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NATAL/RN
2021
ADRIANO ANDRÉ ROSA DA SILVA
NATAL/RN
2021
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Departamento de Artes - DEART
Esta dissertação discute a criação de imagem por meio da coreoedição, tendo como
objetivo refletir, por meio de técnicas e processos criativos em videodança, formas
de gravação e edição de imagens. Apresenta um percurso artístico-docente, por
meio de experiências entre a dança e o cinema, dialogando com autores da
montagem, como Sergei Eisenstein (2002), Andrei Tarkovsky (1998) e Maya Deren
(1960). Discute teorias tais como a dialética da montagem do cinema soviético, o
plano sequência e a poética dos elementos expressos na cena do filme e como
estas podem ser utilizadas como forma de transição durante a edição de um vídeo
ou filme. Os conceitos aqui abordados mostram caminhos pelos quais desenvolvi
esta pesquisa que ampliou sua poética através da residência artística “Coreoedição:
fluxo criativo na videodança”, desenvolvido pelo Cena Universidade (UFPE -
Universidade Federal de Pernambuco). Também se faz refletir, nesta dissertação, as
relações conscientes e cinestésicas do processo de coreoedição, pois o ato de
coreoeditar é um processo coreográfico corporal. Por fim, aponta a videodança e a
coreoedição como uma possibilidade artística que pode ser vivenciada por diversos
artistas, sejam do audiovisual ou das artes cênicas, pois no processo dessa
pesquisa foi identificado a singularidade do corpo que se expressa ao videodançar,
criando poéticas por meio de imagens em movimento utilizando câmeras, softwares
de computadores e aplicativos de celular.
Figura 1 - Troi-Frère 15
Figura 2 - O nascimento de Vênus, Sandro Botticelli. 16
Figura 3 - Cinderella (1899), George Melies. 20
Figura 4 - Intolerância !1916), D. W. Griffith. 21
Figura 5 - Fome 22
Figura 6 - Tristeza 23
Figura 7 - Desejo 23
Figura 8 - 911 (Short Film) - Lady Gaga, 2020. 24
Figura 9 - Videodança SWINE #1MinutoApenas 25
Figura 10 – Flash Dance - Final Dance / What A Feeling (1983) 26
Figura 11 - Climax, 2019 27
Figura 12 - Blush, 2005. 27
Figura 13 - A Greve, 1925. 28
Figura 14 - Crisálida (2020), André Rosa. 31
Figura 15 - O Espelho - Andrei Tarkoysky (1974). 32
Figura 16 - O Espelho - Andrei Tarkoysky (1974). 33
Figura 17 - Maya Deren Ritual in Transfigured Time (1946) 36
Figura 18 - The Very Eye of Night (1958). 38
Figura 19 - Exemplo do registro escrito de uma dança em notação Feuillet 40
Figura 20 - Variations V (1966) - Merce Cunningham Dance Company 41
Figura 21 - Birds (2000) - David Hinton 42
Figura 22 - Dança em rede. 46
Figura 23 - A Questão is When / The Question 47
Figura 24 - Corações em Espera 47
Figura 25 - Videodança Rio Cor de Rosa (2019). André Rosa. 48
Figura 26 - (UFPB) 49
Figura 27 - A step-by-step guide to creating dance for the screen 50
Figura 28 - Imagem da linha do tempo do software - Adobe Premiere 2020 50
Figura 29 - Home Alone 52
Figura 30 - Encontro regional dos PIBIDS - 2016 53
Figura 31 - videodança OLINAD (2015) 54
Figura 32 - Videodança Dentro de Cada Um (2019) 55
Figura 33 - Videodança Abaixo do Equador (2020). 57
Figura 34 - Videodança Temor (2021) 59
Figura 35 - Videodança Corpo Ilha (2021) 59
Figura 36 - Foto do primeiro exercício prático 2020, dinâmica do copo e câmera. 61
Figura 37 - Foto do primeiro exercício prático 2021, corpo natureza. 62
Figura 38 - Vídeo tutorial 63
Figura 39 - Exercício de edição 64
Figura 40 - Exercício de edição, movimento contínuo em quadros. 64
Figura 41 - Exercício de edição, a partir de Eisenstein e Tarkoysky. 65
Figura 42 - Exercício de edição sonora, Cosme Gregory. 66
Figura 43 - Encontro síncrono da residência Coroedição (2021). 67
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO 8
3.1 COREOEDIÇÃO 42
3.3 CÂMERA 48
4 COREOVIDEODANÇA 51
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 70
REFERÊNCIAS..........................................................................................................72
GLOSSÁRIO..............................................................................................................76
APÊNDICE.................................................................................................................78
8
1 INTRODUÇÃO
1
Gretchen Schiller (2003) diz que o corpo cinestésico consciente vem acompanhando a evolução
tecnológica. Sendo assim as tecnologias não estão separadas da percepção do movimento, mas
enredadas na maneira como passamos a experimentar, compreender e perceber o movimento.
2
Em 2020, participei do projeto Desbordamientos - Rede Ibero-americana de Videodança (REDIV),
com alunos do Brasil, Argentina, Paraguai, México e Portugal.
10
3
Doravante chamada de linha coreográfica.
4
O cinema hollywoodiano tem normas, técnicas estruturadas e formas de criação de imagens por
meio de narrativas lineares e personagens que estruturam toda dramaturgia das obras.
