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06/11/2022 11:37 UNINTER

GESTÃO E MAPEAMENTO DE
PROCESSOS
AULA 1

 
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06/11/2022 11:37 UNINTER

Prof. Roberto Pansonato

Prof. Luciano Furtado Correa Francisco

CONVERSA INICIAL

Olá! Seja bem-vindo à nossa jornada


de conhecimento!

Você já reparou que na vida


cotidiana temos muitos processos repetitivos que ocorrem

diariamente e que
muitas vezes não damos conta de que acontecem? O simples fato de escovarmos

os
dentes todos os dias pela manhã configura um processo em que é possível
encontrar as entradas,

as atividades e as saídas ‒ daqui a pouco vamos ver o


que isso significa. Não raras vezes, somos
impactados pelos processos quando
enfrentamos longas filas para obter determinado serviço

(bancário e aplicação
de vacina, por exemplo).

Ainda que algumas pessoas não consigam


enxergar, uma empresa é um grande mesclado de

processos que interagem entre si


e constantemente geram saídas, que podem ser produtos

(tangíveis) ou serviços
(intangíveis). Para que tais processos proporcionem produtos e serviços de

excelência, é necessário que estejam mapeados e bem geridos. Corporações de


sucesso possuem

processos bem estruturados, que utilizam os recursos de forma


otimizada e ao mesmo tempo geram

valor aos clientes. Para se alcançar êxito na


gestão e mapeamento dos processos, é necessário o

domínio de ferramentas e
técnicas visando à análise e posterior implementação de melhorias. Esta

caminhada
tem como um dos objetivos despertar seu interesse e de profissionais sobre a
importância desse mapeamento no mundo empresarial.

Aqui, vamos explorar os seguintes


temas:

1. O que são processos;

2. Tipos de processo;

3. Função versus processos (gestão funcional versus gestão


por processos);

4. Gestão e visão sistêmica; e

5. Organização orientada a processos.

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CONTEXTUALIZANDO

Para compreendermos como os


processos empresariais influenciam positiva ou negativamente a
vida dos
consumidores, vamos a um breve relato baseado em acontecimentos do cotidiano.

Um pronto socorro médico de uma


rede privada de saúde (vamos chamá-la de S+), localizado

em algum centro urbano


do país, decidiu aperfeiçoar o atendimento aos pacientes por meio da

implantação de um novo software específico que se mostrava


revolucionário.

Rodolfo (nome fictício), que tem um


plano de saúde da S+, amanheceu em determinado sábado

com fortes dores no braço


direito e decidiu procurar um médico. Chegando ao pronto socorro,

percebeu que muitos


pacientes se acumulavam próximos do atendimento, como era de se esperar. Aí


começa a influência dos processos na vida de um cidadão, e no atendimento é
possível perceber

uma das restrições deles. Menos ruim que, no processo


proposto, havia uma triagem em que os
pacientes informavam suas queixas e eram
classificados em códigos especiais apresentados em

monitores espalhados pelo


saguão para definir a ordem de atendimento. Como o caso do Rodolfo

era
ortopedia, nesse dia não havia muitos pacientes na mesma condição, e a espera
não foi tão

grande. Ele foi chamado via monitor a se dirigir ao consultório


“X”.

De alguma forma, o atendimento,


mesmo com alguma espera, estava dentro do previsto. Após

ser diagnosticado pelo


ortopedista, fez-se necessário um procedimento de intervenção médica

interno,
realizado pelo próprio médico, para amenizar a dor. Atrás de um monitor de um

computador, entre batidas no teclado e cliques no mouse, ele tentou por


vários minutos requisitar

um medicamento para o procedimento analgésico. Sem


obter sucesso, pediu a ajuda de uma

enfermeira. Depois de alguns minutos, ambos


chegaram a um acordo e foi emitida uma guia

impressa, que precisava do carimbo


e assinatura do médico para retirada do medicamento em um

almoxarifado.

