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“...

se devia ensinar aos


indivíduos que se
tornavam criminosos
História da como não reincidirem no
crime, dando a eles a
Criminologia instrução e a formação
Plano de Aula do dia 23/01/06
de caráter de que
precisavam.”
Fernanda As idéias da
Fonseca criminologia (Sócrates)
(cffernanda@hotmail.com) são antigas

1) A Etapa “pré-científica” da
criminologia
1.1) Filósofos e Pensadores
1.2) Fisionomistas
“...a falta de educação dos 1.3) Frenólogos
cidadãos e má organização 1.4) Psiquiatras
do Estado são causas
geradoras do crime.” 2) A Etapa “científica” da criminologia

(Platão) 1.1) Período da Antropologia Criminal (+/-


1876 – 1890)
As duas
As idéias da 1.2) Período da Sociologia Criminal (+/-
grandes 1890-1905)
criminologia etapas da
são antigas 1.3) Período da Política Criminal (+/- 1905
criminologia – atualmente)

a) Montesquieu c) Rousseau
- “...ao invés de funcionar como castigo, a - No livro Contrato Social: “se o Estado for
pena deveria ter um sentido reeducador”. bem organizado, existirão poucos
delinqüentes”.
- “...que se examinem as causas de todas
as corruções de costumes; ver-se-á que - No livro Enciclopédia: “a miséria é a mãe
aquelas se devem à impunidade dos dos grandes delitos”.
crimes, e não à moderação das penas”.
-Ele condenava a pena de morte e as
b) Voltaire torturas aplicadas contra o delinqüente.
Etapa pré- - Para todo condenado deveria se impor o Etapa pré-
científica: 1.1) trabalho – o preso não deveria permanecer científica: 1.1)
Filósofos e na ociosidade da prisão. Filósofos e
Pensadores Pensadores

1
d) Marquês de Beccaria (ou Cesar
d) Marquês de Beccaria (ou Cesar
Bonesana)
Bonesana) - continuação

• o roubo é ocasionado geralmente pela


miséria e pelo desespero;
• as penas devem ser moderadas;
- No livro “Dos Delitos e Das Penas” • mais útil que a repressão penal é a
deixou avançadíssimos ensinamentos de prevenção dos delitos;
penologia:
• não tem a sociedade o direito de aplicar a
Etapa pré- • o objetivo da pena não é atormentar o Etapa pré- pena de morte nem de banimento.
científica: 1.1) acusado e sim impedir que ele reincida e científica: 1.1)
Filósofos e servir de exemplo para que outros não Filósofos e
Pensadores venham a delinqüir; Pensadores

a) Os fisionomistas preocuparam-se com o


e) John Howard estudo da aparência externa do indivíduo,
ressaltando a inter-relação entre o
- Considerado o criador do sistema somático (corpo) e o psíquico.
penitenciário (e, por que não, da “ciência
penitenciária”). b) A observação e a análise (visita a
reclusos, prática de necrópsias, etc.) foram
- Dedicou-se à melhoria das prisões. os métodos empregados pelos
- Insurgiu-se contra o critério de manter fisionomistas.
encarcerados aqueles que já haviam c) “Édito de Valério”: “quando se tem
cumprido pena ou, se absolvidos, não dúvida entre dois presumidos culpados,
pudessem pagar a “hospedagem”, os condena-se o mais feio”.
Etapa pré- “direitos de carceragem”.
Etapa pré- d) Exemplo da parte dispositiva de uma
científica: 1.1) - Livro importante: The State of Prisons (“O sentença: “Ouvidas as testemunhas de
científica: 1.2)
Filósofos e Estado das Prisões”). acusação e de defesa e visto o rosto e a
Fisionomistas
Pensadores cabeça do acusado, condeno-o a...”

