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A este nível, a pós-modernidade, como símbolo da deslocação e da

não-centralidade, pode funcionar fecundamente, dando visibilidade a todos os lugares


do espaço e pela força da descentração, retirar ao poder, sob todas as formas, o
lugar central de discurso dominante e verdadeiro.

Fredric Jameson nasceu em Cleveland, Ohio, em 14 de abril de 1934. É um crítico


literário e político marxista, conhecido pela sua análise da cultura e da pós-modernidade.
Escreveu muitos livros, dentre eles destacam-se: “Pós-modernismo - A lógica cultural do
capitalismo tardio” (1996), “Marxismo e forma” (1971), “O inconsciente político” (1981) e
“Espaço e imagem – teorias do pós-moderno e outros ensaio” (1994),
Jameson analisa criticamente a cultura como fenômeno histórico e social e ao
mesmo tempo a produção e distribuição econômica, política e as relações de poder. Ele
crítica a banalização da arte, pois esta não deveria ser vista apenas como um objeto estético
e sim ser compreendida como expressão do processo histórico. Até porque Jameson
considera que a arte e cultura estão baseadas em realidades econômicas.
Muitas obras de Jameson nos remetem a uma análise e a uma crítica ao pós-modernismo.
Mesmo entendendo que há um dualismo entre moderno/pós-moderno, ele afirma que há
uma relação contraditória entre a política individualista e a cultura coletiva, já que na pós-
modernidade não há espaço para o coletivo.
Para Jameson existe uma condição pós-moderna e não uma fase propriamente
dita. Esta condição é dotada de características particulares, econômicas e sociais.
Segundo ele é possível entender o pós-modernismo analisando o contexto
histórico que propicia este “período”. Estamos vivendo uma nova etapa do capitalismo, que
ele chama de capitalismo tardio, e esta nova etapa nos fornece uma nova forma de produzir,
que dá base para o surgimento desta condição pós-moderna.
Para entender os fenômenos econômicos, sociais e culturais expostos atualmente,
que para Jameson constituem o ambiente pós-moderno, é preciso compreender o
desenvolvimento do capitalismo em seus diferentes estágios e perceber a diferença entre um
fenômeno particular e uma totalidade em movimento.
Segundo ele, o capitalismo incentivou a solidariedade apenas enquanto precisou
dela para se firmar e depois essa solidariedade foi deixada de lado, fazendo com que
houvesse o surgimento de um cenário anti-social e individualista. Não existe uma
preocupação do capitalista com o proletário, a sociedade apenas visa os lucros e o sucesso
individual.
A pós-modernidade, segundo ele, descontextualiza a história, não levando em
conta às relações sociais que existem por traz dos fatos, promovendo uma indiferença a
questão da totalidade. Jameson reafirma o marxismo, que considera o homem um ser social,
histórico, dependente de outros homens e influenciado por eles.
Portanto sua concepção de mundo implica numa visão de totalidade. É por isso
que Jameson considera que a raiz do pós-modernismo é histórica, que esta condição só pode
ser explicada através de uma pesquisa histórica, analisando questões políticas e ideológicas.
Jameson acredita no marxismo como a teoria capaz de explicar a condição pós-moderna e
analisar suas características históricas, os fenômenos culturais, econômicos políticos e
sociais.
Analisando esse período do capitalismo tardio, Jameson se propõe a participar do
debate político dessa época, pois afirma que a cultura está assumindo muito mais
características políticas, e o importante agora é entender essas características.
Para ele, o capitalismo considera os indivíduos como pertencentes a uma mesma
massa, com as mesmas necessidades, desejos e ambições. No entanto, o capitalismo,
camufla suas idéias, pois transmite uma idéia de individualidade, fazendo com que o
indivíduo se sinta valorizado, único, dono do próprio destino.
Entretanto se analisarmos esta fase do capitalismo, vamos compreender que
somos todos influenciados por essa condição pós-moderna e estamos padronizados,
resultando em uma cultura de massa.
Afirma, portanto que o pós-modernismo serve aos interesses do capitalismo.
Jameson não vê a constituição da individualidade como própria do pós-moderno, e sim
analisa que a tentativa de minar as resistências coletivas acaba incentivando a
individualidade exacerbada.
Vemos aí uma contradição do pensamento pós-moderno, pois ao mesmo tempo em que não
existe lugar para uma coletividade, pois todos visam seu bem-estarindividual, por outro
lado há uma padronização e uma quebra da identidade, onde todos se tornam iguais nos
desejos, anseios e necessidades de consumo.
Para ele estamos vivendo e fazendo parte de um ambiente pós-moderno, mas nem
todos estão de acordo com os ditames do pós-modernismo e por isso Jameson acredita
numa recuperação das forças socialistas e do proletariado.
Jameson afirma que um novo proletariado internacional irá se organizar e se
reunir, irá ganhar forças, apesar de não ser possível à previsão de como nem quando isso vai
ocorrer.
Jameson acredita que o pluralismo do capitalismo tardio e a desilusão provocada pelas
últimas experiências socialistas estão desencorajando as formas de ação e influenciando a
busca de soluções alternativas. Dessa forma, a pós-modernidade, na visão de Jameson,
incentiva o consumismo e transforma a cultura em produto, ou seja, o mercado substitui a
cultura.

Para Jameson(1997), o chamado fenômeno pós-moderno caracteriza


a lógica cultural do capitalismo tardio (o capitalismo
em sua fase atual). Portanto, propõe que se tome
o conceito de pós-modernidade como tentativa de
apreender historicamente o presente, numa época cujo
teor do pensamento tem a marca do esquecimento histórico.
Nessa perspectiva, pode-se tomar o conceito
numa dupla interpretação: 1) “exprime”, correta ou
distorcidamente, e de forma profunda, um irreprimível
impulso histórico; ou 2) dependendo da nossa postura
em relação a essa ambigüidade, ele “reprime” e
desvia efetivamente tal impulso. No entanto, o autor
admite ainda a hipótese de que a consciência pósmoderna
seja apenas a teorização de sua própria possibilidade;
nesse sentido, tão-somente mera enumeração
de mudanças e modificações.

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