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DEFINIÇÃO

A oxigenoterapia consiste na administração de oxigénio (O 2) e monitorização da

sua efetividade (1). O ar é composto essencialmente por dois gases, O2 e azoto, em

proporções diferentes, 21% e 79%, respetivamente. A administração suplementar

de O2 a um débito controlado aumenta a proporção de O2 no ar inspirado.

A oxigenoterapia é uma intervenção de enfermagem presente na Nursing

Interventions Classification (NIC), pertencente ao Domínio Fisiológico Complexo e

da Classe Gestão Respiratória. Esta classe integra as intervenções que promovem


(1)
a permeabilidade das vias aéreas e as trocas gasosas . Constitui uma

intervenção de enfermagem interdependente, na medida em que decorre de

uma prescrição previamente formalizada por outro profissional de saúde (2).

(3)
INDICAÇÕES
Esta terapia está indicada sempre que há um défice de O2 no sangue arterial

devendo, no entanto, ter-se sempre em conta as particularidades de cada cliente

assim como a existência de situações excecionais. A ocorrência de hipoxémia

pode estar associada a:

Redução da capacidade de transporte de O2 (ex: diminuição do nível de

hemoglobina, como anemia);

Diminuição da concentração de O2 inspirado (ex: grandes altitudes, obstrução

da via aérea);

Incapacidade dos tecidos extraírem O2 do sangue (ex: choque séptico);

Diminuição da difusão de O2 no sangue (ex: pneumonia, atelectasia);

Compromisso da perfusão dos tecidos com sangue oxigenado (ex: choque

hipovolémico, choque cardiogénico, cardiomiopatia);

Compromisso ventilatório (ex: fraturas múltiplas de costelas ou traumatismo

torácico, lesão da medula espinal, doenças do sistema nervoso).


(4)
OBJETIVOS

Prevenir a hipóxia dos tecidos, decorrente da hipoxemia (redução de O2 no

sangue;

Corrigir as alterações metabólicas motivadas pela hipóxia;

Promover uma boa oxigenação.

(5)
RESULTADO ESPERADO
O resultado esperado da administração de O2 é que seja mantida a oxigenação

adequada dos tecidos e dos órgãos vitais, avaliada através da medição de O2 no

sangue e dos sintomas e sinais clínicos.

(5)
IMPORTÂNCIA DA OXIGENOTERAPIA
O O2 é essencial para manter o normal funcionamento fisiológico de todos os

órgãos do corpo, mais concretamente o metabolismo celular e uma adequada

oxigenação dos tecidos. Na presença de hipoxémia (isto é, uma diminuição do

nível de O2 no sangue) ou hipóxia tissular, a oxigenoterapia é vital para a

restauração dos níveis de O2 no sangue, de modo a aumentar o O2 entregue a

nível celular, prevenindo ou aliviando os sintomas e sinais de hipoxémia, e

reduzindo o trabalho respiratório. Hipóxia não tratada pode conduzir a um

compromisso da função fisiológica, arritmias cardíacas e morte.

PRÉ-REQUISITOS PARA A ADMINISTRAÇÃO SEGURA DE O2

Conhecimento da fisiologia da respiração normal e alterações (5);

Conhecimento de conceitos associados (6,7);

o PaO2: É a pressão parcial de O2 no sangue arterial. A maioria dos autores

refere como valores mínimos da PaO2 80mmHg e máximo 100mmHg. No

entanto, o valor mínimo depende da idade, a partir dos 40 anos. Em

3
recém-nascidos, valores entre 60 e 80mmHg podem considerar-se

normais;

o Hipoxémia: Uma PaO2 inferior a 70mmHg (1) deve ser catalogada como

hipoxemia (normalmente correspondente a SpO2 de 90%), com

necessidade de implementação de oxigenoterapia;

o Hiperoxemia: Valores de PaO2 superiores a 100% (quando sob

oxigenoterapia) devem ser evitados, porque são tão prejudiciais como os

valores baixos (toxicidade do O2);

o Saturação periférica de O2 (SpO2): É a percentagem de hemoglobina que

transporta o O2 no sangue arterial, avaliada pela oximetria de pulso. A

American Heart Association recomenda a implementação de

oxigenoterapia quando a saturação diminui para 94%, uma vez que se

assume o intervalo normal de 95-100%. No entanto, sob o ponto de vista

clínico, sempre que a saturação de O2 exceda 90%, não há perigo de

hipóxia tissular. Deste modo, e tendo em conta, as particularidades de

cada cliente assim como os efeitos tóxicos de níveis elevados de O2, em

algumas situações, considera-se aceitável o intervalo de SpO2 entre 90-

95%.