12
5
https://www.youtube.com/watch?v=QtKUONLBP-8&t=2s
6
https://www.youtube.com/watch?v=CYZhXm02kN0&t=1029s
7
https://www.youtube.com/watch?v=VPAPKuRpDfk&t=152s
13
festival IMZ Dance Screen. Paulo Caldas (2009) e Gretchen Schiller (2003)
descrevem a manipulação dessa videodança como uma produção lógica e
coreográfica, uma comunicação de movimento entre imagens documentais de
pássaros, mas que, quando coreoeditada, ganha uma dimensão coreográfica e se
torna dança. O que se pretende refletir nesta dissertação é como a coreoedição
revela o ritmo que está projetado no quadro liberando fluxos que compõem, de
forma coreográfica, a dramaturgia da imagem.
Segundo Gilles Deleuze (2004), o cinema é o sistema que reproduz o
movimento em função do instante qualquer, isto é, em função de momentos
equidistantes, escolhidos de modo a dar impressão de continuidade. Dessa forma,
escolhemos o fluxo e o tempo para transição da imagem em cada quadro. Na dança
contemporânea compreende-se essa função por um gesto orgânico (fluxo) de
liberdade de fluência. Quando fazemos uma transição de um movimento para outro,
sem nos prendermos a poses e estruturas, liberamos tensão e criamos energia de
forma que o corpo passa a ter consciência das qualidades do movimento impressas
na ação do mover contínuo.
As imagens digitais também possuem qualidades e, no processo de edição,
abrimos nosso corpo para uma experiência cinestésica. Segundo Gretchen Schiller
(2003, p.67), “coreoeditar é uma experiência tátil”, o corpo é aberto por uma troca de
informação entre tecnologia e pele, por meio de funções neurológicas que acionam a
empatia cinestésica que acontece a partir dos estímulos e cuja função é enviar
sinais eletroquímicos até a parte do córtex cerebral correspondente à área
sensório-motora, fazendo com que tenhamos percepção de como nos movemos,
onde estamos no espaço e o estado geral do nosso corpo. Segundo Karen Perlman
(2009, p.12), o que um editor pode fazer ao criar ritmo em imagens em movimento é
envolver sua memória corporal e/ou espelhar, neurologicamente, partes do que ela
vê e ouve.8 Durante o processo de edição, você passa a habitar as imagens no
quadro, é uma troca de informações em movimento.
Foi escolhida, assim, para dialogar com o nosso propósito, a linguagem do
cinema, por motivos de reflexão teórica e desenvolvimento prático, já que a edição
8
So, what an editor may be doing in making rhythm in moving pictures is engaging her corporeal
memory and/or mirroring, neurologically, parts of what she sees and hears.
14
Tarkovsky (1998), plano sequência, a fim de promover uma reflexão sobre essas
técnicas e formas de ressignificação para videodança. Discutirei sobre a importância
dos softwares de edição para composição da coreoedição na linha coreográfica. No
terceiro capítulo, Coreovideodança, será apresentado meu percurso artístico e
docente, trazendo algumas reflexões e técnicas que podem ser desenvolvidas nas
residências artísticas do Cena Cumplicidades (2020 e 2021).
16
Fonte: https://donsmaps.com/troisfreres.html
17
Fonte: https://www.saiacomarte.com/obra/nascimento-de-venus/
9
No anexo da pesquisa, você pode encontrar de forma descritiva cada plano.
20
10
“Quando se fala em edição de filmes, a montagem é a palavra-chave para sua definição. A palavra
montagem vem de uma época que os rolos de filmes eram cortados e montados literalmente, para
criar as cenas e sequências. Para chegar à palavra edição eu vou seguir de forma cronológica até
ao processo atual de construção fílmico que são os softwares de edição. “A montagem constitui,
efetivamente, o fundamento mais específico da linguagem fílmica, e uma definição de cinema não
poderia passar sem a palavra ‘montagem’” (MARTIN, 2011, p. 147).
21
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Wv3Z_STlzpc
O filme Cinderella (1899) tem uma visão clara dos teatros italianos. Segundo
Carlos Canelas (2010), Méliès era apaixonado pela magia dos espetáculos cênicos,
e ele encontra no cinema uma possibilidade de potencializar essas narrativas,
11
https://www.youtube.com/watch?v=Wv3Z_STlzpc&t=45s Ciderella, 1899. Star Film, Georges Méliès.
22
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=O7Ak36xJPQs
12
https://www.youtube.com/watch?v=O7Ak36xJPQs Assista à tomada feita em 2:04:40
23
em seus filmes. Os métodos são uma progressão dialética em que cada um engloba
o anterior e o supera: montagem métrica, montagem rítmica, montagem tonal,
montagem atonal e montagem intelectual (justaposição).
O efeito Kuleshov foi umas das primeiras experimentações do cinema
soviético, intercalando um grande plano inexpressivo e neutro de um ator, chamado
Mosjukhin, com três planos distintos:
Figura 5 - Fome
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=DwHzKS5NCRc
Figura 6 - Tristeza
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=DwHzKS5NCRc
Figura 7 - Desejo
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=DwHzKS5NCRc
25
13
Análise sobre o comportamento humano com uma ênfase nos reflexos, que são nada mais do que
a resposta automática aos estímulos do ambiente que nos rodeia.
26
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=58hoktsqk_Q
O clipe 911, dirigido pelo cineasta indiano Tarsem Singh (1961) e interpretado
por Lady Gaga, é um ótimo exemplo. As transições nessa obra seguem um
compasso bem-marcado por uma batida sonora, a cada transição, aparece um
quadro indicando um novo espaço e aspectos narrativos do clipe.
