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Universitária
Avaliação no
Ensino Superior
Unidade 3
ADMINISTRAÇÃO DA
ENTIDADE MANTENEDORA (IAE)
CAMPUS VIRTUAL
PRODUÇÃO DO MATERIAL
DIDÁTICO-PEDAGÓGICO CAMPUS VIRTUAL
Q
uando o aluno tem consciência do caminho a ser
percorrido e onde deseja chegar, mais facilmente
construirá estratégias de melhoria das aprendizagens.
Numa abordagem formativa, avalia-se o estudante no movimento
contínuo das ações por meio de instrumentos variados. As
informações recolhidas devem ser úteis para a reorientação do
processo e não se resumem a uma nota registrada num diário
de classe para contabilizar a média final. O diálogo qualitativo
entre professor e aluno a respeito dos desafios e progressos
pode iluminar o percurso de aprendizagem e a busca de ações
mais efetivas.
Ações
Aqui cabem as seguintes perguntas: o que poderíamos fazer para mover o aluno em
direção a suas metas e para que essas se tornem mais atrativas? Como migrar para o polo
mais interno das metas satisfazendo-se com o aprender e sentindo-se útil no meio em que
vive? Algumas questões podem servir de orientadoras do planejamento de nossas aulas:
◊ Meu aluno tem clareza do que se pretende que ele aprenda com a realização
da tarefa? Que competência ele poderá construir ao realizar as atividades?
◊ De que forma a atividade planejada pode ser mais atrativa para essa faixa etária?
Como posso ajudar meu aluno a experimentar o progresso e a distribuir seu estudo em
pequenas doses diárias? Vamos a um exemplo. Quando construímos essa disciplina sobre
avaliação da aprendizagem, o principal objetivo referia-se a construir conceitos em avaliação
da aprendizagem de diferentes concepções teóricas visando à prática escolar. Algumas das
competências e habilidades previstas no estudo dessa disciplina relacionam-se a:
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Ações
Você consegue refletir no seu trabalho à luz dessas competências? É preciso que todos
os participantes do processo se encontrem e dialoguem para encontrar um significado
conjunto para a ação educativa. Esse objetivo se estende desde as normas que se
estabelecem na escola e as sanções por seu não cumprimento até os conteúdos de
aprendizagem e os critérios de avaliação. O objetivo é tentar, também com eles, um pacto,
um compromisso compartilhado sobre as tarefas e as condutas que devem desenvolver.
O ensino e a aprendizagem, na escola, adquirem, portanto, o caráter de uma conversação
permanente “e o diálogo não ocorre entre iguais, porque os professores têm um maior
grau de responsabilidade e de diretividade” (MARCHESI, 2006, p.).
E, nesse processo, de acordo com o mesmo autor, o professor vai ao encontro dos
alunos, de seus conhecimentos prévios, seus valores, suas expectativas e dificuldades
ou facilidades, e os alunos terão de compreender também os objetivos maiores da
escola e dos professores quanto ao ensino, à aprendizagem e à avaliação.
Uma dica: peça para seus alunos escreverem na agenda o que desejam alcançar no
próximo bimestre, apenas 3 metas (as principais). Vocês devem conferir, no final do
período, o que foi ou não superado e propor novas metas.
Avaliação da Aprendizagem
Ao planejar, o professor precisa ter clareza dos critérios que orientam a sua avaliação
da aprendizagem. Por exemplo, ao definir, como objetivos em Língua Portuguesa, que
os alunos deverão:
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Ações
Você precisa se perguntar: Está claro para os alunos o entendimento dessas metas?
Eles participaram da elaboração ou têm consciência do significado de cada uma delas?
Leia o relato de uma estudante sobre esse assunto: Sempre gostei muito de escrever
e me empolgava com a disciplina de redação. Naquele ano, foi um pouco diferente
quando me deparei com a nova professora no Ensino Médio. Era muito rígida na questão
da avaliação. Quando recebi a minha primeira redação, em fevereiro, estava escrito
apenas o seguinte: “Falta de coesão”. Pensei que era uma boa aluna em português e
em redação, e essa frase, de início, assustou-me um pouco. Mas o tempo foi passando
e sempre encontrava escrito de
caneta vermelha, bem legível:
“Falta de coesão”, bem na frente
das minhas redações. Fiquei
intrigada e passei a perguntar à
professora o que estava faltando em
minha redação. Porém, tudo em vão!
