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RELATORIO RELACIONADO ÀS RECOMENDAÇÕES DA VISITA DE

SUPERVISÃO DO ESTUDO

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA


Título: Eficácia de cloroquina e primaquina no tratamento da malária por Plasmodium
vivax em Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil

Pesquisador Principal: SUIANE DA COSTA NEGREIROS DO VALLE

Dados éticos do estudo:


Instituição Proponente: SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE (RIO BRANCO)
CAAE: 08740712.8.0000.5009
Área Temática: Área 8. Pesquisa com cooperação estrangeira.
Monitor: André Daher, Consultor do Programa Nacional do Controle de Malária
Data da visita de supervisão: 16.11.2014 a 20.11.2014
Data do relatório de supervisão: 12.01.2015

Em relação à visita de supervisão do estudo mencionada acima, encaminhamos


resposta a alguns dos pontos levantados. De modo geral, achamos que a visita foi
extremamente útil para detectar oportunidades para melhoria do nosso trabalho e
também garantir que os preceitos éticos de boas práticas clínicas sejam respeitados.
Agradecemos o empenho do consultor e também da Coordenação Nacional de Controle
da Malária pelo interesse em monitorar nosso estudo.

O estudo em questão teve início em fevereiro de 2014 com o recrutamento e


terminou em dezembro de 2014 quando do encerramento do acompanhamento de
pacientes. Em relação ao excessivo número de pacientes recrutados (132 no total),
ressaltamos que realmente foram abordados e admitidos 132 pacientes no estudo, porém
durante os primeiros dias de seguimento descobrimos que alguns destes não
apresentavam todos os critérios de inclusão.

O protocolo previa uma amostra de 117 pacientes, o excesso de pacientes deveu-


se a dois fatos principais: o prazo para termos os resultados da dosagem da deficiência
da enzima G6PD e resultados discrepantes entre a primeira e segunda leitura das
lâminas de inclusão. Os pacientes eram admitidos e acompanhados até o recebimento
do resultado de exame de G6PD, esse prazo chegou a levar três semanas. Nove
pacientes apresentaram resultados abaixo do esperado, e tivemos de repor estes
pacientes já que isto era previsto no protocolo. Concordamos que a necessidade de
reposição de pacientes com deficiência de G6PD não estava bem claro no protocolo.
Este fato foi informado ao CEP da FUNDACRE via ofício em agosto de 2014 (anexo)
quando do relatório parcial de atividade (6 meses do estudo) e posteriormente
submetido ao site da Plataforma Brasil, por orientação do próprio CEP. Informo que até
o momento não houve posicionamento do CEP quanto ao ofício enviado.

Durante a segunda leitura da lâmina que ocorria no dia seguinte à admissão,


notamos que outros quatro pacientes admitidos apresentavam infecção por malária mista
ou por P. falciparum e também precisamos repor estes pacientes. O número total de
pacientes incluídos no estudo foi de 119, o que está acima do limite de 117 pacientes.
Pretendemos notificar esta questão quando do relatório final ao CEP. Todos os
pacientes com deficiência de G6PD e malária por outras espécies foram encaminhados
para acompanhamento médico para correto tratamento.

O consultor realizou a revisão de 100% dos Termos de Consentimento Livre e


Esclarecido (TCLE) e Termos de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE). Com
relação ao TALE, o referido impresso foi apresentado ao sujeito da pesquisa via oral e
apenas a presença de uma cópia do mesmo no prontuário clínico era indicativo de que
houve a consulta. Esta cópia não estava presente em alguns prontuários, havendo
recomendação de se repetir o assentimento para todos estes menores. Nós achamos por
bem acatar esta recomendação e re-assentimos os seguintes sujeitos de pesquisa: 013,
028, 033, 036, 079, 106 e 119. Ainda relacionado ao TALE, o sujeito com número de
identificação 095 foi admitido com idade inferior ao referido no critério de inclusão, que
seria com idade menor ou igual a 5 anos. Este paciente completaria 5 anos no dia
seguinte à admissão. Foi reconhecida a violação de protocolo, mas ainda não houve
informação para o CEP deste evento. Fato este que será feito no relatório final.

