num escoamento permanente (variado)

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Descrições de lagrange e de euler
A descrição de Lagrange é uma das maneiras de analisar o movimento
dum líquido, consistindo em acompanhar o movimento duma partícula
individualizada, estudando portanto trajectórias e obtendo a partir daí as
correspondentes velocidades.
A descrição de Euler analisa o movimento dum líquido procurando definir
o campo de velocidades, isto é, determinando o vector velocidade em cada
ponto fixo do espaço e em cada instante. Estuda, portanto, linhas de corrente.
Este é o método mais habitual e aquele que irá ser utilizado nas disciplinas de
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Hidráulica.

Eng. Golden Garfo


Proxima aula

CAPITULO IV
HIDRODINÂMICA

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Eng. Golden Garfo


Obrigado pela atenção!

Eng. Golden Garfo

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