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A Jornada de Trabalho e os Principais
Direitos que Decorrem do Contrato de Trabalho
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
A Jornada de Trabalho e
os Principais Direitos que
Decorrem do Contrato de Trabalho
• Introdução;
• Jornada de Trabalho;
• Férias;
• Adicional de Insalubridade;
• Adicional de Periculosidade;
• Décimo Terceiro Salário;
• Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar as características da jornada de trabalho;
• Destacar os principais direitos do empregado: férias, décimo terceiro salário, horas extras,
adicional noturno, adicional de insalubridade e adicional de periculosidade.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE A Jornada de Trabalho e os Principais
Direitos que Decorrem do Contrato de Trabalho
Introdução
A relação de emprego estabelece uma vinculação do empregado e do emprega-
dor, sendo ela regida pelo contrato de trabalho, pelas leis e outras normas aplicá-
veis, tais como as convenções e os acordos coletivos de trabalho.
Jornada de Trabalho
Não é exagero afirmarmos que o Direito do Trabalho trata do tempo em que
alguém (empregado) dispõe de seu trabalho em favor de outra pessoa (empregador),
razão pela qual o estudo da jornada de trabalho é um dos elementos mais destaca-
dos quando lidamos com essa disciplina.
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Se observarmos a regulamentação desse assunto em nosso sistema jurídico,
vamos observar dois pontos de destaque:
• Na Constituição Federal de 1934, foi estabelecida a jornada diária de 8 horas,
sendo que todas as demais constituições repetiram essa regra;
• A nossa atual Constituição Federal (de 1988) estabeleceu a jornada máxima
semanal de 44 horas.
Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
[...]
Com essa definição, temos que a jornada de trabalho engloba todo o tempo, da
sua chegada ao estabelecimento do empregador até o momento em que o empre-
gado dela sai. Contudo, alguns detalhes devem ser observados:
• O tempo de deslocamento do empregado dentro da empresa (da portaria ao
seu local de trabalho – quando supera 10 minutos), bem como o tempo para
colocação de uniformes e de equipamentos de proteção individual devem ser
computados em sua jornada de trabalho. Sobre essa questão do deslocamento,
observe o seguinte posicionamento do Tribunal Superior do Trabalho:
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Direitos que Decorrem do Contrato de Trabalho
• Por outro lado, não deve ser considerado na jornada de trabalho o tempo em
que o empregado, por escolha própria, permanecer na empresa em situações
como: buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou
más condições climáticas ou adentrar ou permanecer nas dependências da
empresa para exercer atividades particulares (§ 2º do artigo 4º da CLT).
Jornada Normal
Quando falamos da jornada normal de trabalho, estamos tratando, na verdade,
dos seus limites que, como vimos, têm parâmetros estipulados no texto constitucional
da seguinte forma:
• Jornada diária máxima: 8 horas;
• Jornada semanal máxima: 44 horas.
[...]
[...]
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Ainda que não haja expressiva orientação na jurisprudência do Tribunal Superior
do Trabalho, há uma tendência de se aplicar aos profissionais do telemarketing (ou
televendas) esses mesmos limites.
• Empregados que trabalham em turnos ininterruptos de revezamento: quan-
do falamos em turno de revezamento, estamos nos referindo a atividades profis-
sionais em que os profissionais vão se alternando na realização das tarefas, de
forma a manter uma continuidade na sua prestação. Há duas formas para que
isso ocorra:
» Por meio de turnos fixos: quando há uma fixação de dias e horários, que
permanecem constantes;
» Por meio de turnos de revezamento: quando os dias e horários de traba-
lho são modificados de forma constante – é o que ocorre com os emprega-
dos que, em alguns dias, trabalham durante o dia e, em outros, trabalham
à noite.
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Direitos que Decorrem do Contrato de Trabalho
Intervalos Intrajornadas
Durante a execução da jornada de trabalho, são estabelecidos períodos para
que o empregado possa descansar e realizar refeições, sendo chamados de
intervalos intrajornadas.
Eles têm duração que varia de acordo com o tamanho da jornada diária, ou seja:
• Se a jornada possui de 4 a 6 horas: o intervalo deve ser de 15 minutos;
• Se a jornada exceder as 6 horas: o intervalo deve ser de 1 a 2 horas.
Deve ser destacado que esse intervalo não é remunerado e sua duração não é
computada na jornada de trabalho.