Ela sempre falava: “Menina, você não
está vendo que falta coesão? É apenas
isso, simples! Você está complicando
as coisas”. Até que, no mês de setembro,
cheguei até a professora e perguntei o
que era essa “bendita” coesão. Chega a ser
hilário, pois só “naquela altura do campeonato”
comecei a melhorar a minha redação. Parece
Shutterstock: ESB Professional
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Ações
Metas Conceituais
Os objetivos estabelecidos referem-se a conceitos, exigindo do aluno a compreensão e
interpretação da situação, a utilização dos conceitos na resolução de desafios e problemas,
realizando atividades mais complexas e de elaboração e construção pessoal, relacionando
os novos conteúdos aos seus conhecimentos prévios. Ele será, então, convidado a
classificar, resumir, descrever, comparar, comentar, discordar, analisar, explicar, interpretar,
inferir, diferenciar, relacionar, justificar, criticar, exemplificar etc.
Metas Procedimentais
Os objetivos estabelecidos podem se referir a procedimentos e habilidades para lidar
com o conhecimento não apenas em termos de domínio teórico, mas de transferência
para a prática. É a competência na ação (saber fazer). O aluno sabe buscar e selecionar
informações em diferentes fontes? Sabe utilizar a régua, a bússola, o dicionário? Domina
técnicas de cálculos? Ele será convidado a: manejar, demonstrar, executar, experimentar,
representar, elaborar, confeccionar, utilizar, aplicar, construir, mostrar, observar, compor,
executar. Esses objetivos referem-se à realização das ações, à reflexão sobre a própria
atividade, à construção de estratégias de ação e estruturação do pensamento e
aplicação em contextos variados.
Metas Atitudinais
O desenvolvimento das atitudes, numa perspectiva de educação integral, mostra-
se como metas que merecem nossa extrema consideração. É fundamental construir
atitudes e disposições saudáveis em relação ao cuidado do seu próprio corpo, sua
saúde física e mental, sua sexualidade, seus relacionamentos profissionais e de
amizade, seu comprometimento e responsabilidade social, sua sensibilidade diante do
sofrimento alheio, seu espírito de cooperação e envolvimento com a equipe, sua atitude
de preservação ambiental, a diligência, a perseverança, a organização, a pontualidade
e o espírito de serviço. Quando começamos a pensar em atitudes, parece que a lista
não tem fim. Sabemos que, no período do Ensino Básico, o aluno terá a chance de
desenvolver atitudes positivas ou negativas que o acompanharão por toda a sua vida
acadêmica e profissional. Ao estabelecerem metas atitudinais, os estudantes serão
convidados pelos seus professores a apreciar, sensibilizar-se, sentir, preferir, preocupar-
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Ações
se, aceitar, perceber, comprometer- se, obedecer, cooperar etc. Podemos dar alguns
exemplos de como fazer isso:
Procedimentos em Avaliação
Diferentes instrumentos em avaliação servem a propósitos distintos e, numa abordagem
formativa em avaliação, pode-se fazer uso de todos eles. Na verdade, o foco da questão
se encontra no uso que deles se faz. Um mesmo instrumento de avaliação (prova,
relatório de observação, registro de pesquisa em mídia digital, cartaz etc.) pode ser
solicitado para fins classificatórios ou formativos.
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Ações
Esses conteúdos podem se referir a fatos, dados, informações que, não exigindo o
envolvimento de estruturas mais complexas do pensamento, serão apreendidos pelos
alunos ao agrupar esses dados de forma mais significativa, fazendo associações com
palavras, ritmos, imagens, revisando constantemente esses dados para relembrar com
mais facilidade.