o FiO2: É a fração inspiratória de O2, expressa seja como uma decimal

de 1,00 (0,21) ou como uma percentagem (21%);

o PaCO2: É a pressão parcial de CO2 no sangue arterial. Os valores

normais da PaCO2 oscilam entre 35 e 45mmHg;

o Hipercapnia: significa que existe retenção de CO2 por hipoventilação

alveolar, com valores de PaCO2 acima de 45mmHg;

o Hipocapnia: significa existência de hiperventilação alveolar, com

valores de PaCO2 menores que 35mmHg.

1 Não se trata de um limite consensual, sendo que alguns autores consideram hipoxémia para valores
inferiores a 60 mmHg.

4
(3)
Sinais e sintomas de hipoxia :

o Aguda (agitação, apreensão, ansiedade, diminuição da capacidade de

concentração, aumento da fadiga, alterações comportamentais,

taquicardia, polipneia, hipertensão pulmonar, palidez, dispneia, disritmias

cardíacas);

o Tardia (diminuição do nível de consciência, bradipneia, hipotensão,

disritmias cardíacas, cianose central);

o Crónica (hipocratismo digital, disritmias cardíacas, aumento da fadiga,

dispneia).

(3)
Sinais e sintomas de hipercapnia :

o Hipercapnia moderada (polipneia, hipertensão arterial, taquicardia,

hipertensão intracraniana, agitação e agressividade);

o Hipercapnia acentuada (bradipneia e apneia, sonolência, confusão, coma

e choque.

Métodos para a monitorização dos níveis de O2 (6) :

o A maior parte do O2 é transportado, no sangue arterializado, pelo glóbulo

vermelho, em combinação com a hemoglobina, formando a

oxihemoglobina;

o A oximetria é uma técnica de medição de luz não invasiva que usa dois ou

mais comprimentos de onda específicos, a fim de diferenciar a

hemoglobina oxigenada da reduzida e assim calcular as suas quantidades

relativas. A oximetria de pulso utiliza dois tipos de luz (vermelha e

infravermelha) cujas diferenças de transmissão em diferentes partes do

ciclo de pulso proporcionam cálculos da saturação arterial periférica de

O2 (SpO2).

Potenciais efeitos tóxicos na administração de O2 e indicações para

limitar o seu uso (5,6,7) :

5
o A oxigenoterapia comporta riscos, pelo que deve ser reduzida ao tempo

mínimo necessário, cumprindo-se a sua prescrição;

o Os clientes que receberam concentrações elevadas de O2 durante um

período prolongado (isto é, concentrações superiores a 60% durante um

período superior a 24 horas) estão em alto risco de toxicidade;

o Em clientes com DPOC, o centro respiratório adapta-se a valores e

permanentes elevados de PaCO2, sendo a hipoxémia o principal estímulo

para a respiração. A elevação da PaO2 (com a oxigenoterapia) causa

depressão do centro respiratório, com retenção de CO 2, hipoventilação

progressiva e consequente insuficiência respiratória aguda;

o Os clientes com saturação de O2 adequada, mas diminuição da respiração

e sonolência inadequadas pode ter elevados níveis de PaCO2.

o Nos clientes com patologia cardíaca cianótica será importante conhecer

quais os parâmetros normais SpO2 para aquele cliente;

o Nos clientes com doença coronária, uma PaO2 acima dos 150mmHg, pode

causar vasoconstrição coronária e originar arritmia;

o Com altas concentrações de O2 (acima de 100%) há ação tóxica sobre os

vasos da retina, caracterizada por vasoconstrição das arteríolas, podendo

levar à cegueira.