14
Pensamento contrário de Tarkovsky, para ele, cada quadro possui seu próprio tempo e elementos
de montagem, a montagem acontece na construção do quadro e não só na moviola (na edição).
27
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=B3ekwepgrw4
A videodança Swine lll (2019) é uma obra gravada por mim em parceria com
Tiago Lima15. Na edição dessa obra optei pela técnica métrica criando uma conexão
entre os quadros, ao ritmo da canção Swine (2013) da cantora Lady Gaga. Tendo
em vista o ritmo da música como condutora da imagem, vivenciar essa técnica me
fez perceber as escolhas que podem transformar o fluxo da imagem. A condução
pela música pode potencializar ou negar a narrativa da imagem. Essa obra ganhou o
prêmio Galinha Choca como obra revelação no ano de 2019, no Festival de Cinema
Sertão e Diversidade da Cidade de Quixadá/CE. Era a única obra de dança no
festival de cinema.
A montagem rítmica é a organização linear dos quadros, levando em
consideração a narrativa da imagem de forma contínua no espaço. Nesse processo
a imagem não precisa seguir uma cadência. Carlos Canelas (2010) frisa que esse
tipo de montagem está relacionado com a continuidade visual entre planos. De
acordo com o mesmo autor (CANELAS, 2010), esse tipo de procedimento tem
considerável potencial para demonstrar conflitos, porque a oposição pode ser
representada a partir de diferentes direções dos elementos no quadro, bem como
por diferentes enquadramentos de uma mesma imagem. Nesse processo os cortes
direcionam a percepção do espectador.
O filme Flash Dance, da década de 80, com direção de Adrian Lyne (1941),
narra a história da personagem Alex que sonha em fazer parte de uma renomada
companhia americana. A dramaturgia traz o cotidiano da personagem até a cena
final da audição. No primeiro quadro, Alex encontra-se sentada amarrando seus
sapatos e nesse quadro é possível perceber a tensão da personagem. A imagem
15
Fotógrafo, videomaker e artista de Natal/RN.
28
corta para uma porta que se abre e Alex encontra a sua frente a banca avaliadora da
sua performance de dança. Em seguida, ela fecha a porta e um plano sequência
acompanha seus passos até uma vitrola. Um ângulo fixo mostra Alex abrindo a
bolsa e tirando um disco, no mesmo instante, em plano americano, os jurados
aparecem sentados. A câmera enquadra os pés de Alex, que segue para o centro da
sala. A música cria uma transição em corte que logo mostra a personagem
interpretando a canção What A Feeling, de Irene Cara (1959). Esse jogo de quadros
e planos permanece dentro de um único espaço traçando uma narrativa rítmica da
montagem. Em nenhum momento o quadro foge para um lugar externo, ele
permanece no fluxo da cena potencializando a coreografia e a narrativa da obra.
Figura 10 – Flash Dance - Final Dance / What A Feeling (1983)
Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=VzALZjoIx0g
A montagem tonal cria um estado emocional dos planos que vão agir sobre o
espectador. Os planos são maiores e “seu sentido é mais amplo que a montagem
rítmica, a movimentação abrange mais sensações” (TERRA, 2012, p.4). Na
montagem tonal, o movimento é percebido num sentido mais amplo, todo elemento
no plano é percebido pelo espectador. “Aqui, a montagem se baseia no
característico som emocional do fragmento – de sua dominante. O tom geral do
fragmento” (Eisenstein, 2002, p. 143).
Figura 11 - Climax, 2019
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Hwkacrln26o
29
O filme Climax, com direção de Gaspar Noé (1963), segue uma montagem
tonal por meio dos seus longos planos em que a música proporciona uma
sensação psicodélica ao espectador. No início do filme um grupo de jovens dança
intensamente uma música eletrônica. A câmera, em um plano sequência,
movimenta-se no espaço por 4 minutos, acompanhando o ritmo e os corpos dos
intérpretes em movimento. Uma única canção potencializa a imagem, não como
transições (montagem métrica), mas, como elemento que compõe a dramaturgia da
obra.
A Montagem atonal, por sua vez, apresenta cenas em espaços diferentes,
que, juntas no filme, expressam uma ideia ao espectador. Nesse processo, as
imagens desenvolvem uma dramaturgia de acontecimentos em diferentes lugares ao
mesmo tempo. Essa expansão do tempo no espaço cria uma tensão na conexão da
imagem. No filme, o espectador compreende essa narrativa a partir do diálogo da
montagem e dos fluxos de acontecimentos simultâneos.
Figura 12 - Blush, 2005.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=QtKUONLBP-8&t=2416s
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=VD40vLjRaNA
Existem duas formas de criação importantes para esta dissertação que são
apontadas por Tarkovsky que parte do mundo interior do artista. A primeira diz
respeito à relação que construímos com outras obras artísticas: dança, música,
literatura, teatro, e como somos afetados de forma que esses afetos se transformam
em imagem em nossa percepção. Um dos exemplos que posso citar é a minha
relação com obras cênicas de dança e como me sinto afetado por elas a ponto de
querer deslocar seu movimento para os espaços urbanos.
A segunda é a nossa relação com o mundo e como criamos poéticas por meio
de nossas experiências, através dos nossos corpos e histórias. Criar por meio do
nosso corpo e memórias são desafios que buscamos em meio a complexidade dos
nossos sentimentos, para mim, buscar esse lugar é olhar de forma consciente para
relação que tenho com mundo e como me projeto nele. Foi dessa forma que criei a
videodança Crisálida (2020) em meio ao caos pandêmico da covid-19 que afetou a
vida e a história de muitas pessoas no mundo. Irei falar mais sobre essa experiência
no terceiro capítulo.
