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Referencial da atividade
inspetiva
Referencial da atividade da atividade inspetiva
inspetiva
Catalogação Recomendada
AUTOR
ACT - Autoridade para as Condições do Trabalho
Indexação:
EDIÇÃO
2ª edição - dezembro de 2019
ISBN
978-989-8076-90-8 (web pdf)
Esta Publicação reproduz um referencial normativo, de natureza jurídica, que apoia e orienta a
realização das atividades previstas.
Índice
1. Introdução ............................................................................................................... 2
2. Compromisso com o referencial ............................................................................... 3
3. Missão, visão, valores e cultura ................................................................................ 4
4. Princípios éticos e deontológicos.............................................................................. 6
5. Autonomia ................................................................................................................ 9
6. Independência ....................................................................................................... 10
7. Sigilo profissional ................................................................................................... 11
8. Funções do inspetor do trabalho ............................................................................ 12
8.1. No âmbito das relações de trabalho (RL) ............................................................ 14
8.2. No âmbito da segurança e saúde no trabalho (SST) ............................................ 15
8.3. Outras funções .................................................................................................... 16
8.4. Atividade administrativa da ACT.......................................................................... 17
9. Atividade inspetiva da ACT ..................................................................................... 18
9.1. Origem e principais destinatários da atividade inspetiva..................................... 18
9.2. Desenvolvimento da ação inspetiva..................................................................... 19
9.2.1. Conceitos e definições ...................................................................................... 19
9.2.2. Impulso da intervenção inspetiva .................................................................... 21
9.2.3. Prioridades de intervenção inspetiva................................................................ 22
9.2.4. Momentos da intervenção inspetiva ................................................................. 23
9.2.4.1. Planeamento ................................................................................................. 23
9.2.4.2. Preparação da ação inspetiva ........................................................................ 24
9.2.4.3. Visita inspetiva .............................................................................................. 25
9.2.4.4. Análise e elaboração de informação .............................................................. 30
9.2.4.5. Decisão do dirigente ...................................................................................... 32
9.2.4.6. Vicissitudes da intervenção inspetiva ............................................................ 34
10. Procedimentos inspetivos .................................................................................... 35
10.1. Outros apoios à atividade inspetiva ................................................................... 47
Resumo ...................................................................................................................... 48
Résumé ...................................................................................................................... 48
Abstract ..................................................................................................................... 49
Referencial da Atividade Inspetiva
1. Introdução
A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), enquanto serviço central da administração
direta do Estado dotado de autonomia administrativa, assume compromissos estratégicos
assentes num conjunto de pressupostos (missão, visão, valores, objetivos, conhecimento das
envolventes interna e externa, partes interessadas na atuação da ACT, entre outros) que visam
a sua consolidação como entidade pública de referência na promoção da segurança, saúde e bem-
estar no trabalho e da garantia de elevados padrões de cumprimento dos normativos em matéria
laboral.
Constitui propósito do presente documento a melhoria contínua dos padrões de qualidade, eficácia
e eficiência, que devem presidir à gestão pública, com respeito integral pelos referenciais
nacionais e internacionais, nomeadamente as Convenções da Organização Internacional do
Trabalho (OIT).
Neste contexto, pretende-se que este referencial promova a atividade inspetiva através do reforço
da sua credibilização, da harmonização, consistência e coerência do gesto inspetivo, alicerçado
naturalmente na independência e autonomia técnica do inspetor do trabalho - prerrogativas do
exercício da sua atividade - e na definição de um conjunto de opções decorrentes do leque de
competências e de funções, balizadas pelo respeito e limites do princípio da legalidade e demais
princípios da administração pública, nomeadamente os da justiça, da imparcialidade e da
proporcionalidade.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Este referencial e os seus conteúdos têm, naturalmente, por principais destinatários os inspetores
do trabalho.
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Referencial da Atividade Inspetiva
•Quer a missão quer a visão estão suportadas nos valores organizacionais que
são a base da identidade coletiva da ACT (de partilha comum a todos os
trabalhadores, independentemente da carreira em que se integrem), de entre
CULTURA E os quais sobressaem referenciais de progresso e de boa governação pública,
VALORES nomeadamente:
A promoção do
O reconhecimento
diálogo social e da
do direito das
participação como
mulheres e dos
essência e
homens a um
metodologia para o
trabalho digno e
respeito, promoção
produtivo, em
e aplicação dos
condições de
princípios e dos
liberdade, equidade,
direitos
segurança e
fundamentais do
dignidade humana.
trabalho.
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Referencial da Atividade Inspetiva
A ACT, por força da missão e atribuições que lhe estão legalmente cometidas, cultiva um conjunto
de valores associados ao bem-estar no trabalho e ao facto de ser o único organismo responsável
por ativamente contribuir - por si só ou congregando as parcerias necessárias para o efeito, para
a melhoria das condições do trabalho.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Serviço público
Princípio da legalidade
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Referencial da Atividade Inspetiva
Princípio da Igualdade
Princípio da proporcionalidade
Princípio da lealdade
Princípio da integridade
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Referencial da Atividade Inspetiva
Considerando que os funcionários das inspeções do trabalho devem prestar serviços que
promovam os mais elevados níveis de integridade, correspondam às expetativas da comunidade
e reforcem a sua confiança na organização e na sua autoridade, o Código propõe um quadro ético
que compreende seis valores gerais.
•CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS
Adquiridos através da aprendizagem contínua e do empenho no reforço
Valor 1 das capacidades.
•HONESTIDADE E INTEGRIDADE
Uma conduta que inspire respeito e confiança.
Valor 2
•CORTESIA E RESPEITO
Demonstração de empatia, compaixão e compreensão, reconhecimento
Valor 3 da diversidade da comunidade.
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Referencial da Atividade Inspetiva
5. Autonomia
Os referenciais internacionais que tutelam a autonomia orgânica da inspeção do trabalho devem
ser interpretados num sentido integrador com as demais disposições legais que enquadram a
atividade dos inspetores do trabalho na prossecução do interesse público e das políticas nacionais
relativas à melhoria das condições do trabalho, de acordo com o plano de ação inspetiva definido
pela Direção da ACT.
Dessa forma, a atuação do inspetor do trabalho surge balizada pela obrigação inerente à
salvaguarda do interesse público e pelo princípio da legalidade, bem como pela delimitação e
restrição dos poderes de autoridade que lhe assistem – não obstante a sua autonomia técnica
decorrente do contexto da intervenção inspetiva.
É neste contexto que deve ser enquadrada a autonomia técnica dos inspetores do trabalho
(artigos 13.º e 17.º da Convenção n.º 81 e artigos 18.º e 22.º da Convenção n.º 129, ambas da
OIT).
Este conceito encontra expressão – sem prejuízo do contexto de planeamento a que o inspetor
do trabalho está obrigado - na sua capacidade de identificação de situações passíveis de
intervenção inspetiva, bem como para delimitar os respetivos âmbitos e matérias a apreciar.
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Referencial da Atividade Inspetiva
6. Independência
As Convenções da OIT sobre a Inspeção do Trabalho (artigo 6.º da Convenção n.º 81 e artigo 8.º
n.º 1 da Convenção n.º 129) estabelecem que o pessoal da inspeção do trabalho será composto
por funcionários públicos, cujo estatuto e condições de serviço lhes assegurem a estabilidade no
seu emprego, os tornem independentes de qualquer mudança de governo e de qualquer influência
exterior.
Por outro lado, compete exclusivamente à autoridade central o controlo direto e exclusivo da
atividade de inspeção do trabalho, a qual não deverá estar sujeita ao controlo das autoridades
locais, nem depender destas para o exercício de nenhuma das suas funções (ponto 10 da
Recomendação n.º 20 da OIT, de 1923, sobre os Princípios Gerais de Organização dos Sistemas
de Inspeção).
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Referencial da Atividade Inspetiva
Enquanto representante do poder público no mundo laboral, o inspetor do trabalho está investido
de poderes, mas também obrigado a observar um conjunto de deveres relativamente ao modo
como exerce as suas funções. O exercício adequado de tais poderes e deveres é fundamental
para garantir a autoridade do inspetor, a sua equidistância face aos interesses presentes no
mundo do trabalho e a confiança pública no próprio sistema de inspeção do trabalho.
7. Sigilo profissional
Importa clarificar e delimitar o sigilo profissional dos inspetores do trabalho e suas implicações.
Este dever de sigilo está também consagrado no artigo 15.º da Convenção n.º 81 e no artigo 20.º
da Convenção n.º 129, ambas da OIT, que estabelecem, sob reserva das exceções que a
legislação nacional possa prever, que o inspetor do trabalho:
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Referencial da Atividade Inspetiva
O sigilo profissional impede o inspetor, mesmo depois de deixar a profissão, de revelar a origem
de denúncias, processos de fabrico e outros dados confidenciais de que teve conhecimento em
virtude do desempenho das suas funções.
O sigilo profissional está salvaguardado nos termos dos artigos 135.º, 136.º e 182.º do Código
de Processo Penal, por força do artigo 1.º, n.º 2 alínea a) do Código de Processo do Trabalho.
Nos termos destas normas, o inspetor ou os demais funcionários a quem a lei impõe que guardem
sigilo, podem escusar-se a depor sobre os factos por ele abrangidos e não fornecer documentos
ou informações sigilosas.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Nesse sentido, tendo como referência a missão da ACT e o seu plano de atividades, o inspetor
deve, relativamente a cada situação com que se depara, refletir sobre a mais-valia das opções e
procedimentos que assume e dos instrumentos e meios que utiliza, agindo no quadro legal, com
racionalidade (distinguindo o essencial do acessório), zelo, disponibilidade e espírito de
cooperação.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Vicissitudes Avaliar do cumprimento dos requisitos legais em caso de transmissão de empresa ou estabelecimento,
cedência ocasional de trabalhadores, redução da atividade e suspensão do contrato de trabalho
contratuais
(nomeadamente do recurso a medidas previstas em situação de crise empresarial).