a) Os frenólogos estudavam o caráter dos a) Felipe Pinel


indivíduos pela observação não só dos - Pai da Psiquiatria Moderna.
traços fisionômicos, mas também da
configuração do crânio. - Transformou o louco de “possuído pelo
diabo” para “doente” carecedor de
tratamento e não de violência.
b) Johan Frans Gall: primeiro estudioso a
relacionar a personalidade do delinqüente - Deu a base para posteriores estudos
relacionando a loucura com o cometimento
com a natureza do delito por ele praticado.
de crime.
Segundo ele as tendências
comportamentais do homem se originam - Depois dele iniciou-se uma nova
de lugares determinados do cérebro, e modalidade de concepção psiquiátrica: a
Etapa pré- aquelas mais predominantes ocasionam Etapa pré- loucura moral (característica de alguém
científica: 1.3) protuberâncias sobre o crânio em forma de científica: 1.4) com bom nível de inteligência, mas com
calombos, facilmente localizáveis pela graves defeitos ou transtornos nos seus
Frenólogos Psiquiatras
simples apalpação. princípios morais)

2
a) A Antropologia Criminal foi fundada por
Cesare Lombroso (médico psiquiatra c) No seu livro L’uomo Delinquente
italiano). Lombroso diz: “o estudo antropológico do
homem criminoso deve necessariamente
basear-se nas suas caraterísticas
anatômicas”.

d) Lombroso fez investigações anatômicas


e antropológicas em prisões (e necrópsias
em criminosos mortos) e imaginou ter
encontrado, no criminoso, uma variedade
b) “Certidão de nascimento” da especial de homo sapiens (a qual ele
Etapa criminologia: seu livro L’uomo Delinquente Etapa
chamou de “criminoso nato”) que seria
científica: 1.1) (O Homem Delinqüente) – e Lombroso, científica: 1.1)
caracterizada por sinais (stigmata) físicos e
Antropologia portanto, é considerado o fundador (pai) Antropologia
psíquicos...
Criminal da Criminologia. Criminal

ESTIGMAS FÍSICOS ESTIGMAS


DO PSÍQUICOS DO d) Lombroso destinguiu entre o criminoso
CRIMINOSO NATO CRIMINOSO NATO nato (aquele que possuía os estigmas) e
os pseudo criminosos (aqueles criminosos
Particularidades da Sensibilidade dolorosa
ocasionais e passionais, que não
forma da calota diminuída (daí porque
craniana; os criminosos se possuíam os estigmas), e o criminalóide (o
tatuariam); meio delinqüente, meio louco ou
Fartas sobrancelhas; Crueldade; fronteiriço).
Molares muito Leviandade; ENTÃO: Lombroso nunca disse que todo
salientes; criminoso é nato, mas sim que o
Orelhas grandes e Aversão ao trabalho; verdadeiro criminoso é nato.
deformadas;
Dessimetria corporal; Instabilidade;
Etapa e) A doutrina do criminoso nato não
científica: 1.1) resistiu às pesquisas ulteriores de outros
Grandes envergaduras Precocidade sexual;
dos braços, mãos e Antropologia investigadores, especialmente de Baer.
pés; Criminal
Etc. Etc.

h) Mérito de Lombroso:
f) Baer (médico das cadeias de Berlim),
verificou através de inúmeras - Foi o primeiro a promover o estudo do
investigações, que os ocupantes das crime utilizando o método empírico: sua
cadeias não se distinguem da população teoria do “delinqüente nato” foi formulada
não criminosa por qualquer sinal particular, com base em resultados de mais de
e, portanto, o criminoso nato não existe quatrocentas autópsias de delinqüentes e
como variedade morfológica da espécie seis mil análises de delinqüentes vivos.
humana. Desta forma, ele deu impulso para as
investigações criminológicas que se
seguem até os dias atuais.
g) Crítica de Israel Senderey DRAPKIN:
Lombroso considerava o meio ambiente - A Criminologia moderna embora não
Etapa Etapa consagre a teoria do criminoso nato,
como um fator secundário na
científica: 1.1) científica: 1.1) admite a hipótese da tendência delituosa,
criminalidade, depreciando a sua
Antropologia Antropologia reconhecendo que o homem pode nascer
influência.
Criminal Criminal com uma inclinação para a violência.