Figura 14 - Crisálida (2020), André Rosa.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=2tt8BzZ8EJI&t=5s
34
16
https://www.youtube.com/watch?v=CYZhXm02kN0 cena 00:14:33
35
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=CYZhXm02kN0
17
https://www.youtube.com/watch?v=CYZhXm02kN0 cena 00:17:17
36
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=CYZhXm02kN0
Essas cenas que foram apontadas por mim continuam suas narrativas ao
longo do filme que tem quase duas horas de duração. Tarkovsky comenta que
quando fez O Espelho não tinha percepção de como as cenas seriam juntadas no
processo de montagem, ele só tinha certeza de que gostaria de materializar suas
memórias. E por serem memórias de infância as imagens não deveriam aparecer de
forma linear-casual, as imagens deveriam ser as próprias lembranças do artista.
Uma das grandes crises de Tarkovsky nesse filme diz respeito ao roteiro, que
passou por diversas modificações até a conclusão do filme.
(...) O Espelho ilustra o meu ponto de vista de que o roteiro é uma estrutura
frágil, viva e em constante mutação, e que um filme só está pronto no
momento em que finalmente terminamos de trabalhar com ele. O roteiro é a
base a partir da qual tem início a exploração, e, durante todo o tempo em
que estou trabalhando num filme, sinto a angústia permanente de que talvez
nada resulte dele. (TARKOVSKY, 1998, p.157).
18
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Dk4okMGiGic
38
Maya Deren era russa e migrou para os Estados Unidos ainda criança. Na
década de 1930, estudou fotografia e cinematografia. Ainda jovem, Deren teve
contato e começou a trabalhar com nomes que, junto ao seu, são considerados
como parte do cinema de vanguarda dos Estados Unidos, como Marcel Duchamp e
Man Ray. Os trabalhos de Deren receberam reconhecimento por unir a dança e o
cinema, ficando conhecidos como choreocinema. O contato da artista com a dança
partiu da sua relação com Katherine Dunham e sua companhia de dança, com quem
Deren trabalhou em 1941, em viagem para o Haiti, onde ela aprendeu sobre as
tradições da dança ritual do Voudoun (vodu) haitiano19.
Nas décadas de 1930 e 40, o ritual era geralmente entendido, pelas
comunidades artísticas e acadêmicas na Europa ou EUA, como uma
sobrevivência ou retenção de um estágio mais primitivo de desenvolvimento
humano e que não tinha relevância para as pessoas modernas
intelectualizadas como Deren e Dunham. Nenhuma das artistas, entretanto,
considerava o ritual como irrelevante para as pessoas modernas. Cada uma
delas usou experiências com vaudun haitiano para criar obras que foram
fundamentais em uma abordagem africana para os corpos que dançam
(embora no caso de Deren isso raramente tenha sido reconhecido pelos
estudiosos). (BURT, 2016, p.45).
19
Deren cria obras a partir dessa experiência, a mais conhecida é Ritual in Transfigured Time, 1946.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PCrq7xwGnUU
39
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=nkBx7vaCbic
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=VsLdAmK_8LE
20
Sobreposição não é o mesmo de justaposição. Para criar uma sobreposição, duas imagens ocupam
o mesmo quadro no vídeo.
21
A fundação teórica do Surrealismo como movimento organizado ocorreu em 1924, com a publicação
do Manifesto do Surrealismo, escrito por André Breton. Essa arte é refletida a partir do universo
freudiano de estudos do inconsciente humano com o pensamento social de Marx, Engels e Trotski.
O surrealismo foi considerado por seus fundadores como um meio de conhecimento, explorando: o
sonho, o inconsciente, o maravilhoso, a loucura e os estados de alucinação.
42
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=yOAagU6cfBw
3.1 COREOEDIÇÃO
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=VPAPKuRpDfk&t=168s
Essa obra é uma manifestação que afirma a possibilidade de criar e dançar
através das imagens impressas no quadro, dessa forma o objeto presente no quadro
pode ser uma cadeira, um animal, uma paisagem não precisa ser um corpo físico
em movimento dialogando constantemente com a câmera. Por isso, reconhecer, na
edição, diferentes movimentos, constitui dançar através de múltiplos elementos
impressos no quadro, independente do objeto filmado, arquivos escolhidos ou
decupados.
(...) Birds (2000), uma das obras mais famosas de David Hinton.O material
bruto escolhido pelo diretor é oriundo de arquivos cinematográficos sobre a
criação, alimentação e o comportamento social de pássaros, que o cineasta
reconstrói com uma partitura de som original para criar textura e padrões
visuais e sonoros distintos. Em muitos pontos, as imagens escolhidas são
editadas de maneira a conter certo antropomorfismo, isto é, utiliza-se da
repetição para desenvolver diálogos entre diferentes pássaros ou grupos de
pássaros. (BRUM, 2012, p.111).
22
Título do livro Andrei Tarkovsky (1998)
49
Fonte: https://www.instagram.com/tv/CD7T_dkn9Cs/?utm_medium=copy_link
23
Mestra em teatro, artista e pesquisadora da videodança responsável pelas redes da
VIDEODANÇA+.