Incumprimento
do contrato de Verificar os requisitos da suspensão de contrato de trabalho por não pagamento pontual da retribuição e os
limites da aplicação de sanções disciplinares.
trabalho
Cessação do
contrato de Verificar a regularidade dos requisitos e formalidades inerentes às várias modalidades de cessação do contrato
de trabalho.
trabalho
Avaliar do cumprimento dos deveres legais relativos às condições de informação, consulta e participação dos
Direito coletivo trabalhadores e seus representantes;
Avaliar das condições de exercício do direito à greve.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Identifica e avalia os fatores de risco físico, químico, biológico, psicossocial (assédio, burn out, etc.),
entre outros;
Obrigações gerais do Hierarquiza os riscos pela sua gravidade/frequência;
empregador e do
trabalhador Avalia as medidas técnicas e organizativas adequadas à prevenção dos riscos identificados;
Consulta, informação
Verificar a existência de formação adequada, tendo em atenção o posto de trabalho e o exercício de
Avaliar o exercício das atividades dos serviços de segurança e saúde no trabalho da empresa;
Inquéritos de Desenvolver ação inspetiva no domínio dos acidentes de trabalho, elaborando inquérito de acidente
acidentes de trabalho de trabalho nos termos da lei.
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Referencial da Atividade Inspetiva
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Referencial da Atividade Inspetiva
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Referencial da Atividade Inspetiva
Para além dos pedidos que provêm dos principais destinatários da intervenção inspetiva
(trabalhadores, empregadores e seus representantes), existe um conjunto de solicitações que
decorre do cumprimento de obrigações legais.
Conhecer o universo dos destinatários da sua ação torna-se fundamental para selecionar e
priorizar necessidades de intervenção, adequar metodologias que potenciem a eficácia da ação e
reforçar a credibilidade da instituição como entidade de referência no mundo do trabalho.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Processo
inspetivo
Visita
Doença inspetiva
profissional (1.ª, 2.ª e
outras)
Acidente
de trajeto
Empregador
ou in
itinere
Conceitos
Acidentes de
Trabalhador
trabalho
Estabeleci- Local de
mento trabalho
Posto de
Estaleiro
trabalho
Nestas circunstâncias, devem ser considerados e utilizados nas atividades de controlo inspetivo e
no sistema de recolha e tratamento de dados dos sistemas de informação da ACT os conceitos a
seguir identificados.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Conceito Definição
Processo Conjunto sequencial de atos devidamente documentados e organizados,
inspetivo praticados por inspetor no âmbito de uma intervenção inspetiva que visam
verificar o cumprimento da legislação laboral e SST, promovendo a melhoria
das condições do trabalho quer no âmbito das relações laborais privadas
quer no âmbito da Segurança e Saúde na Administração Pública.
Visita inspetiva Deslocação a um local de trabalho efetuada por inspetor do trabalho no
exercício das suas funções, tendo em vista inspecionar os locais de trabalho
verificando, avaliando e controlando o cumprimento de normas legais,
convencionais e regulamentares integradas no âmbito de competências da
inspeção do trabalho. Podem ser primeira ou segundas visitas.
Primeira visita Deslocação efetuada pela primeira vez a um local de trabalho no âmbito de
um processo inspetivo.
Segunda e Deslocação (ou deslocações) necessária à verificação do cumprimento dos
outras visitas procedimentos determinados, acompanhamento de situações laborais,
consolidação da recolha de dados necessários e concretização da
intervenção inspetiva que não tenha sido possível realizar na primeira visita.
Empregador Entidade jurídica (pessoa singular ou coletiva), com pessoas ao seu serviço,
sob sua autoridade e direção que se dedica à produção de bens e/ou
serviços.
Trabalhador Pessoa singular que se obriga, mediante retribuição, a prestar a sua
atividade a outra ou outras pessoas no âmbito da organização e sob
autoridade e direção destas.
Estabelecimento Unidade organizacional que goza de autonomia de decisão, designadamente
quanto à afetação dos seus recursos, e que compreende uma estrutura
organizativa com todos os elementos do ativo, materiais ou imateriais,
imobilizados necessários ao desenvolvimento da atividade económica,
principal ou acessória. O estabelecimento compreende um ou vários locais
de trabalho.
Local de Espaço onde o trabalhador desenvolve a sua atividade, incluindo os lugares
trabalho por onde se desloca no desempenho das suas tarefas.
Posto de Local onde o trabalhador desenvolve a sua atividade, bem como o veículo
trabalho utilizado por causa e no decurso do exercício de qualquer tarefa inerente às
funções desempenhadas.
Estaleiro Local onde se efetuam trabalhos de construção de edifícios ou outros no
domínio da engenharia civil, nomeadamente trabalhos de escavação,
terraplenagem, montagem e desmontagem de elementos pré-fabricados,
demolição, bem como os locais onde se desenvolvem atividades de apoio
direto aos mesmos.
Acidente de Aquele que se verifique no local e no tempo de trabalho e produza direta ou
trabalho indiretamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que
resulte redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte.
