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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

WESLLEY DE SOUZA MARQUES

RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE DOCÊNCIA

Belém-Pará, 2023
WESLLEY DE SOUZA MARQUES

RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE DOCÊNCIA

Relatório de Estágio de Docência


apresentado ao Programa da Pós-
graduação (PPGG/UEPA) como
requisito de avaliação da disciplina
Estágio de Docência.

Belém-Pará, 2023
1 – Introdução

O estágio, enquanto parte integrante do currículo do ensino superior, corresponde em


grande parte a momentos onde o futuro profissional, independentemente da sua área, entra
em contato com o campo real de suas responsabilidades reconhecendo a relação entre
teoria e prática na construção formativa de alunos, bem como, nas mais diversas formas do
fazer científico em seu campo epistêmico.
Nesse processo formativo, tais momentos de interação, experimentação e vivências de
alunos graduandos ou pós-graduandos com a docência, em contextos mais próximos das
realidades educacionais, tem grande relevância. Filho (2010) e Pimenta (2014) consideram
o estágio como um dos principais elos entre o conhecimento construído durante a vida
acadêmica e a experiência docente, saberes que permitem a reflexividade da ação docente e
das práticas escolares, por meio do diálogo com e na realidade profissional”. (PIMENTA
2014, p.71).
O presente relatório realiza a descrição de atividades referentes ao estágio em docência
na disciplina “Geografia Agrária”, com carga horária de 80 horas, ministrada no período de
setembro de 2022 a abril de 2023, pelo Profº. Dr°. Fabiano de Oliveira Bringel, na turma
de Licenciatura em Geografia, sexto semestre da Universidade do Estado do Pará (UEPA)
em Belém-Pará. Encontra-se organizado da seguinte forma: em um primeiro momento
tratamos das experiências, cronograma de atividades e leituras desenvolvidas, detalhando
tanto o caráter teórico quanto o caráter prático do acompanhamento, logo após, nossa
avaliação geral.
2 – A experiência do estágio de docência em uma turma de Licenciatura em
Geografia da Universidade do Estado do Pará (UEPA)

Partindo do pressuposto de que o estágio apresenta-se como uma das mais importantes
experiências acadêmicas para a formação de futuros docentes, pois possibilita a conciliação
de práticas e experiências educacionais em processos formativos, concordamos com
Guerra (1995), quando considera tal caráter do estágio supervisionado na busca constante
da realidade para uma elaboração conjunta do programa de trabalho na formação do
educador.
E é nesse sentido que buscamos desenvolver essa importante experiência vinculada ao
Programa de Pós-Graduação em Geografia – PPGG, no Centro de Ciências Sociais e
Educação da Universidade do Estado do Pará - UEPA, com a turma de licenciatura em
Geografia, sexto semestre, com disciplina “Geografia Agrária”, ministrada pelo Profº. Drº.
Fabiano de Oliveira Bringel. Que apresentou uma ementa com o referencial teórico e
cronograma dividido em encontros, atividades avaliativas distribuídas entre leituras,
resumo, debate, avaliação, palestra e trabalho de campo.
Os encontros ocorreram no período de setembro de 2022 à abril de 2023, com 1
encontro às terças-feiras de cada semana, somando um total de 80 horas, cabendo destacar
que por razão da realização de eventos e outras atividades, não foi possível a realização de
tais encontros em todas as semanas do período destacado, como veremos a frente.

2.1 – Do acompanhamento teórico e prático

A ementa da disciplina foi estruturada a partir de eixos fundamentais da temática,


sendo eles: A Geografia agrária e a questão agrária; A agricultura sob os diferentes modos
de produção; A renda da terra, estrutura interna e as especificidades da atividade agrícola;
A relação agricultura e indústria e a formação de complexos agroindustriais – CAI's; As
Fronteiras Agrárias Capitalistas e sua reestruturação espacial; A situação atual do campo:
política de assentamentos, a estrutura agrária e os conflitos por terra e território; Educação
do campo.
Objetivando possibilitar o debate e acúmulo teórico sobre a estruturação do espaço
agrário e suas perspectivas de ensino-aprendizagem, através das leituras que
fundamentaram todo o processo construtivo da disciplina, dispostas na tabela a seguir:

Tabela 1: Cronograma das atividades desenvolvidas

Tema Dia Atividade

Início da disciplina 27/09/22 Orientação geral sobre a


estrutura da disciplina,
apresentação da bibliografia e
metodologia avaliativa;

Linhas de interpretação do 04/10/22 Debate inicial sobre as


Agrário Brasileiro principais linhas de
interpretação do Agrário
Brasileiro;

A renda da terra, estrutura 18/10/22 Leitura e discussão do V. Cap.


interna e as especificidades da da obra “A Sujeição da Renda
atividade agrícola na Brasil; da Terra ao Capital e o Novo
Sentido da Luta Pela Reforma
Agrária” de José de Souza
Martins;

