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Direito do Trabalho - Jornada de Trabalho

Sumário
1. Aspectos introdutórios ..................................................................................... 1

1.1. Tempo à disposição do empregador ............................................................. 1

1.2. Tempo in itinere ............................................................................................. 4

1.3. Tempo residual à disposição do empregador .............................................. 5

1.4. Jornada normal de trabalho ......................................................................... 7

2. TIR e outras jornadas especiais previstas na CLT ....................................... 8

3. Jornada extraordinária e compensação de jornada ...................................... 8

4. Hora noturna .................................................................................................... 8

5. Descansos ........................................................................................................... 8

6. Controle de Jornada ......................................................................................... 8

1. Aspectos introdutórios

1.1. Tempo à disposição do empregador


Importante compreender o conceito de tempo à disposição do empregador,
nos termos do art. 4°, caput, da CLT:

Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o


empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou
executando ordens, salvo disposição especial expressamente
consignada.

Trata-se do tempo que ele está: i) à disposição o empregador; ii) aguardando


ordens e iii) executando ordens, salvo condições especiais expressamente
consignadas.
O primeiro ponto importante aqui é saber que quando ele não está
efetivamente trabalhando, mas está disponível aguardando ordens, nesses casos ele
ainda deverá ser remunerado por este período. Imagine que um empregado chega para
trabalhar, mas seu chefe não chegou até as 10h da manhã, e até as 10 você ficou a toa.
Esse empregado deverá ser remunerado? Sim, porque o empregado estava à disposição
do empregador.

Outro exemplo é o caso comum no qual uma máquina do empregador está


quebrada e impede os empregados de trabalharem. A quebra da máquina é parte do
risco do negócio e quem arca com esses riscos é o empregador, então o empregado deve
receber pelo período que não trabalhou em razão do dano à maquina.

Existem ainda os intervalos não previstos em lei. Por lei, os empregados


possuem alguns intervalos, como o descanso de uma a duas horas quando ele trabalhar
6h. Se o empregador quiser conceder outro intervalo ao funcionário, ele teria que pagar
por esse tempo? Sim, como o empregador não é obrigado a dar esse intervalo, consdera-
se que durante esse período o empregado está à sua disposição, fazendo jus a
pagamento.

Como regra geral, o intervalo previsto em lei não é computado na jornada


de trabalho, porque é período de trabalho:

Intervalo previsto em lei (não remunerado):

08h às 12h Intervalo 14h às 18h

Intervalo não previstos em lei:

08h às Intervalo 14h às Intervalo 16h às


12h 15:45 de 15' 18h

Esse intervalo de 15’ destacado deverá ser remunerado pelo empregador,


porque foi concedido por uma liberalidade dele. Um ponto comum é ele dar essa pausa
de 15 minutos durante o horário de trabalho e pedir que o empregado “pague” esse
tempo depois do expediente. Então ao invés de sair 18h ele sairia 18:15. Nesse caso, o
empregador terá que pagar os 15 minutos depois das 18h como hora extra (Súmula
118 do TST).

 Exceções: ao tempo à disposição do empregador (art. 4, §2°, CLT):

São situações nas quais o empregado fica no centro de trabalho por escolha
própria. São duas situações quando ele fica nas imediações da empresa para proteção
pessoal ou atividades particulares. Exemplo imagine que o local de trabalho é em uma
área perigosa, e o ônibus só passe depois de 30 min. Para sua proteção o funcionário
fica nas dependências da empresa. Esse período não será remunerado.

§ 2o Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será


computado como período extraordinário o que exceder a jornada
normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no §
o
1 do art. 58 desta Consolidação, quando o empregado, por escolha
própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias
públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou
permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades
particulares, entre outras:
I - práticas religiosas;
II - descanso;
III - lazer;
IV - estudo;
V - alimentação;
VI - atividades de relacionamento social;
VII - higiene pessoal;
VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade
de realizar a troca na empresa.

Outro exemplo é quando ao sair do local percebe-se que há uma chuva


muito forte e o funcionário prefere ficar nas imediações esperando que ela passe,
logicamente esse período não será remunerado.

Quanto às atividades particulares, pense que um funcionário combine com


seu empregador que após sua jornada de trabalho ele ficaria duas horas a mais no local,
estudando para concurso. Durante esse período ele não será remunerado.

O que é importante lembrar para resolver essas questões fáticas é que em


todos os casos o tempo a mais nas dependências da empresa deve ser uma escolha
do funcionário.

O inciso VIII também merece nota: Caso o funcionário seja obrigado a


trocar de roupas dentro das imediações do local de serviço, esse tempo será computado
como tempo de serviço e deverá ser remunerado pelo empregador. Caso essa troca não
seja obrigatória, não há que se falar em remuneração. Exemplo é o caso de um
segurança, que precisa retirar um colete salva vidas e deixa-lo na empresa, por exemplo.
Nesse caos ele deve ser remunerado pelo tempo que gastou com essa tarefa.

Seria diferente se ele trocasse de roupas por vontade própria, como é o caso
das pessoas que trocam de roupas para ir à academia.

1.2. Tempo in itinere


É o tempo gasto entre a casa e o trabalho do funcionário:

§ 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência


até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno,
caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido
pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por
não ser tempo à disposição do empregador.

Antes da Reforma trabalhista, tinha algumas condições para que esse tempo
fosse remunerado. Após a Reforma Trabalhista de 2017 houve a extinção do tempo
in itinere, ele não será computado como tempo de trabalho de jeito nenhum. Imagine
que o local de trabalho seja muito grande, como um campo de futebol você passa pela
portaria às 07h, mas só chega até seu posto de trabalho 07:20.