Rodolfo, sentado e vendo toda a


movimentação, sentia que a dor estava aumentando. Depois de

mais alguns
minutos, a enfermeira retornou e comunicou ao médico que para efetivar a
requisição

do remédio a guia impressa não era suficiente e que seria necessário


fazer outra operação no

aplicativo. Nesse momento, além dos dois profissionais,


uma terceira pessoa se juntou a eles em

torno do PC para tentar resolver o


problema. Depois de mais de 30 minutos, encontraram uma

solução, o medicamento
foi requisitado e retirado do almoxarifado e finalmente o procedimento

analgésico foi realizado.


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Esse caso mostra que nenhum software,


aplicativo ou tecnologia de ponta dará bons resultados

se os processos não
forem bem mapeados. É sobre isso que iremos abordar em nossos estudos:

preparar
profissionais de mapeamento de processos que realmente tenham um diferencial
positivo

dentro das organizações.

TEMA 1 – O QUE SÃO PROCESSOS

Não há organização empresarial que


entregue um produto ou serviço que não tenha sido

proveniente de um ou vários
processos. Mas o que especificamente é um processo? Vamos a

algumas definições.
De forma simples e direta, Harrington (1993) o conceitua como uma ação que

recebe uma entrada (input), transforma (agregando valor) e gera uma


saída (output).

Conforme destacam
Wildauer e Wildauer (2015, p. 21), processo é um conjunto finito,
sequencial

e ordenado de passos que devem ser executados para transformar um


insumo (uma entrada) em

algo útil (uma saída), válido, que atenda a


especificações predefinidas (parâmetros, dimensões,

prazos etc.). Na concepção


de C-BOK 2.0 (2013, p. 35), trata-se de um conjunto definido de atividades

ou
comportamentos executados por humanos ou máquinas para alcançar uma ou mais
metas.

Portanto, podemos definir


resumidamente processo como sendo uma série de atividades

integradas que
recebem entradas (inputs) e geram saídas (outputs), que podem ser
produtos ou

serviços. A Figura 1 ilustra essa definição.

Figura 1 - Exemplo de fluxo de processo

Créditos: Pansonato, [S.d.]

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Para compreendermos melhor a importância dos processos para as


empresas, é necessário que

entendamos o que é produto. Segundo o Dicionário


Priberam de Língua Portuguesa, produto é

“aquilo que foi produzido”. Para


Kotler (2000, p. 39, citado por Wildauer e Wildauer (2015, p. 18),

produto é
“algo que pode ser oferecido a um mercado para satisfazer uma necessidade ou um

desejo”. O produto, saída de um processo, pode ser um bem físico (um


computador, um smartphone

etc.) ou um bem intangível (um serviço, um


evento etc.).

Você vai observar neste estudo uma


frase que se repetirá com frequência: o processo certo vai

proporcionar o
produto ou serviço correto. Portanto, para se obter aquilo que atenda
plenamente o

cliente, agregando-lhe valor, é necessário que os processos sejam


realizados da melhor forma

possível.

Para comprovar a importância dos


processos no sucesso dos produtos disponibilizados aos

clientes, vamos voltar


um pouco na história empresarial global. Após a década de 1950, os japoneses,

derrotados na Segunda Guerra Mundial, iniciaram um trabalho de recuperação


econômica

capitaneados pelo que ficou conhecido como produção enxuta (ou lean
manufacturing ou Sistema

Toyota de Produção). Mas o que isso tem a ver com


processo? Nessa filosofia de manufatura, o foco

nos processos é intenso, o que


proporcionou aos japoneses disponibilizar produtos da mais alta
qualidade por
todo o mundo e alavancar a economia do país; consequentemente, melhorou

sensivelmente a qualidade de vida da população.

O sucesso alcançado se deveu em


grande parte ao foco no gerenciamento de processos, que

passou a fazer parte da


cultura corporativa (experiência vivida pelo autor); áreas-chaves como

desenvolvimento de produto, logística e produção, por exemplo, foram


beneficiadas. Conforme

ressalta Gonçalves (2000, p. 17), “é conhecido o caso


das indústrias japonesas que investiram 70%

dos seus fundos de Pesquisa e


Desenvolvimento (P&D) em inovação de processos, ao contrário das

americanas, que investiram essa mesma proporção, mas no desenvolvimento de


produtos”.