24
Professor, artista e pesquisador. Doutor em Artes Cênicas. Mestre em Dança. Especialista em
Estudos Contemporâneos em Dança. Bacharel em Artes Cênicas. Licenciado em Artes Visuais.
50
Fonte: https://www.facebook.com/CSCExchange/videos/361043038464722/
51
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Bk0vrHM_XMk
3.3 CÂMERA
totalidade de forma efêmera, diferente da câmera, que nos aproxima dos detalhes
do corpo e cria novas dimensões em diálogo com audiovisual de forma atemporal.
“Não considerar e nem aproveitar essas variações condena a câmera a operar uma
redução da presença cênica sem recolocar novas possibilidades abertas pela
presença audiovisual” (VERAS, 2012, p.211).
No processo de gravação, dois espaços coexistem: o espaço da câmera e o
espaço físico; e criar uma conexão em fluxo com esses dois espaços nos leva a ter
percepção e consciência durante a manipulação da câmera.
A câmera enquadra o mundo da sua videodança, ela pode estar fixa ou em
movimento, ela pode criar clima e capturar a atmosfera, ela pode transmitir emoção,
contar uma história, representar uma perspectiva e fazer parte da ação. Por meio do
uso de ângulos e planos diferentes, a câmera pode levar o espectador a lugares que
normalmente não alcançaria.
Figura 25 - Videodança Rio Cor de Rosa (2019). André Rosa.
Fonte: https://filmfreeway.com/VideodancaRioCordeRosa
Isso nos faz perceber formas de criar relação com o corpo no espaço da
câmera, percebendo de forma consciente as possibilidades de aproximação e
distanciamento do objeto filmado. Essa perspectiva frontal do corpo no palco não
cabe no quadro da câmera. Ao aproximar a câmera do corpo, você terá a
54
meus movimentos e cujo espaço utilizo para criação de minhas obras. Por isso
intitulo esse espaço de “linha coreográfica”, um espaço a mais para se pensar em
dançar e criar movimento. Dessa forma, o editor se torna um ato poético na criação
de videodança.
É na linha coreográfica que criamos múltiplas atmosferas, podemos modificar
a cor da imagem, adicionar áudios, criar dimensões com filtros, colorir e permitir usar
do preto e branco para construir narrativas. No processo de filmagem, ter percepção
sobre o software que utilizamos nos permite criar imagens por meio dele. Nos meus
últimos trabalhos, venho utilizando a linha coreográfica como um lugar a mais para
criação dos meus roteiros. Dessa forma percebo que o número de imagens
gravadas se tornou menor. Quando tenho percepção das imagens que pretendo
editar e da dinâmica que vou utilizar na gravação, economizo tempo e energia
durante o processo.
Assim venho desenvolvendo trabalhos independentes, em que faço a
construção da trilha, gravação e edição, venho encontrando técnicas e estéticas que
tenham a poética que pretendo desenvolver na videodança.
56
4 COREOVIDEODANÇA
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=26GrAfZ4sc8
Por não ter mais contato com os familiares e os alunos do PIBID Dança -
Escola Municipal Ivanira Paisinho, dos anos de 2015 a 2018, para esta dissertação,
optei por não mostrar os materiais desenvolvidos pelos alunos, para evitar a
violação de direitos de imagem. Fiz a escolha de alguns frames das videodanças
realizadas na Escola Municipal Ivanira Paisinho, para ilustrar e aproximar o leitor
dessa vivência.
Figura 31 - videodança OLINAD (2015)
Fonte: https://filmfreeway.com/VideodancaDentrodeCadaUm
Foto de Guilherme Schulze.
25
Clébio Oliveira é bailarino, coreógrafo e professor de dança contemporânea graduado pelo Centro
Universitário da Cidade (Rio de Janeiro). Como bailarino, dançou na Cia. de Dança Deborah Colker
(Rio de Janeiro) e na Toula Limnaios (Alemanha). Como coreógrafo cria projetos solos e trabalhos
para diversas companhias no Brasil e no exterior. Em 2012, recebeu o prêmio Hoffnungträger
(Coreógrafo Mais Promissor), concedido pela revista alemã TanzMagazine. Disponível:
https://spcd.com.br/verbete/clebio-oliveira/
26
Artista importante no cenário da dança de Pernambuco, por fundar a Companhia dos Homens, em
1988, um dos primeiros expoentes da dança contemporânea local. Atua como bailarino em
companhias internacionais e ministrou aulas de modern jazz na Europa durante a década de 1980.
Em Recife, na década de 90, destaca-se como professor e coreógrafo, influenciando a geração
seguinte de coreógrafos.
62
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=TgmhDhe6JXM
27
Segundo Karen Pearlman (2009), recoreografar envolve mudar a sequência de movimentos no filme
aplicando técnicas de edição.
28
https://filmfreeway.com/VideodancaRioCordeRosa
63
de Clébio Oliveira e das companhias de dança que têm suas coreografias em seu
repertório cênico. Esse projeto tinha como objetivo criar uma videodança tendo em
vista três obras cênicas de Clébio Oliveira. São elas: Proibido Elefantes (2013), Tia
Robenize (2014) e Inverno dos Cavalos (2017). Iniciei em 2020 os ensaios com a
Companhia de Dança do Teatro Alberto Maranhão (CDTAM) e com a Companhia
Gira Dança29 com o intuito de pensar o diálogo dessas obras para os espaços
urbanos e traçar uma narrativa entre as imagens filmadas no processo de
coreoedição.
