Você está na página 1de 8

JANAINA NUNES DE ALMEIDA DOS SANTOS

ATIVIDADE DA DISCIPLINA DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO

CRUZ DAS ALMAS – BA


2022
JANAINA NUNES DE ALMEIDA DOS SANTOS

ATIVIDADE DA DISCIPLINA DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO

O presente trabalho apresenta-se para


cumprir solicitação avaliativa da II
Unidade da Disciplina de Direito do
Trabalho, ministrada pela Professor
Fabrício Barros.

CRUZ DAS ALMAS – BA


2022
ATIVIDADE AVALIATIVA - II UNIDADE

Questão 1:

Neymar é funcionário da empresa coca cola, a sua carga horária dar-se-á de


segunda à sexta das 08hs às 17hs com uma hora de intervalo e aos sábados
das 08 às 12hs. Para chegar até a empresa Neymar leva uma média de 01
hora na ida, ao chegar na empresa ele registrava a sua chegada. Todavia o fim
da jornada (17hs) era registrada em um PALM, sendo desnecessário ele
retornar à empresa para registrar o final da jornada posto que esse era feito via
sistema palm as 17hs. Registra-se que NEYMAR trabalha com motocicleta e
ao chegar na empresa ele sai as 08hs para realizar venda de produtos em
outras cidades. LUCIANO também é funcionário da empresa Coca cola e
trabalha na mesma unidade de NEYMAR, desempenhando as mesmas
funções de NEYMAR, em condições idênticas, inclusive de carga horária. Após
a demissão, NEYMAR procurou seu escritório de Advocacia, argumentando
que recebia um salário de R$ 2.000.00 enquanto LUCIANO recebia R$
3.500,00. Neymar informou também que a sua unidade de trabalho assim como
a de Luciano era em feira de Santana e que muitas vezes registrava o fim de
término no palm às 17hs MESMO ESTANDO AINDA EM SÃO GONÇALO DOS
CAMPOS OU CIDADES DISTANTES DE FEIRA. Como advogado de
NEYMAR responda de forma fundamentada os seguintes quesitos:

A) Considerando que Neymar leva 01 hora em seu deslocamento de casa


ao trabalho, pode-se afirmar que esse período deve ser reconhecido
como labor extraordinário? Fundamente com citação de artigo e
explicação do mesmo.

Esta questão refere-se às horas in itinere, período pelo qual o trabalhador


desloca-se de sua residência para a sede do local onde trabalha e o seu
retorno. Antes da Reforma Trabalhista (Lei Federal 13.467/2017) este período
seria considerado como horas trabalhadas que podiam ser computadas a favor
do trabalhador, porém este entendimento foi modificado, mesmo que os
requisitos sejam preenchidos para a lei anterior, não são mais considerados
após a reforma. Portanto, infelizmente não poderei alegar horas in itinere a
favor de meu cliente, pois a Reforma Trabalhista não ampara mais este direito
de horas in itinere, como parte da jornada de trabalho.

Segundo afirma o artigo 58 da CLT em seu parágrafo 2º:

Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em


qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias,
desde que não seja fixado expressamente outro limite.

§ 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a


efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno,
caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido
pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não
ser tempo à disposição do empregador. (Redação dada pela Lei nº
13.467, de 2017) (Vigência).

Contudo apesar do artigo acima explicitar que não são mais consideradas
as horas in itinere, eu alegaria também o artigo 4 da CLT, pois ele permite um
entendimento mais favorável a meu cliente, segue o texto abaixo:

Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o


empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou
executando ordens, salvo disposição especial expressamente
consignada.

B) O salário percebido por NEYMAR pode ser diferente do de LUCIANO


uma vez que LUCIANO tem mais tempo de empresa que NEYMAR?
Qual o instituto jurídico e artigo que pode fundamentar a resposta?

Nesta proposição a resposta versará sobre o quesito da remuneração e


seus desdobramentos acerca do paradigma que é LUCIANO, o funcionário
cujo qual queremos traçar a comparação e assim ensejar esforços para
alcançar a equiparação a favor do paragonado, que é NEYMAR, cliente do
Escritório Alunos do Direito do Trabalho & Associados.
Em termos gerais o salário percebido por NEYMAR não pode ser
diferente do percebido por LUCIANO, visto que a questão enfatiza que
ambos exercem as mesmas funções, em condições idênticas, inclusive na
carga horária.

Esta afirmação é amparada no texto do artigo 461 da CLT que pode ser
lido abaixo:

Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor


prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá
igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade.

§ 1º Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for
feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre
pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador
não seja superior a quatro anos e a diferença de tempo na função não
seja superior a dois anos.

§ 2º Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o


empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira ou adotar,
por meio de norma interna da empresa ou de negociação coletiva,
plano de cargos e salários, dispensada qualquer forma de
homologação ou registro em órgão público.

§ 3º No caso do § 2º deste artigo, as promoções poderão ser feitas por


merecimento e por antiguidade, ou por apenas um destes critérios,
dentro de cada categoria profissional.