Os processos industriais evoluíram


muito no decorrer do tempo, seja por meio de técnicas de

produção e gestão,
seja por meio da automação. Desperdícios são eliminados a todo momento e

processos otimizados são implantados com frequência. Algumas técnicas e


ferramentas desses

processos foram incorporadas aos administrativos e de


serviço, porém há uma diferença fundamental

entre ambos: nos processos


industriais, as atividades e o fluxo são facilmente identificados, pode-se

enxergá-los, o que não ocorre na maioria dos processos administrativos e de


serviços que, ao se

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tornarem digitais, suas atividades muitas vezes não são


passíveis de clara identificação, ou seja, nem

sempre é possível enxergá-las.

O termo processo e sua


função dentro das organizações têm se tornado tão importante a ponto

de a ISO
9001, que é um conjunto de normas para gestão da qualidade, ter uma seção
específica

desde a versão de 2008 e aprimorada na versão ISO 9001-2015. A Seção


3, denominada “Abordagem

de processo”, enfatiza a adoção da abordagem de


processo no desenvolvimento, implementação e

melhoria da eficácia de um sistema


de gestão da qualidade visando aumentar a satisfação do cliente
pelo
atendimento aos seus requisitos.

TEMA 2 – TIPOS DE PROCESSOS

Ao final do tema anterior


salientamos as diferenças entre os processos industriais e os
administrativos e
de serviço. Os industriais possuem especificidades em função do que se quer

produzir: processos de injeção plástica são diferentes do de estamparia de


metais que, por sua vez, é
distinto do de montagem. Portanto, o propósito desta
caminhada é discorrer sobre os processos

administrativos, ou, mais


particularmente, sobre os de negócios.

O fluxo de um processo industrial


tem como base o fluxo de materiais, que é facilmente

observável. Com relação a


um processo de serviços, a base é o fluxo de trabalho, não tão visível, mas
com
início e final bem definidos. O Quadro 1 apresenta alguns dos principais
modelos de processos.

Quadro 1 ‒
Espectro dos principais modelos de processos

Processo Exemplo Características


como

• Inputs e outputs claros


Fluxo de
Processos de fabricação • Atividades discretas
• Fluxo observável
• Desenvolvimento
material
linear
• Sequência de atividades

Fluxo de Desenvolvimento de produto


Recrutamento • Início e final claros
• Atividades discretas
• Sequência de
trabalho e contratação de pessoal atividades

Modernização do parque
industrial da • Caminhos alternativos para o resultado
• Nenhum fluxo
Série de
empresa
Redesenho de um processo perceptível
• Conexão entre atividades
etapas
Aquisição de outra empresa

Atividades Desenvolvimento gerencial


Negociação • Sem sequência obrigatória
• Nenhum fluxo perceptível
coordenadas salarial

• Evolução perceptível por meio de indícios


• Fraca conexão
Mudança de Diversificação de negócios
Mudança cultural
entre atividades
• Durações apenas previstas
• Baixo nível de
estados da empresa
controle possível

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Fonte: Gonçalves, 2000, p. 7.

O quadro que acabamos de ver indica


algumas diferenças básicas entre modelos de processos e
como as características
específicas acompanham tais diferenças.

2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS

Dentro das organizações é possível


encontrar três tipos distintos de processos: de negócios (ou

primários),
organizacionais e gerenciais. Veja a seguir resumo da proposta de Gonçalves
(2000, p. 11).

Processos de negócios: atuam na fabricação de produtos ou na


geração de serviços. Também

conhecidos por processos primários, incluem grande parte das


atividades que geram valor ao
cliente e atravessam os níveis hierárquicos e
funcionais.

Processos organizacionais: dão suporte aos processos de negócios


(primários), sendo
responsáveis pelo funcionamento dos vários subsistemas da organização em busca
de um

desempenho geral eficiente.


Processos gerenciais: incluem as ações de medição e ajuste do
desempenho da organização e
têm foco nos gerentes e nas suas relações (Garvin, citado por
Gonçalves, 2000). Também

suportam os processos primários.