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• Quem realiza trabalhos contínuos de digitação, escrituração e cálculo:
tem direito a intervalos de 10 minutos a cada 90 minutos de trabalhos contínu-
os (art. 72 da CLT);
• Quem realiza trabalho em câmaras frigoríficas: tem direito a 20 minutos de
intervalo após 1 horas e 40 minutos de trabalho consecutivo (art. 253 da CLT);
• Quem realiza a atividade de telefonista e similares: tem direito a um inter-
valo de 20 minutos após 3 horas de trabalho contínuo (art. 229 da CLT);
• A mãe que amamenta seu filho: poderá realizar dois descansos para realizar
essa atividade, sendo de 30 minutos cada um. Esse direito irá durar até que a
criança atinja 6 meses, ou outra idade por recomendação médica.
Intervalos Interjornadas
A legislação também estabelece a necessidade de ser observado um período
mínimo entre o término da jornada de um dia e o início da próxima jornada de
trabalho, a isso chamamos de intervalo interjornada.
[...]
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Direitos que Decorrem do Contrato de Trabalho
VIII – pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer
a juízo;
XI – por 1 (um) dia por ano para acompanhar filho de até 6 (seis) anos
em consulta médica;
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Sobre esse assunto, também é importante destacar que os feriados não se con-
fundem com o descanso semanal remunerado, contudo, as mesmas normas devem
ser aplicadas a eles. Dessa forma, se um feriado cair em um dia de normal jornada
de trabalho, o trabalhador fará jus ao valor do dia de trabalho se o estabelecimento
onde presta serviços não funcionar.
O Trabalho Noturno
O trabalho realizado no horário noturno tem uma forma diferenciada de trata-
mento pelo direito, em razão do maior desgaste físico que ele provoca, sendo que
há expressa previsão na Constituição Federal sobre essa questão (inciso IX de seu
artigo 7º).
Essas duas consequências somente são aplicadas aos trechos da jornada de tra-
balho que ocorreram no horário noturno, sendo que os demais são normalmente
remunerados e contados.
Por fim, se as horas extras forem realizadas durante o horário noturno, o traba-
lhador fará jus aos adicionais referentes ao trabalho noturno e ao correspondente à
extensão da jornada de trabalho.
Jornada Extraordinária
Como vimos, há várias formas de ser estabelecida a jornada normal de trabalho
do empregado, sendo que qualquer acréscimo a ela deve ser considerada uma jor-
nada extraordinária, da qual ele terá direito ao pagamento das horas extras, além
de outros reflexos.
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Direitos que Decorrem do Contrato de Trabalho
Para que haja a jornada extraordinária, deve haver a combinação de três requisitos:
• Concordância do empregado e do empregador: ele pode ocorrer de forma
individualizada ou por meio de instrumentos de negociação coletiva;
• Limitação máxima de 2 horas diárias: não pode ocorrer um acréscimo supe-
rior a 2 horas na jornada normal de trabalho, contudo, se isso ocorrer, a irregula-
ridade não implica em exoneração do empregador em realizar o seu pagamento;
• Pagamento do acréscimo pela jornada extraordinária, que pode ser substi-
tuído, conforme o caso, por acúmulo do período no banco de horas.
Férias
O direito às férias é um importante componente da relação de emprego, estando
expressamente prevista no texto constitucional, que assegura, além da remune-
ração por esse período, um adicional de terço a mais do valor do salário normal
(inciso XVII do artigo 7º).
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Consolidação das Leis do Trabalho
[...]
Ainda que seja comum que muitas empresas estabeleçam em suas políticas de pes-
soal critérios para que os empregados participem da escolha do período em que ocor-
rerá a fluência das férias, é certo que essa atribuição é exclusiva do empregador, que
pode, sem qualquer forma de consulta, determinar quando as férias serão iniciadas.
Art. 137. Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata
o art. 134, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração.
[...]
Uma vez definida a data de início das férias, o empregador deverá realizar a co-
municação ao empregado, por escrito, com antecedência mínima de 30 dias
Consolidação das Leis do Trabalho
Art. 135. A concessão das férias será participada, por escrito, ao empre-
gado, com antecedência de, no mínimo, 30 (trinta) dias. Dessa participa-
ção, o interessado dará recibo.
[...]
O início do período de férias não pode ocorrer no período de 2 dias que antece-
de feriados ou o dia do repouso semanal remunerado.
Em regra, o período de férias deve ser usufruído pelo empregado de uma só vez,
contudo, ele pode ser fracionado, desde que haja a concordância do empregado.