Antes o TST entendia que se esse tempo fosse maior de 10 minutos seria
computado como jornada de trabalho, mas após a Reforma Trabalhista, como o artigo
fala “efetiva ocupação do posto de trabalho” entende-se que esse tempo não é
computado e, consequentemente, que a Súmula 129 do TST, que dizia o contrário está
superada.

Importante destacar ainda os conceitos do sobreaviso e da prontidão. Esses


institutos surgiram para os ferroviários, mas aos poucos sua aplicação foi se estendendo
a outros trabalhadores. O sobreaviso é a situação no qual o empregado fica fora da
empresa aguardando eventual convocação do empregador. Ele não pode beber ou se
ausentar por causa dessa condição. Além disso, há a limitação legal do tempo em que o
funcionário pode ficar nessa condição, que é 24 horas.

§ 2º Considera-se de "sobre-aviso" o empregado efetivo, que


permanecer em sua própria casa, aguardando a qualquer momento o
chamado para o serviço. Cada escala de "sobre-aviso" será, no máximo,
de vinte e quatro horas, As horas de "sobre-aviso", para todos os efeitos,
serão contadas à razão de 1/3 (um terço) do salário normal.
As horas a serem pagas como sobre-aviso serão feitas na razão de 1/3 (um
terço) do salário normal daquele funcionário.

Avançando para prontidão, nela o funcionário fica dentro da própria


empresa guardando uma ordem para ir trabalhar. O texto legal sobre esses institutos é:

§ 3º Considera-se de "prontidão" o empregado que ficar nas


dependências da estrada, aguardando ordens. A escala de prontidão
será, no máximo, de doze horas. As horas de prontidão serão, para todos
os efeitos, contadas à razão de 2/3 (dois terços) do salário-hora normal.

Na prontidão, fala-se em “estrada” como resquício de sua origem com os


ferroviários, mas hoje entende-se que é nas dependências da empresa. As horas de
prontidão serão contadas na razão de 2/3 (dois terços) sobre seu salário normal.
Além disso, ele só pode ficar nessa condição por no máximo 12h.

1.3. Tempo residual à disposição do empregador


Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as
variações de horário não excedentes a cinco minutos, respeitado o limite máximo de 10
(dez) minutos diários. Imagine que um funcionário chegue 08:03 na empresa, esses três
minutos não podem ser decotados de seu salário. Da mesma forma, se ele chegar 07:57,
ele também não pode cobrar esses minutos como hora extra.

É difícil que todos os dias o funcionário chegue exatamente no horário que


deva entrar no serviço, entõ é aceitável que existam essas variações na jhornada de
trabalho. Por isso a CLT coloca um limite a essas variações. O primeiro liite de cinco
minutos deve ser contado a cada registro. Além disso, no computo do dia todo, esses
atrasos não devem somar mais de 10 minutos.

Se esses limites forem descumpridos, haverá o devido reflexo em sua


jornada de trabalho, seja para decote do salário (caso seja a menos) ou pagamento de
hora extra (caso seja a mais).

Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em


qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde
que não seja fixado expressamente outro limite.
§ 1o Não serão descontadas nem computadas como jornada
extraordinária as variações de horário no registro de ponto não
excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez
minutos diários.
Havendo variação, toda a variação será considerada! Imagine que eu
passe do horário 11 (onze) minutos, nesse caso eu não vou contar só um minuto,
que seria o excedente, eu considerarei os 11 (onze) minutos.

CARTÃO DE PONTO DO FUNCIONÁRIO


Motivo da
Saída para Retorno do
Dia Entrada Saída variação de
o Intervalo intervalo
horário
07:58 12:02 14:02 18:01 Cumprimento
Terça – Feira
+2 +2 -2 +1 de ordens
07:55 12:02 14:01 18:08 Cumprimento
Quarta – Feira
+5 +2 -1 +8 de ordens
07:53 12:01 13:59 18:00 Cumprimento
Quinta – Feira
+7 +1 +1 0 de ordens

No primeiro caso (Terça-feira) em nenhum dos registros o funcionário


ultrapassou o limite de cinco minutos; Além disso, somando seu tempo de trabalho
temos 8:03 horas de serviço, menor do que o limite de 10 (dez) minutos de variação.

Na quarta feira ele extrapolou o tempo na hora de encerrar o expediente,


tendo ficado 08 minutos a mais. Além disso, somando o tempo todo final ele fez 08:14
minutos de trabalho, sendo necessário que remunere o trabalhador pelos 14min de hora
extra.

Na quinta ele extrapolou o tempo de chegada, com 07 minutos a mais de


tempo, mas o funcionário ficou com 08h09min de trabalho no dia, menor do que o
limite geral. Nesse caso ele terá que ser pago 07min de hora extra, porque só esse limite
por horário foi ultrapassado.
1.4. Jornada normal de trabalho
Cada setor produtivo possui suas próprias peculiaridades quanto à sua
jornada de trabalho. Todavia, ela não pode ultrapassar o tempo de 08h de trabalho e 44h
semanais. O constituinte facultou a
compensação de horários e a
Lembrete Importante: Em todos esses
redução da jornada, mediante
casos, ele está cumprindo ordens! Se ele
acordo ou convenção coletiva de
ficar a mais no local de serviço
trabalho (art. 7°, XIII, CF):
desempenhando atividades particulares,
ele não será remunerado. Art. 7º São direitos dos
trabalhadores urbanos e
rurais, além de outros
que visem à melhoria
de sua condição social:
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e
quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;

Assim, ele pode, por exemplo, trabalhar 08:48mnin de segunda a sexta e


folgar nos finais de semana, caso contrário ele trabalhará 04 horas no final de semana.
2. TIR e outras jornadas especiais previstas na CLT

3. Jornada extraordinária e compensação de jornada

4. Hora noturna

5. Descansos

6. Controle de Jornada

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