Giovanna Andrade Fernandes

Biomedicina | 2022.2

PROFESSORA LUCIANA – AULA 01

Humanização em Saúde
ORIGEM DO TERMO HUMANO A Antropologia é a ciência que estuda a
humanidade, seu comportamento, cultura e
A palavra homem vem de Homo sapiens, evolução.
também derivado do latim e que pode ser
traduzido para homem sábio. Entende-se também que o ser humano é
composto por: corpo (matéria), alma (mente
ORIGEM pensante) e espírito (essência imaterial).
Pela teoria evolucionista, acredita-se que o Existe uma classificação cerebral que foi
homem veio da África. postulada inicialmente na década de 1960, que
Começou com o ancestral macaco, tataravô separava o cérebro em três partes.
do homem e do chimpanzé, que vivia nas árvores De alguma forma, grosseiramente falando,
africanas há 10 milhões de anos atrás. evidentemente, pode-se fazer o paralelo entre
Há quatro milhões de anos, o trisavô corpo, mente e alma.
australopiteco do homem pôs-se a caminhar sobre
duas pernas e desceu das árvores.
Um milhão e meio de anos depois, o
bisavô Homo habilis do homem passou a lascar
pedras e usar como ferramenta. Seu cérebro tinha
o dobro do tamanho do dos australopitecos, e
metade do cérebro do homem.
Veio o Homo erectus, avô do homem, há
dois milhões de anos, mais alto, inteligente e
desenvolto, senhor do fogo.
E, há um milhão de anos, surgiu o Homo
heidelbergensis, com cérebro quase do tamanho
do cérebro do homem, que acabaria dando origem
a dois primos: o corpulento neandertal e o Homo
sapiens.
Os dois primos brigaram entre si por
recursos, os neandertais perderam, desapareceram
há cerca de 20 mil anos, e sobrou nesta Terra os
Homo sapiens.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
O ser humano distingue-se dos outros
animais por agir com racionalidade.
Possui grande capacidade mental e
habilidade para desenvolver utensílios e adquirir
conhecimentos.

PROFESSORA LUCIANA – AULA 02
Aspectos históricos envolvendo o processo em
saúde
HUMANIZAÇÃO
O discurso da humanização tem-se feito
presente, além da área da saúde, na área da
administração, no debate da economia e na
reorientação das práticas em diversos ramos do
setor de serviços.
HUMANIZAÇÃO – SAÚDE
O discurso organiza-se em torno ora da
política de defesa dos direitos de cidadania, ora
de uma discussão que alcança a ética.
HUMANIZAÇÃO – ADMINISTRAÇÃO
Foco na qualidade total e da felicidade na
empresa, visando a otimização do trabalho.
HUMANIZAÇÃO – ECONOMIA
A ideia é resgatar a identificação do
homem com o seu trabalho, base para
desconstruir a alienação produzida pela mais-
valia.
HUMANIZAÇÃO – SERVIÇOS
Já na área de serviços, como a de
transportes, bancos, comércios etc., encontra-se a
ideia de humanização associada à melhoria do
acesso (escadas, rampas, elevadores) e à sua
qualidade, enfatizando: a pontualidade nos
horários, redução do tempo de espera, respeito aos
idosos, gestantes e deficientes, e o investimento
em sinalizações, conforto e ambiência.
TRABALHO
A palavra “trabalho” é compreendida
como atividade profissional, remunerada ou não,
produtiva ou criativa, exercida para determinado
fim.
Giovanna Andrade Fernandes
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Atividade essencialmente humana de
cunho eminentemente social, que é orientada por
uma finalidade que dá ao homem a potencialidade
de, conscientemente, transformar a natureza e ser,
por ela, transformado, exercendo a sua
criatividade.
Nesse sentido, esse trabalho pode ser
considerado um dos meios para o alcance do
processo de humanização, inclusive humanização
em saúde, por proporcionar um sentido histórico e
produtivo a esse homem que está inserido em um
determinado contexto material/físico.
O QUE É DIALÉTICA?
Em sentido bastante genérico, oposição,
conflito originado pela contradição entre
princípios teóricos ou fenômenos empíricos.
DIALÉTICA NA FILOSOFIA
No platonismo, processo de diálogo,
debate entre interlocutores comprometidos com a
busca da verdade, através da qual a alma se eleva,
gradativamente, das aparências sensíveis às
realidades inteligíveis ou ideias.
No aristotelismo, raciocínio lógico que,
embora coerente com seu encadeamento interno,
está fundamentado em ideias apenas prováveis, e
por esta razão traz em seu âmago a possibilidade
de ser refutado.
QUAL A DIALÉTICA NO TRABALHO?
Relações que acontecem no processo de
trabalho, que pode tanto libertar quanto escravizar,
humanizar ou degradar, emancipar ou sujeitar.
A desconsideração desta dupla dimensão
permitiu que muitos autores equivocadamente
defendessem o fim do trabalho.
 Giovanna Andrade Fernandes
Biomedicina | 2022.2

