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AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL
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e referência principal para os que ainda não haviam um currículo próprio,
permitindo uma parte diversificada como apontada na LDB, que integre questões
culturais e próprias aos contextos sociais em que a educação ocorre.
Percebemos, assim, que currículo se trata de uma referência normativa
que deve pautar todas as práticas educativas, pedagógicas e avaliativas que se
desenvolvem em âmbito escolar.
De acordo com Ribeiro (2012), currículo trata de uma seleção intencional
de saberes de uma cultura geral para a cultura escolar, sobre conhecimentos
considerados socialmente relevantes, configurando-se num processo
humanizador numa perspectiva social e histórica (Saviani, 1984).
Abordar a temática currículo na escola se refere a um processo
abrangente ao mesmo tempo que específico, pois de uma dimensão maior, de
um saber elaborado e construído socialmente, tem a educação formal executada
por meio da escola, a responsabilidade de sua difusão e sistematização para
que possa tornar as pessoas que ali passam mais humanas e aptas ao convívio
em sociedade como cidadãos que são.
Dessa maneira, é importante que as escolas e todos os envolvidos se
apropriem dos elementos que pautam seus currículos, na perspectiva de uma
leitura atenta, reflexiva e crítica sobre seus conteúdos, uma vez que são estes
que fundamentam as práticas de ensino e de aprendizagem dos estudantes.
Esses mesmos elementos curriculares devem estar explicitados também
no Projeto Político Pedagógico da escola, pois esse é o documento que norteia
todo o trabalho escolar, suas práticas pedagógicas e de avaliação, além de
fundamentar todas as decisões que circunscrevem o trabalho educativo.
De maneira distinta, a matriz de referência apresenta outras finalidades.
No contexto das avaliações externas, uma matriz de referência é construída com
base em propostas curriculares diversas, expressando um recorte sobre
competências e habilidades que se esperam de um estudante. A seguir,
podemos visualizar as distinções objetivas entre os termos que parecem ser
similares.
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pedagógica escolar e seus processos uma padronização de procedimentos
avaliativos. para medir uma grande população.
Competência Habilidade
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Assim, a matriz de referência de uma avaliação externa procura aferir por
meio de testes de desempenho algumas competências e habilidades
desenvolvidas pelos estudantes na educação básica a partir de descritores
divulgados que servem como diretriz para a elaboração dos itens (questão) de
uma avaliação.
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Estudantes do 2º ano Amostral – escolas Matemática e
dos anos iniciais do públicas compreensão leitora.
ensino fundamental Amostral – escolas Questionários
privadas contextuais
destinados a
diretores e
professores.
Estudantes do 5º e 9º Censitária – escolas Matemática e
ano do ensino públicas compreensão leitora.
fundamental Amostral – escolas Questionários
privadas contextuais
destinados a
diretores, professores
e estudantes.
Estudantes do 9º do Amostral – escolas Ciências da natureza
ensino fundamental públicas e ciências humanas.
Amostral – escolas
privadas
Estudantes do 3º e 4º Censitária – escolas Matemática e
ano do ensino médio públicas compreensão leitora.
Amostral – escolas Questionários
privadas contextuais
destinados a
diretores, professores
e estudantes.
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segundo os modelos estatísticos da Teoria de Resposta ao Item (TRI) (Soares,
2009).
A TRI é um conjunto de modelos estatísticos que relacionam a
probabilidade de um estudante apresentar uma determinada resposta a um item,
de acordo com os parâmetros da questão, possibilitando a medição do nível de
proficiência de cada estudante numa escala padronizada. Os parâmetros da TRI
são descritos como: 1) discriminação; 2) dificuldade e 3) taxa de acerto casual
(Soares, 2009).
O parâmetro “discriminação” mede a capacidade do item em separar os
estudantes que desenvolveram as habilidades daqueles que ainda não
desenvolveram.
O parâmetro “dificuldade” se refere à parte de estudantes que conseguem
responder corretamente o item, assim, se a maior parte dos respondentes
acertar determinado item significa que aquele é considerado de pouca
dificuldade. De outra maneira, se apenas uma pequena parte dos respondentes
acertar determinado item considera-se de nível difícil.
Mas, se o percentual de respondentes que acertarem o item corresponder
à média dos participantes, então considera-se um item de nível médio de
dificuldade.
Já o parâmetro “taxa de acerto casual” se refere à possibilidade de o
respondente acertar o item sem o conhecimento devido e a habilidade requerida
para o acerto.
Para o cálculo da proficiência no Saeb considera-se não somente o
número de questões que o estudante acertou, mas a coerência das respostas
diante do conjunto das questões que compõem o teste respondido.
A coerência esperada ao teste se associa aos acertos das questões que
estão abaixo e até o nível de proficiência do respondente. Quando acerta uma
questão de forma casual, esta não tem o mesmo valor como quando acerta o
item com a coerência referente. Assim, se dois participantes apresentaram o
mesmo número de acertos em um teste, podem receber pelo modelo estatístico
da TRI diferentes valores de proficiência na escala elaborada para a avaliação.
Com base nos resultados de desempenho, o Inep elaborou uma escala
de proficiência que representa as habilidades e competências construídas pelos
estudantes ao longo da educação básica, em matemática e leitura.
