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Tema: Os 200 anos do Senado e os desafios para o futuro da democracia

Desde sua criação em 1826, o Senado do Brasil passou por variadas alterações e atuou
em diversos períodos da História em favor da coletividade, como foi no caso da
redemocratização do país, posteriormente à Ditadura Civil-Militar. Entretanto, mesmo após
200 anos da criação dessa instituição, que possui como um dos objetivos o fortalecimento
do regime democrático federativo, ainda há uma ameaça crescente à democracia. Com
efeito, verifica-se como desafios para o efetivo funcionamento prático desse conceito na
realidade a inércia social e a ausência de pluralidade no Senado.
Em primeira análise, é válido destacar a falta de engajamento dos brasileiros no âmbito
político como um fator a ser combatido a fim de solucionar a problemática. Isso porque, de
acordo com o artigo primeiro da Constituição Federal de 1988, todo o poder deve ser
exercido pelo povo, de forma direta ou indireta. Contudo, ao isentar-se de manifestações e
discussões acerca de questões políticas, ou mesmo ao banalizar esse tema, o cidadão
torna-se submisso às decisões tomadas por aqueles que estão diretamente ligados ao
Estado, representantes esses que, por vezes, foram escolhidos sob critérios personalistas
ou ilícitos, como é o caso da venda de votos, invertendo assim a ideia estabelecida pela
Constituição. Desse modo, enquanto esse quadro perdurar, difícil será reverter a condição
de instabilidade em que a democracia nacional se encontra.
Somado a isso, outro ponto relevante na temática é a escassa representatividade das
minorias no Senado. A esse respeito, pode-se trabalhar o pensamento do sociólogo Nick
Couldry, conforme o qual algumas vozes, apenas por serem minorias, acabam sendo postas
à inexistência. Nesse viés, é perceptível que a falta de representantes de comunidades
indígenas, quilombolas, LGBTQIAPN+, entre outros grupos marginalizados, torna suas falas
inaudíveis, uma vez que esses não podem vetar ações que os prejudique ou aprovar
aquelas que visam melhorar sua conjuntura socioeconômica. Por consequência, essa
população persiste sendo vítima de discriminações, e o Legislativo permanece tendo como
maioria os congressistas que fazem parte das camadas privilegiadas da sociedade, de
maneira análoga a 1826. Logo, o aumento da diversidade étnica, de gênero e de
sexualidade daqueles que compõem a instituição responsável pela formulação de leis no
país é um ponto crucial para a resolução do revés.
Portanto, urgem medidas para mitigar as ameaças à democracia. Para isso, as escolas
— incumbidas do desenvolvimento moral e intelectual dos indivíduos — devem propiciar
momentos formativos, por meio de palestras com sociólogos, historiadores, advogados e os
próprios professores, com o fito de instruir os jovens a respeito da História e leis do Brasil e
da importância da participação social nas discussões políticas — incentivando-os, por
exemplo, a participarem de iniciativas como o programa Jovem Senador — para evitar que
momentos nos quais a soberania popular é posta em risco voltem a se repetir.
Concomitantemente, é preciso que o governo federal desenvolva projetos para a inclusão de
minorias nos órgãos legisladores, através da disponibilidade de cotas, a fim de que as
palavras dessas pessoas possam ser ouvidas e suas necessidades devidamente supridas.
Posto isso, o artigo primeiro da Constituição poderá ser concretizado.

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