Com a pandemia, o projeto para o mestrado teve de ser interrompido, abrindo
espaço para criação de uma nova videodança, Nebulosa, que acabou não sendo
executada. Entretanto, durante a escrita desta dissertação, olhei para as imagens
gravadas que foram arquivadas e decidi criar duas videodanças: Temor (2021),
fragmento da obra cênica Proibido Elefante (2013); e Corpo Ilha (2021), Inverno dos
Cavalos (2017), com base nos métodos de montagem de Eisenstein e Tarkovisky e
considerando o princípio fundamental da coreoedição, que é dançar com os quadros
e desenvolver ritmos.
Na medida em que o sentimento de tempo está ligado à percepção inata da
vida por parte do diretor, e na medida em que a montagem é determinada
pelas pressões rítmicas nos segmentos do filme, a marca pessoal do diretor
é percebida na montagem. Ela expressa sua atitude para com a concepção
do filme, representa a definitiva concretização da sua filosofia de vida.
(TARKOVSKY, 1998 p.145).
Diferente de outras obras cênicas filmadas como Rio Cor de Rosa (2018), que
desenvolvi e tem na sua narrativa com mais de um fragmento do espetáculo cênico;
Temor e Corpo Ilha são fragmentos específicos de partes dos espetáculos cênicos:
Proibido Elefantes e Inverno dos Cavalos. A videodança Temor apresenta um dueto
que narra uma briga psicológica entre a intérprete Jânia Santos e suas memórias
interpretadas por Álvaro Dantas. Corpo Ilha, por sua vez, trata de um corpo
esquecido que chora lágrimas contidas. A trilha presente nas duas obras foi mixada
29
A Cia. Gira Dança foi criada pelos bailarinos Anderson Leão e Roberto Morais em 2005, em Natal,
com a proposta de pesquisar uma linguagem própria na dança contemporânea a partir do uso de
corpos diferentes como ferramenta de trabalho. Na prática, isso se deu com a formação de um
elenco de bailarinos com e sem deficiência física, que possibilitou uma investigação em torno dos
limites do corpo.
64
por mim, não sendo ela o principal fator das obras. Durante o percurso de edição
busquei perceber a energia expressa no quadro para criação das videodanças.
Figura 34 - Videodança Temor (2021)
Fonte: https://youtu.be/Nob11MJw00g
Fonte: https://youtu.be/a28-ccSPuyu
30
Professor do Curso de Licenciatura em Dança do Dept. de Artes da UFPE. Produtor, curador,
responsável pela internacionalização de festivais, pela implantação do curso de dança da UFPE,
além da idealização e coordenação do Festival Internacional Cena CumpliCidades.
65
31
https://www.youtube.com/watch?v=0P5Muz6WN0A&list=PLb3LZdrQPO4wsoZbFOmYysyOnJlZbJY3
g Playlist com as videodanças.
66
a gravação, foi solicitado que eles enviassem o vídeo para o grupo de WhatsApp
para ser feita uma apreciação. A dificuldade de apresentar as imagens na reunião do
Meet, me fez usar o aplicativo de WhatsApp como um lugar de rápido acesso, já que
as imagens para os exercícios eram feitas pelo celular. Sugeri então, como uma
atividade assíncrona, que eles fizessem a edição do vídeo do colega. Para isso
aconteceu um sorteio, foi anotado em um papel o nome de todos que estavam
presentes e sorteados na seguinte ordem.
Tabela 1- Primeira experiência prática: duplas sorteadas.
Editor Vídeo
Cosme Mayara
Isabella Iris
Kenne Cosme
Marcio Taci
Alba Jonas
Mayara Kenne
Marília Alba
Jonas Marília
Fonte: autoria própria
pacote com uso da ferramenta por dois meses para quem usava computador) e o
aplicativo de celular Inshot (gratuito).
Figura 38 - Vídeo tutorial
Na entrega dos vídeos, foi possível identificar o uso de muitos filtros, sua
utilização tanto pode criar uma nova dimensão espacial na imagem, quanto pode
fazer poéticas desaparecerem quando não usadas de forma consciente. O filtro não
deve ser uma ilustração ou um instante qualquer no vídeo, deve ser considerado o
desenvolvimento de seu ritmo na imagem e, principalmente, os espaços criados
através de suas formas.
Figura 39 - Exercício de edição
Após a apreciação das obras editadas, percebi que eles já haviam construído
alguma relação com programas de edição, então me senti seguro para iniciar uma
discussão sobre movimento contínuo no espaço entre um quadro e outro na edição.
Essa forma de composição pode mostrar múltiplos diálogos com a câmera em um
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Fonte: https://youtu.be/3YNcBcmGBWI
Fonte: https://youtu.be/qr9cQaeAlso
Nessa obra é possível perceber a sutileza entre os filtros que foram utilizados
criando uma sobreposição32. Essa edição teve uma relação com o processo técnico
atonal de Eisenstein, a escolha dos quadros e das cores passa a sensação de
tempo contínuo. A cor nesse vídeo é um ótimo exemplo de como podemos criar e
desenvolver uma única atmosfera relacionando duas imagens gravadas em dias e
espaços diferentes. As imagens pertencem a lugares distintos (Minas Gerais/MG e
Recife/PE) e, quando relacionadas na linha coreográfica, conectaram-se criando
uma relação espaço temporal, transmitindo uma sensação de que ambas
aconteciam na mesma hora do dia.
O que me deixou feliz foi poder editar com outra pessoa, foi uma conexão
tão boa, relacionar a minha dança com alguém e fazer dois corpos tornarem
um só na videodança. (LIMA, Rebecca. Residência Coreoedição: Fluxo
criativo na videodança. 2020).
