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Introdução
muito tempo, foi transferida para o âmbito público durante a década de setenta com a
Portugal apenas a partir da década de noventa. A violência doméstica tem sido definida
aplicados por uma pessoa a qualquer outra que habite no mesmo agregado doméstico
privado ou que, não habitando com o agente da violência, partilhe o seu contexto de
intimidade, com o objectivo de adquirir poder ou manter essa pessoa sob controlo
(Antunes, 2002).
existir uma maior incidência de violência sobre as mulheres, sendo a maioria dos
agressores homens e a maioria das vítimas mulheres, as quais possuem um maior risco
cônjuge, eram no total 1435, enquanto que as vítimas do sexo masculino em processos
totalizados em 4.
Violência Doméstica (PNCVD) remete para qualquer acto, omissão ou conduta de uma
pessoa que serve para infligir sofrimentos físicos, sexuais ou psicológicos, directa ou
2
indirectamente, por meio de enganos, ameaças, coacção ou qualquer outro meio ao seu
cônjuge. Deste modo, tem por objectivo e como efeito intimidá-lo, puni-lo, humilhá-lo
físicas ou psíquicas (Sousa, 2002). De acordo com Matos (2002), a determinação dos
início nos anos setenta. As mudanças que ocorreram ao longo desta década tiveram o
pública e apesar das dificuldades em obter dados objectivos nesta área, uma das
americana, no entanto, esta tendência tem sido contrariada pelo interesse demonstrado
3
A nível nacional, os primeiros trabalhos sobre violência conjugal surgiram
uma resposta à construção social desta temática como um grave problema. Os estudos
empíricos sobre a violência conjugal têm-se centrado nas suas formas e consequências,
física pode provocar danos corporais (hematomas, desfigurações, lesões internas) ou até
esbofetear, arranhar, morder, atirar objectos, estrangular, raptar, assassinar, entre outros.
do próprio, entre outros. A violência sexual inclui, entre outros actos, a violação, o
Câmara, 2005). Em qualquer acto de violência conjugal é necessário ter em conta a sua
intencionalidade, pois esta encontra-se ligada ao contínuo que existe entre os maus-
tratos psicológicos e físicos. Na grande maioria dos episódios violentos, estes começam
por ataques verbais e podem conduzir a outras formas de violência, tal como a violência
apontados três grupos de factores que contribuem para esse tipo de violência: o
4
isolamento, a fragmentação e o poder/domínio ou influência moral. Relativamente ao
impacto específico de todos estes factores pode ser moderado pelo género (Caridade &
5
Conferência Ministerial Europeia sobre a Igualdade entre Mulheres e Homens, em
Roma no ano de 1993, o esforço do Conselho da Europa em tomar esse combate como
uma prioridade tem vindo a intensificar-se. Em 1997, esta acção foi apoiada pelos
noventa, através da realização dos primeiros estudos promovidos pela Comissão para a
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2 – Proteger as Vítimas e Prevenir a Revitimação;
4 – Qualificar os Profissionais;
mesmo.
de Outubro de 2006, compete à CIG a prossecução e execução das políticas públicas nas
apoio às mulheres vítimas de violência doméstica. A essas ONG se deve o impulso para
verifica o maior número de situações de violência, que neste contexto se assume como
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violência contra as mulheres raramente se consubstancia em apenas uma situação ou
Por estas razões, o III PNCVD tem como objectivo primordial de intervenção o
trabalham nesta área, nomeadamente as que prestam apoio às vítimas e as que dirigem a
apoiada pelas diversas associações existentes em todo o país, tais como a CIG em
conhecido pela sociedade em geral, possuindo vários gabinetes distribuídos por todo o
país. Para além de todas estas associações, existe o Serviço de Informação às Vítimas de
tem vindo a apresentar uma maior visibilidade, decorrente de uma crescente percepção
parte das vítimas de crime. Os estudos nacionais sobre a violência conjugal incidiram
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compreensão qualitativa. De uma forma geral, as suas amostras dividem-se em dois
desenvolvimental e contextual (Machado, Matos & Moreira, 2003; Paiva & Figueiredo,
2004; Caridade & Machado, 2006; Matos, 2006; Matos, Machado, Caridade & Silva,
consiste num período fulcral e de muitas mudanças. Por esse motivo, as atitudes
recursos na comunidade.