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Ações
Instrumentos de Avaliação
Embora muitos instrumentos de avaliação sejam bem conhecidos da grande maioria
dos professores, vale a pena construir uma lista com diversos deles, para que, logo em
seguida, possamos dar uma atenção teórica específica a alguns deles:
Prova
É muito importante que sua aplicação não seja envolvida num ritual como se ela
fosse a vedete e a mais importante forma de avaliação. Se isso acontecer, estaremos
condicionando o aluno a só estudar ou se dedicar nos momentos pontuais em que ela
for solicitada. A prova ainda é o instrumento de avaliação mais valorizado. Combate-se
o seu uso exclusivo, pois ela não tem condições de avaliar toda aprendizagem do aluno
por meio de diferentes linguagens. Após a aplicação da prova, é importante corrigi-la
e devolvê-la ao aluno. É interessante pedir que ele refaça as questões cujas respostas
sinalizem o que ainda não foi aprendido.
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Ações
Portfólio
É um dos instrumentos de avaliação condizentes com a avaliação formativa. O portfólio
é uma coleção das produções do aluno, as quais apresentam as evidências de sua
aprendizagem. É organizado por ele próprio para que ele e o professor possam
acompanhar o seu progresso (VILLAS BOAS, 2005). A seleção dos trabalhos é feita
por uma autoavaliação crítica e cuidadosa por parte do aluno e permite ao professor
entender o trabalho do aluno de forma contextualizada. O portfólio oferece aos alunos
a oportunidade de registrar, de modo contínuo, experiências e êxitos significativos para
eles, refletindo e assumindo responsabilidade frente a ele, pois lhes pertence.
Shutterstock: Chonlawut
online. Utilizei o portfólio como
principal instrumento de avaliação
numa das disciplinas que ministro
na graduação e pude observar,
pela autoavaliação dos alunos,
depoimentos estimulantes. Meus
alunos registraram memórias de
aulas reflexivas, fizeram observações em artigos, comentaram relatos de experiências e
acrescentaram materiais sobre o tema por eles pesquisados e analisados. No decorrer
das aulas, eles me entregavam parte do material e recebiam as observações, trocas e
comentários. Foi uma experiência realmente maravilhosa!
Observação
Para melhor sistematizar os dados obtidos nas observações, o professor pode utilizar
um caderno de campo registrando situações que se destaquem como: estratégias
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Ações
Entrevista
Como um instrumento de avaliação da aprendizagem, a entrevista se configura como
um recurso que viabiliza a concretização do diálogo pedagógico. Avalia interes-se,
alcance de objetivos, dificuldades de aprendizagem e permite uma coleta de dados
personalizada. Ela deve ser feita de forma individual ou em pequenos grupos.
Para viabilizar esse recurso no cotidiano da sala de aula, alguns professores reservam
algumas aulas para essa atividade. A entrevista poderá tanto transcorrer de maneira
livre e informal para que aluno exponha suas dúvidas e conquistas, quanto poderá
seguir um roteiro semiestruturado preparado pelo professor.
Mapas conceituais
São representações gráficas das relações, associações, discriminações, descrições e
exemplificações que o estudante estabelece entre diferentes aspectos ou partes de
um conteúdo. Essa representação em forma de diagrama permite ao educador avaliar a
visão que os alunos têm dos diferentes conhecimentos e as relações que estabelecem
entre eles. A mesma informação pode ser representada de muitas maneiras, refletindo a
organização cognitiva individual ou grupal. Não há uma resposta correta, mas inúmeras
possibilidades de combinação. Avalia também a criatividade, a argumentação, a
exposição de ideias e a análise crítica reflexiva. Torna-se uma importante ferramenta de
ensino, pois é uma estratégia de estudo nas mãos do aluno e um claro instrumento de
avaliação da aprendizagem nas mãos do professor. Após utilizar os mapas conceituais
como um importante instrumento de avaliação ao longo do semestre numa disciplina,
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Ações
Autoavaliação
Neste semestre ao fazer uma reflexão posso afirmar que aprendi muitas coisas
interessantes e relembrei algumas coisas, conhecimentos pré-adquiridos:Piaget,
Vigotski, aprendizagem significativa, Aussubel...