É também considerado acidente de trabalho o ocorrido em viagem,
transporte ou circulação e motivado por causa ou no decurso do trabalho.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Conceito Definição
Acidente de Acidente que ocorre no trajeto normalmente utilizado pelo trabalhador,
trajeto ou in qualquer que seja a direção na qual se desloca, entre qualquer dos seus
itinere locais de trabalho no caso de ter mais de um emprego, entre o seu local de
trabalho ou de formação ligado à sua atividade profissional e a sua residência
principal ou secundária, o local onde toma normalmente as suas refeições,
o local onde recebe normalmente o seu salário, o local onde ao trabalhador
deva ser prestada qualquer forma de assistência ou tratamento por virtude
de anterior acidente ou o local onde por determinação do empregador presta
qualquer serviço relacionado com o seu trabalho, do qual resulte redução na
capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte.
Doença Perturbação da saúde contraída em consequência de uma exposição,
profissional durante um dado período de tempo, a fatores de risco decorrentes de uma
atividade profissional. De acordo com a legislação nacional são doenças
profissionais as constantes de lista codificada, bem como as lesões,
perturbações funcionais ou doenças não incluídas na lista (…) desde que se
prove serem consequência necessária e direta da atividade exercida e não
representem normal desgaste do organismo.
Esse enquadramento deverá privilegiar, sempre que possível, a planificação prevista nas
respetivas fichas de projeto, nomeadamente quanto aos períodos aí definidos ou que venham a
ser estipulados pela direção da ACT e/ou pelos serviços desconcentrados.
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Referencial da Atividade Inspetiva
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Referencial da Atividade Inspetiva
Registo e
informação da
ação inspetiva
Preparação da
Realização da [Registos
ação inspetiva
Planeamento da ação inspetiva informáticos, Decisão do
ação inspetiva [pesquisa; dirigente
[visita(s) comunicação aos
organização;
inspetiva(s)] interessados e
contactos prévios]
elaboração da
Informação/
Relatório
Em cada um dos momentos de ação inspetiva o referencial permite o acesso a hiperligações que
foram desenvolvidas no sentido de agilizar o acesso aos recursos criados, em sede de preparação
da visita inspetiva na recolha de elementos na entidade visitada ou na concretização de
procedimentos, cujos modelos são disponibilizados na intranet ou no Sistema de Informação (SI)
da ACT.
9.2.4.1. Planeamento
Num mundo laboral em permanente mutação e adaptação às constantes e novas exigências
económicas, laborais e sociais, o planeamento deve traduzir a articulação entre a estratégia de
intervenção definida, os recursos disponíveis e os diferentes pedidos dirigidos aos serviços,
considerando os fenómenos emergentes que careçam de resposta por parte da ACT.
Numa intervenção inspetiva, a realização de visita, sendo a regra, pode, contudo, ser ponderada
e avaliada após juízo de adequabilidade e oportunidade, tendo em conta os meios disponíveis e
os resultados que se visam alcançar.
Numa perspetiva macro, este será o momento onde são equacionadas eventuais situações de
articulação com outros serviços desconcentrados ou com outras entidades, com programação de
visitas conjuntas, as quais podem ocorrer por iniciativa ou solicitação de qualquer das partes.
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Referencial da Atividade Inspetiva
O planeamento e a preparação adequados da visita inspetiva são cruciais para o seu sucesso,
uma vez que o inspetor deve conhecer bem a situação e todo o seu enquadramento para definir
a metodologia mais eficaz de atuação, considerando que cada matéria a verificar poderá
pressupor conhecimentos e abordagens diferentes.
Nas ações reativas o inspetor deve equacionar um prévio contacto com o requerente da
intervenção, para lhe permitir estabilizar a informação necessária para o sucesso da intervenção
inspetiva.
Nas intervenções inspetivas impulsionadas por pedidos que relatam uma situação individualizada
- como os casos de violação do dever de ocupação efetiva, assédio no local de trabalho ou
discriminação - deve ser assegurado um contacto prévio de forma a que o inspetor conheça todos
os detalhes necessários à intervenção mas também para que o requerente seja plenamente
informado de todas as consequências e expectativas de resultados.
Por regra, a visita inspetiva realiza-se sem aviso prévio, ou seja, não é anunciada, de forma a
garantir ao inspetor a observação e verificação das condições que efetivamente existem no local
de trabalho, facilitando a evidência da prova.
Sempre que exista justificação para o efeito, a visita pode ser anunciada, no sentido de garantir
a presença de interlocutores específicos, ou no quadro de intervenções com metodologias
específicas que aconselhem esse tipo de procedimento.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Organização
Pesquisa
Arquivo/processo da empresa
Registo no SI (antecedentes, registos de Realização da visita sem ou
procedimentos, registo acidentes de trabalho) com aviso prévio, a definir
Existência de representantes sindicais e para de acordo com o impulso e
a SST, comissão de trabalhadores) matérias objeto de
intervenção
Relatório único
Articulação com outras
Base dados Instituto Segurança Social, IP entidades sempre que
(ISS, IP) adequado ou quando
Portal da justiça estejam previstas ações
conjuntas
Legislação de enquadramento
N.º de inspetores do
Instrumento de Regulamentação Coletiva de trabalho a envolver devendo
Trabalho (IRCT) aplicável as equipas ser constituídas,
N.º de trabalhadores em regra, por dois
Código de Atividade Económica (CAE) elementos
Fluxogramas disponíveis Seleção dos recursos a
utilizar (fluxogramas, fichas
Localização da empresa e identificação do de identificação, listas de
interlocutor privilegiado, se possível verificação, policopiativos,
Matérias-primas e processo produtivo etc.)