1999; Neves, 2003; Dias, 2004; Coelho, 2005; Machado, 2005; Pereira, Matos &
9
uma co-ocorrência dos diferentes tipos de abuso e uma elevada prevalência do
Assim, conclusões dos estudos nacionais sobre violência conjugal apontam para
a necessidade de não perceber este problema como exclusivo ao casamento nem como
algo que se está a desvanecer ao longo das novas gerações, pois a cultura da prevenção
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Neste período, a violência conjugal representou cerca de 85% do total das
2006, o número de casas de abrigo para vítimas deste crime era de 34, com capacidade
ambos (65,7%).
variáveis sócio-demográficas das mulheres estudadas. Deste modo, pode ser inserido na
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2. Perspectivas explicativas da violência conjugal
ofensiva que não consegue controlar (Gottman, Jacobson, Rushe, Shortt, Babcock,
LaTaillade & Waltz, 1995; Marques-Teixeira, 2001; Queirós, 1997). Esta leitura tem-se
(Margolin, Gordis, Oliver & Raine, 1995; Ornduff, Kelsey & O’Leary, 1995). Em
conjugal tenham níveis de ira/raiva superiores aos dos não agressores e, em segundo
canalizam apenas a sua agressão para as mulheres, dentro do contexto doméstico, e nos
e controlados, na maioria dos casos. Estas teorias não constituem uma base sólida para
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como consequência de conceitos históricos e sócio-culturais, tais como as sociedades
Wilson & Daly, 1992; Yllo, 1993). As teorias feminista e pró-feminista representam um
dos modelos explicativos dominantes e mais desenvolvidos no âmbito dos estudos sobre
diádica e individual das dinâmicas relacionais, destacando duas dimensões que estariam
poder é concebido e expresso, quer ao nível das suas bases (a influência), dos seus
conjugal é vista como uma expressão de poder relacional ou como uma reacção à
percepção de redução de poder (Stanko, 1990). Deste modo, o género masculino apoia-
se na violência para preservar o status quo e para exercer as suas posições de poder e
controlo. Neste contexto, a violência reside na privação de poder por parte de outrem: o
preservar, recorre ao uso da força (Matos, 2002; Stanko, 1990; Yllo, 1993).
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consumo excessivo de substâncias e reduzida tolerância à frustração. Nas características
ser desaprendido ou substituído por outro mais adequado (Carden, 1994; Mihalic &
Elliot, 1997). Embora seja criticada por não enfatizar suficientemente o impacto de
desenvolvimento psicossocial para explicar a violência masculina e ainda por propor, tal
conjugal. Este modelo postula que a experiência de vitimação na infância favorece a sua
perpetuação no seio da família, ao longo das gerações (Machado, Gonçalves & Vila-
Lobos, 2002; Perrot, 1994). A ideia de que a violência gera futura violência, designada
vida adulta, não parece ser assim tão linear (Gelles & Loseke, 1993; Pagelow, 1984).
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impotência e incapacidade para alterar as situações difíceis faz-se através da existência
um ciclo de violência (Walker, 1979). Este ciclo apresenta três fases que variam no
tempo e na intensidade para o mesmo casal e para diferentes casais: 1) fase da tensão
mulher consegue lidar de diversas formas, acreditando que irá conseguir controlar o
responsabilidade pelos mesmos. Por muito intensos que sejam os incidentes isolados, as
mulheres tendem a minimizá-los, pois sabem que o agressor é capaz de fazer pior,
iniciais desta fase, as mulheres possuem algum controlo limitado, contudo, à medida
que a tensão cresce, esse controlo é rapidamente perdido. Desta forma, as mulheres
mínimos são cada vez mais frequentes e a raiva consequente apresenta uma maior
facto de não conseguir controlar a raiva. Deste modo, o factor desencadeante desta fase
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depende, na grande maioria dos casos, do homem. Esta fase apresenta uma duração
controlo, onde a antecipação do que poderá acontecer pode provocar stress psicológico
grave na mulher.
descrença de que aquilo tenha de facto acontecido. Tanto o agressor como a vítima
período de reconciliação chega com a tão desejada “lua-de-mel”, caracterizada por uma
afectuosos e atenciosos do homem, que acredita nunca mais magoar a mulher nem
perder o controlo sobre si próprio. A mulher, por seu lado, quer acreditar que nunca
mais vai ser agredida e que o parceiro conseguirá mudar o seu comportamento. Nesta
habitualmente, mais longa que a da segunda, mas mais curta que a da primeira. A
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3. Vinculação no adulto
outros (modelo do outro). A estrutura interna das experiências acerca do próprio e dos
outros influencia o modo como o adulto regula as emoções e a sua competência social.