A renda da terra, estrutura 25/10/22 Leitura e discussão do V. Cap.


interna e as especificidades da da obra “A Sujeição da Renda
atividade agrícola na Brasil; da Terra ao Capital e o Novo
Sentido da Luta Pela Reforma
Agrária” de José de Souza
Martins;

A renda da terra, estrutura 08/11/22 Leitura e discussão do V. Cap.


interna e as especificidades da da obra “A Sujeição da Renda
atividade agrícola na Brasil; da Terra ao Capital e o Novo
Sentido da Luta Pela Reforma
Agrária” de José de Souza
Martins;

A renda da terra, estrutura 13/12/22 Leitura e discussão do V. Cap.


interna e as especificidades da da obra “A Sujeição da Renda
atividade agrícola na Brasil; da Terra ao Capital e o Novo
Sentido da Luta Pela Reforma
Agrária” de José de Souza
Martins;

A relação entre a agricultura e 20/12/22 Leitura e discussão do


indústria e a formação de trabalho: “A Nova Dinâmica
complexos agroindustriais – da Agricultura Brasileira” de
CAI´s; José Grazziano da Silva;

A Produção e a estrutura do 10/01/23 Palestra intitulada: “O


espaço agrário brasileiro, ambiente e o agrário no
políticas ambientais e Brasil: desmonte da política
produção alimentar; ambiental e a concentração de
terras” com Geraldo Silva;

Fronteiras Agrárias 24/01/23 Leitura e discussão do


Capitalistas; trabalho “Fronteira: a
degradação do Outro nos
confins do humano”, de José
de Souza Martins;

Educação do Campo e 31/01/23 Leitura e apresentação do


Geografia na Amazônia trabalho: “Práticas contra-
hegônicas na formação de
educadores: reflexões a partir
do curso de licenciatura em
Educação do Campo do sul e
sudeste do Pará”, de SOUZA,
H; SILVA, I; RIBEIRO, N
(orgs), pela primeira equipe.

A situação atual do campo: 07/02/23 Leitura e apresentação do


política de assentamentos, a trabalho: “Lutas por Terra e
estrutura agrária e os conflitos Lutas por Território nas
por terra e território. Ciências Sociais brasileiras:
fronteira, conflitos e
movimento”, de André Dumas
Guedes, pela segunda equipe.
Avaliação final, orientações 14/02/23 Avaliação em formato de
gerais sobre trabalho de produção textual dissertativa.
campo e finalização dos
encontros presenciais da
disciplina.

Fonte: Elaborado pelo autor

Cabe destacar nosso envolvimento na comissão organizadora e secretaria geral do


XXV Encontro Nacional de Geografia Agrária – ENGA, ocorrido no período dos dias 08,
09, 10 e 11 de dezembro de 2022, no Centro de Ciências Sociais e Educação –
CCSE/UEPA, onde junto dos discentes, professores da faculdade de Geografia, do
Programa de Pós-Graduação em Geografia – PPGG, grupos de pesquisas e demais, nos
somamos ao debate das “Geografias Agrárias a partir da Panamazônia, lutas
socioambientais e fronteiras do capital no Brasil”.
No que se refere ao processo avaliativo da disciplina, destacamos o caráter contínuo
do mesmo, uma vez que ocorreu a partir dos encontros, associado ao critério de
participação, presença, leitura e contribuições de cada discente nas aulas por meio das
referências bibliográficas.
Para além de tais critérios, houve a execução de pelo menos quatro processos
avaliativos, sendo eles: a) Resumo do trabalho “Modo capitalista de produção, agricultura
e reforma agrária”, de Ariovaldo Umbelino de Oliveira, b) Seminários, c) Avaliação em
formato de produção textual dissertativa, d) Trabalho de campo com exposição dos
devidos resultados.
Esta última atividade fora planejada inicialmente para o período dos dias 06, 07 e 08
de março, e reagendada para 05 e 06 de abril, onde os discentes puderam visitar o
município Moju (PA), buscando compreender a realidade e as dinâmicas camponesas e
agroindustriais da região.
Nessa ocasião, executamos junto ao professor responsável, a escolha da bibliografia de
apoio ao trabalho de campo, a construção de plano de aula, bem como experienciamos a
prática docente a partir de tais bibliografias, sob a devida supervisão.

Tabela 2: Bibliografia de apoio para trabalho de campo

Trabalho Título Autor(a)

Artigo O trabalho coletivo como resistência em uma ANDREATA, Helton Kania.


comunidade no quilombo Jambuaçu, Moju, FERNANDES, Ana Paula
Pará. Donicht.; MOTA, Dalva
Maria da. (2022).