Partilha de informação com inspetores que Seleção dos equipamentos
tenham desenvolvido (ou estejam a de proteção individual
desenvolver) ação inspetiva na mesma (EPI´s) a utilizar
entidade Ponderar o alargamento das
Outras consultas matérias
A visita deve ser feita sem acompanhamento se o inspetor do trabalho entender que a presença
de qualquer das pessoas referidas no parágrafo anterior pode impedir a recolha de informação ou
constranger a audição dos trabalhadores no local de trabalho.
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Referencial da Atividade Inspetiva
i) Início da visita
Sem prejuízo do rigoroso cumprimento do dever de sigilo, o inspetor deve identificar o objeto e
o contexto que envolve a visita a efetuar.
Deve também e desde que não se mostre contrário ao objetivo da visita, clarificar o percurso
inspetivo que vai ser realizado, o acompanhamento que é requerido e a documentação a
consultar.
Nos casos de recusa de acesso ou obstrução ao exercício da ação inspetiva, o inspetor pode
solicitar a colaboração das autoridades policiais, tomando as medidas preventivas e as
recomendações desenvolvidas no ponto relativo às vicissitudes da intervenção inspetiva.
No decurso da visita, e sempre que seja relevante para o desenvolvimento da ação inspetiva o
inspetor pode, nomeadamente, efetuar registos fotográficos, imagens vídeo e medições, dando
do facto conhecimento ao empregador ou ao seu representante.
Na visita, o inspetor deve obter o máximo de elementos possíveis relativamente à situação objeto
da intervenção, devendo também verificar a afixação dos documentos obrigatórios.
O inspetor deve utilizar os métodos, instrumentos e procedimentos que, no caso concreto, forem
considerados adequados, nomeadamente os disponíveis na área de recursos partilhados da ACT
- fluxogramas, listas de verificação e outros.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Na visita de segurança e saúde no trabalho, o inspetor deve efetuar o percurso pelo local de
trabalho de forma sistemática, de preferência seguindo o processo produtivo.
Com efeito e no quadro das competências do inspetor do trabalho poderá este emitir parecer (de
acordo com os procedimentos previstos na plataforma da Autoridade para a Modernização
Administrativa - AMA) e realizar vistorias conjuntas com outros organismos no âmbito de
processos de licenciamento relativos à instalação, alteração e laboração de estabelecimentos,
tendo em vista a prevenção de riscos profissionais.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Salvaguardando-se as situações de perigo grave e iminente que exijam uma atuação imediata
por parte do inspetor do trabalho, nestas situações, terminada a visita no âmbito do licenciamento
industrial, o inspetor do trabalho deverá iniciar ação inspetiva, devendo ser tramitada como tal.
Visita conjunta
Sempre que seja identificada a necessidade de intervenção conjunta com outras entidades
(Instituto da Segurança Social - ISS, Guarda Nacional Republicana -GNR, Polícia de Segurança
Pública - PSP, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras - SEF, Autoridade Tributária - AT, …), deve
ser seguido o planeamento e preparação previamente efetuados, garantindo a articulação e
respeitando o gesto profissional de todas a entidades intervenientes, tal como:
Sempre que sejam envolvidos profissionais de outros serviços desconcentrados da ACT, deve ter-
se em atenção:
No termo da visita ao local de trabalho, o inspetor do trabalho, assegurando que não coloca em
causa o objetivo da ação, deve informar:
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Referencial da Atividade Inspetiva
Fornecer informação que detenha sobre as soluções técnicas existentes que possam
facilitar o cumprimento cabal das regras legais ou elevar a melhoria das condições de
trabalho.
Termo
Desenvolvimento
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Referencial da Atividade Inspetiva
O registo dos dados respeitantes à atividade inspetiva levada a cabo pelo inspetor do trabalho,
designadamente sobre visitas, procedimentos adotados, entidades empregadoras
intervencionadas, número e natureza dos trabalhadores abrangidos pela intervenção, matérias,
apuramentos efetuados, etc., assume especial relevância, na medida em que a informação
constante do sistema de informação é essencial para, entre o mais:
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Referencial da Atividade Inspetiva
de segurança e saúde no trabalho - deve realizar uma segunda visita inspetiva, para verificar o
nível de cumprimento e regularização das medidas que tenha determinado, a não ser que a
verificação do cumprimento se possa realizar por meios que, sem prejuízo para a efetividade da
ação inspetiva, dispense nova presença do inspetor no local de trabalho.
O relatório é o reporte escrito dos resultados obtidos na(s) visita(s) inspetiva(s) efetuada(s) e na
análise documental, no qual se relata a situação denunciada (se for o caso), a situação
encontrada, o que foi averiguado, os procedimentos adotados (ou não) e a sua fundamentação,
bem como a avaliação final da intervenção inspetiva, considerando os objetivos predefinidos e os
resultados alcançados, isto é, o grau de transformação do local de trabalho onde ocorreu a ação,
salientando, também, as irregularidades voluntariamente corrigidas e a consequente melhoria
das condições do trabalho.
