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Fecundação –fusão dos elementos masculino e feminino, isto é, do esperma e doóvulo. Esta fusão dá
origem ao zigoto ou célula-ovo.Este momento é crucial, na medida em que dá início a uma realidade
biológicahumana, distinta da dos seus progenitores, com um código genético único e irrepetível,e já
com dinamismo autónomo.Anidação –implantação do ovo no endométrio, dentro do útero.Por ocasião
do término deste processo de anidação, que começa entre o 5.º e o 6.ºdia, para acabar no 14.º , surge a
possibilidade de o embrião se poder dividir e darorigem a gémeos. O que coloca, como é evidente, a
questão da individualização, que pressupõe a base da personalização.Também o facto de cerca de
50% dos óvulos fecundados não chegarem à fase daanidação coloca questões sérias à humanização,
antes deste momento.Fim da organogénesis ou formação do feto -aquisição da forma humana, por
partedo novo ser. Quer dizer, o novo ser adquire o aspecto humano: constituição da cabeça,com os
seus olhos, nariz e boca; das extremidades, da maioria dos órgãos internos. Oque significa a passagem
da fase embrionária para a fase fetal.Além do mais, por este período, mais concretamente, por volta
do 43.º dia, apareceo primeiro sinal de actividade eléctrica cerebral, embora ainda sem substância
cinzenta,e ainda com um traçado do electroencefalograma de tipo subcortical.Ora, dado o facto de a
paragem da actividade cerebral ser identificada com a morte,a formação e início do funcionamento do
córtex cerebral coloca questões importantes,em relação à humanização.Viabilidade –refere-se à
possibilidade de o novo ser poder viver fora do útero,embora precise ainda de um apoio especial
médico.Perante tudo isto, quais são, pois, as questões éticas do aborto?De tudo quanto acabamos de
referir, conclui-se, como bem defendeu o ginecólogoG. Garbelli, que, para a Biogenética,o concebido,
logo na sua face embrionária de ovo(zigoto), já pertence à espécie humana. É,
indiscutivelmente,singular , isto é, distinto
 
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dos seus progenitores. E adquire, imediatamente, um mecanismo de programação do próprio plano de
desenvolvimento,funcionando com modalidades autónomas.Assim, acrescenta ainda Garbelli,
o óvulo fecundado é um ser humano, pela suaorigem, pela sua finalidade; pelas suas virtualidades ou
potencialidades humanas,
que,enquanto tais, são completas, logo no acto da concepção.Isto não significa que a tarefa da sua
hominização já tenha terminado. O homem,até à sua morte, é sempre um projecto-de-ser-homem, um
ser-humano-em-evolução.Porém, ao longo deste processo, já não registarásaltos
qualitativos assinaláveis, emboratenha momentos decisivos, em sua evolução. O ovo ou zigoto
humano é, desde logo,distinto do ovo de qualquer outro animal ou ser não humano.E é tanto
maiscondenável interromper  este movimento evolutivo do embriãohumano, quanto mais fraco e
desprotegido ele se mostra, por ocasião da sua concepçãoe desenvolvimento embrionário ou fetal.É
verdade que alguns querem fazer depender a hominização desse novo ser, da suacapacidade
relacional, da sua aceitação pelos pais, ou mesmo da aquisição de umacultura. Mas nós rejeitamos
essa pretensão, na medida em que todas essas
características podem faltar também em pessoas adultas. E quanto maiores forem as deficiências deu
ma pessoa, a este nível, tanto mais elas traduzirão uma sua extrema debilidade, e tantomaior deverá
ser o nosso empenho em a proteger e defender. Assim temos também de proteger edefender a
humanidade do embrião ou do
feto. Nesta lógica, ainda que, embora com muita prudência, pudessem, eticamente, sertolerados e
aceites oaborto terapêutico, o eugénico e o ético ou humanitário,o aborto psico-social ou doutro tipo
é condenável, proibido e inaceitável.
3.2. A Esterilidade3.2.1.
 
Combate à esterilidade e questões ética correlativas
Para lutar contra a esterilidade, tanto masculina como feminina, dispõe, hoje, a ciência,de um
conjunto de técnicas designadas por
 Reprodução Medicamente Assistida 
(RMA).São eles:-
 
a Inseminação artificial (IA);-
 
a Transferência Intratubária de Gâmetas (GIFT);-
 
a Transferência Intratubária de Zigotos (ZIFT); 
 
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e a Fertilização in vitro, seguida de transferência de embriões (FIVETE). Porinseminação artificial
(IA) entende-se a transferência mecânica de espermatozóides, previamente recolhidos e tratados, para
o interior do aparelho genital feminino.PorTransferência Intratubária de Gâmetas entende-se a
transferência de gâmetas(espermatozóides e ovócitos), previamente isolados, para o interior das
trompasuterinas, de modo a que só aí se dê a sua fusão.Donde, a fecundação tem lugar
in vivo.
Portransferência Intratubária de Zigotos (ZIFT) entende-se a fusão dos gâmetas
invitro,
e posterior transferência, depois da fusão, para o interior das trompas uterinas.Quanto à
 FIVETE 
 ou seja, fertilização
in vitro 
e transferência dos embriões, elaacontece, quando o zigoto ou os zigotos são incubados
in vitro,
 no mesmo meio, em quesurgiram, até que se dê a sua segmentação.O embrião ou embriões
resultantes (no estádio de duas a oito células) são, então,transferidos para o útero ou para as trompas.

 
Osespermatozóides podem ser mantidos congelados, por períodos indefinidos, emcondições que lhes
permitam reter suficiente actividade, e armazenados em bancosde esperma.

 
Quanto aosovócitos é, por agora, tecnicamente insatisfatório o seu congelamento
earmazenamento.Quanto à proveniência dos materiais biológicos,nas técnicas
supracitadas,osespermatozóides e os ovócitos podem provir do casal, e, nesse caso, a
 Reprodução Medicamente Assistida 
(RMA) diz-sehomóloga.Se, pelo contrário, um ou ambos os tipos de gâmetas do casal não são viáveis,
e serecorre a umdador de espermatozóides ou/e deovócitos, exterior ao casal, a
 Reprodução Medicamente Assistida 
(RMA) diz-seheteróloga.Quando a mulher, por alguma razão, não pode engravidar, apesar de
possuirgâmetas viáveis, recorre-seà mãe de substituição, que criará o embrião em suas
entranhas, para, depois, entregar o filho aosdadores dos gâmetas.Mas casos existem,em que a mãe
não só recebe o embrião, como também contribuicom os seus ovócitos.Disto, resulta a dissociação
dos elementos. Oselementos de paternidade e dematernidade estarão separados. O que permite
falar-se não sóde pai e mãe ou de pai emãe adoptivos, mas também de pai e mãe biológicos e
de pai e mãe sociais, comocategorias diferenciadas

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