Nesse caso, poderá ocorrer o fracionamento em até 3 períodos, sendo que:
• Um deles não pode ser inferior a 14 dias;
• Os outros não podem ser inferiores a 5 dias cada um.
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Abono de Férias
Muito embora não se admita que o empregado possa renunciar ao seu direito às
férias, é certo que a legislação permite a substituição de parte delas por uma maior
parcela de dinheiro – é o que, em geral, as pessoas chamam de “venda férias”, mas
que na verdade se chama de “abono de férias”.
Nesse pagamento, deverá ser considerado, inclusive, o abono de 1/3 de seu valor.
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A exceção está na dispensa por justa causa, pois nesse caso:
• Devem ser pagas as férias cujo período aquisitivo está completo – inclusive
com o acréscimo de 1/3;
• Não são devidas as férias proporcionais (referentes a período aquisitivo não
completo).
As Férias Coletivas
Situação diferente ocorre em relação às chamadas férias coletivas, pois elas po-
dem ser iniciadas em razão:
• De interesse do empregador; ou
• Em razão de negociação coletiva.
Elas podem ser aplicadas para toda a empresa ou apenas para setor ou setores
específicos, sendo que a decisão sobre essa medida deve ser previamente comuni-
cada (no prazo de 15 dias antes do seu início) para:
• o Ministério do Trabalho;
• o sindicato representativo da categoria atingida; e
• aos funcionários, por meio de avisos colocados nos locais de trabalho.
O período de férias pode ser dividido em dois, contudo, nenhum deles pode ser
inferior a 10 dias.
Para os empregados novos que ainda não adquiriram direito às férias, elas serão
fluídas de forma proporcional, sendo que se inicia, em seguida, novo período aquisitivo.
Consolidação das Leis do Trabalho
Adicional de Insalubridade
Em certas atividades laborais, o trabalhador pode ser exposto a agentes quími-
cos, físicos ou biológicos (ou a combinação deles), que podem colocar em risco a
sua saúde. Nessas situações, além de providências que a legislação trabalhista exige
do empregador para que haja uma minoração dos riscos, ele terá direito de receber
um adicional de insalubridade.
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Direitos que Decorrem do Contrato de Trabalho
Sem qualquer dúvida, deve haver um tratamento diferente, por exemplo, na situ-
ação de trabalhadores que são expostos por longos períodos ao sol (agente físico) e
aqueles que têm essa exposição somente de forma rápida e eventual.
Esses riscos, obrigatoriamente, devem ser apurados por meio de perícia realizada
por médico ou engenheiro do trabalho. Se for constatada a existência de algum tipo
de exposição que supere o aceitável – o que pode causar danos à saúde do trabalha-
dor –, os riscos devem ser classificados em grau máximo, médio ou mínimo, sendo
essa classificação essencial para o pagamento do adicional de insalubridade, dentre
outras repercussões.
Adicional de Periculosidade
O trabalhador tem direito de exercer suas atividades em condições em que a sua
vida ou saúde não sejam expostas a riscos, contudo, quando eles forem inevitáveis,
é dever do empregador adotar medidas para que haja uma diminuição dos perigos.
Sem que haja um afastamento dos deveres do empregador em minimizar esses ris-
cos, em certas situações, a legislação reconhece o perigo para a vida do empregado
na realização de suas atividades, razão pela qual, dentre outras medidas, determina o
pagamento de adicional de periculosidade.
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Consolidação das Leis do Trabalho
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Dessa forma, tem direito de receber o adicional aqueles que possuem exposição
permanente a atividades:
• Em que há o contato com inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;
• Que atuam em atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial;
• Que atuam em atividades em que há o emprego de motocicleta.
É importante destacar que o adicional de 30% incide sobre todo o salário, con-
tudo, não se aplica às gratificações, prêmios e participação nos lucros da empresa.
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O depósito deve ser realizado pelo empregador até o dia 7 de cada mês, em
importância que correspondente a 8% da remuneração paga ao empregado, sendo
que devem estar incluídos nesse cálculo o valor das horas extras, adicionais de pe-
riculosidade e insalubridade etc.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Constituição Federal
https://bit.ly/2QYzDMn
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT
https://bit.ly/2wTjvou
Lei n.º 8036/90
https://bit.ly/2JIFRMp
Lei do Trabalho Rural
https://bit.ly/341GklO
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Referências
LEITE, C. H. B. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: Saraiva,
2019. (e-book)
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