O relatório deve ser claro, objetivo, concreto e sucinto, seguindo a estrutura constante do SI:
0. Gestão
1. Empregador
3. Objetivo da ação (domínio das relações de trabalho e/ou de segurança e saúde no trabalho
com identificação concreta das matérias);
5. Procedimentos;
A este propósito importa salientar que os procedimentos de ação inspetiva adotados devem
constar em anexo à respetiva informação.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Correção ou esclarecimento;
Disponibilização do relatório/informação
Enquanto não for proferida decisão final o relatório de intervenção inspetiva não pode ser
divulgado.
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Referencial da Atividade Inspetiva
No final do processo inspetivo (ou durante a sua execução se tal se justificar) deve ser prestada
informação escrita nos seguintes termos:
Concluído o processo inspetivo deve ser devolvida a documentação original solicitada, devendo
ficar arquivada no processo cópia da documentação que sustente todas as decisões tomadas no
âmbito da intervenção inspetiva.
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Referencial da Atividade Inspetiva
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Referencial da Atividade Inspetiva
A ação inspetiva, em qualquer das suas modalidades, tem sempre como objetivo a promoção da
melhoria das condições do trabalho, em todas as suas vertentes.
No decurso de uma ação inspetiva, o inspetor do trabalho promove a melhoria das condições do
trabalho, adotando o procedimento inspetivo mais adequado à situação concreta, de acordo com
os critérios legais enquadradores de cada procedimento tendo por base os princípios da
legalidade, imparcialidade, proporcionalidade e igualdade no tratamento das diversas situações.
Advertência
Auto de
Suspensão
advertência
Trabalho digno
Trabalho seguro
Legalidade
Igualdade
Coerência Auto de
Participação
Consistência notícia
Equidade
Eficácia
Prevenção
Dissuasão
Notificação
para Notificação
apuramento para tomada
de quantias medidas
em dívida
Inquérito de
acidentes de
trabalho
Todos os procedimentos inspetivos devem ser formalizados e assinados pelo inspetor que os
assume.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Os procedimentos de ação inspetiva não constituem um fim em si mesmos - antes, devem ser
entendidos como meras ferramentas ou instrumentos cuja adoção se destina exclusivamente a
assegurar a consecução da função de inspeção do trabalho em cada local de trabalho.
Devem, pois, ser entendidos como meios através dos quais o inspetor do trabalho procura garantir
a melhoria das condições do trabalho nos locais de trabalho objeto da sua ação e incluem:
Recomendação;
Advertência;
Autos:
− Auto de advertência;
− Auto de notícia.
Notificações:
− Participação;
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Referencial da Atividade Inspetiva
Recomendação
Advertência
A advertência encontra-se prevista no artigo 17.º, n.º 2 da Convenção n.º 81 da OIT e no artigo
22.º, n.º 2 da Convenção n.º 129 da OIT, nos quais é consagrada a possibilidade do inspetor do
trabalho fazer advertências ou dar conselhos em lugar de intentar ou recomendar quaisquer
procedimentos.
Caso haja incumprimento das medidas advertidas devem ser adotados procedimentos coercivos.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Auto de Advertência
O auto de advertência é aplicável relativamente a infrações classificadas como leves e das quais
ainda não tenha resultado prejuízo grave para os trabalhadores, para a administração do trabalho
ou para a segurança social (artigo 10.º, n.º 1, alínea d) do regime processual das
contraordenações laborais e da segurança social).
Caso não sejam cumpridas as medidas recomendadas devem ser adotados procedimentos
coercivos.
No caso de levantamento de auto de notícia por desrespeito das medidas recomendadas em auto
de advertência, a coima pode ser elevada até ao valor mínimo do grau que corresponda à infração
praticada com dolo.
No exercício da sua atividade o inspetor pode requisitar com efeitos imediatos ou notificar para
apresentação nos serviços da ACT (presencialmente, via postal ou via correio eletrónico – esta
última privilegiando a celeridade e economia processual) , para examinar e copiar, documentos e
outros registos que interessem para o esclarecimento de factos relevantes no domínio das
relações de trabalho e da segurança e saúde no trabalho (artigo 11.º, n.º 1, alínea e) do Estatuto
da Inspeção-Geral do Trabalho).
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Referencial da Atividade Inspetiva
O apuramento de quantias em dívida deve atender ao prazo de prescrição da infração que estiver
em causa, indicar as disposições legais ou convencionais infringidas, o(s) trabalhador(es)
concretamente afetado(s), o período a que respeita, e sendo caso disso, as medidas
recomendadas ao infrator e o respetivo prazo.
Na notificação para tomada de medidas devem constar, entre outras, as seguintes indicações:
número de trabalhadores afetados, descrição das situações irregulares verificadas, medidas de
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Referencial da Atividade Inspetiva
O inspetor deve, sempre que possível, referir quais as situações que darão origem ao
levantamento de auto de notícia.