Artigo História e Memória de um município da BRINGEL, Fabiano de


Amazônia: a chegada do “progresso” em Oliveira.; SACRAMENTO,
Moju/PA (Década de 1980) Elias Diniz. (2016)

Dissertação Comunidades Quilombolas de Jambuaçu, Moju- SANTIAGO, John Cleber


PA, contra as agroestratégias do capital: Sarmento. (2018).
Juventude e territórios de R-existencias

Fonte: Elaborado pelo autor

Assim, o referencial teórico, a supervisão e a orientação, nos deram subsídios para


pensar junto às realidades visitadas, sobretudo, como o profissional geógrafo pode ser
fundamental a leitura do espaço geográfico e consequentemente das realidades humanas no
campo brasileiro, e em especial no campo amazônico, espaço de grandes singularidades e
processos dialéticos que historicamente perfizeram e seguem perfazendo geografias.

3 – Avaliação discente

Realizar as vivências do estágio docência me possibilitou compreender, primeiro


lugar, a relevância desse processo na construção de conhecimentos dentro e fora de sala de
aula, pois, por meio da observação, planejamento, aplicação, compartilhamento, escuta e
exercício de habilidades do processo de ensino-aprendizagem vivido, fora possível ter
dimensão da área profissional, e além disso, visualizar a própria Geografia como
instrumento imprescindível a leitura da realidade do campo brasileiro.
Ou seja, leitura de uma ciência comprometida, de responsabilidade ético-política, pela
qual o olhar do docente e sua atuação e interpretação, encontram-se pautados pela
diversidade, pelo diálogo e pela compreensão de que existem diversos sujeitos, interesses e
modelos de desenvolvimento e sociedade em curso nas realidades camponesas, e que
estruturam seus modos de vida e territórios.
Destacamos ainda, a grande contribuição dada pelo docente supervisor que nos
privilegiou com o compartilhamento de seu conhecimento e experiências durante todo o
período da disciplina.
Por fim, salientar a contribuição de toda a experiência para com nossa pesquisa de
dissertação de mestrado neste programa, visto que, revisitar e discutir bibliografias e a
troca com pessoas que têm se ocupado em pensar o campo brasileiro, em especial a
Amazônia e seus povos, as contradições e as consequentes resistências que atravessam
projetos e comunidades, agregou ainda mais a esse desenvolvimento.

Referências

PIMENTA, S. G. Professor reflexivo: construindo uma crítica. In: PIMENTA, S. G.;


GHEDIN, E. (Orgs.). Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. 4
ed. São Paulo: Cortez, 2006.

FILHO, A. P. O Estágio Supervisionado e sua importância na formação docente. Revista


P@rtes. 2010. Disponível em:
http://www.partes.com.br/educacao/estagiosupervisionado.asp.

PAULINO, E. T. Geografia Agrária e Questão Agrária. IN: FERNANDES, B.M.;


MARQUES, M. I. M.; SUZUKI, J. C. Geografia Agrária – Teoria e Poder. São Paulo:
Expressão Popular, 2007. (11/10)

OLIVEIRA, A. U. Modo Capitalista de Produção e Agricultura. São Paulo: Ática,


1995. 18/10.

MARTINS, J. S. A Sujeição da Renda da Terra ao Capital e o Novo Sentido da Luta Pela


Reforma Agrária (CAP. V). IN: MARTINS, J. S. Os Camponeses e a Política no Brasil –
as lutas sociais no campo e seu lugar no processo político. Petrópolis: Vozes, 1986. 25/10

GRAZZIANO DA SILVA, J. Do Complexo Rural aos Complexos Agroindustriais. IN:


GRAZZIANO DA SILVA, J. A Nova Dinâmica da Agricultura Brasileira. Campinas:
EDUNICAMP, 1996. 01/11

MARTINS, J. S. Fronteira: a degradação do Outro nos confins do humano. São Paulo:


HUCITEC, 1997. 08/11

SOUZA, H.; SILVA, I; RIBEIRO, N. (orgs). Práticas contra-hegemônicas na formação


de educadores: reflexões a partir do curso de Licenciatura em Educação do Campo
do sul e sudeste do Pará. Brasília: MDA-NEAD, 2014. (cap. 01) 15/11
GUEDES, A. D. Lutas por Terra e Lutas por Território nas Ciências Sociais brasileiras:
fronteira, conflitos e movimento. IN: ACSELRAD, Henri. Cartografia Social, Terra e
Território. Rio de Janeiro: IPPUR/UFRJ, 2013, 318p. 29/11

CRUZ, V. C. Das Lutas por Redistribuição de Terra às Lutas pelo reconhecimento do


Território: uma nova gramática das lutas sociais? IN: ACSELRAD, H. Cartografia Social,
Terra e Território. Rio de Janeiro: IPPUR/UFRJ, 2013. Jamielle, Xerfan, Beatriz (16/11)
Luis Henrique. (13/12)

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