Métodos de administração de O2 (3) : a escolha do método de administração deve

considerar a concentração de O2requerida pelo cliente, a sua situação clínica, o

grupo etário, as condições físicas e psíquicas. Os sistemas de administração de

O2 podem ser classificados como sendo de baixo ou de alto débito.

o Os sistemas de baixo débito contribuem parcialmente para o gás

inspirado pelo cliente em cada ventilação. Isto significa que o cliente

inspira algum ar ambiente com o O2 fornecido pelo sistema. Estes não

providenciam uma concentração constante ou conhecida de O 2, já que a

quantidade de O2 inspirado se altera com a variação do padrão

ventilatório do cliente. Os dispositivos que integram este sistema são:

6
Sonda/cateter nasal (em desuso);
Sonda binasal (óculos nasais);

Máscara facial simples.

o Os sistemas de alto débito asseguram a totalidade do ar inspirado. A %

específica de FiO2 é entregue independentemente do padrão

respiratório, estando indicados para clientes que necessitem de uma

entrega precisa e constante de O2. Os dispositivos que integram este

sistema são:

Máscara facial de reinalação parcial (com saco reservatório);

Máscara facial de não reinalação (com saco reservatório);

Máscara de Venturi;

Cânula nasal de alto fluxo (CNAF).

Importância da humidificação, como forma de evitar alterações nas

mucosas e proteger o funcionamento alveolar (5,8) ;


o Na administração de O2 é importante decidir sobre a necessidade de

humidificação do mesmo para manter a humidade da mucosa nasal e

oral e proteger o funcionamento alveolar;

o Todavia, a humidificação geralmente não é necessária quando se

administra O2 abaixo de 4L/min;

Embora a administração de O2 seja realizada mais

frequentemente em meio hospitalar, esta terapia também é

realizada no domicílio, sob a forma gasosa, líquida ou com

concentrador;

Nem sempre é bem tolerado devido ao desconforto que produz

e se não estiver bem posicionada pode conduzir a uma

variabilidade do FiO2 administrado.

Precauções de segurança na administração de O2 (5) :

7
o O O2 é um gás altamente combustível pelo que o risco de incêndio ou

explosão é aumentado com o uso de O2 suplementar;

o Não deve ser permitido fumar, ter uma chama acesa ou realizar faíscas

em áreas onde o O2 está a ser administrado;

o No caso de oxigenoterapia domiciliar, o O2 líquido, porque é

armazenado a temperaturas negativas, também pode causar

queimaduras se não houver cuidados no seu manuseamento.

RECURSOS: MATERIAIS E EQUIPAMENTOS (3, 4)


Fonte de O2:

Balas de O2 (gasómetro com manómetro e debitómetros;

Sistema de canalização permanente (rampa com debitómetro);

Debitómetro: controla a saída de O2 em Litros/minuto (L/min);

Manómetro: indica a quantidade do gás dentro do gasómetro;

Copo humidificador e água destilada estéril, se adequado;

Equipamento para monitorizar os sinais vitais;

Luvas não estéreis e equipamento adicional de proteção individual (por

exemplo, bata, máscara e/ou proteção ocular) podem ser necessários se o

cliente tiver uma infeção conhecida ou suspeita e/ou dependendo da

possibilidade de exposição a sangue ou outros fluidos corporais;

Lenços de papel;

Recipiente para sujos de acordo com norma de triagem de resíduos

hospitalares.

O restante material difere em função do dispositivo selecionado para a

administração de O2. Preparar tabuleiro com:

o Sonda nasal de tamanho adequado ao cliente, tubo de ligação à fonte

de O2e adesivo (hipoalergénico);

o Sonda binasal (óculos nasais) de tamanho adequado ao cliente;

8
o Máscara de O2 de tamanho adequado ao cliente e tubo de ligação à

fonte de O2.

É importante analisar as instruções do fabricante para todos os equipamentos a

serem utilizados e verificar se os mesmos estão em boas condições de

funcionamento. O cumprimento das condições de segurança, aquando da

administração de O2 é preponderante, nomeadamente:

o Extintor de incêndio disponível;

o Manutenção dos gasómetros ("balas de O2") e debitómetros de O2 na

vertical e afastados de fontes de calor;

o Sinalização da utilização de O2, para reduzir o risco de inadvertida

combustão.

