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BIOMÉDICA
Introdução
A garantia da qualidade em um laboratório clínico está relacionada à ideia
de assegurar que o produto final de suas atividades, ou seja, o resultado
do exame liberado em laudo, seja confiável, já que servirá de base para
o diagnóstico clínico do paciente, para o acompanhamento de alguma
terapia que está sendo realizada ou para a prevenção de alguma doença.
Para que essa qualidade esteja presente em todos laudos, é necessário
conhecer cada fase relacionada com a análise de uma amostra bioló-
gica, de modo que possam ser detectados possíveis erros, conhecidos
como não conformidades, que são a base para melhorias nos processos
envolvendo todas as fases.
Neste capítulo, você vai conhecer as etapas envolvidas na realização
de um exame laboratorial que são: pré-analítica, analítica e pós-analítica.
Neste capítulo, você vai estudar as fases envolvidas na realização de
um exame laboratorial e os procedimentos de cada uma delas. Também
vai ver os principais erros que podem ocorrer em cada fase.
2 Fases das análises clínicas laboratoriais
Análises clínico-laboratoriais:
fases e procedimentos
O Ministério da Saúde, por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), classifica o processo de análises clínicas em três fases — pré-
-analítica, analítica e pós-analítica —, que são divididas conforme a ordem
de realização de um exame. Sendo assim, a prática laboratorial é o conjunto
de exames e testes realizados a pedido do médico visando a um diagnós-
tico, uma confirmação de uma patologia ou um check-up (exames de rotina).
É importante, na rotina de um laboratório, que sejam adotados métodos pa-
dronizados e validados, para que tenhamos resultados confiáveis ao finalizar
um laudo. Desde o cadastro do exame solicitado até a liberação do laudo, é
de extrema importância que os profissionais sigam as padronizações de todos
os processos por eles realizados, compreendendo a importância de cada fase.
Fase pré-analítica
A fase pré-analítica é caracterizada como a fase pré-teste e está relacionada
com (COSTA; MORELI, 2012):
solicitação/requisição do exame;
orientação;
preparação e identificação do paciente;
coleta da amostra biológica;
utilização de sequência apropriada de tubos de acondicionamento da
amostra;
identificação de tubos do paciente;
triagem;
acondicionamento e transporte da amostra até o processamento do
material para a análise.
Fase analítica
A fase analítica se refere à etapa de execução do exame. Ela envolve a verifi-
cação de instrumentos e equipamentos, reagentes e suas condições; sistemas
de informática com dados de interface; e critérios de verificação dos resultados
(valores de referência, unidade de medição, limitações técnicas, observações
pertinentes). Essa fase é bastante beneficiada pelo processo de automação
laboratorial, tendo em vista a grande quantidade de equipamentos para dosagens
bioquímicas/hematológicas/imunológicas, por exemplo, que estão disponíveis
e já são realidade de laboratórios de pequeno, médio e grande porte.
A presença de automação em vários setores de um laboratório torna possível
um controle de qualidade mais detalhado, fornecendo resultados mais precisos
e exatos, além de minimizar a chance de erros de pipetagem de reagentes,
por exemplo, pois o procedimento manual pode variar de profissional para
profissional e ocasionar e um erro analítico. Atualmente, essa fase é a que
menos apresenta erros relacionados à sua execução.
4 Fases das análises clínicas laboratoriais
Fase pós-analítica
A última fase, a pós-analítica, engloba os processos de liberação do laudo e
as ações posteriores a ele. Ela tem início após a obtenção de resultados válidos
das análises para a interpretação do solicitante.
O laudo emitido deve ser legível, sem rasuras, escrito em língua portuguesa,
datado e assinado por um profissional de nível superior, legalmente habilitado.
Esse laudo deve ainda conter:
Por fim, todos os dados brutos referentes ao laudo, como suas cópias,
devem ser arquivados por um período de cinco anos.
anterior à realização dos seus exames, isso porque, caso esse indivíduo
não compreenda a importância do preparo para a coleta, ele não irá
colaborar, fornecendo as informações solicitadas.