32
Uma sobreposição de vídeo, também conhecida como efeito Picture-in-Picture (PIP), é um efeito
que sobrepõe um vídeo a outro vídeo criando uma camada sutil. Dessa forma duas imagens dialogam
ao mesmo tempo e o espectador consegue perceber e visualizar as duas no mesmo instante.
72
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=yyh5BtBB6Yc
33
https://www.youtube.com/c/CenaCumpliCidades/playlists
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
materialização das obras. O que me fez perceber que esses artistas utilizaram ao
seu favor a tecnologia de seu tempo.
Independente do aparato tecnológico escolhido para a gravação de imagens,
ou softwares de edição, ou para a junção de imagens, você deve perceber formas
de dialogar e se movimentar com as ferramentas que estão à sua disposição, pois,
na condição de artista da videodança, em meu percurso criativo utilizei diferentes
dispositivos e cada um me conectou de diferentes formas para criação em
videodança. Hoje, considero que uma das principais características da videodança é
o movimento. O mover na videodança é uma aproximação do meu corpo em relação
às ferramentas que eu utilizo e às narrativas que desejo criar. Não defino percursos
para criação de minhas videodanças, gosto de perceber o fluxo de como elas se
movimentam desde o processo de gravação até durante o processo de coreoedição.
Ao escrever esta dissertação, optei por trazer minhas experiências que
estavam guardadas e relacioná-las com as residências, que foram momentos de
grande aprendizado para mim. Olhar para esses arquivos me fez perceber o quanto
venho compartilhando e aprendendo múltiplas formas de me relacionar com a
videodança. São formas que considero como forças e venho buscando transmitir
para outros artistas. Considero a coreoedição e a videodança artes democráticas e
possíveis de serem realizadas por todos que queiram dançar com suas imagens. A
pandemia da covid-19 me aproximou de outros artistas e me fez perceber outras
possibilidades no audiovisual. Espero que os arquivos aqui disponíveis possam
despertar a fruição em outros artistas que queiram se relacionar com a videodança.
A arte da videodança ampliou seu campo em meio a pandemia da covid-19,
possibilitando aos artistas conhecer mais os espaços digitais para continuar
dançando e aproximando-se do público dentro de casa, fazendo assim surgir novos
festivais e construindo diferentes narrativas, pensadas para o campo do audiovisual.
Não tenho como objetivo criar um manual de edição de vídeo para dança,
uma vez que acredito que a coreoedição e a videodança são duas forças artísticas
que devem evoluir a cada nova pesquisa e criação, desenvolvendo novos percursos
cósmicos, sem parar no tempo em um conceito fechado e ancorado. Não cabe a nós
criar definições na videodança, mas vivenciar suas transformações, manifestações e
movimento, compartilhando e criando novos processos como possibilidade de
77
expressão da dança. Ademais, meu percurso como artista e educador mostra que a
possibilidade de criação de imagens por meio da videodança pode ser inserida em
múltiplos espaços, transformando a percepção de crianças e adultos, ampliando
poéticas cênicas, recoreografando para tela, materializando emoções por meio dos
aparatos tecnológicos da câmera e da edição. Sendo assim, posso afirmar que o
corpo do coreoeditor projeta suas experiências e, por meio da sua intuição, as
transforma em imagens na videodança. Nesta pesquisa, a coreoedição, em seu
fluxo criativo, é um ato de tensão que advém de forças impressas nos quadros que,
unidos na linha coreográfica, liberam fluxo poético.
Ao desenvolver uma obra, nos comunicamos por meio dela e aqui foram
apresentados diferentes fluxos expressivos e criativos de obras coreoeditadas para
videodança, essa arte que se expressa por meio do audiovisual e nos conecta com
diferentes corpos e movimentos. Ao coreoeditar as imagens na linha coreográfica,
eu me expresso por meio das minhas escolhas; ao videodançar para o mundo, lanço
experiências que serão vividas e sentidas por outras pessoas. Então, proponho a
você, lançar-se ao mundo e se mover por meio de suas escolhas.
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REFERÊNCIAS
BOURCIER, Paul. História da Dança no Ocidente. São Paulo: Martins Fontes – Selo
Martins, 2001.
BRUM, Leonel. Videodança: uma arte do devir. In: BONITO, Eduardo; CALDAS,
Paulo; LEVY, Regina (org.). Dança em Foco v. 4: Dança na tela. Rio de Janeiro:
Contra Capa Livraria Oi Futuro, 2012, p. 74–110.
GIL. Antônio Carlos. Métodos e Técnicos de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas,
1999.
LEAL, Patrícia Garcia. Amargo Perfume: a dança pelos sentidos, São Paulo:
Annablume, 2012.
MONTEIRO, Ana Karina Maciel Souza de. Edição para animação: como os
métodos utilizados na edição do cinema live-action podem ser aplicados no
planejamento de um filme animado. Orientador: Marcos Buccici Pio Ribeiro. 2017.
72f. il.: 30 cm Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) CAA, Design
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2017.
MURCH, Walter. Num piscar de olhos: edição de filmes sob a ótica de um mestre.
Rio de Janeiro: J. Zahar, 2004.
PEARLMAN, Karen. Cutting Rhythms: Shaping the Film. Edit. 1st ed. New
York/London: Focal Press. 2009, p.12.
PIMENTEL, L. C. M. Corpos e bits: linhas de hibridação entre dança e novas
tecnologias. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Faculdade de
Comunicação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2000.