Modelo do self
Positivo (dependência) Negativo
(baixo) (elevado)
Positivo SEGURO PREOCUPADO/ANSIOSO
(baixo) Confortável com Preocupado
a intimidade Ambivalente
Modelo do outro e a autonomia Muito dependente
(evitamento) DESLIGADO RECEOSO/EVITANTE
Negação da vinculação Receio da vinculação
Negativo Desligado da intimidade Evitante a nível íntimo
(elevado) Oposição à dependência Evitante a nível social
1) seguro – o indivíduo possui uma visão positiva em relação a si e aos outros, apresenta
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encontrando-se numa posição confortável em relação a si próprio e conseguindo estar
sozinho;
aos outros, sente-se desconfortável se não tiver uma relação íntima, precisa de estar
inadequação nas suas relações sociais, e o seu sistema de regulação é efectuado pelos
outros;
ausência de relações íntimas, prefere não depender dos outros nem ter os outros a
face aos outros, sente-se desconfortável com a proximidade emocional, é-lhe difícil
exige a consideração das tarefas específicas deste período do ciclo de vida (Cavanhaug,
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nucleares do jovem adulto. Factor primordial para assegurar a autonomia inerente à
subsequente nesta área demonstrou que as relações românticas são as mais importantes
Shaver & Hazan, 1993). Deste modo, após algum tempo de relação, o parceiro
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romântico constitui a figura de vinculação principal. Ao longo deste período, o processo
pela atracção sexual, mas sim pela procura de uma intimidade mais geral, para alcançar
uma fonte de segurança. As trocas afectivas começam a implicar emoções mais fortes e
cada parceiro revela os seus sentimentos, fornecendo informações sobre a sua história
atracção sexual tem menos importância e as trocas emocionais ocupam o lugar principal
deste.
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laços diminuem, dado que existe a garantia de uma interdependência mais profunda da
ligação emocional.
focalizam na qualidade da interacção da díade (Faria et al., 2007). Deste modo, estudos
21
4. Vinculação e violência conjugal
da origem dos conflitos relacionais como das diferenças individuais em lidar com os
suas relações românticas de uma forma mais positiva e pautadas pela expressão
recíproca de afecto positivo e por reduzidas expressões de afecto negativo, como raiva
manifestar pouco afecto, preferindo evitar o conflito. As suas relações românticas são,
intenso medo de abandono, antagonizado pelo desejo de fusão com o outro e pautado
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pela desconfiança, ciúme e uma maior vulnerabilidade à solidão. Pelo contrário, os
indivíduos com estilo de vinculação receoso não lidam activamente com a sua angústia,
marcam a relação romântica, assumindo um papel passivo. Deste modo, no que diz
(Brennan & Shaver, 1995; Crowell, Treboux & Waters, 2002; Feeney & Noller, 1990;
nomeadamente quando a relação romântica adquire uma conotação mais séria, após o
agressores não são violentos fora do contexto da relação conjugal, exercendo a violência
apenas sobre aqueles que lhe são mais íntimos (Roberts & Noller, 1998).
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A vinculação na violência conjugal pode ser explorada por duas vias, a
explicação dos conflitos existentes no seio do casal, contudo, no que diz respeito à
parceiro conjugal que se preocupa com o abandono e um outro que receia a intimidade,
Noller, 1998; Schachner, Shaver & Mikulincer, 2003). Deste modo, tomando o homem
violento, assumem uma maior raiva e hostilidade perante a sua parceira conjugal e, após
esse mesmo comportamento, percepcionam tanto a sua parceira como a sua relação de
uma forma menos positiva no que diz respeito ao amor, ao compromisso, ao respeito
demonstram nem assumem a sua angústia e não sentem raiva perante o seu parceiro
conjugal, logo não compreendem a sua relação de uma forma menos positiva. A
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dificuldade em comunicar e exprimir os seus sentimentos. O papel passivo e o
se baseia no medo de nunca mais serem desejadas por alguém no futuro. Enquanto que,
prestado, nos agressores, quanto maior for o evitamento da intimidade, menor será o
grau de apoio e afecto para com a sua parceira (Dutton, Saunders, Starzomski &
Bartholomew, 1994; Roberts & Noller, 1998; Simpson, Rholes & Phillips, 1996).
feminino que tenham sido vítimas de violência conjugal, o estilo de vinculação seguro
recebem apoio do seu parceiro. Assim, reagem de uma forma emocional, mas não lidam
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pautada pela paixão, havendo uma maior dependência e investimento por parte destas
o facto de não encontrarem outro alguém para partilhar a sua vida e idealizando o
evitamento de conflitos (Rholes, Simpson & Orina, 1999; Simpson, Collins, Tran &
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5. Objectivos
ser explorada tanto na perspectiva do agressor como da vítima, a vinculação não tem
desligado –, o qual integra a visão do indivíduo sobre si próprio (modelo do self) e sobre
escolha destas variáveis justifica-se pelo facto de ser a informação requerida na grande
maioria dos estudos sobre violência conjugal e a mais relevante para a avaliação do
estilo de vinculação.