Portanto a partir deste texto de lei, NEYMAR poderá ter seu salário
equiparado ao de LUCIANO, se entre eles não houver a diferença de tempo de
serviço superior a quatro anos na empresa, e além disto o tempo na função são
for superior a dois anos. Se eles possuírem intervalo menor de 4 anos na
empresa e o tempo que realizam as funções não for maior que dois anos,
NEYMAR terá direito sim a equiparação salarial. Caso contrário não será
possível NEYMAR perceber salário igual ao do paradigma.
C) Levando em consideração que NEYMAR registrava o fim da jornada em
um palm na cidade de são Gonçalo e que a sede da empresa fica em
Feira de Santana, pode –se dizer que ele tem direito a HORA EXTRA
relativo ao período de deslocamento do tempo despendido por NEYMAR
após o registro do fim de São Gonçalo a feira de Santana?

Após a leitura desta situação apresentada acima no enunciado da questão,


pode-se afirmar que NEYMAR terá sim direito a HORA EXTRA relativo ao
período de deslocamento do tempo despendido após o registro do fim de sua
jornada de São Gonçalo a Feira de Santana, pois o funcionário não residia em
São Gonçalo, portanto teria que viajar até Feira de Santana, para retornar para
sua residência.

Segundo a artigo 4º da CLT:

Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o


empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou
executando ordens, salvo disposição especial expressamente
consignada.

NEYMAR registrava seu ponto de final de jornada, por diversas vezes


em cidades diferentes de sede da Empresa Coca-Cola, pois estava a serviço
dela, aguardando e executando ordens da empresa. Deste modo, se no horário
da jornada ele ainda estava em outra cidade, significa dizer que ele assim
estava a serviço da empresa, pois sua jornada necessitava ser registrada em
um PALM fornecido pela empresa, e esta possuía total controle da jornada do
funcionário, através da localização fornecida pelo PALM.

Segundo a análise da ementa do recurso ordinário abaixo:


RECURSO ORDINÁRIO. TRABALHO EXTERNO.
AUSÊNCIA DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO. HORAS
EXTRAS. Ao apontar fato impeditivo à pretensão de horas
extras, invocando a incidência do art. 62, I, da CLT, o
empregador atrai para si o onus probandi, nos termos do
art. 818, II, da CLT c/c 373, II, do CPC. Demonstrada a
ausência de controle e fiscalização de jornada, não há
falar em condenação ao pagamento de horas extras.
Apelo desprovido, no aspecto. (Processo: ROT - 0000245-
76.2020.5.06.0144, Redator: Milton Gouveia, Data de
julgamento: 17/03/2022, Terceira Turma, Data da
assinatura: 17/03/2022)

(TRT-6 - ROT: 00002457620205060144, Data de


Julgamento: 17/03/2022, Terceira Turma, Data de
Publicação: 17/03/2022).

Infere-se que se a Empresa Coca Cola não pudesse controlar nem


fiscalizar a jornada de NEYMAR, não poderia ele pedir horas extras, contudo
a empresa tinha dispositivos para realizar este controle e por isto, por
analogia ao caso acima, a Empresa poderá sim ser condenada ao pagamento
de horas extras ao funcionário em questão.

Reforçando o entendimento, com mais uma ementa de decisão de


Tribunal Regional do Trabalho:

VENDEDOR EXTERNO. USO DE PALM TOP.


CUMPRIMENTO DE ROTA PRÉ-ESTABELECIDA.
HORAS EXTRAS DEVIDAS. O vendedor externo que
cumpre rota pré-estabelecida, utiliza-se aparelho
eletrônico (palm top) onde são registrados os horários de
atendimento dos clientes, e comparece diariamente à
sede da empresa no final da jornada para prestação de
contas, não se enquadra na exceção prevista no art. 62, I,
da CLT. Assim, havendo a prova testemunhal confirmado
a extrapolação da jornada, de se confirmar o deferimento
de horas extras. Recurso não provido.

(TRT-7 - RO: 00002070920105070008, Relator: MARIA


ROSELI MENDES ALENCAR, Data de Julgamento:
25/04/2011, 2ª Turma, Data de Publicação: 31/05/2011)

Embora o recurso acima não tenha sido provido, NEYMAR não solicitou
enquadramento na exceção prevista no art. 62, I, da CLT, também não era
necessário retornar a empresa todos os dias no final da jornada, porém
eventualmente quando o sistema não estava funcionando adequadamente,
ele necessitava ir até a sede da empresa fazer este registro, visto que viajava
muito e por vezes o palm não localizava sinal de rede de internet para
possibilitar que o funcionário não necessitasse retornar a sede de empresa
em Feira de Santana. Neymar também possuía sua jornada de trabalho
controlada, pois tinha que cumprir jornada de trabalho diária, de segunda a
sexta das 08:00 às 17:00 e sábado das 08:00 às 12:00.

Contudo no final da ementa do recurso acima há espaço para prova


testemunhal: “Assim, havendo a prova testemunhal confirmado a
extrapolação da jornada, de se confirmar o deferimento de horas extras.”

Deste modo, o Escritório Alunos do Direito do Trabalho & Associados


indicaria a necessidade de testemunhas que pudessem comprovar o fato
alegado e ensejar maior proveito quanto a percepção de horas extras ao autor
frente a ré.

Você também pode gostar