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Semântica DO Inglês: Daisy Batista Pail
Semântica DO Inglês: Daisy Batista Pail
DO
INGLÊS
Introdução
Semântica lexical é um subcampo da semântica linguística e seu objeto é
o significado linguístico, ou seja, está centrado na palavra e nos diferentes
tópicos relacionados a ela. Entretanto, outros campos de estudo também
têm como objeto o significado, o que torna necessária a delimitação entre
essas possibilidades. Além de não haver uma única semântica, também
não há uma única semântica lexical. Existem diferentes abordagens, e
cada uma tratará o significado de uma forma, assim como fará interface
com diferentes campos de conhecimento.
Independente da abordagem a se adotar, a semântica lexical permite
uma compreensão mais aprofundada, ou mais fina, dos verbos. O trata-
mento dos verbos dentro da semântica lexical permite que se relacione
a sua estrutura argumental com a estrutura sintática e as propriedades
sintáticas das sentenças.
Neste capítulo, você estudará o que é semântica lexical, principal-
mente no viés de sua contribuição para a análise e entendimento de
verbos.
2 Lexical semantics of verbs
Semântica lexical
A semântica lexical permite compreender certos detalhes da língua. De modo
geral, é possível dividir a semântica lexical em dois grandes grupos, de acordo
com Cruse (2003), holismo e localismo. Na abordagem holística, o significado
de uma palavra é essencialmente relacional, isto é, a relação de uma palavra
com as demais é contextual. Na abordagem localista, também chamada de
atomista, o significado de uma palavra está contido nela mesma, sendo passível
de descrição independentemente de outras palavras.
Conforme afirma Cançado (2013), em semânticas lexicais há diferentes
abordagens, desde as que enfocam nas mudanças no sentido de uma palavra em
uma relação histórico-filológica, até as que enfocam em protótipos, metáforas
conceituais e semântica de frames em uma relação cognitiva (e que seriam
holísticas). Ainda de acordo com essa autora, o que essas abordagens têm em
comum quanto ao significado é a relação entre a língua e sua representação
mental, sem se preocupar com o aspecto extralinguístico (“mundo público”)
envolvido na comunicação linguística.
Léxico é o conjunto de palavras com informação necessária para sua
aplicação adequada às regras gramaticais. Apesar de palavra ser de identi-
ficação intuitiva para o falante de uma língua, na teoria não há uma única
definição, muito menos uma que seja satisfatória para as diferentes línguas.
Em sentido amplo, as palavras consistem em unidades básicas que têm forma
e significado. Como o nome sugere, a semântica lexical aborda o léxico, das
palavras aos afixos, às relações entre palavras, a relação entre os significados
e os conceitos, entre outros, sem, entretanto, se limitar à noção de “depósito
de palavras” (JACKENDOFF, 2013).
Uma dessas possibilidades é a análise da relação de sentido das palavras
com a sintaxe, como é o caso da decomposição lexical em predicados pri-
mitivos. Nela “os conceitos lexicais devem ter uma estrutura composicional,
e a f-mente do aprendiz da palavra junta significados de partes menores”
(JACKENDOFF, 2003, p. 334), algumas das quais podem servir como possíveis
significados de palavras.
Assim, é possível que sejam identificados certos elementos que compõem
o significado de uma palavra, o significado desses elementos e sua relação
com a sintaxe.
Lexical semantics of verbs 3
Semânticas
A semântica pode ser estudada por diferentes abordagens e, embora tenha como
objeto o significado, nem todas são linguísticas, por exemplo, web semântica
ou semântica na semiótica. Enquanto subcampo da linguística, a semântica é
Lexical semantics of verbs 5
o estudo do significado das línguas. Ela pode ter como unidade de análise o
conteúdo proposicional da sentença ou o léxico. Quando seu objeto é o conteúdo
proposicional, pode-se adotar a abordagem da semântica referencial, também
chamada de semântica formal ou semântica das condições de verdade. Alguns
dos tópicos que você viu na seção anterior encontram paralelos no estudo do
significado da proposição, como a relação de hiponímia com acarretamento,
sinonímia com paráfrase, antonímia com contradição.
A semântica referencial tem como objeto a relação entre o conteúdo propo-
sicional (significado da sentença) e seu referente no mundo. Essa abordagem
se aproxima da lógica, pois mantém interesse sobre raciocínio válido, isto é,
se a conclusão é verdadeira ou não, diferentemente da semântica lexical em
que não há relevância sobre a verdade ou falsidade de uma proposição e nem
sobre o referente no mundo.