Para compreender bem como funciona essa classificação, nada melhor


do que um quadro

explicativo com detalhes, como tipos de processos e exemplos


de aplicação. É o que está indicado no
Quadro 2, a seguir.

Quadro 2 ‒ Classificação geral dos processos empresariais

Capacidade
Fluxo
Processos Tipo de geração Atuação Orientação Exemplo
básico
de valor

De
produção Fabricação
de
Primários Físico Transformação Horizontal
física bicicletas
De negócio (de
cliente) Atendimento
a
De serviço Primários Lógico Transformação Horizontal pedidos de
clientes

Organizacionais Integração
Burocráticos De
suporte Lógico Horizontal Contas a
pagar
(apoio aos processos horizontal
produtivos)
Não Integração
Comportamentais De
suporte Lógico Não se
aplica
definida gerencial

De
mudança De
suporte Lógico Não se
aplica Não Estruturação
de

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definida uma nova


gerência

Definição
de

De De Integração
De
suporte Vertical metas da

direcionamento informação horizontal


empresa

Definição
de

Gerenciais De Integração
De negociação De suporte Vertical preços com

informação horizontal
fornecedor

Medição
de
Acompanhamento
De
De monitorização De
suporte Vertical do planejamento
informação desempenho e orçamento

Fonte: elaborado com base em Gonçalves,


2000, p. 11.

2.2 HIERARQUIA DOS PROCESSOS

É interessante observar como dentro


das empresas muitas vezes os próprios funcionários não

conseguem identificar os
processos dos quais fazem parte. Para entender melhor esse complexo
sistema, é
necessário o estudo da hierarquia dos processos.

Macroprocesso: refere-se
a uma visão ampla da atividade, que abrange mais de um setor,

departamento,
função na estrutura organizacional; sua operação tem um impacto significativo
no modo como a organização funciona. Exemplos: departamento de compras,
fabricação,

logística etc.
Processo: diz respeito a
um conjunto de atividades complexas, sequenciais e relacionadas com

entradas e
saídas bem definidas. Exemplos: processos de contas a pagar, recebimento,
expedição, fatura etc. (processos de serviços).

Subprocesso: trata-se
de um conjunto de atividades ou tarefas específicas e distintas que
compõem o
processo. Exemplos: preparação (setup) de máquinas, preparação de
máquinas
etiquetadoras etc.

Atividades:  ocorrem
dentro do processo e são geralmente desempenhadas por uma unidade
(pessoa ou
máquina) para produzir um resultado particular, constituindo a maior parte dos

fluxogramas. Exemplo (em serviço): receber documentos, cadastrar cliente, fazer


check list etc.
Tarefa: é a menor fração
do processo; pode ser um único elemento e/ou um subconjunto de

uma atividade.
Exemplo: qualquer passo descrito na atividade de receber documentos.

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A Figura 2 sintetiza a hierarquia dos processos.

Figura 2 ‒ Exemplo de hierarquia de processos (resumo)

Créditos: Pansonato, [S.d.].

A figura que acabamos de ver apresenta um macroprocesso qualquer,


que possui três processos
distintos. No detalhamento do processo 3, é possível
perceber o subprocesso, as atividades e uma

tarefa. As formas de se enxergar


essa configuração podem variar um pouco de autor para autor.

TEMA 3 – FUNÇÃO VERSUS PROCESSOS (GESTÃO FUNCIONAL


VERSUS
GESTÃO POR PROCESSOS)

Já definimos o que são processos,


quais são seus tipos e forma de classificá-los. Descobrimos
também que toda
organização empresarial é composta por muitos processos e que um dos grandes

desafios é enxergá-los do ponto de vista de gestão. Chegamos agora à palavra gestão,


que segundo
Pavani Jr. e Scucuglia (2011, p. 36) tem o seguinte significado:

Gestão pode
ser definida como uma “ação” ou “omissão” relativa à interferência humana nos

processos de uma organização com vistas ao alcance de objetivos ainda não


conquistados ou
reversão de tendências negativas observadas por métricas
previamente estabelecidas e disponíveis

aos tomadores de decisão.