Procurei participar
em aula
Estudo de Casos
Trata-se de utilizar pequenas histórias para levar os estudantes a fazerem interpretações
pessoais e aplicarem o que aprenderam nas situações que lhe são apresentadas. Um
aspecto importante é que o estudante se coloque dentro do caso, não apenas como um
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Ações
crítico externo. Eles precisam ser autênticos e verossímeis (que o estudante perceba
que são passíveis de terem acontecido). Em geral, a lógica do estudo de caso implica:
Autoavaliação
É o processo pelo qual o próprio aluno analisa continuamente as atividades
desenvolvidas, registra suas percepções, sentimentos e aprendizagens construídas.
Sugere também alternativas de superação dos obstáculos e compromete-se com o
cumprimento de novas metas. Trataremos mais desse recurso ainda neste módulo.
Para Refletir:
3. Pense agora nos instrumentos que você tem utilizado ou pretende adotar em
sala de aula para avaliar seus alunos e se eles podem receber uma orientação
formativa em sua utilização.
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Ações
As escolas são instituições que devem assegurar a transmissão às novas gerações dos
conhecimentos e dos valores culturais e científicos acumulados pela sociedade, mas
ao mesmo tempo e de forma mais evidente, nos últimos anos, a escola está recebendo
o mandato de ser um instrumento para cuidar do desenvolvimento de seus alunos
e de contribuir para a satisfação de suas necessidades subjetivas, para seu bem-
estar e para a regulação de seu
comportamento.
Shutterstock: Humannet
A integração de ambas as
demandas cria uma tensão
permanente. Quando a educação
aposta no cumprimento de sua missão
social, entramos na mensagem dos
setores conservadores que dão primazia
à exigência, ao esforço, à aprendizagem
do estabelecido, às normas comuns e à
avaliação rigorosa. Quando a educação
aposta em responder às necessidades dos
alunos, dá-se primazia ao seu desenvolvimento
afetivo e social, à aprendizagem significativa, à
atenção às diferenças individuais e à referência
contínua à situação específica dos alunos. Os
primeiros tendem a esquecer o aluno; os segundos,
as exigências sociais (MARCHESI, 2006).
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Ações
Muitas vezes, ocorre um viés ainda mais grave quando o professor não se interessa em
descobrir quem sabe o que foi ensinado, mas foca sua atenção em quem não aprendeu,
apenas para expor publicamente aos colegas a sua dificuldade. O castigo serve, dessa
forma, como lição a ser reparada pelo que errou e exemplo para os demais saberem o que
acontecerá com eles se não souberem o conteúdo quando forem chamados. Constrói-se,
portanto, uma forma de controle social internalizado, impossibilitando os estudantes de
exporem seus sentimentos, dúvidas e necessidades vitais, e parece interessar à sociedade
em que vivemos esse engessamento dos indivíduos (LUCKESI, 1997).
Muitos professores mantêm uma visão tradicional de erro como transgressão e não como
parte do processo de aprendizagem. Geralmente, esses professores não estabelecem
uma relação de confiança com o aluno, negando-lhe a possibilidade de expor suas
dúvidas e dificuldades ao buscar outros caminhos no próprio professor e nos colegas.
Muitos desses alunos que não têm coragem de perguntar, pois pensam que vão se
expor ao ridículo em classe e que não foram convidados a se comprometerem com o
professor e consigo mesmos no processo de aprendizagem, acabam se especializando
em preparar colas. O ambiente competitivo, apreensivo e punitivo gerado por uma
perspectiva classificatória em avaliação, com momentos de provas e exames, tende a
favorecer essas atitudes de fraude por parte dos alunos.
Shutterstock: bibiphoto
fazendo com que o olhar do professor seja
redirecionado não mais apenas ao objeto
de estudo, mas ampliado para o contexto
e para o processo a ser construído. Essa
modificação é sumamente importante
à medida que se avalia para formar
e não para punir (BARTOLOMEI,
2004, p. 22) Não basta corrigir uma
atividade do estudante colocando
certo ou errado e seguir adiante.
