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Um problema de cosmovisão

Muitas pessoas deixam a igreja durante a juventude. Uma pesquisa realizada em 2017
pelo instituto LifeWay Research nos Estados Unidos, e divulgada pela revista
Christianity Today, mostra que mais de 60% dos jovens de 23 a 30 anos disseram que
deixaram de frequentar a igreja por pelo menos um ano após completarem 18 anos.

Provavelmente você conheça alguém que abandonou a fé quando chegou na juventude,


especialmente durante o ensino médio e faculdade. Obviamente, existem muitos
motivos. Uns levados pelos prazeres da juventude, ficam deslumbrados com uma
liberdade que nunca tiveram na casa dos pais. O resultado é o abandono da fé que
professavam.

Porém, não é desse grupo de pessoas que eu pretendo tratar. Meu objetivo é falar
daqueles que abandonam a fé por causa do problema da cosmovisão. Daqueles que
estão cheios de dúvidas se de fato o cristianismo é a verdade e se faz sentido ser um
cristão evangélico nesse mundo.

[Cosmovisão é uma palavra bonita que tem origem na filosofia alemã, mas que significa
de modo geral “visão de mundo”. Todos nós temos uma cosmovisão, isto é, um
conjunto de crenças fundamentais que estão por trás da forma como entendemos a
realidade. Crenças que nós estamos comprometidos no mais íntimo do coração]

Nancy Pearcey pergunta por que os filhos de crentes abandonam a fé na faculdade? Por
que isso é tão comum? Ela responde: “Em grande parte, porque eles não foram
ensinados a desenvolver uma cosmovisão bíblica. Em vez disso, o cristianismo é
restrito a área da crença religiosa e da devoção pessoal” (p.21).

Romanos 12.2

[rogo-vos, pelas misericórdias de Deus] E nos vos conformeis


[presente/imperativo/médio-passivo] com este século, mas transformai-vos
[presente/imperativo/passivo] pela renovação [fazer com que algo se torne novo e
superior] da vossa mente, para que, experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus”.

Esse texto é estratégico no que diz respeito à mudança de cosmovisão. Algumas


observações:

“Não vos conformei a esta era”. Primeiro precisamos entender o que Romanos chama
de “era”. A palavra aion significa “era”, “época”. Em 2 Coríntios 4.4 diz que o “deus
desta era”, Satanás cegou o entendimento dos incrédulos.

O mundo em que vivemos vive entre duas eras. A era atual, guiada pelo pecado e
Satanás, e a era por vir, guiada por Cristo em seu reino de justiça e paz.

Paulo está dizendo não viva em conformidade aos padrões desta era, pois ela está
totalmente corrompida pelo pecado. O crente foi alcançado pela graça de Deus, que
interveio nesta era enviando seu Filho, o Senhor Jesus Cristo, para nos resgatar desta
era. Ele inaugurou a era do por vir, o chamado reino de Deus ainda enquanto estamos
aqui. Vivemos nesta era, mas com os padrões da era por vir, do reino de justiça e paz.

Esta “era” tem várias cosmovisões (crenças fundamentais) que estão por trás da forma
como as pessoas enxergam a realidade. Por exemplo: como eu era antes de você
(mostrar foto)

Em Como Eu Era Antes de Você, o rico e bem sucedido Will (Sam Claflin) leva
uma vida repleta de conquistas, viagens e esportes radicais até ser atingido por
uma moto. O acidente o torna tetraplégico, obrigando-o a permanecer em uma
cadeira de rodas. A situação o torna depressivo e extremamente cínico, para a
preocupação de seus pais (Janet McTeer e Charles Dance). É neste contexto
que Louisa Clark (Emilia Clarke) é contratada para cuidar de Will. De origem
modesta, com dificuldades financeiras e sem grandes aspirações na vida, ela
faz o possível para melhorar o estado de espírito de Will e, aos poucos, acaba
se envolvendo com ele.

Contudo, no final do filme ele escolheu a eutanásia. Eutanásia é o suicídio


assistido. É uma forma de regulamentar o suicídio (no Brasil é proibido, até onde sei).

Obviamente, não iremos identificar toda a cosmovisão por trás disso.