A notificação de suspensão imediata de trabalhos deve ser assinada pelo notificado que deve
também indicar a qualidade em que assina e o número de identificação civil.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Os trabalhos que tenham sido suspensos por via de uma notificação para suspensão imediata de
trabalhos só podem ser retomados com autorização expressa do inspetor do trabalho, nos termos
previstos no artigo 10.º, n.º 2 do Estatuto da Inspeção-Geral do Trabalho.
Tal autorização é formalizada através da adoção, pelo inspetor do trabalho, de uma notificação
de autorização para recomeço de trabalhos, após análise e avaliação favorável das medidas de
prevenção e proteção propostas pelo infrator - constantes do requerimento por este apresentado
à ACT a requerer a autorização para a retoma dos trabalhos - e após nova visita inspetiva para
comprovar essas medidas, caso necessário.
O inspetor do trabalho deve notificar o empregador para fazer cessar de imediato a atividade de
menor, quando verificar:
1. A prestação de trabalho por parte de menor que não tenha completado a idade mínima de
admissão (16 anos de idade), não tenha concluído a escolaridade obrigatória e não disponha
de capacidades físicas e psíquicas adequadas ao posto de trabalho.
2. A prestação de atividade por menor, em trabalhos que, pela sua natureza ou pelas condições
em que são prestados, sejam prejudiciais ao seu desenvolvimento físico, psíquico e moral
e, como tal, sejam proibidos ou condicionados, nomeadamente no que concerne às
atividades, agentes, processos e condições de trabalho proibidos ou condicionados a menor,
previstos nos artigos 61.º a 72.º do regime jurídico da promoção da segurança e saúde no
trabalho.
Importa notar que a prática dos factos acima descritos, para além de constituir contraordenação
muito grave (no caso do exercício, por menor, de qualquer das atividades proibidas previstas nos
artigos 61.º a 66.º do referido regime jurídico, nos termos do artigo 67.º do mesmo regime), é
também suscetível de configurar a prática do crime de utilização indevida de trabalho de menor
(artigo 82.º do Código do Trabalho).
Neste contexto, quando verificados os factos acima referidos, e sem prejuízo da elaboração e
entrega ao empregador da notificação para fazer cessar de imediato a atividade de menor, o
inspetor do trabalho deverá também levantar os competentes autos de notícia, elaborar e remeter
ao Ministério Público a competente participação-crime (juntamente com os autos de notícia
referentes às contraordenações cometidas), ao mesmo tempo que deverá também remeter a
competente participação à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens do município no qual
ocorreu a referida prática.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Da notificação para fazer cessar de imediato a atividade de menor deve constar, designadamente,
a identificação do empregador e do respetivo representante legal, data, hora e local da verificação
da infração, identificação completa do menor e respetiva escolaridade, descrição da atividade
concreta que se encontrava a realizar o menor, quadro normativo sustentador da notificação e
cominação de que se o empregador não fizer cessar de imediato a atividade do menor, incorre
no crime de desobediência qualificada (conforme disposto no artigo 83.º do Código do Trabalho
e no artigo 348.º n.º 2 do Código Penal).
Auto de notícia
O auto de notícia é um procedimento coercivo que, também ele, visa assegurar o cumprimento
da lei no sentido de promover a melhoria das condições do trabalho.
Sustentado juridicamente no artigo 17.º, n.º 1 da Convenção n.º 81 da OIT, no artigo 22.º, n.º
1 da Convenção n.º 129 da OIT, nos artigos 6.º, n.º 1 e 7.º, n.º 1 do Estatuto da Inspeção-Geral
do Trabalho e nos artigos 10.º, n.º 1, alínea d) e 13.º, ns. 1 e 3 da Lei n.º 107/2009, o auto de
notícia deve ser levantado pelo inspetor do trabalho quando, no exercício das suas funções,
verificar ou comprovar, pessoal e diretamente, ainda que por forma não imediata, qualquer
infração a normas integradas no âmbito de competência da ACT punível com coima.
É essencial que o auto contenha todos os factos que permitam caracterizar, como
contraordenação, o comportamento praticado ou omitido.
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Referencial da Atividade Inspetiva
O levantamento do auto de notícia deve ser efetuado, por regra, em período de tempo próximo
da data do inicio da intervenção inspetiva, marcada pela visita à entidade empregadora, que
decida pela adoção de procedimentos coercivos.
Participação
Procedimento adotado para a prática de infrações que constituem contraordenações laborais mas
que, não obstante se inscreverem no âmbito das atribuições e competências do inspetor do
trabalho, este não verificou nem comprovou pessoalmente a sua prática (artigos 6.º, n.º 1 e 8.º,
n.º 1 do Estatuto da Inspeção-Geral do Trabalho e artigos 10.º, n.º 1, alínea d) e 13.º, nºs 1 e 4
do regime processual das contraordenações laborais e da segurança social).
Deve ser instruído com os seguintes elementos: provas de que disponha; identificação e
residência de, pelo menos, duas testemunhas e o máximo de cinco, independentemente do
número de contraordenações em causa; nome e categoria do participante; disposições legais
infringidas; factos que constituem a contraordenação (incluindo os respeitantes à imputação
subjetiva); dia, hora, local e circunstâncias em que foram cometidos; identificação e residência
do infrator (se for uma pessoa coletiva, sede, identificação e residência dos respetivos gerentes,
administradores ou diretores e, no caso de subcontratado, identificação e residência do
subcontratante e do contratante principal) e de eventuais responsáveis solidários e em
comparticipação.