Precisamos dispor de um tempo,
em nosso planejamento, para
o aluno reler, rever, refletir,
compreender melhor a
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Ações
O Conselho de Classe
Os conselhos de classe ocupam um lugar significativo na vida escolar do aluno quando
refletimos sobre o processo de avaliação desenvolvido nas salas de aulas. De acordo
com Sousa (1991), os conselhos de classe bimestrais reúnem professores e técnicos da
escola para discutirem a situação acadêmica de alunos que não obtiveram, em cada
área de ensino, aproveitamento suficiente, procurando identificar as causas desse
resultado. Nesses conselhos, também são veiculadas informações de caráter pessoal
dos alunos e de seu desempenho anterior. Os professores tendem a considerar de
grande validade e importância as declarações manifestadas nos conselhos de classe,
pois, assim, certificam-se se o aluno tem dificuldade apenas em sua disciplina ou em
outros componentes curriculares também. Se o “aluno está mal com vários professores”
significa que é ruim mesmo e o “problema está com o aluno e não com o professor”. E,
se o aluno “vai bem” na maioria das áreas, aqueles professores em cujas áreas ele “vai
mal” sentem-se culpados e assumem que o problema é deles. Na pesquisa de Sousa
(1991, p. 90-91), os docentes se expressaram assim:
Vale a pena o conselho pra ficar mais fácil separar os alunos, porque só analisando
na sua matéria que ele está ruim […] Quando o aluno está ruim só na sua matéria,
o erro vai ver que é seu […] então você vai dar mais atenção pra ele.
Nesse caso, vê-se que os professores se esforçam por ajudar o aluno a superar as
dificuldades e disponibilizam novas chances aos alunos. Talvez seja pertinente
refletirmos se não há preconceito e discriminação disfarçados nessas ações. Os alunos
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Ações
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Ações
Se fizer muita bagunça ele reprova. Eles discutem com todos os professores se o aluno
deve passar ou não (SOUSA 2000, p. 94).
Parece ficar claro, por esses depoimentos, que o “bom comportamento” do aluno é um
critério importante quando se decide sobre a sua aprovação ou reprovação. Aqueles
que atendem todas as normas e exigências pré-estabelecidas têm mais chances de
“ganhar” os pontos necessários. O conselho de classe é um “júri” em que os alunos
que se mostrarem mais adaptados às normas da escola serão absolvidos, e outros,
condenados à reprovação ou, algumas vezes, à expulsão da escola. E, nesse “júri”, o
aluno fica dependendo de quem fizer a melhor defesa e for capaz de mobilizar outros
para sua posição, pois confrontam-se opiniões que vão desde a defesa de sua aprovação
e permanência na escola a qualquer custo até aquelas que consideram que há alunos
que “não têm cabeça para ficar na escola” (SOUSA, 1991, p. 94). O conselho de classe,
de forma geral, não representa um espaço para aprofundar, no interior da escola, a
discussão do processo avaliativo, e, a partir daí, do próprio projeto pedagógico vivido
pela escola. Discute-se, essencialmente, aspectos burocráticos, acertos e negociação
de notas e conceitos com a finalidade de aprovação ou reprovação.
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Ações
de aprendizagem, mas
igualmente aqueles com
problemas comportamentais, de
relacionamento, de assiduidade,
de agressividade e mesmo de
concentração. Um conselho de
classe pode se tornar num momento
Shutterstock: ESB Professional
◊ Professor A: O aluno tirou 4,5, mas 4,5 não é 5,0, portanto, vai ficar.
◊ Professor B: Mas professor, o senhor não disse que ele tem condições de
acompanhar a série seguinte?
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Ações
◊ Professor A: Pior que tem, mas não vai, não tirou nota, não passa.
◊ Professor A: Mas ficou, não ficou? Então fica! Não podemos dar moleza, a vida
lá fora não dá mole.
◊ Mais adiante, em relação a outro aluno que tinha ficado numa matéria também.
◊ Professor C: Olha, eu não queria falar, mas parece que ele tem problema de
família, carência. Vamos dar uma chance!
Poderíamos agora perguntar: qual dos dois professores (A ou C) ajuda o aluno? Nenhum!
Pois, embora se coloquem em polos opostos, ambos têm como referência o velho
paradigma: aprovação/reprovação. Precisamos mudar o paradigma, indo da aprovação/
reprovação para o ensino-aprendizagem. Quando se deixa para descobrir as dificuldades
do aluno no final do ano, não há saída: ou se vai ser rígido e reprovar, ou frouxo e aprovar,
porém a questão essencial, que é a da aprendizagem, não terá sido trabalhada.
