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Resolução de PVI’s

Dado o PVI

ay 00 + by 0 + cy = g(t), y (0) = yo , y 0 (0) = yo0 ,

onde a, b e c são constantes, tomando a transformada de Laplace


da equação, temos

L(ay 00 + by 0 + cy ) = L(g).

Usando a linearidade da transformada de Laplace, temos

aL(y 00 ) + bL(y 0 ) + cL(y ) = L(g).

Usando as expressões para as transformadas de Laplace de y 00 e y 0 ,


temos

a(s 2 Y (s) − sy (0) − y 0 (0)) + b(sY (s) − y (0)) + cY (s) = G(s),


portanto,

(as 2 + bs + c)Y (s) = (as + b)y (0) + ay 0 (0) + G(s),

ou seja, a transforma de Laplace da solução é

(as + b)y (0) + ay 0 (0) G(s)


Y (s) = 2
+ 2 .
as + bs + c as + bs + c

Para encontramos y (t) temos que encontrar a função cuja transfor-


mada seja Y (s), em outras palavras,

y (t) = L−1 (Y )(t).

Por isso, é muito imporsante que o aluno, treine bem o cálculo de


transformadas inversas de Laplace.
Exemplo

y 00 + y = 0, y (0) = 2, y 0 (0) = 1.

Solução. Tomando a transformada de Laplace da equação diferen-


cial e usando as condições iniciais, temos

s 2 Y (s)−y (0)s −y 0 (0)+Y (s) = 0 ⇐⇒ s 2 Y (s)−2s −1+Y (s) = 0.

Logo,
2s + 1 s 1
Y (s) = 2
=2 2 + 2 .
s +1 s +1 s +1
Portanto, usando a linearidade da transformada inversa, temos
s 1
 
−1
y (t) = L 2 2 + 2 (t)
s +1 s +1
s 1
   
−1 −1
= 2L (t) + L (t)
s2 + 1 s2 + 1
= 2 cos t + sin t.
Exemplo
Resolva o PVI abaixo.

y 0000 − y = 0, y (0) = 0, y 0 (0) = 1, y 00 (0) = 0, y 000 (0) = 0.

Solução. Usando a fórmula para a transformada de Laplace de y (4)


e e as condições inciais, encontramos que

L(y 0000 )(s) = s 4 Y (s)−s 3 y (0)−s 2 y 0 (0)−sy 00 (0)−y 000 (0) = s 4 Y (s)−s 2 .

Portanto, ao tomarmos a transformada de Laplace da equação dife-


rencial, temos
s 4 Y (s) − s 2 − Y (s) = 0.
Ou seja,

s2 s2
Y (s) = =
s4 − 1 (s 2 − 1)(s 2 + 1)
As + B Cs + D
= + 2 .
s2 − 1 s +1
Na última passagem usamos decomposição em frações parciais. En-
contramos A = 0, B = 1/2, C = 0 e D = 1/2. Logo

Y (s) = (1/2) 1/(s 2 − 1) + (1/2) 1/(s 2 + 1).

Tomando a transformada inversa de Laplace, encontramos

y (t) = (1/2) sinh(t) + (1/2) sin t.


Antes de calcularmos a inversa de Y (s) temos que expressá-la como
uma combinação linear de funções cujas as inversas sejam conhe-
cidas. Em particular, no exercı́cio acima, poderı́ams também ter
escrito
s2
Y (s) =
(s − 1)(s + 1)(s 2 + 1)
A B Cs + D
= + + 2
s −1 s +1 s +1
1 1 s 1
= A +B +C 2 +D 2
s −1 s +1 s +1 s +1
e encontrarı́amos

y (t) = Ae t + Be −t + C cos t + D sin(t).

Como A = 1/4, B = −1/4, C = 0 e D = 1/2, obterı́amos

y (t) = (1/2) sinh(t) + (1/2) sin t.


Exercı́cio
Resolva os PVI’s abaixo.
1 y 00 − y 0 − 6y = 0, y (0) = 1, y 0 (0) = −1.
2 y 00 − 2y 0 + 2y = cos t, y (0) = 1, y 0 (0) = 0.
3 y 00 − 6y 0 + 8y = sin t, y (0) = 0 = y 0 (0).
4 y 00 + 4y 0 + 13y = e −2t sin(2t), y (0) = 1, y 0 (0) = 2.
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t, se 0 ≤ t < 1
00
y + 4y = 2 − t, se 1 ≤ t < 2 , y (0) = 0, y 0 (0) = 0.
se t ≥ 2