Nos termos dos artigos 241.º e 242.º, n.º 1, alínea b) do Código de Processo Penal, é obrigatória
a denúncia ao Ministério Público dos factos suscetíveis de configurar algum crime, previsto e
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Referencial da Atividade Inspetiva
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Referencial da Atividade Inspetiva
Código Penal conjugado com artigo 10.º, n.º 1, alínea d) do Estatuto da Inspeção-
Geral do Trabalho, e artigo 10.º, n.º 1, alínea c) do regime processual das
contraordenações laborais e da segurança social);
Desobediência à notificação para cessação imediata do trabalho de menor com idade,
habilitação ou capacidade física e psíquica inferior à legal ou que realize trabalhos
proibidos (artigo 348.º do Código Penal conjugado com o artigo 83.º do Código do
Trabalho);
Falta deliberada de apresentação à ACT dos documentos e outros registos por esta
requisitados que sejam essenciais para o esclarecimento de quaisquer situações
laborais e/ou que sejam ocultados, destruídos ou danificados (artigo 348.º do Código
Penal conjugado com artigo 547.º do Código do Trabalho).
Do auto devem constar os factos verificados que indiciem a existência de uma relação de
trabalho, dando particular relevo/ênfase ao elemento da subordinação jurídica.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Esta participação permite ao Ministério Público dar início ao processo de natureza urgente,
relativo à ação de reconhecimento da existência de contrato de trabalho (artigo 26.º, n.º
6 do Código de Processo do Trabalho.
A participação deve remeter para o auto elaborado pelo inspetor, que assume o caráter de
participação e deve ser enviada ao Ministério Público se a situação do trabalhador em
causa não for devidamente regularizada pela entidade beneficiária da atividade dentro do
prazo concedido.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Relativamente ao apoio das autoridades policiais (PSP ou GNR), para garantir a realização da
intervenção inspetiva em condições de segurança pessoal, o inspetor do trabalho pode solicitar
essa colaboração diretamente àquelas entidades, quando existam razões imediatas e
imprevisíveis que assim o justifiquem.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Resumo
A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) é um serviço do Estado que visa a promoção
da melhoria das condições de trabalho através do controlo do cumprimento do normativo laboral
no âmbito das relações laborais e pela promoção da segurança e saúde no trabalho.
Neste contexto, foi desenvolvido o referencial de atividade inspetiva, que contém um quadro
conciso e atualizado de orientações técnicas, úteis para o desempenho da atividade inspetiva e
para a harmonização de procedimentos, focando a atenção nos destinatários e partes
interessadas na ação inspetiva e no valor percebido pelos cidadãos-destinatários, num serviço
público que legitimamente representa uma mais-valia social.
Este referencial e os seus conteúdos têm naturalmente por principais destinatários os inspetores
do trabalho.
Résumé
L’Autorité pour les Conditions du Travail (ACT) est un service de l’Etat qui vise la promotion de
l’amélioration des conditions du travail par le contrôle de l’application des lois du travail dans le
cadre des relations de travail et par la promotion de la sécurité et santé au travail.
Les nouveaux défis placés à l’inspection du travail, soit au niveau national, soit au niveau
international, découlant de la globalisation, des nouvelles formes d’organisation du travail, du
travail non déclaré, des nouveaux risques émergents et de la précarisation croissante des
relations de travail imposent l’adoption de stratégies d’intervention harmonisées et concertées a
fin d’assurer une plus grande efficacité dans les résultats.
Dans ce contexte, nous avons développé ces lignes directrices de l’activité d’inspection qui
contiennent un cadre concis et mis à jour d’orientations techniques, utiles à l’exercice de l’activité
d’inspection et à l’harmonisation de procédures, focalisant l’attention sur les destinataires et les
parties prenantes à l’action d’inspection et à la valeur perçue par les citoyens-destinataires, dans
un service public qui représente légitimement un atout social.
Ces lignes directrices et leur contenu ont naturellement comme principaux destinataires les inspecteurs du
travail.
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Referencial da Atividade Inspetiva
Abstract
The Authority for Working Conditions (ACT) is a service of the State that aims to promote the
improvement of working conditions through the enforcement of labour normative under labour
relations and the promotion of safety and health at work.
The new challenges to labour inspection at national and international level arising from
globalization, new forms of work organization, unemployment, undeclared work, new emerging
risks and the increasing precariousness of labour relations, impose the adoption of harmonized
and concerted intervention strategies to ensure greater efficiency in the results.
In this context, the guidelines of the inspection activity were developed, containing a concise and
updated framework of technical guidelines, useful for the performance of inspection activity and
for the harmonization of procedures, focusing attention on the recipients and stakeholders and
value perceived by citizens-recipients, in a public service that legitimately represents a social
asset.
These guidelines and their contents are, of course, primarily addressed to labour inspectors.
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