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Fica claro, portanto, que a gestão necessita de intervenção


humana, e quando o tema é
processo, podemos encarar a gestão sob o ponto de
vista funcional ou dos processos. Mas como

entender isso, função versus


processos? A forma como a maioria das empresas se organiza tem como
base uma
visão tradicional de gestão funcional ou por departamentos. Cada função (ou

departamento) cumpre suas especialidades para que seja possível transformar


entradas em saídas
por meio dos processos. Somado a isso, há a variável
hierárquica, com os níveis estratégico, tático e

operacional.

Em resumo, o modelo de gestão


funcional (ou departamental) está centrado nas próprias
empresas, com foco na
realidade interna, ao passo que o de gestão por processos foca o ponto de

vista
do cliente, o que direciona para a realidade externa, facilitando a interação
com o ambiente de
negócios.

De acordo com Stewart (1992, citado


por Gonçalves, 2000, p. 12), a gestão por processos

organizacionais difere da
gestão por função tradicional por pelo menos três motivos:

1. as organizações estruturadas por processos têm como


metas atingir objetivos externos;

2. os trabalhadores e recursos são organizados buscando dar


conta da operação completa;
3. inexiste o filtro da hierarquia na condução da
informação.

Na Figura 3, podemos observar como se dá essa relação gestão


funcional versus gestão por

processo.

Figura 3 - Relação entre gestão funcional e gestão por processo

Créditos: Pansonato, [S.d.].

A figura que acabamos de ver apresenta os departamentos “A”, “B” e


“C” e as respectivas

hierarquias, com os processos 1 e 2 perpassando todos


eles. Geralmente as empresas trabalham em

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um regime no qual as atividades são


exercidas pelos departamentos, atendendo às regras específicas

dos
departamentos, como aprovações, por exemplo. Como muitas vezes não há a visão
de todo o
processo, a percepção de urgência, por exemplo, é diferente entre os
departamentos, que não
conseguem enxergar o fluxo de valor tanto para o cliente
quanto para o próprio processo.

Não é o caso de afirmar que a


gestão por processos seja o remédio para todos os males, mas,
por experiência
própria de quem já participou de equipe de trabalho voltada à gestão por
processo,

com certeza os ganhos são perceptíveis e agregam valor ao processo e


ao cliente. Muitos podem até
questionar: se essa maneira de administrar os
processos é tão vantajosa, por que não é utilizada em

todas as empresas? Em primeiro


lugar, em corporações nas quais já se vem atuando no modelo
departamental por
muito tempo é muito difícil alterar a forma de trabalho já enraizada na cultura

delas. Em segundo lugar, pode ocorrer que em uma gestão por processos alguns
cargos de comando
hierárquicos podem desaparecer, sem contar que em alguns
modelos de negócio a dificuldade é um

pouco maior.

Nesse sentido, a participação da


média e alta gerência nas empresas é fundamental para criação

de uma cultura
organizacional suportada pela gestão por processos.

TEMA 4 – GESTÃO E VISÃO SISTÊMICA

Você pode até questionar: se este


estudo se refere a mapeamento de processos, por que já não
se pode ir direto às
ferramentas correspondentes? O caso apresentado na seção “Contextualizando”

é
um exemplo que explica que não basta apenas ter as ferramentas tecnológicas de
última geração

se não houver conhecimento sobre o processo como um todo. Então,


surge outra pergunta: como
alcançar essa visão sistêmica?

Não há nenhuma mágica a ponto de se


dormir uma bela noite de sono e acordar com a visão
sistêmica. É muito comum no
meio empresarial a valorização do pensamento sistêmico, que se

tornou um
requisito imprescindível para a gestão eficiente e eficaz das organizações
modernas. Tal

requisito não se restringe à gestão, mas também ao profissional


de mapeamento de processos.

Antes de prosseguirmos, vamos a uma


definição para a expressão pensamento sistêmico. De

acordo com o artigo


“Os critérios de excelência do PNQ 2010” publicado pela Fundação Nacional de
Qualidade (FNQ, 2010, citada por Pavani Jr.; Scucuglia, 2011, p. 41), trata-se
do entendimento das

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relações de interdependência entre


os diversos componentes de uma organização, bem como entre
a organização e
o ambiente externo.