Uma das noções importantes dentro da semântica é a de implicação, que é
um processo pelo qual, a partir de premissas, se pode chegar a uma conclusão.
Implicação está associada ao raciocínio e pode, portanto, também ser estudada
por uma perspectiva cognitiva. Há três tipos de implicação: acarretamento, pres-
suposição e implicatura. A primeira é estritamente semântica, não considerando
conhecimentos extralinguístico e nem contexto; a segunda é uma implicação
que liga conteúdo lexical com conhecimento extralinguístico; e a terceira é
uma implicação pragmática e depende de conhecimento extralinguístico.
As noções descritas fazem parte da semântica referencial (ou formal),
para qual é fundamental a noção de referente no mundo, aquilo (ou quem) a
que a palavra se refere. De acordo com Chierchia (2003, p. 37), “à referência
contrapõe-se significado e sentido. Por significado ou sentido entende-se
aquilo que tem a ver com o conteúdo informativo do signo, a maneira como
ele é interpretado (qualquer que seja a sua interpretação)”. Ela se difere, assim,
da semântica lexical que se volta sobre a palavra.
Por ser uma abordagem formal, a semântica referencial se aproxima mais da
lógica, estabelecendo relações por meio das condições de verdade. Condições
de verdade dizem respeito à possibilidade de se dizer se algo é verdadeiro ou
falso, como ocorre com acarretamento e pressuposição. Já a semântica lexical
não se compromete com a noção de verdade, pois se volta para significado
cognitivo (uma vez que trata de conceitos) em torno da relação entre a língua
e construtos mentais que integram o conhecimento semântico do falante, con-
forme Cançado (2013). Veja no Quadro 1 uma comparação entre a semântica
e a semântica lexical.
6 Lexical semantics of verbs
O verbo build precisa de sujeito e objeto. Nos exemplos (1a) a (1e), apenas
em (1c) o sujeito está expresso (marcado na sentença pelo pronome “I”), nos
demais, ele está no infinitivo (por uma questão sintática de integrar uma sen-
tença complexa). A princípio, é preciso que alguém inicie por vontade a ação
expressa pelo verbo, gerando, como consequência, um produto, isto é, “someone
builds something”. Esse produto é o objeto (complemento verbal). ‘Build’ é
um verbo de dois lugares, isto é, ele predica (pede/precisa) dois argumentos.
A estrutura argumental dos verbos consiste no número de argumentos
que um verbo predica, se é um verbo pessoal (que pede sujeito), se é um
verbo intransitivo (que não tem objeto), se é um verbo transitivo (que pede
um objeto ou mais). Há dois tipos de argumentos verbais: argumento externo
e argumento interno. O argumento externo corresponde ao sujeito, o que
significa que o verbo é pessoal. O argumento interno corresponde ao com-
plemento verbal (objeto), o que significa que é um verbo transitivo. Assim,
no exemplo de (1c), temos dois argumentos — argumento externo “I”, sujeito;
e argumento interno, “some cupboards”. Nos demais, apenas o argumento
interno está expresso — (1a) “a new home”; (1b) “their dream home”; (1d) “a
solid relationship”; (1e) “a fire”.
A classificação dos verbos se dá a partir de quantos argumentos ele predica,
bem como o tipo deles. Os verbos podem ser classificados em: acusativos
(accusative), inacusativos (unaccusative), ergativos (ergative) e inergativos
(unergative).
5. Predicados aspectuais.
■■ Begin, start, stop, continue, end.
■■ The show began.
■■ The rain stopped.
6. Durativos.
■■ Last, remain, stay, survive.
■■ I will survive.
1. Mary ran.
2. He talks to much.
3. He resigned last week.
Há outros papéis temáticos, mas alguns não são relevantes para a análise argumental
dos verbos.
Instrumento: o meio pelo qual a ação é desencadeada.
1. Paul broke the vase with a hammer.
■■ Tema: a entidade deslocada por uma ação.
Leituras recomendadas
GROPEN, J. et al. Affectedness and direct objects: The role of lexical semantics in the
acquisition of verb argument structure. Cognition, [s.l.], v. 41, n. 1-3, p. 153-195, Dec. 1991.
Disponível em: <https://ac.els-cdn.com/0010027791900353/1-s2.0-0010027791900353-
main.pdf?_tid=5b89df6d-8bae-498e-a6bf-494008db97cf&acdnat=1529505250_da-
47006197e1ded92aaf8abbc8b0204c>. Acesso em: 23 jul. 2018.
ILARI, R.; GERALDI, J. W. Semântica. São Paulo: Ática, 1987. 96 p.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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