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6. Método
seria obtida através das queixas apresentadas à APAV. O recurso às associações por
parte destas vítimas é, muitas vezes, a opção tomada, pois o contexto privado
para apresentar queixa na polícia. A APAV seria a associação escolhida por diversas
trabalho que tem vindo a realizar e à sua divulgação nos meios de comunicação; em
apoio.
sofrido maus-tratos físicos, psicológicos ou sexuais por parte do seu parceiro no último
ano e que 2) vivessem maritalmente com o mesmo, quer seja em união de facto ou
relação conjugal e período de vitimação, a definição dos seus níveis tem por base os
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- duração da relação conjugal e período de vitimação – menos de 1 mês, entre 1 e 3
meses, entre 4 e 6 meses, entre 7 e 9 meses, entre 10 meses e 1 ano, entre 2 e 5 anos,
& Silva, 1996) (ver anexo 1) e Entrevista de Vinculação aos Pares (EVP; adaptação de
Matos, Barbosa & Costa, 1997) (ver anexo 2). Relativamente à combinação de métodos,
(Bartholomew & Shaver, 1998). Neste estudo, a escolha do QER e da EVP para medir a
vinculação justifica-se pela sua combinação adequada, pois tanto a entrevista como a
O QER é composto por 33 itens que são avaliados através de 5 pontos, em que 1
indica “Não tem nada a ver comigo” e 5 “Tem muito a ver comigo”. O ponto 3
encontra-se igualmente definido (“Tem algo a ver comigo”) e os pontos 2 e 4 devem ser
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que constituem o QER correspondem à tradução de dois questionários norte-
1990; Bartholomew & Horowitz, 1991; Griffin & Bartholomew, 1994), tendo como
objectivo avaliar o estilo de acordo com o modelo proposto pelos seus autores. Os
33, resultaram da comparação sistemática entre o RSQ e o AAQ, pois a maioria dos
itens eram iguais ou praticamente idênticos. Dessa comparação constatou-se que apenas
3 itens do AAQ não se encontravam incluídos no RSQ com uma redacção análoga ou
quase, sendo seleccionados para inclusão no QER, agora composto pelos 33 itens. O
QER foi concebido para auto-aplicação e pode ser utilizado em aplicações colectivas,
4 da escala de avaliação surge frequentemente. Nesses casos esclarece-se que devem ser
descritores que assegurem a igualdade dos intervalos entre todos os pontos da escala de
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relações, nomeadamente as suas experiências de aceitação e rejeição, de dar e receber
de Bartholomew & Horowitz (1991). A EVP é constituída por diversas questões que se
destes conjuntos de questões, existem 22 escalas que devem ser codificadas entre os
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emocional e evitamento são outras escalas relevantes para as classificações dos estilos
Para além dos grupos de questões e das escalas, a EVP contém uma ficha de cotação a
preencher após a sua aplicação. Nesta ficha, os estilos de vinculação são classificados
através de uma escala de 9 pontos, em que 1 indica “Sem evidência deste padrão” e 9
dados relativamente à amostra, teria de ser utilizado um questionário acerca das suas
6.3. Procedimentos
sua relação romântica. Logo numa primeira abordagem à sua participação e antes da
participantes.
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seria administrado o questionário por apresentar um conjunto de itens de fácil
por ter uma duração mais longa. Durante a administração dos instrumentos, seriam
33
Relativamente à EVP, a codificação das escalas seria efectuada de acordo com
conteúdo das respostas às questões abertas de cada uma das temáticas da entrevista. Na
teria de ser codificado separadamente, pois as cotações de cada indivíduo indicam uma
demográfica da amostra.
vitimação.
(X2). No âmbito deste teste, seria aplicado o Teste de Independência, cuja hipótese nula
(H0) é uma hipótese de independência, isto é, as duas variáveis são independentes. Com
a rejeição de H0, existiria uma relação entre o estilo de vinculação e o estado civil.