De forma mais prática, podemos


definir a visão sistêmica como uma característica específica de
um profissional
em conseguir ver uma organização como um todo, identificando os processos, seu

funcionamento e a integração entre eles.

Entretanto, essa visão sistêmica


pode ajudar uma empresa a ter melhores processos ou reduzir

possíveis falhas? Para


entendermos esse dilema, vamos a um caso ocorrido algum tempo atrás em

uma
grande corporação, a qual chamaremos de XYZ (nome fictício). Cada vez mais as
empresas têm
os processos automatizados por meio da tecnologia, e a XYZ tinha
orgulho de ser muito bem

integrada às tecnologias no desenvolvimento do produto


e nos processos. Produtos fabricados por

meio de softwares de última


geração, processos de manufatura e serviços totalmente automatizados

e sistemas
de ERPs que mantinham os departamentos interconectados faziam parte do cotidiano
dela, que estava vivendo um momento excelente, com altíssimo volume de
produção.

Empresas que se utilizam de


bastante tecnologia necessitam de uma boa equipe de manutenção

e de Tecnologia
da Informação (TI), e XYZ contava com ótimos profissionais, que muitas vezes

precisavam fazer intervenções aos finais de semana. A fim de atender a uma dessas
intervenções

solicitadas por um departamento da empresa, o gerente de TI


destacou um profissional para
determinada alteração.

Às 6 horas da manhã de
segunda-feira, o telefone do gerente de produção tocou, e o

encarregado da
produção, que deveria ter iniciado os trabalhos naquele horário, informou que

nenhum sistema de comunicação estava funcionando: não se podia retirar matérias-primas


e

componentes do almoxarifado e boa parte das máquinas ligadas em rede estavam


totalmente
desconfiguradas e sem condições de funcionar, entre outros problemas.
Em resumo, as linhas de

produção e os demais setores só foram restabelecidos


por volta de 11 horas da manhã, o que era

inadmissível para uma empresa que


trabalhava em regime de just-in-time.

Em síntese: a alteração realizada


impactou toda a empresa, ou seja, não houve por parte do

gestor de TI uma visão


do todo que pudesse prevenir essa situação desastrosa. Não é intenção aqui

responsabilizar
o departamento de TI, pois esse problema poderia ter acontecido em qualquer
setor;
a intenção é mostrar que quando se altera um processo em um macroambiente,
possivelmente isso

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irá se refletir, de alguma forma, nos demais. A visão e


gestão sistêmica tem como um dos objetivos

compreender as relações de
interdependência entre os diversos departamentos de uma organização.

TEMA 5 – ORGANIZAÇÃO ORIENTADA A PROCESSOS

A essa altura de nossa caminhada,


já conhecemos o que são os processos, os tipos deles, a
diferença entre gestão
funcional e gestão por processo e como a visão sistêmica pode ajudar no

entendimento dos processos em uma empresa, tanto a de pequeno e médio porte


quanto as

maiores. Precisamos agora compreender como elas podem conceber uma


estrutura de trabalho

orientada a processos. Conforme ressaltam Pavani Jr. e


Scucuglia (2011, p. 125), uma organização
legitimamente orientada a processos é
estruturada, gerenciada e mensurada por meio de seus

processos primários de
negócios.

Em estruturas tradicionais baseadas


em organogramas funcionais, tais como as idealizadas por

Taylor, a delegação é suportada


por comandos individuais de equipes que são responsáveis por um

conjunto de
tarefas. A visão tradicional de negócios está exemplificada na Figura 4.

Figura 4 - Exemplo resumido de organograma na visão tradicional

Fonte: elaborada com base em ABPMP, 2013, p. 298.

Na estrutura voltada a processos,


as responsabilidades ocorrem de forma horizontal e são
direcionadas à entrega
de valor aos clientes. Nesse modelo, de acordo com Pavani Jr. e Scucuglia

(2011, p.126), em vez de comandar, gestores de processo treinam, defendem e


suportam o grupo de

profissionais que executa o processo.