O desafio maior da humanidade,

entretanto, é dar sentido ao trabalho humano e,
desse modo, tornar a vida também dotada de
sentido.
QUAL A RELAÇÃO ENTRE A
DIALÉTICA DO TRABALHO E A
HUMANIZAÇÃO?
Pode-se apontar que é preciso estudar
humanização, mesmo sendo humanos, devido uma
pequena palavra que gira em torno da dialética do
trabalho: poder.
O PODER LEVA O HOMEM A
DESUMANIZAR-SE?
Defende-se que o poder pode levar as
pessoas a agirem de maneiras surpreendentes e
contrárias às propostas éticas e legais que as
resoluções preconizam.

PROFESSORA LUCIANA – AULA 02
Tecnologias leve, leve-dura e dura
CONCEITO DE TRABALHO
Atividade essencialmente humana de
cunho eminentemente social, que é orientada por
uma finalidade que dá ao homem a potencialidade
de conscientemente transformar a natureza e ser,
por ela, transformado, exercendo a sua
criatividade.
TRABALHO VIVO EM ATO
Trabalho vivo em ato envolve a interação
entre o usuário e o profissional, revelada enquanto
espaço micropolítico do processo de trabalho em
saúde, e onde se localiza a possibilidade de
interação entre cuidado e o trabalho.
O modelo hegemônico privilegia a
objetivação dos problemas de saúde e desenvolveu
tecnologias no sentido da exploração de aspectos
biológicos mecânicos, produzindo intervenções
nesse âmbito.
Contradição: na busca por conhecer os
mecanismos produtores de doenças, os
profissionais de saúde distanciavam-se das
relações com os seres humanos em sofrimento.
O processo de trabalho em saúde é um
processo relacional, produzido através do trabalho
vivo em ato, a partir do encontro entre duas
pessoas onde se estabelece um jogo de
expectativas e produções criando espaços de
intersubjetividade expressos através de escutas,
falas, empatias e interpretações.
IMPORTÂNCIA DO CUIDADO
O cuidado está diretamente relacionado ao
trabalho vivo em ato. Interpretado por Leonardo
Boff, em sua dimensão ontológica.
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A palavra cuidado vem do latim e significa
“cura”. O cuidado se apresenta quando o
indivíduo demonstra atenção, interesse e
preocupação por outrem.
O cuidado é mais do que um ato singular
ou uma virtude, é um modo de ser-no-mundo que
origina as relações que estabelecem com todas as
coisas.
CUIDADO X TRABALHO
Para Boff, há dois modos básicos de ser no
mundo: o trabalho e o cuidado. Destes, o cuidado
apresenta-se mais próximo do trabalho vivo em
ato. O cuidado no campo da saúde é a sua própria
razão de ser.
PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE
 Finalidade ou objetivo (exemplo: diminuir
gravidez na adolescência).
 Objeto de trabalho (exemplo:
adolescentes).
 Meios e instrumentos de trabalho
(exemplo: cartazes, palestras nas escolas,
consultas e grupos na ESF).
 Divisão do trabalho ou agentes (exemplo:
médico, enfermeiro, professor e técnico de
enfermagem).
TECNOLOGIAS EM SAÚDE
 Leve: perpassa as emoções e os
relacionamentos que são construídos entre
as pessoas. Relacionais e estabelecimento
de vínculos. Exemplo: relações
interpessoais.
 Leve-dura: se encontra no aspecto
cognitivo, envolvendo o conhecimento,
epidemiologia e a clínica.
 Giovanna Andrade Fernandes
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 Dura: contempla os aspectos materiais que