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Ações
Quando observamos, no entanto, que a maior parte da classe vai bem, mas alguns
não, esses devem ser atendidos imediatamente por meio de outras atividades que
promovam a superação de suas dificuldades. Podem-se planejar algumas atividades
diferenciadas durante a aula, tal como um trabalho conjunto desses alunos com
colegas que possam ajudá-los. Na comunicação entre os iguais, conseguem-se atingir
resultados muito positivos, pois eles parecem fazer uso de uma linguagem entre si que
todos entendem e se torna, muitas vezes, mais eficiente na aprendizagem.
Se pela aula expositiva dialogada não obtivemos sucesso, por que não experimentar
um jogo, um desafio, um problema que instigue o estudante? Por que não envolvê-
lo num projeto significativo ou até mesmo de forte repercussão social? Será que já
utilizamos os recursos tecnológicos disponíveis e que tanto estimulam nossos alunos,
como a criação de uma página na web, um blog, um vídeo criativo e instrutivo para
divulgar no “YouTube”, entre outras coisas?
Por mais dinâmicas, ativas e acolhedoras que forem as aulas (nas quais pode ocorrer
uma recuperação contínua), devem ocorrer os grupos de recuperação paralela (no
período oposto às aulas), pois um dos aspectos essenciais para a aprendizagem é
conquistar o comprometimento do aluno. O sistema de recuperação visa ajudar o aluno
a descobrir aspectos pertinentes a sua tarefa e comprometer-se na construção de uma
estratégia mais adequada. Antes que os alunos desistam de aprender, a escola precisa
criar formas de apoio à aprendizagem. Quando a escola não assume que o apoio
pedagógico é uma responsabilidade sua, os professores e alunos ficam abandonados
à própria sorte. Os professores nem sempre conseguem superar suas dificuldades
momentâneas de aprender e ensinar e acabam gerando alunos com dificuldades de
aprendizagem, assim, por falta total de possibilidades de alterar esse quadro, todos
desistem, professores e alunos e o fracasso escolar se cristaliza e se avoluma. Em
resumo, a tradição brasileira tem sido a de que a escola faz a sua parte e não tem
nada a ver com a forma como os alunos resolvem suas dificuldades. Mas essa estranha
crença lentamente vem se transformando e isso é um bom sinal (WEIZ, 1999).
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Ações
A Autoavaliação
Testando seus conhecimentos em autoavaliação. Responda as perguntas a seguir com
“Sim” ou “Não”. Logo em seguida, iremos discutir as possíveis respostas para cada uma
delas.
◊ É fácil fazer autoavaliação na correria do dia a dia, pois o trabalho fica apenas
para o aluno?
◊ Na escola, há alunos que buscam obter uma recompensa e outros que desejam
melhorar a competência?
Confira agora algumas respostas que eu considero como sendo as melhores afirmações
sobre esse importante assunto:
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Ações
◊ Sim. Por isso posso ajudá-los a se envolverem com a tarefa para despertar
ainda mais os motivos intrínsecos;
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Ações
E, nesse processo, de acordo com o mesmo autor, o professor vai ao encontro dos
alunos, de seus conhecimentos prévios, seus valores, suas expectativas e dificuldades
ou facilidades e os alunos terão de compreender, também, os objetivos maiores da
escola e dos professores quanto ao ensino, à aprendizagem e à avaliação.
A participação dos alunos, que implica se conceder a eles autonomia para se expressarem
e para colaborarem para a gestão dos temas que lhes afetam, também é uma estratégia
necessária. É um chamado à responsabilidade e ao interesse pelos assuntos que lhes
competem. A ausência de participação favorece o distanciamento dos objetivos escolares
e o incremento do desinteres se pelos temas comuns (MARCHESI, 2006).