Coleta e identificação de amostras: nesse processo os principais erros
são relacionados à distribuição do sangue coletado na ordem correta
de tubos, visto que alterar essa ordem pode causar contaminações da
amostra, que interferem no resultado final. Outro erro comum na coleta
é com relação ao volume de sangue inserido em um tubo, que pode
provocar, posteriormente, falta de homogeneização correta desses tubos
contendo a amostra. Ainda, é na coleta que ocorrem os erros de troca
de paciente — por exemplo, quando há na sala de espera dois pacientes
com o mesmo nome, é sempre necessário chamar o paciente para a sala
da coleta pelo nome completo, conferindo com documento contendo
foto para identificação.
Transporte e armazenamento de amostras: um erro comum aqui rela-
tado é a falta de refrigeração de amostras que precisam dessa condição,
oriunda de um transporte em maleta sem condições para tal finalidade.
Mais erros que também podem ocorrer nessa fase podem ser observados
na Figura 1.
Por mais que exista padronização nessa fase, é difícil realizar o monitora-
mento dos erros para que estratégias de melhorias possam ser implementadas,
porque muitos erros ocorrem fora do laboratório. A requisição, por exemplo,
depende muito da escrita do médico e da coerência do exame solicitado com
o resultado que ele pretende analisar, além de depender do próprio paciente e
da forma como guarda a solicitação até entregá-la à recepção, para a realiza-
ção do cadastro. A forma como a requisição é guardada pode, muitas vezes,
danificá-la e assim dificultar a visualização da escrita (RODRIGUES, 2016).
Na coleta, a padronização do processo pode ser facilitada com o treinamento
dos profissionais, que devem receber, de forma contínua, informações sobre
a importância da identificação prévia de um tubo com o nome do paciente, a
influência da distribuição correta do sangue nos respectivos tubos, a causa da
hemólise na coleta e o armazenamento adequado das amostras.
Não menos importantes são os possíveis erros decorrentes do tempo de
garroteamento, que não deve ter seu uso prolongado por mais de 1 minuto, pois
acarreta concentração de analitos na amostra a ser coletada, podendo alterar
os resultados, que não serão fidedignos à condição do paciente. Outras fontes
de erro relacionam-se à ação de dar “tapinhas” na veia, um antigo hábito que
os profissionais realizavam, acreditando que facilitaria o acúmulo de sangue
no local e, consequentemente, a localização do vaso. Tal hábito pode gerar,
por exemplo, alteração nas contagens plaquetárias. O toque ou sopro da área
de coleta após a antissepsia também pode gerar erros, pois irá contaminar o
local novamente, anulando o processo anterior.
A coleta sanguínea em via de acesso venoso próxima de cateter de infusão
pode ocasionar resultados incorretos pela contaminação da amostra com os
fluidos infundidos (diluindo a amostra a ser coletada).
A coleta de sangue para o exame de hemocultura requer cuidados minu-
ciosos, visto que deve-se minimizar a interferência de contaminantes, que
ocorrem caso a antissepsia não seja feita de forma adequada. Além disso,
deve-se observar o volume adequado de sangue que será inserido no frasco
(fator de extrema importância para que se possa recuperar um microrganismo).
Atualmente, os comitês de normatização recomendam coletar em dois a três
frascos (frasco aeróbio e anaeróbio), a partir de amostras coletadas de forma
simultânea (sem intervalos de tempo), mas em punções de locais diferentes.
Em pacientes adultos, recomenda-se a coleta de 8 a 10 mL de sangue venoso
por frasco (deve-se conferir as recomendações específicas do fabricante). Em
crianças, recomenda-se coletar duas amostras, cada uma contendo de 1 a 3
mL de sangue. Em recém-nascidos (RNs), o volume de sangue coletado deve
ser de 0,5 a 1 mL (não mais do que 1% do volume total de sangue da criança).
8 Fases das análises clínicas laboratoriais
(Continua)
Fases das análises clínicas laboratoriais 9
(Continuação)
Os erros podem ocorrer em qualquer uma das fases de realização de um exame. O não
atendimento a uma variável, ou seja, o erro, é denominado de não conformidade.
Quando ocorre a identificação de um erro é descrita uma não conformidade, sendo
fundamental que o laboratório conheça e entenda as variáveis envolvidas para que
possam ser adotadas medidas de ação corretivas e de prevenção, buscando a elimi-
nação e recorrência do erro (TEIXEIRA; CHICOTE; DANEZE, 2016).
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