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Motorista que ganhou 1 milhão em uma

ação trabalhista - será que ele ganharia


agora após a revisão da Lei do
motorista?

Não sei se você ficou sabendo do caso do motorista que conseguiu mais de um
Milhão de Reais na Justiça trabalhista em 2022. Esse caso foi a de um
motorista de caminhão que trabalhou por quase 5 anos para uma
transportadora e possui uma história parecida com a de outros milhares de
motoristas. Esse é um tipo de ação que sai caro para as empresas. Então, ficar
de olho nas mudanças na legislação pode ser um assunto relevante para quem
contrata motoristas e muito mais ainda para os seus profissionais.

Não sei se você ficou sabendo, mas recentemente os ministros do STF


(Supremo Tribunal Federal) decidiram derrubar dispositivos da Lei do
Caminhoneiro de 2015 que tratam a respeito de jornada de trabalho, descanso
e fracionamento de intervalos dos motoristas.

O Supremo Tribunal Federal, também conhecido como Suprema Corte, é o


órgão máximo do poder judiciário brasileiro e é responsável por interpretar e
julgar questões constitucionais no país. Como o grande guardião da
Constituição, sua principal função é zelar pelas normas constitucionais. Ou seja,
a corte analisa projetos de lei e pode derrubar partes que considerem
inconstitucionais.

O STF julgou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), ajuizada pela


Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes (CNTT), que
questionou a lei 13.103 de 2015.

O que mudou:

• Descanso na parada obrigatória: o intervalo deverá ser de 11 horas


seguida dentro das 24 horas de trabalho.
• Descanso: o descanso, dentro do período de 24 horas, deve ser de no
mínimo 11 horas.
• Tempo de espera x jornada: o tempo de espera para carregar e
descarregar o caminhão e o período para fiscalizar a mercadoria em
barreiras passam a ser contados na jornada de trabalho e nas horas
extras. O STF derrubou trecho da lei que excluía o tempo de espera da
contagem da jornada.
• Tempo de espera x trabalho efetivo: o tempo de espera passa a ser
contado no período que o motorista fica à disposição do empregador.
• Pagamento tempo de espera: a lei previa que as horas do tempo de
espera deveriam ser pagas na proporção de 30% do salário hora do
motorista. O tempo de espera passa a entrar na contagem da jornada de
trabalho e das horas extras.
• Movimentação do veículo: a Corte derrubou previsão de deixar de fora
da jornada de trabalho as movimentações do caminhão feitas durante o
tempo de espera.
• Repouso viagens longas: nas viagens com duração superior a sete dias, o
repouso semanal será de 24 horas por semana ou fração trabalhada, sem
prejuízo ao repouso diário de 11 horas, somando 35 horas de descanso.
O Supremo invalidou trecho da lei que permitia ao motorista usufruir
esse período de repouso no retorno à empresa ou à residência.
• Divisão repouso semanal: os ministros derrubaram a permissão de dividir
o repouso semanal em dois períodos, sendo um mínimo de 30 horas
seguidas, a serem usufruídos no retorno de uma viagem de longa
duração.
• Acumular descansos: o STF também barrou a previsão de acumular
descansos semanais em viagens de longa distância.
• Repouso com veículo em movimento: nas viagens longas em que o
empregador contrata dois motoristas, o Supremo declarou
inconstitucional contabilizar o tempo de descanso de um dos
profissionais com o caminhão em movimento, com repouso mínimo de
seis horas em alojamento ou na cabine leito com o veículo estacionado, a
cada 72 horas.
• Transporte de passageiros: no caso de transporte de passageiros com
dois motoristas, como ônibus, a Corte derrubou a permissão ao descanso
de um dos profissionais com o veículo em movimento, assegurando após
72 horas o repouso em alojamento externo ou em poltrona leito com o
veículo estacionado.
• Validou a exigência de exames toxicológicos para Motoristas
profissionais.

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