34
lugar, verificar se as variáveis métricas seguiam uma distribuição Normal ou não. No
teste (F) fosse significativa, H0 seria rejeitada, logo existiria uma tendência das variáveis
segundo caso, seria utilizado um teste não paramétrico, o Teste de Kruskal-Wallis, cuja
existiria um grupo com maior número de observações, indicando uma tendência das
variáveis para determinado estilo de vinculação. Após a rejeição de H0, seria aplicado o
tendência a diferir.
35
7. Discussão e conclusão
postula que uma pessoa com estilo seguro apresenta uma elevada coerência,
incoerente e idealista quando fala das mesmas, muito dependente dos outros para a sua
estilo receoso, uma pessoa manifesta uma baixa auto-estima e evitamento da intimidade
experiência funcional desses afectos conduz à flexibilidade da sua resposta para lidar
coping como, por exemplo, a procura de uma fonte de apoio. A sua prevalência poderia
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ser justificada pela sua capacidade em avaliar realisticamente o seu parceiro e respectiva
estilo poderia ser baseada no facto destas mulheres apresentarem queixa no período de
pós-stress devido à ausência de apoio por parte do seu parceiro e à dificuldade em lidar
demonstram nem assumem sentir angústia ou raiva pelo seu parceiro. A relação não é
emocionalmente.
prevalência poderia ser apoiada pelo evitamento quanto a futuros conflitos, pelo baixo
nível de envolvimento emocional com o seu parceiro e pela importância que atribuem à
vítimas. Resultado semelhante poderia ser obtido com o presente estudo, contudo, é
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necessário considerar a diferença de populações das respectivas amostras: enquanto que
estudo pertenceria a uma população latina. Deste modo, torna-se relevante salientar a
Dentro deste conjunto seria possível identificar a violência na família de origem, a falta
38
estatuto da relação e experiências relacionais passadas, e a desconsideração da
presente estudo.
De uma forma geral, a variável idade poderia indicar a faixa etária que,
Com a variável estado civil definida pelos níveis “casada” e “união de facto”
mulher em ficar ou sair da relação. Por um lado, o número de filhos poderia estar
relacionado com o estilo de vinculação e, por outro lado, não seria possível diferenciar
Pouco considerada nos estudos, mas muito utilizada para dados estatísticos, a
mulher. De acordo com a revisão de literatura, após algum tempo de relação, o parceiro
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constitui a principal figura de vinculação. Durante este período, são estabelecidas
fases, as quais poderiam ser determinadas de acordo com os níveis definidos para a
vinculação se encontra relacionado com esta variável, por um lado, pelo menor período
período de vitimação encontra-se definida com níveis idênticos aos da variável anterior.
comportamentos vão adquirindo uma conotação cada vez mais violenta, começando por
decorrendo através de um ciclo de violência constituído por três fases, cujo tempo e
violentos por parte tanto do agressor como da vítima. Deste modo, pretendia-se analisar
estranhas.
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Para além dos atributos que este estudo apresenta, existem alguns aspectos a
a necessidade de uma formação de um ano para poder aplicar a EVP, o que se poderá
tornar numa desvantagem. Quanto aos possíveis resultados, poderá ser importante
controlar outras variáveis que não as do presente estudo, mas que possam influenciar os
resultados, tais como a decisão de ficar ou sair da relação por parte da mulher, a vítima,
estudo que, neste caso, foca apenas o sexo feminino. Deste modo, devem ser igualmente
próprio parceiro, na relação próxima que mantêm com o mesmo, nos sentimentos de
encontra em risco, assim como a sua integridade humana. Outro dos factores para o qual
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funcionamento disfuncional se baseia nas inseguranças da vinculação. Deste modo,
igualmente ter uma base neste estudo, visto que o estilo de vinculação é influenciado
pela qualidade relacional sentida pelo casal ou, pelo contrário, pela insatisfação e
processo de negociação.
prática do time-out, uma das intervenções mais aplicadas nas pessoas que experienciam
violência nas suas relações românticas. Esta técnica designa-se para situações em que o
utilizado adequadamente, o casal volta a reunir-se, desta vez com capacidade e controlo
interacção. Este resultado poderá ser prejudicial não só para a actual situação como
de saúde mental devem ter um cuidado particular nesta matéria, sendo necessária muitas
Tal como a informação empírica, espera-se com este estudo demonstrar que a
violência conjugal não consiste num problema exclusivo ao casamento nem em algo
42
perspectiva da teoria da vinculação. De futuro, a política da prevenção deve ser
43
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