No entanto, para que haja a


transição da gestão tradicional baseada em funções

(departamentos) para gestão


por processos, é necessário que se implante uma cultura de processos,

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que,
conforme destaca BPM CBOK V3.0 (ABPMP, 2013, p. 297),
deve possuir as seguintes

características:

trabalho em equipe é visto como algo natural;

gestores não comandam e controlam, mas lideram, delegando


autonomia com
responsabilidade;

colaboradores são estimulados a gerar novas ideias para melhorar


seus processos;

há transparência sobre o desempenho;

a inovação é estimulada por toda a organização; e


há meritocracia e recompensas pelos
resultados (não necessariamente financeiras).

A mudança de uma cultura


tradicional para uma cultura de processos deve ser realizada
gradativamente, a
ponto de que em determinado período a gestão funcional tradicional funcione

paralelamente com a orientada por processos até que esta se efetive, passando
de uma condição

vertical para a de processos horizontais, conforme é possível


verificar na Figura 5.

Figura 5 - Transição da gestão funcional para a gestão por processos

Fonte: Paim et al., citados por Pavani Jr. e Scucuglia, 2011, p. 127.

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Qualquer processo de mudança nas


organizações chega a ser de certa forma traumático. Para se

alcançarem os
objetivos e resultados almejados, é necessário que as pessoas mudem também. É

necessário levá-las ao estado futuro (to-be) e ajudá-las a se sentir


acolhidas por essa nova maneira de

pensar os processos.

Alterar a condição atual de gestão


para outra orientada a processos não é algo fácil. De acordo
com BPM CBOK V3.0
(ABPMP, 2013, p. 302), a configuração de um
organograma de uma empresa

orientada a processos ficaria da seguinte maneira


(Figura 6):

Figura 6 - Exemplo resumido de organograma na gestão por processos

Fonte: elaborada com base em ABPMP, 2013, p. 302.

Em se tratando de uma estrutura


organizacional orientada por processos, é necessária a

integração horizontal do
trabalho dos executores. De acordo com BPM CBOK V3.0 (ABPMP, 2013, p.
302), levando-se
em conta o exemplo que acabamos de apresentar, o “Do pedido ao caixa” necessita

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de uma orientação da equipe para o processo, em que múltiplos trabalhos e


executores em diversas
áreas funcionais estão antes e depois de cada fluxo até
o resultado final ser entregue para o cliente.

TROCANDO IDEIAS

Vamos falar um pouco sobre


posicionamento no mercado? Você sabia que existe uma procura

por profissionais
que exerçam trabalhos como analistas de processos? Se você já está se

identificando com o estudo, pode vislumbrar uma futura participação no mercado


de trabalho
atuando nessa área.

Quer saber mais sobre esse


profissional? Então acesse o seguinte link. Disponível em: <https://w
ww.voitto.com.br/blog/artigo/analista-de-processos>.
Acesso em: 5 abr. 2022.

NA PRÁTICA

Conforme didaticamente comprovado,


estudos de casos e exemplos práticos auxiliam na

compreensão e na assimilação
de conceitos. Nesta etapa, dois casos foram apresentados: um na

seção “Contextualizando”
sobre atendimento em um pronto socorro médico; e outro no Tema 5. Faça
uma releitura
em ambos e reflita sobre o seguinte questionamento: o que faltou para que fosse

possível evitar os problemas ocorridos nas empresas citadas nos dois exemplos?

FINALIZANDO

Aqui, compreendemos o que são os processos


e seus tipos. Agora, você é capaz de diferenciar

os processos de manufatura dos


de serviço e como se classificam. Também consegue entender o que

é uma gestão
funcional e uma gestão por processos.

Por fim, percebemos o quanto a


visão sistêmica é importante para o profissional de
mapeamento de processos na
mudança de uma organização tradicional para outra orientada a

processos.

Até a próxima!

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REFERÊNCIAS

ABPMP Brazil. Association


of Business Process Management Professionals. BPM
CBOK.
Guia para

o Gerenciamento de Processos de Negócios ‒ Corpo Comum de


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06/11/2022 11:37 UNINTER

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