Apontado também inconsistência na obtenção do TALE e TCLE dos sujeitos


com números de identificação 099 e 102, onde a assinatura de responsável foi feita por
membros da família (avó e irmão), mas seus nomes não constavam na ficha de
identificação como responsáveis dos mesmos. Nós reconhecemos que a ficha clínica
não contemplava esta informação. Por entender que a pessoa que trouxe os menores à
consulta tinha responsabilidade sobre o paciente, o protocolo faz referência ao
responsável do menor sem especificar o grau de parentesco, mantivemos estes pacientes
no estudo. Iremos fazer notificação a CEP no relatório final do estudo.

Com relação aos TCLE, foram encontrados alguns que não constavam data e a
assinatura do membro da equipe, só constando o nome por extenso. Estas imprecisões
foram corrigidas durante a visita de supervisão. Os pacientes com número de
identificação 001, 003, 011, 012 e 070 encontravam-se nesta situação. Para o sujeito da
pesquisa com número de identificação 002, onde foi detectado ausência de assinatura no
TCLE, fizemos um novo consentimento. Ainda relacionado ao TCLE, houve também a
correção dos sujeitos com os números de identificação as 018 (não havia número de
estudo no TCLE) e 124 (analfabeta).

Alguns documentos fonte e a ficha clínica foram sorteados para revisão, na


constatação de que estes documentos são semelhantes para a máscara do banco de dados
adotado (EpiInfo) foram encontradas algumas inconsistências entre as mesmas. Foram
sugeridas modificações, e algumas delas já estavam sendo utilizadas pela equipe do
estudo, as demais foram adotadas de imediato. Os problemas que puderam ser
corrigidos durante a visita foram feitos, com assinatura e data atualizada da
modificação. Houve por parte do consultor algumas reservas em relação à qualidade
dos dados já que o banco de dados não limitava valores extremos ou saltos adequados.
Esta foi uma opção consciente da equipe do estudo uma vez que o parceiro responsável
pelo manejo de dados não estava presente em Cruzeiro do Sul de maneira permanente.
Optamos por uma máscara simples, a fim de evitar problemas com o processamento e
travamento do sistema. Sabemos que perdemos em precisão da informação, mas como
havia dupla entrada dos dados, acreditamos que o impacto desta questão foi mínimo.
Temos planos de usar plataforma mais flexível nos próximos estudos.

Compartilhamos a preocupação de se detectar todos os casos de discrepância


maior que 50 por cento entre as leituras de microscopia. Concordamos que o protocolo
não deixou claro que a seria feita a média geométrica das duas leituras concordantes no
caso de se necessitar de uma terceira leitura. Informamos que durante a fase de análise
dos dados, como de antemão planejado, foi feita a avaliação de que casos mereceriam
terceira leitura e estes casos foram encaminhados para tal.

Com relação à paciente que engravidou durante o seguimento, foi realizado o


contato para o seu acompanhamento e acatada a orientação de oferecer
acompanhamento até o momento do parto.

Quanto aos procedimentos gerenciais relacionados á dispensação dos


medicamentos reconhecemos a necessidade de aprimoramento. Realmente teria sido
mais apropriado termos um controle de estoque diário de medicação e entrada e saída
dos mesmos. Iremos aprimorar esta questão no futuro.
Realizamos a busca de laudos técnicos das autorizações sanitárias pertinentes ao
laboratório que executou o exame de análise da deficiência da G6PD, por orientação da
visita de monitoria.

Com relação aos aspectos regulatórios do estudo, volto a informar sobre a


submissão de emendas e notificações realizadas pela investigadora local e submissão ao
CEP local e posteriormente ao site da Plataforma Brasil, segundo os anexos. É fato, que
o estudo prosseguiu mesmo após a ausência de resposta pelo CEP, efetuando assim este
desvio de protocolo. Quanto à falta de notificação ao CEP sobre a divulgação do estudo
nos centros de saúde e hospital não foi realizada por desconhecimento da investigadora
quanto a este procedimento.

Agrademos os comentários e sugestões referentes à organização do arquivo do


investigador. Iremos implantar mudanças para nossos próximos estudos.

Mais uma vez agradecemos o empenho dos envolvidos na visita de supervisão.


Entendemos que as falhas mais graves detectadas já haviam sido comunicadas ao CEP
local, e estamos buscando os pareceres das nossas notificações. Acreditamos que todos
aprendemos muito com esta experiência e esperamos poder contar com sua colaboração
no futuro.

Cruzeiro do Sul, 15 de março 2015

Suiane da Costa Negreiros do Valle

Pesquisadora Responsável

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