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Precursores do Período da Sociologia
Criminal
Hoje a Antropologia Criminal
é o estudo integral da
personalidade do delinqüente,
a) Enrico FERRI
onde não só os fatores
endógenos do delito, mas
também os coeficientes - Criador da Sociologia Criminal, embora
sociais que condicionaram ou esteja incluído na Escola de Antropologia
provocaram a ação criminosa Criminal.
Etapa Etapa
científica: 1.1) devem ser focalizados e científica: 1.2)
- Para Ferri três seriam as causas dos
delitos: biológicas (herança, constituição,
Antropologia equacionados. Sociologia etc.); físicas (as condições climatéricas,
Criminal Criminal como a umidade, o calor, etc.); e sociais.

- Classificação dos Criminosos segundo Ferri: Precursores do Período da Sociologia


NATO LOUCO OCASIONAL HABITUAL PASSIONAL
Criminal

Tipo Tanto o Aquele que O Aquele


instintivo de alienado eventualment reincidente, levado ao
criminoso, mental, como e comete um aquele que cometimento
descrito por os semi- crime. praticamente de um crime b) Raphael GARÓFALO
Lombroso loucos e os faz do crime pelo ímpeto
com aqueles fronteiriços. a sua (impulso).
estigmas. profissão. Possui
Característic temperament - Criador do termo CRIMINOLOGIA (para
a essencial: o nervoso ou
ele, a ciência da criminalidade, do delito e
a completa sensibilidade
atrofia do exagerada. da pena).
senso moral. Comum Etapa
arrependime científica: 1.2)
nto - Seu livro é de 1884 já com o nome de
Sociologia “Criminologia”.
imediato/suic
ídio. Criminal

- Classificação dos Criminosos segundo GARÓFALO: Período da Sociologia Criminal


ASSASSINOS VIOLENTOS OU LADRÕES OU CÍNICOS
ENERGÉTICOS NEURASTÊNICOS a) Período que compreende todas as
Obedecem Não lhes falta senso Não lhes falta senso Cometem doutrinas anti-lombrosianas
unicamente ao moral. Falta sentido moral. Falta instinto crimes
próprio egoísmo, de compaixão ou de probidade, que contra os b) Enquanto na Antropologia Criminal os
aos próprios este é tão escasso a pode ser hereditário costumes. fatores endógenos eram os causadores da
desejos e apetites ponto de, ou atávico. Os
instantâneos, facilmente, permitir- ladrões possuem,
criminalidade; na Sociologia Criminal, os
atuando sem lhes a prática frequentissimamente, fatores exógenos eram efetivamente os
influência do meio criminosa sob o anomalias cranianas mais importantes ocasionadores do delito.
social. Possuem, pretexto de falsa atípicas. E, como
freqüentemente, idéia, de exagerado dizia Lombroso, c) Então quando a ciência criminal trata do
anomalias amor próprio ou de possuem certas
anatômicas e lhes preconceitos características Etapa delito como fato individual, cai no campo
falta senso moral. sociais, religiosos ou fisionômicas da Biologia ou Antropologia Criminal;
científica: 1.2)
Aproximam-se dos políticos. (pequenez e quando trata do delito como fenômeno
selvagens e das vivacidade dos olhos, Sociologia social, cai no campo da Sociologia
crianças. rosto pálido, etc.) Criminal Criminal.

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A principal característica
Hoje a Sociologia Criminal
deste período é ter
estuda o crime como fenômeno
estabelecido uma espécie de
social, mas se sabe que é
trégua entre aqueles filiados
impossível a separação dos
às teorias lombrosianas e
fatores exógenos daqueles
aqueles crentes na influência
de ordem individual.
Etapa Etapa
exclusiva dos fatores sociais
científica: 1.2) científica: 1.3) no cometimento do crime.
Sociologia Política
Criminal Criminal

Alguns legados fundamentais:


- Várias causas influenciam no
cometimento do crime: nem só causas
endógenas, nem só causas exógenas – o
indivíduo predisposto por fatores
endógenos poderá tornar-se delinqüente,
desde que inserido num ambiente propício
“7 soluções contra o
a que isso aconteça, ou seja, sob a
influência dos fatores exógenos; Crime” (Revista
- Penalistas e sociólogos devem se aliar
para obter reformas sociais
Veja)
Etapa imprescindíveis, tendentes a modificarem
científica: 1.3) as condições em que vive a massa, Debate de
Política criando melhores condições de vida, para
Criminal prevenir o crime;
Hoje

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