são necessários para realização do
processo de trabalho em saúde.
Equipamentos. Exemplo: vacinas,
máscaras, álcool.

PROFESSORA LUCIANA – AULA 04 E 05

Política Nacional de Humanização: origem,

princípios e diretrizes
RELEMBRANDO O SUS
A Política Nacional de Humanização
(PNH) existe desde 2003 para efetivar os
princípios do SUS no cotidiano das práticas de
atenção e gestão, qualificando a saúde pública no
Brasil e incentivando trocas solidárias entre
gestores, trabalhadores e usuários.
 Por que Sistema Único? Para que todos
os brasileiros tenham acesso à saúde.
 Quais são os princípios doutrinários do
SUS? Universalidade, equidade,
integralidade.
 Quais os princípios que regem a
organização do SUS? Regionalização,
hierarquização, resolubilidade,
descentralização, participação comunitária,
complementaridade do setor privado.
ORIGEM DA PNH (POLÍTICA
NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO)
A PNH surgiu para resolver grandes
questões para o SUS que eram:
 A qualidade na atenção à saúde.
 A garantia da integralidade.
 O cuidado que possa ser praticado em
rede.
 Que tenha o compromisso do trabalhador
com a produção nessa rede.
É importante, antes de mais nada, entender
que a humanização na saúde não surgiu com a
PNH, mas já existia desde antes de 2003 que foi a
época do surgimento da Política Nacional.
Porém, as ações anteriores à Política eram
soltas e localizadas e, por tais motivos, a ação de
humanização precisava ser inserida dentro dos
processos de trabalho em saúde que interfiram
significativamente no modo de produção de saúde.
PRINCIPAIS PRINCÍPIOS E
DIRETRIZES
A humanização é descrita, no campo de
saúde, como uma aposta ético-estético-política.
É uma aposta ética porque envolve a
atitude de usuários, gestores e profissionais de
saúde comprometidos e corresponsáveis.
É estética porque se refere ao processo de
produção da saúde e de subjetividades autônomas
e protagonistas.
E é política porque está associada à
organização social e institucional das práticas de
atenção e gestão na rede do SUS.
A Política Nacional de Humanização se
pauta em três princípios:

1. Inseparabilidade entre a atenção e a gestão
dos processos de reprodução de saúde.
2. Transversalidade e autonomia.
3. Protagonismo dos sujeitos.
INSEPARABILIDADE ENTRE A
ATENÇÃO E A GESTÃO DOS
PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE
SAÚDE
Vinculada à Secretaria de Atenção à Saúde
do Ministério da Saúde, a PNH conta com equipes
regionais de apoiadores que se articulam às
secretarias estaduais e municipais de saúde.
A partir desta articulação se constroem, de
forma compartilhada, planos de ação para
promover e disseminar inovações nos modos de
fazer saúde.
Estimula a comunicação entre gestores,
trabalhadores e usuários para construir processos
coletivos de enfrentamento de relações de poder,
trabalho e afeto.
 Lei 8.080/90 (lei orgânica da saúde) e Lei
8.142/90 (participação comunitária).
TRANSVERSALIDADE E AUTONOMIA
É reconhecer que as diferentes
especialidades e práticas de saúde podem
conversar com a experiência daquele que é
assistido. Juntos, esses saberes podem produzir
saúde de forma mais corresponsável.
PROTAGONISMO DOS SUJEITOS
Incluir os trabalhadores na gestão é
fundamental para que eles, no dia a dia,
reinventem seus processos de trabalho e sejam
agentes ativos das mudanças no serviço de saúde.
Incluir usuários e suas redes
sociofamiliares nos processos de cuidado é um
poderoso recurso para a ampliação da
corresponsabilização no cuidado de si.
DIRETRIZES DA POLÍTICA
NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO - PNH
 Acolhimento.
 Gestão participativa e cogestão.
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 Ambiência.
 Clínica ampliada e compartilhada.
 Valorização do trabalhador.
 Defesa dos direitos do usuário.
ACOLHIMENTO
Acolher é reconhecer o que o outro traz
como legítima e singular necessidade de saúde.
Deve comparecer e sustentar a relação
entre equipes/serviço e usuários/populações.
Com uma escuta qualificada oferecida
pelos trabalhadores às necessidades do usuário, é
possível garantir o acesso oportuno desses
usuários a tecnologias adequadas às suas
necessidades, ampliando a efetividade das práticas
de saúde.
GESTÃO PARTICIPATIVA E
COGESTÃO
Expressa tanto a inclusão de novos sujeitos
nos processos de análise e decisão, quanto a
ampliação das tarefas de gestão.
Realização de análise dos contextos, da
política em geral e da saúde em particular, em
lugar de formulação e de pactuação de tarefas e de
aprendizado coletivo.
Colegiados gestores, mesas de
organização, contratos interinos de gestão,
Câmara Técnica de Humanização (CTH), Grupo
de Trabalho de Humanização (GTH), Gerência de
Porta Aberta, entre outros, são arranjos de
trabalho que permitem a experimentação da
cogestão no cotidiano da assistência à saúde.
AMBIÊNCIA
Criar espaços saudáveis, acolhedores e
confortáveis, que respeitem a privacidade,
propiciem mudanças no processo de trabalho e
sejam lugares de encontro entre as pessoas.
CLÍNICA AMPLIADA E
COMPARTILHADA
É uma ferramenta teórica e prática cuja
finalidade é contribuir para uma abordagem
clínica do adoecimento e do sofrimento, que

considere a singularidade do sujeito e a
complexidade do processo saúde/doença.
Modelo Tradicional
Baixa capacidade resolutiva e poucos instrumentos
para compreender e agir sobre os determinantes que
interferem no processo saúde-doença
Redução da complexidade dos problemas das
pessoas à dimensão biológica
Serviços transformados em grandes ambulatórios
de consultas, processo automatizado no
cumprimento de tarefas
Práticas centralizadas no profissional médico
VALORIZAÇÃO DO TRABALHADOR
É importante dar visibilidade à experiência
dos trabalhadores e incluí-los na tomada de
decisão, apostando na sua capacidade de analisar,
definir e qualificar os processos de trabalho.
Valorização das formações: educação
permanente e educação continuada.
Educação permanente: consiste em ações
educativas embasadas na problematização do
processo de trabalho em saúde e tenham como
objetivo a transformação das práticas profissionais
e da própria organização do trabalho, tomando
como referência as necessidades de saúde das
pessoas e das populações, a reorganização da
gestão setorial e a ampliação dos laços da
formação com o exercício do controle social em
saúde.
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Clínica Ampliada
Formação de equipes territoriais (visão territorial),
formação de equipes multiprofissionais (olhar
transdisciplinar)
Compreensão do sujeito em seu contexto e
compromisso com o sujeito e não com a sua doença
Constituição de redes de cuidado (PTS0,
articulação entre diferentes níveis do sistema,
práticas que gerem construção de projetos
terapêuticos singulares
Criação de vínculo entre profissionais/unidade e
usuários
Educação continuada: envolve as
atividades de ensino após a graduação, possui
duração definida e utiliza metodologia tradicional,
tais como as pós-graduações.
DEFESA DOS DIREITOS DOS
USUÁRIOS
Os serviços de saúde devem incentivar o
conhecimento dos direitos dos usuários e
assegurar que eles sejam cumpridos em todas as
fases do cuidado, desde a recepção até a alta.
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