ORIENTAÇÕES PARA A INTERVENÇÃO (3,5,10,12,13)


Independentemente do método para a administração de O2a utilizar, há atividades

de enfermagem globais que se realizam aquando da execução desta intervenção:

Consultar o processo clínico para:

o apreciar os dados do cliente;

o identificar o(s) diagnóstico(s) de enfermagem;

o planear os cuidados de forma individualizada;

o perspetivar resultados.

Confirmar a prescrição de oxigenoterapia, nomeadamente:

o o tipo de dispositivo a ser utilizado;

o o débito e/ou FiO2 prescrito;

o os parâmetros de saturação de O2 específicos do cliente.

Realizar a higiene das mãos e utilizar o equipamento de proteção individual

adequado à situação;

Providenciar os recursos (equipamento e materiais);

Identificar o cliente e família;

Preparar o cliente e a família para o procedimento:

9
o Apresentar-se;

o Explicar o seu papel clínico;

Avaliar a capacidade de aprendizagem do cliente/família, os défices de

conhecimento e ansiedade relativamente à intervenção:

o Determinar se o cliente/a família requer cuidados especiais em

relação à comunicação e providenciá-los (por exemplo grupo etário,

analfabetismo, barreiras linguísticas, etc.);

o Explicar o processo, as razões para a administração de O2 e eventuais

resultados esperados, respondendo a quaisquer perguntas e

fornecendo o apoio emocional, de acordo com as necessidades

identificadas;

o Informar o cliente e/ou familiares sobre a importância da ingestão

adequada de líquidos, da higiene oral e da avaliação e cuidados à pele;

o Solicitar ao cliente/família que informe imediatamente o enfermeiro

de quaisquer alterações respiratórias ou cognitivas.

Realizar apreciação preliminar do cliente:

o Avaliar o estado geral do cliente (nível de consciência, nível de

atividade, conforto/bem-estar);

o Avaliar os sinais vitais (incluindo a dor e administrar analgesia, se

prescrito e indicado);

o Avaliar o padrão respiratório e sinais de hipoxémia;

o Monitorizar a SpO2, quando necessário.

Ativar/verificar se os alarmes estão de acordo com os parâmetros

adequados para o cliente (especificamente em clientes com monitorização

da SpO2, como seja o caso de situações agudas, no cliente pediátrico, na

instituição da ventilação não invasiva [VNI] e oxigenoterapia de longa

duração [OLD]);

Posicionar o cliente com a cabeceira da cama elevada a 30° (semi-fowler)

respiratório, a não ser que contraindicado;

10
Preparar o dispositivo de fornecimento de O2 e equipamento auxiliar:

o Verificar se o debitómetro e o tubo de O2 estão firmemente ligados à

fonte de O2;

o Testar o funcionamento do debitómetro;

o Verificar se o tubo de fornecimento de O2 não interfere ou está

enrolado com outros dispositivos (por exemplo, tubos I.V.), de modo

a evitar que fique preso ou seja puxado pelos movimentos do cliente;

o Ligar um dispositivo para fornecer O2 no débito (L/min) e/ou na

concentração (FiO2) correta, se solicitado e indicado;

o Providenciar a humidificação do O2 a administrar, se indicado,

enchendo o humidificador com água destilada estéril até ao nível

definido e conectando, de acordo com as instruções do fabricante, o

humidificador ao debitómetro.

Proceder à higiene das vias aéreas superiores, se adequado (remoção de

secreções nasais e orais, de acordo com o dispositivo de fornecimento de

O2, bem como toilette brônquica 2);

Abrir o debitómetro, definindo o débito e/ou FiO2 prescrito (14) :

o Manómetro com uma válvula de ajustamento no topo;

o Indicador cilíndrico com um manípulo de ajuste do fluxo. Neste caso,

a leitura deverá ser realizada pelo centro da esfera (no exemplo

apresentado o débito definido é 2L/min.

2A toilette brônquica compreende a mobilização e exteriorização de secreções através da tosse,


deglutição e, em último recurso, aspiração de secreções.

