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Enunciado:

Trabalhos recentes promoveram alterações em circuitos genéticos relacionados ao processo


mais essencial à vida das plantas, a fotossíntese, e obtiveram ganhos expressivos de
produtividade em experimentos com duas grandes culturas agrícolas, a soja e o arroz. A
fotossíntese transforma a energia solar em energia química, indispensável para o
desenvolvimento do vegetal. A luz é captada e usada para converter água, dióxido de carbono
(CO2) e minerais em oxigênio e compostos orgânicos (carboidrato e gordura). Essas reservas
energéticas são o combustível para a planta se manter e crescer.

O desenvolvimento de cultivos geneticamente modificados com maior produtividade é cada


vez mais frequente e sempre requer cuidados extras à realização de estudos sobre possíveis
impactos indesejados ao meio ambiente ou à saúde.

Com isso em mente, veja o estudo de caso a seguir:

Nova soja transgênica faz fotossíntese extra e rende 33% a mais no campo

Resultados reportados em artigo de capa da revista Science recentemente, com a participação


da botânica brasileira Amanda Pereira de Souza, da Universidade de Illinois, mostram um
estudo sobre modificações genéticas introduzidas na soja.

Os pesquisadores introduziram na soja três genes de Arabidopsis thaliana, planta da família da


mostarda usada como modelo da biologia. Esses genes já existem na soja normal. O objetivo
de reforçar o genoma do cultivo agrícola com uma cópia extra é aumentar a produção das
proteínas associadas a esses genes. Essas proteínas regulam um mecanismo de proteção das
folhas da soja (e de muitas outras plantas) quando expostas a um excesso de luz, denominado
extinção não fotoquímica.

Em alta luminosidade, as plantas fazem o máximo de fotossíntese. Para evitar danos, as folhas
que recebem luz em demasia dissipam o excesso de energia solar absorvida em razão da
ativação da extinção não fotoquímica. Quando essas mesmas folhas entram em uma zona de
sombra, devido à passagem de uma nuvem ou por terem sido encobertas por alguma parte da
planta, elas não desligam imediatamente esse sistema de defesa contra o excesso de sol. Elas
mantêm esse mecanismo desnecessariamente ligado por algum tempo e demoram alguns
minutos para direcionar a energia recebida para a fotossíntese, um atraso que diminui a
eficiência do processo. A proteção conferida pela extinção não fotoquímica é ligada e
desligada várias vezes ao dia em função das condições de luz.

A introdução das cópias extras dos três genes faz com que as folhas da soja iniciem a
fotossíntese em menos tempo do que o padrão quando passam de um ambiente com excesso
de luz para um de sombra. “Essa modificação genética deu certo tanto no tabaco como na
soja, que são culturas bem distintas”, comentou, em entrevista por e-mail à Pesquisa FAPESP,
o botânico Stephen Long, da Universidade de Illinois, chefe do grupo que realiza os estudos.
“Acreditamos que ela deva funcionar em cultivos cujos ancestrais são originários de hábitats
abertos, nos quais as zonas de sombras eram raras.” Quarto cultivo mais comum no mundo, a
soja é a primeira cultura agrícola de larga escala em que a alteração genética proposta pelo
grupo de Illinois é testada.

Fonte: Marcos Pivetta. Nova soja transgênica faz fotossíntese extra e rende 33% a mais no
campo. Revista Pesquisa Fapesp. 2022. Acesso em setembro/2022.
Baseado nesse estudo de caso, elabore um texto destacando:

a) O que se espera em aspectos ambientais e econômicos dos resultados desses estudos no


futuro, envolvendo plantas modificadas geneticamente.

b) Os fatores de riscos que devem ser considerados no desenvolvimento desses estudos.

A engenharia genética é uma tecnologia poderosa que permite a criação de


plantas com características desejáveis, como maior resistência a pragas e doenças, maior
produtividade e tolerância a condições ambientais adversas. No entanto, a introdução de
plantas geneticamente modificadas (PGMs) no meio ambiente é um assunto controverso
que levanta preocupações ambientais e econômicas.

Do ponto de vista ambiental, é importante garantir que as PGMs não afetem


negativamente a biodiversidade, o ecossistema e a saúde humana. Para isso, os estudos
sobre PGMs devem seguir rigorosos protocolos de segurança e avaliação de risco antes
de serem liberados para cultivo comercial. Além disso, é necessário monitorar
continuamente os impactos ambientais das PGMs após sua liberação no meio ambiente.

Por outro lado, em termos econômicos, os estudos envolvendo PGMs têm o


potencial de trazer grandes benefícios para a agricultura e a economia em geral. As
PGMs podem aumentar a produtividade das culturas, reduzir os custos de produção e
melhorar a qualidade dos alimentos, o que pode resultar em preços mais acessíveis para
os consumidores. Além disso, as PGMs podem ajudar a reduzir a dependência de
agroquímicos, o que pode ser benéfico para o meio ambiente e para a saúde humana.

Ainda sim, existem alguns fatores que devem ser levados em consideração no
desenvolvimento desses estudos: Os riscos associados. Os riscos associados ao
desenvolvimento de estudos envolvendo plantas geneticamente modificadas são
diversos e devem ser levados em consideração. A transferência de genes para outras
espécies pode levar a perda de diversidade genética e afetar a ecologia local. Além
disso, a resistência de pragas e ervas daninhas aos pesticidas e herbicidas pode levar a
um aumento no uso desses produtos químicos e causar impactos ambientais negativos.
Outra preocupação é o possível impacto na saúde humana, uma vez que ainda não há
certeza sobre os efeitos a longo prazo do consumo de alimentos derivados de PGMs.
Além disso, a introdução de PGMs pode apresentar riscos ambientais
imprevistos, como a introdução de características que podem ser prejudiciais a outras
espécies e ecossistemas. A dependência de empresas de biotecnologia que detêm as
patentes das PGMs também pode levar a um maior controle das empresas sobre a
agricultura e a produção de alimentos. É necessário que a avaliação de riscos seja feita
de forma rigorosa, levando em consideração todos os possíveis impactos ambientais,
econômicos e sociais. A transparência nas decisões tomadas em relação à introdução e
liberação de PGMs no ambiente é essencial para garantir a segurança alimentar e
ambiental.

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