Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO MARAJÓ – BREVES


FACULDADE DE LETRAS - FALE

Docente: Prof.ª Dra. Cinthia Neves

Discentes: Benedito Júnior L. de Souza; Cristiane F. de Miranda; Mario Sérgio S. Ferreira.

Disciplina: Oficina de Avaliação em Português

Atividade de análise de LD: trabalho com a escrita

Livro: Projeto Avança Brasil: Língua Portuguesa, 9º ano. Autores: Eduardo Barata e Thiago
Kazu.

Antes de qualquer tipo de análise das atividades avaliativas presentes no livro, é


importante ressaltar alguns aspectos dele. Esse é o “livro do mestre”, ou seja, o guia de
orientação do professor para a orientação dos alunos na utilização de seus livros didáticos,
aqui não é descrito o passo a passo das atividades avaliativas propostas no livro dos alunos.
Assim, aqui contém apenas as respostas das questões de caráter objetivo e o guia para a
avaliação das questões objetivas e as de respostas subjetivas.

[...] todos (100%) exercícios dos capítulos são especialmente preparados para
avaliar, sensivelmente, o conteúdo desse período da educação de base, o livro é
ricamente ilustrado e psicopedagogicamente pensado para o signo não verbal se
comunicar com ou sem conteúdo de suporte (o que dá à ilustração o poder de, por si
só, também se comunicar e ensinar), logo, com seleção de signos, imagens e textos
criteriosa. (BARATA E KAZU, p. 6).

Conforme percebemos no trecho acima citado, o trabalho com a escrita apresentado no


livro tem uma abordagem que difere das abordagens convencionais apresentadas em livros
produzidos e distribuídos pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Qual o impacto
desse fato sobre as atividades avaliativas que trabalham com a escrita no livro? Para
compreendermos isso é necessário refletir sobre alguns aspectos relativos ao processo de
avaliação. Por exemplo, quando aborda as características da avaliação na forma escrita, ele
apresenta formas diversificadas de textos que vão além do código escrito, trabalhando com
signos imagéticos, sonoros, entre outros. Como é um livro produzido especificamente para as
regiões Norte e Nordeste, ele é exemplificado, na maioria das vezes, com elementos da
cultura dessas regiões. Dessa forma, o aluno é capaz de reconhecer sua cultura no conteúdo
que estuda, a partir disso o processo avaliativo torna-se contextualizado, conforme defendem
Cipriano Luckesi (2006), Maria Cândida Trigo (2007).
De forma mais estrita à escrita, destaca-se ainda que o livro aponta quatro tópicos para
o trabalho direto com essa através do uso de textos. Nesses tópicos são trabalhados conteúdos
como gêneros textuais, relação entre textos, coerência e coesão no processamento do texto,
recursos expressivos e efeitos de sentido. Os exercícios avaliativos se organizam em uma
sequência de questões relativas a um ou mais textos. Ao lado estão as alternativas destacadas
como corretas; após essa sequência de questões é colocada uma tarefa de pesquisa ou uma
dica de atividade extraclasse. Essa dinâmica é desenvolvida em todos os capítulos do livro.

Fonte: recorte da página 19 do livro em análise.

Baseando esta análise principalmente em autores como Luckesi e Maria Cândida


Trigo, é possível observar que quanto à relação sujeito – objeto, podemos classificar as
atividades como heteroavaliação e co-avaliação, haja vista que esses exercícios fazem parte de
um processo construtivo muito mais abrangente que a mera classificação de notas entre certas
e erradas, e serão avaliadas pelo professor da sala de aula, bem como também serão avaliados
mais à frente pelo programa Avança Brasil, através da Prova Brasil. As duas atividades
avaliativas do capítulo 3 se dividem em basicamente duas formas, sendo a primeira escrita e a
segunda discursiva.

Tendo em vista que a primeira é de respostas curtas e objetivas, podemos inferir que
ela seja um mero exercício de extração de informações superficiais dos textos, uma vez que as
respostas não demonstram ser frutos de um trabalho de análise mais profunda. Quanto à
finalidade dessa atividade se faz necessário ponderar que esse recorte apresenta características
somativas, devido a todos os aspectos supracitados e também por ela ser o instrumento que
vai verificar se os alunos aprenderam os conteúdos repassados nas aulas. Não obstante, sendo
ela um recorte, sabe-se que faz parte de um todo, e esse todo se apresenta com uma finalidade
de caráter formativa.

A segunda atividade é puramente formativa, pois ela é uma tarefa na qual os alunos
terão de fazer uma observação extraclasse de alguma pessoa que esteja vestindo uma roupa
que contendo alguma frase que desperte o interesse do aluno, seja essa frase de natureza
cômica ou somente curiosa. O objetivo central dessa tarefa é chamar a atenção dos alunos
para as mensagens que carregamos em nossas roupas, dessa forma, ela será socializada em
uma discussão entre todos os alunos da sala. Esse último aspecto da atividade tange a
oralidade, mas não deixa de ser enquadrada em atividade de natureza escrita devido ao seu
processo de construção. Através do modelo de avaliação abordado, não há como mensurar a
atividade do aluno por meio de aspectos quantitativos, o professor deverá considerar todo o
processo de construção da tarefa, relevar aspectos subjetivos do aluno para a escolha da frase
anotada e analisada. Isso privilegia muito mais que uma mera quantificação de dados através
de um processo que exclui a maior parte produtiva do trabalho dos estudantes.

Todo o processo que envolve a realização dessas atividades está estritamente ligado à
preparação dos alunos para a realização da Prova Brasil e outros exames para a construção de
dados de dados demonstrativos que reflitam a educação brasileira de forma geral. Não
obstante, aqui não é negada a relação intrínseca que os métodos avaliativos têm sobre o
objetivo final a ser alcançado, e, conforme é exposto no livro, as abordagens de aspectos
regionais, que refletem e valorizam a vivência cultural do aluno, contribui para que ele
obtenha êxito em sua caminhada de aprendizagem a partir de uma visão menos excludente.

CONCLUSÃO

Apesar de o objetivo final do projeto que subsidia esse trabalho ser a realização da
Prova Brasil, o processo de construção desse conhecimento carrega intrinsecamente um
trabalho muito mais formativo, processual e dinâmico. Abordando aspectos que vão muito
além da avaliação mecanizada e da somatória de erros e acertos que buscam simplesmente
classificar os que mais acertam e reprovar os que erram, este livro contribui de forma
significativa e produtiva para a vida dos alunos, ratificando conceitos como os de Luckesi e
mostrando que é possível transpor os paradigmas educacionais e avaliar o aluno de forma
construtiva.
REFERÊNCIAS:

BARATA, Rodrigo; KAZU, Thiago. Projeto Avança Brasil – Língua Portuguesa, 9º ano.
Samauma Editorial. Disponível em http://limoeirodoajuru.pa.gov.br/wp-
content/uploads/2019/05/PROFESSOR-PORTUGUES-5%C2%BA-ANO.pdf.

FERRARI, Márcio. Entrevista com Cipriano Carlos Luckesi. Nova Escola. 2006.

TRIGO, Maria Cândida Lacerda Muniz. Avaliação Educacional. 2007. “On-line”. Disponível
em WWW.TVEBRASIL.COM.BR/SALTO.

Você também pode gostar