11
Iniciar a administração colocando o dispositivo de administração de O2

(tendo em consideração o método para a administração de O2 mais eficaz

para a situação específica do cliente), ajustando-o, de modo que, a pessoa

fique o mais confortável possível;

Assegurar a recolha do material de acordo com norma de triagem de

resíduos hospitalares e realizar a higiene das mãos;

Documentar, incluindo as seguintes informações:

o Data e hora do início da administração de O2, ajustes, interrupções

ou intercorrências;

o Descrição do procedimento, incluindo o dispositivo de

fornecimento de O2 usado, fonte de O2 e o débito e/ou FiO2;

o Informação sobre a apreciação efetuada antes e após o início da

administração de O2, incluindo:

Estado geral do cliente (nível de consciência, nível de atividade,

conforto/bem-estar, coloração e integridade da pele e mucosas);

Sinais vitais;

Padrão respiratório e sinais de hipoxémia;

Monitorizar a SpO2 e tolerância à oxigenoterapia;

12
(3,4,11,12,13)
SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DE OXIGÉNIO
Taxa de fluxo (%)/
Dispositivo Indicações Considerações Atividades de enfermagem
fluxo ou débito
Escolher a sonda em função do diâmetro da
Permite à pessoa comer e falar;
narina; Limpar a pele do nariz; Medir a distância
Fácil aplicação;
entre o nariz e lóbulo da orelha com a sonda e
A respiração oral diminui o FiO 2;
marcar o local da medição (permite a obtenção
Irritabilidade tecidual da nasofaringe;
Sonda e/ou da medida correta da sonda a introduzir);
Nem sempre é bem tolerado devido ao
cateter nasal Lubrificar a extremidade da sonda com soro
Dispositivo simples desconforto que produz, sobretudo
fisiológico; Inserir a sonda em movimentos
para administrar O2 com débitos iguais ou superiores a 2
1-6L/min circulares entre os dedos (evita o traumatismo
a baixas L/min;
(24-44%) da mucosa);Fixar a sonda com adesivo; Avaliar a
concentrações Débitos superiores a 4L/min devem ser
pele do local de imobilização da sonda; Trocar o
( 6L/min) evitados devido à irritação e secura da
adesivo de fixação da sonda diariamente e
mucosa nasal;
sempre que necessário alternar o local de
Implica mudança regular da sonda;
fixação; Trocar a sonda sempre que necessário
desloca-se facilmente em pessoas
alternando o local de colocação da mesma (8/8
agitadas e confusas;
horas), de modo a manter a integridade cutânea
FiO2 variável e pouco preciso.
e a prevenir a irritação da mucosa.

13
(3,4,11,12,13)
SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DE OXIGÉNIO

Taxa de fluxo
Dispositivo (Concentração de Indicações Considerações Atividades de enfermagem
O2)

Sonda
binasal/óculos
nasais
Confortável para a pessoa (maior
Selecionar o calibre dos óculos nasais em
conforto do que com a sonda);
Dispositivo simples função da faixa etária do cliente;
Permite à pessoa comer e falar;
para administrar O2 Inserir a sonda binasal nas narinas do cliente;
1-6L/min Facilidade na colocação e manutenção
a baixas No cliente pediátrico pode existir a
(24-44%) da posição;
concentrações necessidade de imobilizar a sonda binasal com
Não pode ser usada por pacientes com
( 6L/min) adesivo hipoalergénico.
problemas de obstrução nasal;
FiO2 variável e pouco preciso.

14
(3,4,10, 11,12,13)
SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DE OXIGÉNIO