Pela lógica do ensino e da avaliação numa perspectiva tradicional, leva- se, na maioria
das vezes, o aluno à passividade e à falta de ação. Nessa perspectiva, a avaliação
é considerada o encerramento de algo e dispensa, portanto, qualquer investimento
posterior. Dessa forma, o aluno deixa de ser sujeito e espera uma sentença exterior a
ele por parte de quem julga (ABRECHT, 1994, p.). O autor prossegue dizendo:
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Ações
A avaliação formativa deverá levar o aluno a explicitar, cada vez mais, a sua
trajetória e a interiorizar os critérios que lhe permitam identificar, por si próprio, os
aspectos positivos e as falhas do seu percurso ou das coisas que vai produzindo.
◊ Pontualidade;
◊ Assiduidade;
◊ Criatividade na execução;
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Ações
◊ Desafios a superar;
O primeiro dado que um resultado precisa comunicar é onde se encontra o seu erro
ou acerto, seus ganhos e perdas. Na abordagem formativa em avaliação, os resultados
parciais que permeiam o processo de aprendizagem dizem respeito a informações
qualitativas que precisam ser claras o suficiente para colocarem os indivíduos em ação.
O que não foi entendido? O que posso fazer para melhorar? Se o docente apenas
registra ótimo, bom, ruim, satisfatório, 8, 5, 4, como estaremos expressando os
resultados de maneira a ajudar o aluno a localizar sua dificuldade? Por que não
informá-lo com expressões como: “Releia o final do texto e formule sua opinião crítica
a respeito do mesmo”. “Reveja os cálculos e organize os dados”, “Releia o problema
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Ações
◊ Apresentação
◊ Correção: Atenção!
( ) Falta de parágrafos.
( ) Acentuação.
( ) Concordância.
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Ações
◊ Conteúdo: Atenção!
( ) Clareza: reveja.
◊ Observações do professor:
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Ações
Talvez até a palavra “medida” não seja a mais adequada, pois como declara o professor
Nilson Machado (1995), o conhecimento não é uma grandeza passível de ser medida,
como o fazemos com uma cadeira, uma mesa ou outro objeto qualquer. Muitas vezes,
sugerimos aos docentes a redução de seus conceitos em apenas três menções: meta
alcançada, não alcançada e em desenvolvimento. Concordo, também, que o ideal seria
um pequeno relatório descritivo que comunicasse os avanços nas diferentes áreas do
conhecimento e os principais desafios a superar.
Comunicando Valores
Se comunicar os resultados de aprendizagens conceituais e procedimentais já não
é algo tão simples e sempre estará sujeito a controvérsias, mais complexa ainda é a
expressão do desenvolvimento das atitudes e valores de nossos alunos. O processo de
transformação da conduta do aluno é essencial numa escola que visa à preparação para
uma vida cidadã. Numa escola cristã, e usaremos aqui esse exemplo, o desenvolvimento
das capacidades cognitivas busca o aperfeiçoamento do caráter à semelhança de
Cristo (e isso é muita coisa, até mesmo um ateu concordaria).
Considerações Finais
Antes de estudar sobre esse assunto tão importante na educação, pensava que avaliar
era a simples forma de aplicar uma prova e dar nota aos trabalhos, e nada mais que
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Ações
isso. Avaliação não passava de uma maneira que o professor tinha de obrigar o aluno
a estudar e copiar toda a matéria. Mas o ato de avaliar é muito mais que aplicação de
exames, é um ato de redenção. Resgata o aluno e o professor. A avaliação serve tanto para
o educando quanto para o educador, pois é uma troca. Nossa responsabilidade aumenta
quando passamos a compreender o ato de avaliar como uma maneira de conduzir o aluno
ao conhecimento. Assim, que esse caminho seja trilhado por curiosidade e uma vontade
intrínseca de aprender cada vez mais, não por medo de uma nota baixa, mas pela simples
e sensacional vontade de aprender. Avaliar é mais do que preparar alunos para fazerem
exames, mais do que fazê-los decorar tabuada, mais do que saber conversar ou aplicar
fórmulas matemáticas. É ajudar o educando a entender o mundo, a realizar-se como
pessoa, muito além do tempo da escolarização. Como educadores, creio que essa seja
a nossa maior responsabilidade, educar para a vida. E você? Mudou sua perspectiva com
relação a alguns conceitos e práticas em avaliação?
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