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Essa escala com finalidade exclusiva para os testes em questão
apresenta uma função diagnóstica que auxilia a leitura pedagógica dos
resultados, “[...] a interpretação começa com a construção de um mapa de itens,
que consiste em associar cada item do teste a um ponto da escala utilizada para
medir as proficiências dos alunos” (Soares, 2009, p. 33).
Dessa forma, a associação dos itens numa mesma métrica permite inferir
em que ponto dessa escala a proficiência do estudante se encontra. Essa
interpretação é fundamental para orientar intervenções pedagógicas, embora
não esclareça se estas são adequadas ou não, pois “exige a produção de outra
interpretação, usualmente apresentada por meio da escolha de níveis, ou seja,
da divisão da escala de medida em intervalos aos quais são atribuídos
significados pedagógicos e normativos” (Soares, 2009, p. 33).
Em 2018, o Saeb divulgou uma interpretação para as escalas atribuindo
as seguintes categorias:
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Educação, como também no chão das escolas, em que os impactos são mais
visíveis.
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uma medida de resultados finalísticos, não considerando os processos e meios
dos processos de ensino e de aprendizagem.
Mesmo retratando um resultado que circula recorrentemente nos meios
sociais, a constante maximização desse indicador acaba incorrendo em práticas
pedagógicas pouco adequadas em sala de aula.
Sua leitura pode acabar em interpretações acometidas de erros, ainda
que não intencionais, por apresentar uma escala teoricamente simples e de uso
comum em avaliações escolares (0 a 10) quando considera que os valores
“acima de 9 são excelentes e abaixo de 5 são muito ruins” (Soares; Xavier, 2013,
p. 912).
Todavia, o indicador de desempenho está concentrado em um intervalo
menor como explicitam os autores
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TEMA 4 – TRATAMENTO DE RESULTADOS: A LEITURA PEDAGÓGICA DOS
DADOS
Avaliação
externa
Resultado Resultado
insatisfatório satisfatório
Resultados das
avaliações em larga Recursos existentes
escala
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Estes indicadores têm forte potencial em fornecer uma leitura mais
verossímil do trabalho desenvolvido pela escola, devendo ser analisados pelo
coletivo do corpo profissional e refletidos juntamente à comunidade local com o
olhar pedagógico cuidadoso para as fragilidades que se apresentem.
Essa perspectiva se coaduna também à escola como eixo integrador dos
níveis macro e micro de análise (Sordi; Ludke, 2009), considerando os atores
escolares como protagonistas, sem desconsiderar os “novos” sujeitos como
interlocutores do fenômeno educativo, oportunizando processos de avaliação
mais abrangentes e contextualizados
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Essas diferenças entre meninos e meninas se complexifica ao considerar-
se ao mesmo tempo a variável “cor” ou “raça”. A autora destaca com os
resultados encontrados na pesquisa que as dificuldades escolares estavam
intimamente associadas às características das famílias, à pobreza, à cor das
crianças, ao gênero e a problemas de funcionamento das escolas.
De acordo com os dados apresentados pela autora, o grupo daqueles que
fracassavam na escola, ou frente aos quais a escola fracassava em ensinar, os
meninos representavam número maior que as meninas, e dentre os meninos, os
negros eram em maior proporção que os brancos.
Chama a atenção no texto da autora o apontamento de que “havia algo
de constrangedor para ambas as professoras que participaram da pesquisa ao
fazerem a classificação de cor, evidenciando os significados negativos
embutidos nas características associadas ao pertencimento à raça negra”
(Carvalho, 2009, p. 269).
Percebe-se por meio do estudo da pesquisadora que, além dos
estudantes sofrerem com as desigualdades de origem social, o fator raça ou cor
foi também um tabu entre os próprios profissionais da educação.
Essa tendência mais frágil em escolas que apresentam contextos que
demandam maior atenção pedagógica e um olhar mais sensível às condições
contextuais é corroborado por Sordi e Ludke.
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tomar a escola isolada de seu contexto social, consideradas como origem social
e cultural dos estudantes matriculados, além de observar cuidadosamente as
desigualdades raciais que têm se apresentado no contexto escolar
Compreendemos aqui que uma trajetória escolar marcada pela repetência
e pela evasão é um indicador de que a escola está falhando com seus
estudantes (Carvalho, 2009). Assim, reiteramos possíveis indicadores de
resultado escolar a serem agregados nas análises, como:
• Taxa de aprovação:
• Taxa de reprovação:
• Taxa de abandono:
• Taxa de distorção idade-série:
• Taxa de conclusão das etapas de ensino.
Esses dados podem ser encontrados por meio dos resultados do censo
escolar, coletados e divulgados anualmente para todas as escolas públicas e
privadas, e podem fornecer um rico panorama acerca dos resultados derivados
dos processos de ensino e de aprendizagem, para além do Ideb e de notas
escolares.
Por último, frisa-se que analisar resultados escolares deve ser um
processo que inclua professores, pedagogos, diretores e que seja divulgado aos
interessados pela educação da escola, ou seja, as famílias e responsáveis.
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REFERÊNCIAS
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