Taxa de fluxo
Dispositivo (Concentração de Indicações Considerações Atividades de enfermagem
O2)
A sua colocação é simples e indicado para pessoas
com obstrução nasal;
Método de eleição para clientes com respiração
preferencialmente oral;
Oxigenoterapia de
Possibilita a realização de nebulização;
curta duração: a Escolher a máscara em função da
Embora a administração por máscara seja uma
Máscara facial administração faixa etária do cliente;
intervenção não invasiva e indolor, por si só, a
simples (possui suplementar de O2 Ajustar a máscara de modo a
máscara pode causar desconforto físico e agitação,
lateralmente através de máscara é cobrir nariz e boca (verificar se a
sendo, muitas vezes, mal tolerada em crianças;
múltiplos apenas benéfica em peça de metal eventualmente
É necessário que a máscara esteja bem ajustada à
orifícios de clientes com existente na máscara está bem-
pele, podendo provocar irritação da pele;
expiração) capacidade adaptada, assim com os elásticos),
5-10L/min Pode ter de se usar um débito mais elevado de O2
suficiente para evitando fugas de O2 e irritação
(30-60%) para dispersar o CO2 expirado que se acumula
inspirar e expirar, ocular;
dentro da máscara (pelo menos 5L/min);
sendo geralmente Regular o débito de O2, de acordo
O cliente inala ar ambiente através de orifícios de
uma intervenção a com a prescrição;
ventilação existentes em ambos os lados da
curto prazo. A longo Verificar se todos os orifícios de
máscara;
prazo, é mais entrada e saída de ar estão abertos
FiO2 variável e pouco preciso;
adequada a e a tubuladura sem dobras ou
Contraindicada para utentes com retenção de CO 2;
utilização de sonda obstruída.
Exige remoção para comer, expetorar e tossir;
ou óculos nasais.
Maior probabilidade de aspiração de vómito;
O cliente pode sentir-se claustrofóbico e ansioso
aquando da sua utilização;
Interfere com a comunicação.

15
(3,4,12,13,14,15,16)
SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DE OXIGÉNIO
Taxa de fluxo
Dispositivo (Concentração de Indicações Considerações Atividades de enfermagem
O2)

Máscara de O2
com O reservatório possibilita administrar altas
reservatório concentrações de O2 inspirado, que podem rondar os
com 100%;
1
válvula anti Deve ter-se em atenção os efeitos decorrentes da
retorno de administração de O2 em altas concentrações (toxicidade
Ajustar a máscara de modo a cobrir
reinalação do O2);
nariz e boca (verificar se a peça de
parcial A máscara de não reinalação unidirecional
metal eventualmente existente na
Indicado para (reservatório-máscara), ao abrir, permite que o cliente
máscara está bem adaptada, assim
2
válvula de 60 75%
1 pessoas que respire o O2 administrado, mas impede que o CO2
com os elásticos), evitando fugas de O2
não reinalação 8-10 L/min necessitam de expirado entre para o reservatório durante a expiração;
e irritação ocular;
unidirecional tratamentos A máscara de reinalação parcial permite que uma
O esvaziamento do saco indica que o
curtos (menos quantidade parcial de CO2 expirado entre para o
2
60-100% débito não é suficiente, devendo o
de24h) com reservatório;
15 L/min mesmo ser ajustado até que o saco
elevadas As válvulas de exalação possibilitam a libertação do CO2
fique insuflado;
concentrações e impedem que o ar ambiente (com O2 a 21%) flua para
Observar frequentemente o saco para
de O2 a máscara;
certificar que está insuflado: não deve
As válvulas unidirecionais devem funcionar
esvaziar mais do que um terço no fim
corretamente pois, caso não se verifique, pode existir
da inspiração.
um acumular de CO2 dentro da máscara ou a entrada
de ar ambiente;
Exige remoção para comer, expetorar e tossir;
Interfere com a comunicação;
Maior probabilidade de aspiração de vómito.

16
(3,4,12,13,14)
SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DE OXIGÉNIO

Taxa de fluxo
Dispositivo (Concentração de Indicações Considerações Atividades de enfermagem
O2)
A taxa de fluxo e a A máscara de Venturi é uma máscara em forma de
concentração de O2 cone que se encaixa sobre o nariz, a boca e o
depende do mento;
adaptador utilizado; Possui uma válvula que está ligada aos tubos de
Máscara de Para administrar taxas
Há adaptadores de grande diâmetro; Ajustar a máscara de modo a
Venturi (possui precisas e altas de fluxo
baixa e alta Existem dois tipos de máscaras de Venturi: cobrir nariz e boca (verificar se a
um orifício largo de O2 sem o risco de
concentração: - uma com uma válvula fixa que roda para ajustar a peça de metal eventualmente
lateralmente e reinalação do CO2
FiO2 pretendida (A); existente na máscara está bem
diferentes exalado;
2L/min (24%) - outra com diferentes adaptadores que são adaptada, assim com os
adaptadores para Indicado para pessoas
4l/min (28%) selecionados tendo em consideração a FiO2 elásticos), evitando fugas de O2 e
a modificação da com retenção crónica
6L/min (31%) pretendida (B). irritação ocular.
FiO2) de CO2
8L/min (35%) Possibilita controlar a FiO2;
10L/min (40%) Exige remoção para comer, expetorar e tossir;
12L/min (50%) Interfere com a comunicação;
15L/min (60%) Maior probabilidade de aspiração de vómito.