PIMENTEL, L. C. M. La coreografía digital interactiva. ARTECH. 2008 –
Envisioning Digital Spaces, Guimarães (Portugal), v. V, p.140–149, 2010.
SPANGHERO, M. A dança dos encéfalos acesos. São Paulo: Rumos Itaú Cultural
Transmídia, 2003.
TRINDADE, Ana Lígia; VALLE, Flavia Pilla do. A escrita da dança: um histórico da
notação do movimento Movimento, vol. 13, núm. 3, septiembre-diciembre, 2007, p.
201–209 Escola de Educação Física Rio Grande do Sul, Brasil.
GLOSSÁRIO
Plano geral: é o plano panorâmico da cena. O plano geral também pode ser
utilizado para dar sentido de isolamento colocando uma pequena figura humana
numa vasta paisagem. O plano geral permite a utilização como elemento de
contraste com planos médios e primeiros planos dos elementos nele incluídos,
relaciona os personagens e quem os rodeia.
Plano americano: revela expressões, mas não enfoca um tema. Estabelece uma
inter-relação entre dois personagens. Mostra a pessoa do joelho para cima.
Plano detalhe: enfoca um detalhe mínimo, muitas vezes de maneira que não se
consegue reconhecer o objeto. Cria um sentido de mistério e surpresa quando o
tema é revelado. Plano de impacto visual e emocional, mostrando uma parte
essencial do assunto, às vezes criando uma imagem abstrata.
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Plano inicial / Plano de passagem: são planos que podem utilizar vários tipos de
planos. Eles são usados para que o público possa se situar e compreender onde se
localiza a história ou a passagem do tempo na trama do filme.
Plano sequência: o plano sequência é um plano sem cortes. Segue uma sequência
contínua, podendo ser executado com a câmera na mão ou utilizando vários tipos de
estabilizadores de imagem.
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APÊNDICE
APÊNDICE – Entrevistas dos participantes da residência do Cena Cumplicidades
2020
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Título:
A Questão is When / The Question
Direção:
André Rosa
Debi Irons
Companhias e Intérpretes:
Art Moves (EUA)
Debi Irons, Brie Hinman e Sasha Richardson.
CDTAM (BRA)
André Rosa, André Castro, Bárbara Marinho, Flávia Nery, Júlia Vasques e Olívia
Macedo.
GDUFRN (BRA)
Teodora Alves, Bruno Thierre, Jane Andrade, Gaby Brito, Ronaldo Teodósio, Brenda
Leslie, Ana Txay, Kathleen Louise, Claudio Silva, Yara Camila, Francilanny Marques,
Ana Lincka, Nathaly Lima, Manuel Evaristo, Rayssa Oliveira e Tato Takai
Música:
Davy Sturtevant - The Question Is When
Coreoedição:
André Rosa
Ano:
2020
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Título:
Rio Cor de Rosa
Direção:
André Rosa
Coreografia:
Clébio Oliveira
Intérpretes:
André Rosa, Gabriela Gorges, Gustavo Santos, Juarez Moniz, Julia Vasques,
Marghot Lima, Tatyelli Raulino e Will Gomes.
Câmeras:
André Rosa
Olivia Macedo
105
Músicas:
Wim Mertens - Iris, Terje Isungeset - London, Antony and The Johnons - Hope
There’s a someone, Electric President - Explanation e Glen Hansard e Marketa
Iglova - If you want me.
Coreoedição:
André Rosa
Ano:
2018
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
Título:
Dentro de Cada Um
Direção:
André Rosa
Intérpretes:
Artur Xavier, Leonardo Sabino, Luana Brandão, Rafael Maurício, Thiago Rodrigues e
Weslla Procópio.
Câmeras:
André Rosa
Música:
Elza Soares - Dentro de Cada Um
Direção de fotografia:
Guilherme Schulze
Coreoedição:
André Rosa
Ano:
2019
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
Título:
Dentro de Cada Um
Direção:
André Rosa
Intérpretes:
Artur Xavier, Leonardo Sabino, Luana Brandão, Rafael Maurício, Thiago Rodrigues e
Weslla Procópio.
106
Câmeras:
André Rosa
Música:
Elza Soares - Dentro de Cada Um
Direção de fotografia:
Guilherme Schulze
Coreoedição:
André Rosa
Ano:
2019
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
Título:
Abaixo do Equador
Direção:
André Rosa
Coreografia:
Airton Tenorio
Intérpretes:
Sérgio Galdino
Câmera:
André Rosa
Música:
Luís Cília - Linhas
Direção de fotografia:
Guilherme Schulze
Coreoedição e mixagem de som:
André Rosa
Ano:
2019
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
Título:
TEMOR
107
Direção:
André Rosa
Coreografia:
Clébio Oliveira
Intérpretes:
Alvaro Dantas e Jania Santos
Câmera:
André Rosa
Coreoedição e mixagem de som:
André Rosa
Ano:
2020
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
Título:
TEMOR
Direção:
André Rosa
Coreografia:
Clébio Oliveira
Intérpretes:
Alvaro Dantas e Jania Santos
Câmera:
André Rosa
Coreoedição e mixagem de som:
André Rosa
Ano:
2020
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
Título:
Corpo Ilha
Direção:
André Rosa
Coreografia:
Clébio Oliveira
Intérpretes:
Margoth Lima
108
Câmera:
André Rosa
Tiago Lima
Coreoedição e mixagem de som:
André Rosa
Ano:
2020