 0,

(
00 t, se 0 ≤ t < 1
y +y = , y (0) = 0, y 0 (0) = 0.
0, se t ≥ 1
Resolução (2). Tomando a transformada de Laplace da equação
diferencial e usando as condições iniciais, temos
s
s 2 Y − s − 2(sY − 1) + 2Y =
s2 +1
ou seja,
s −2 s
Y (s) = + 2
s2
− 2s + 2 (s − 2s + 2)(s 2 + 1).
(s − 1) − 1 s
= +
(s − 1) + 1 ((s − 1) + 1)(s 2 + 1)
2 2

s −1 1
= −
(s − 1) + 1 (s − 1)2 + 1
2
s
+ (1)
((s − 1) + 1)(s 2 + 1)
2
Sabemos calcular as inversas das duas primeiras parcelas acima e,
para calcularmos a inversa da terceira parcela, vamos reescrevê-la
usando decomposição em frações parciais:
s As + B Cs + D
= + 2
((s − 1)2 + 1)(s 2 + 1) 2
(s − 1) + 1 s +1
(1/3)s + (−4/3) (1/3)s + (2/3)
= +
(s − 1)2 + 1 s2 + 1
(1/3)(s − 1) − 1 (1/3)s + (2/3)
= +
(s − 1)2 + 1 s2 + 1
s −1 1
= (1/3) −
(s − 1) + 1 (s − 1)2 + 1
2

s 1
+(1/3) 2 + (2/3) 2 .
s +1 s +1
Substituindo expressão acima em (1), temos

s −1 1 s 1
Y (s) = (4/3) −2 +(1/3) 2 +(2/3) 2 .
(s − 1)2 + 1 (s − 1)2 + 1 s +1 s +1

Portanto,

y (t) = e t ((4/3) cos t − 2 sin t) + (1/3) cos t + (2/3) sin t.


Resolução (4). Note que podemos escrever

y 00 + 4y = g(t),

onde

g(t) = (u0 (t) − u1 (t))t − (u2 (t) − u1 (t)(2 − t)


= t − 2u1 (t)(t − 1) + u2 (t)(t − 2).

Logo,

G(s) = 1/s 2 − (2/s 2 )e −s + (1/s 2 )e −2s .


Tomando a transformada de Laplace da equação diferencial e usando
as condições iniciais, temos

s 2 Y (s) + 4Y (s) = G(s)


logo

G(s) 1/s 2 − (2/s 2 )e −s + (1/s 2 )e −2s


Y (s) = =
s2 + 4 s2 + 4
1 1 1
= 2 2
−2 2 2 e −s + 2 2 e −2s
s (s + 4) s (s + 4) s (s + 4)
| {z } | {z } | {z }
H(s)

≡ H(s) − 2H(s)e −s + H(s)e −2s .

Usando decomposição em frações parciais, temos


A 1 B Cs + D
H(s) = + 2+ 2 = (calcule A, B, C , D)
s 2 (s 2
+ 4) s s s +4
1 1 s 2
= A +B 2 +C 2 + (D/2) 2 .
s s s +4 s +4
Isto nos permite calcularmos

h(t) = A + B/t + C cos(2t) + (D/2) sin(2t).

Em particular, usando a propriedade

L−1 (e −cs H(s)) = uc (t)h(t − c),

temos

y (t) = h(t) − 2u1 (t)h(t − 1) + u2 (t)h(t − 2).


A seguir consideraremos um exemplo de equação onde os coeficien-
tes não são constantes. A equação

ty 00 + y 0 + ty = 0

equação de Bessel de ordem zero.


Tomando a transformada de Laplace da equação, encontramos
d 2 d
− (s Y (s) − sy (0) − y 0 (0)) + sY (s) − y (0) − Y (s) = 0.
ds ds
Portanto, Y é solução da seguinte equação de variáveis separáveis:
s
Y0 + Y =0
s2 +1
cuja solução geral é

Y (s) = c(1 + s 2 )−1/2 = (c/s)(1 + s −2 )−1/2 .


Temos a seguinte expansão binomial (convergente para s > 1)

(−1)1 −2 (−1)2 1 × 3 −4
(1 + s −2 )−1/2 = 1 + s + s + ... +
21 1! 22 2!
(−1)n 1 × 3 × 5 × . . . × (2n − 1) −2n
+ s + ...
2n n!

X (−1)n (2n)!
= .
n=0
22n (n!)2 s 2n

Logo,

X (−1)n (2n)!
Y (s) = c .
n=0
22n (n!)2 s 2n+1
Assumindo que podemos tomar a transformada de Laplace termo a
termo na série acima, obtenha
∞ ∞
(−1)n (2n)! (−1)n t 2n
 
L−1
X X
y (t) = c =c ≡ cJ0 (t),
n=0
22n (n!)2 s 2n+1 n=0
22n (n!)2

onde J0 (t) é a função de Bessel de primeira espécie de ordem


zero. Note que J0 (0) = 1 e que J0 (t) tem derivadas de todas as
ordem em 0.
Figura: Tabela de transformadas de Laplace.
Figura: Tabela de transformadas de Laplace.

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