Naturalista: a vida é só aqui e agora, não existe nada mais. O universo é o que é, nada
pode mudar o que é. O naturalismo é uma cosmovisão que entende que a matéria
sempre existiu e tudo o que há sempre existiu. A morte é o fim da existência. Então a
vida deve ser aproveitada em seu máximo. Não existe Deus, Não há quem prestar
contas depois.

Hedonista: a vida deve ser vivida enquanto houver prazer.

O resultado dessas crenças foi que diante da realidade de não poder praticar esportes,
não poder desfrutar da sexualidade, cheio de limitações e frustrações... diante disso, a
melhor opção é a morte.

Essas mesmas crenças têm levado muitos ao suicídio; muitos à depressão, ao desespero.

Qual é a resposta da cosmovisão cristã?

Essa visão de mundo (cosmovisão/conjunto de crenças pelas quais enxergamos a


realidade) é completamente oposta a visão cristã de mundo. Deus existe, Ele é eterno e
pessoal. Ele o criador. Ele é o juiz a quem prestaremos conta.

Estou absolutamente convencido de que os nossos sofrimentos do presente


não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada.

Rm 8.16
Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso
enfrentar o juízo,

Hebreus 9:27

Romanos 12.2 nos dá uma segunda ordem: transformai-vos


[presente/imperativo/passivo]. Transformai-vos significa mudar a natureza de alguma
coisa. Tornar-se completamente diferente daquilo que era.

É uma mudança de identidade. É uma transformação completa. Peter Parker é um nerd,


meio atrapalhado, que gosta da Mery Jene, mas não consegue se declarar. Mas como
homem aranha, se torna um herói, e até consegue conquistar seu grande amor.

Paulo está falando de uma grande mudança em relação aquilo que éramos antes de
Cristo ter nos salvado. Essa mudança acontece pela renovação da mente. Em outras
palavras, essa mudança ocorre por uma mudança de cosmovisão.

Um crente sem cosmovisão transformada não experimenta o poder da obra consumada


de Jesus para nos libertar deste mundo perverso. Veja o que nos Gálatas 1.4: “o qual se
entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso,
segundo a vontade de nosso Deus e Pai, a quem seja a glória pelas eras e eras, amém”.

Conflito de cosmovisão

Muitos jovens abandonam a fé que professavam (mas que não era verdadeira) ou vivem
uma vida cristã improdutiva porque não têm uma cosmovisão bíblica.

Vamos pensar no trabalho:

Trabalho: vem do latim, tripalium, instrumento de tortura.

Work: vem do grego “ergon”, que significa a realização de uma tarefa que Deus lhe
deu.

Trabalho é uma tortura, é um mal necessário, é um meio para ganhar dinheiro. Quando
na verdade, o trabalho é vocação de serviço a Deus e ao próximo.

Cosmovisão é o conjunto de crenças arraigadas em nosso coração que funcionam como


a lente pela qual enxergamos a realidade.

Nós recebemos uma ordem de não nos conformarmos a esta era perversa, mas
transformados pela renovação da nossa mente, isto é, da nossa cosmovisão.

Veja que nossa tarefa de renovar a mente é uma tarefa ampla. Existem muitas áreas da
nossa vida que ainda somos guiados por cosmovisões contrárias a nossa fé.
Seguindo o livro Universo ao Lado (James Sire) e Amando a Deus no Mundo (Héber
Campos Jr.), podemos identificar algumas cosmovisões contrárias à fé cristã:

Deísmo: o falso cristianismo dos filósofos do iluminismo

Naturalismo: a negação do cristianismo

Niilismo: o pessimismo em relação a vida

Existencialismo: um salto irracional que promova algum tipo de sentido

Monismo panteísta Oriental: religiões orientais, místicas

Nova era: adaptação ocidental do monismo panteísta oriental

Perguntas para compararmos cosmovisões:

1. O que é a realidade primordial? (Deus)

2. Qual a natureza da realidade externa? (mundo criado)

3. O que é o homem? (antropologia)

4. O que acontece a uma pessoa quando morre? (morte)

5. Por que é possível conhecer? (epistemologia)

6. Como sabemos o que é certo e errado? (ética)

7. Qual o significado da história humana? (história)

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