(A) (B)

17
(15,16, 17)
SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DE OXIGÉNIO

Taxa de fluxo
Atividades de
Dispositivo (Concentração de Indicações Considerações**
enfermagem
O2)
Mais recentemente, estes sistemas têm tido uma aceitação cada vez
Garantir que a cânula não
maior e têm sido amplamente usados para clientes em situação crítica
obstrói as narinas (as pontas
Cânula nasal em todas as faixas etárias;
da cânula devem ocupar no
de alto fluxo Fornece uma combinação de ar ambiente e O2, humidificado e
máximo 50% da área
(CNAF) aquecido;
transversal de cada narina);
O fluxo pode ser titulado para proporcionar mais pressão
Assegurar que as misturas de
inspiratória e expiratória e melhorar o esforço respiratório do
gases são adequadamente
cliente;
aquecidas e humidificadas
Dispositivo de A concentração de O2 é titulada com base nas necessidades do
4-60 L/min* para evitar a secura e
administração cliente e nas saturações de oxi-hemoglobina;
irritação das mucosas;
de alto fluxo Mais confortável e melhor tolerada do que a VNI e máscara com
No cliente pediátrico pode
reservatório;
existir a necessidade de
Menor risco de reentubação/necessidade de ventilação invasiva;
imobilizar o dispositivo com
Indicado em clientes com bronquiolite, síndrome de dificuldade
adesivo hipoalergénico;
respiratória, insuficiência respiratória parcial (hipoxémica), após
Garantir o bom
ventilação não invasiva, após extubação endotraqueal;
funcionamento do
Os efeitos adversos incluem: epistaxis, irritação da pele causada
equipamento, eficácia,
pela cânula ou aerofagia. Eventos adversos graves são raros:
manutenção e limpeza.
pneumotoráx ou pneumomediastino.

*Nota: Em neonatos, o alto fluxo pode ser definido -6 L/min normalmente já


são consideradas de alto fluxo.
**https://www.youtube.com/watch?v=BofaJ4uqfkA (vídeo)

18
MONITORIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO (1,5,10,11,12,13,14)

Verificar periodicamente o nível de O2 no debitómetro;

Confirmar periodicamente se o nível de água destilada estéril no

humidificador se encontra dentro dos níveis definidos;

Atender aos sinais de hipóxia;

Atender aos possíveis efeitos tóxicos e colaterais do O2 antes, durante e após

a sua administração;

Avaliar a resposta do cliente à administração de O2 através:

o Do estado geral (melhoria da oxigenação, menor irritabilidade,

diminuição da ansiedade, melhoria do nível de orientação/consciência

e da coloração da pele);

o Da avaliação de sinais vitais (diminuição da frequência cardíaca e

melhoria do padrão respiratório).

A avaliação deverá ser efetuada em intervalos regulares, de modo que possam

ser identificadas melhorias na oxigenação do cliente ou que sejam iniciadas

mudanças no seu plano terapêutico;

Manter o conforto do cliente através do reposicionamento e ajuste do

dispositivo de fornecimento de O2 , conforme necessário;

Avaliar regularmente a integridade da pele e mucosas, prevenindo a sua

maceração, e sempre que necessário:

o Assegurar a humidificação adequada das mucosas, lubrificando as

narinas com lubrificante à base de água;

o Promover cuidados orais.

Na criança: dar apoio contínuo, promover a presença contínua dos pais para

reduzir a ansiedade, promover a participação e aumentar a tolerância ao

dispositivo, utilizando estratégias adequadas à sua etapa de desenvolvimento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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https://pt.slideshare.net/gersonsouza2016/manual-de-normas-de-enfermagem-

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