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ELABORAÇÃO DE RESPOSTAS
AS CONVERSAÇÕES
As conversas costumam ter características mais ou menos informais,
envolvendo nossas esferas de atividades, entre amigos, entre colegas de trabalho, nos
ambientes de estudo e, sejam os falantes portadores de formação escolar ou não, a
comunicação pode ocorrer observando a fala e algumas formas básicas de
comunicação.
Especificamente, as conversações envolvem acordos e negociações para as
tocas de turnos de interlocução, isto é, unidades que compreendem a participação de
cada um, auxiliando na formulação de textos dialogais, mas nem sempre um
interlocutor toma a palavra ao término da enunciação do outro. Por vezes, ocorrem
interrupções.
Terra e Nicola (2008) ressaltam características particulares dos textos
conversacionais como:
1.Emprego de linguagem verbal e de linguagem não verbal, com a utilização de
entonações, expressões faciais, gestos, olhares, movimentos, e até as roupas,
postura, penteados e adereços contribuem de alguma forma;
2.Emprego de expressões fáticas, ou seja, aquelas que enfocam o canal de
comunicação, com uso de frases interjetivas, como “Certo?”, “Tudo bem?”, “Claro!”,
entre outras;
3.Negociação constante para a troca de turnos de fala, muitas vezes
naturalmente, outras de forma sutil e, às vezes, de modo grosseiro.
Assim, em situação de comunicação oral, a elaboração de respostas está
sujeita às características dos textos dialogais ora mencionados, cabendo aos
interlocutores a sua observação.
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Segundo Saussure (2012), a língua é a parte social da linguagem e o indivíduo
não pode modificá-la sozinho, uma vez que ela existe por conta de um “contrato” entre
todas as pessoas que fazem parte da comunidade em questão. Apesar disso, ele
também afirma que a fala é sempre individual e que a língua é necessária para que a
fala produza seus efeitos.
A utilização da fala e da linguagem dependem das competências
comunicativas dos participantes do ato comunicativo, formulando enunciados
(emissor/falante) ou atribuindo-lhes significados (receptor/ouvinte ou leitor). Além
disso, a ideologia e a cultura dos interlocutores também se evidenciam na formulação
e na leitura que fazem dos enunciados. Somam-se ao processo as influências de
aspecto psicológico dos indivíduos no momento exato do ato comunicativo, tais como
humor e capacidade de tolerância, que podem interferir tanto na enunciação quanto na
interpretação, além da formulação dos enunciados, de modo que permitam ao
interlocutor o reconhecimento de suas formas (TERRA; NICOLA, 2008).
Desse modo, encontramos, no que se refere à fala em sua produção, seja oral
ou escrita, dois mecanismos que participam do processo de escolha e seleção das
palavras e que interferem na organização e na combinação das mesmas, conforme a
determinação do falante e seus objetivos: a denotação e a conotação. A utilização
desses recursos depende das competências comunicativas dos interlocutores.
Entendemos por denotação a relação direta de significado que um nome
estabelece com um objeto da realidade. O uso denotativo de uma palavra refere-se ao
seu uso literal, restrito e objetivo, com o significado normalmente encontrado nos
dicionários.
Por outro lado, a conotação faz referência a algo que uma palavra ou coisa
sugere, como se fosse uma ampliação do significado “comum”. O uso conotativo de
um termo exige que o interlocutor faça associações com elementos de seu repertório,
para que encontre sentido no enunciado. O uso conotativo de um termo indica que o
falante tem intenção literária e subjetiva.
COMANDOS DE
QUESTÃO E ELABORAÇÃO DE RESPOSTAS
Muitas vezes, em processos de avaliação, principalmente nos ambientes
escolares, o indivíduo não alcança êxito por não conseguir elaborar respostas que
correspondam às questões que lhe são propostas, mesmo tendo se preparado para
elas.
Uma resposta deve ser completa, como uma produção que deve fazer sentido
para o interlocutor, além de apresentar início, meio e fim bem delineados. O comando
de uma questão corresponde ao verbo ao redor do qual a pergunta se concentra,
aparecendo geralmente no modo imperativo, como uma ordem, mas também pode
estar subentendido, não aparecendo explicitamente. Desse modo, é relevante que se
compreenda bem os comandos de questão e se obedeça a eles.
Observando que, quando se menciona discurso próprio, isso quer dizer que se
deve utilizar suas palavras, sem cópias de trechos motivadores ou outros, obedecendo
aos padrões da norma culta, principalmente em situações de avaliação.
Tabela
1. Comandos de
questão
Inúmeros são
os comandos de
questão utilizados em
sala de aula, cabendo
aos indivíduos que se
encontram nas
situações em que são
apresentados buscar
o conhecimento de
seus conceitos, a fim
de que resultados
satisfatórios
correspondam aos
seus esforços,
fazendo-se entender
por seus avaliadores.
RESPOSTAS
SUBJETIVAS E
OBJETIVAS
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Comunicar é partilhar informações, pensamentos, sentimentos e opiniões,
tendo como objetivo principal a influência entre os interlocutores no processo
comunicativo.
Fazem parte da interação humana a comunicação falada, a ilustrada, feita por
gestos, realizada em grupos, com o falante consigo mesmo, por ações, considerando
grandes grupos (comunicação de massa), por sons, pelas artes e pela escrita
(BERLO, 2003).
A comunicação através da escrita exige bem mais do falante do que a
comunicação oral e, muitas vezes, seu trabalho é tal que se assemelha a uma espécie
de tradução dentro da própria língua, devendo ser considerados vários fatores para a
elaboração de textos escritos carregados de sentido para os interlocutores. Entre eles,
encontramos a textualidade.
A expressão escrita tem se tornado cada vez mais frequente em nossa
sociedade, em função do avanço da tecnologia, exigindo uma comunicação rápida e
de compreensão facilitada. Isso quer dizer que o compartilhamento de informações
exige que o usuário da língua tenha um domínio cada vez maior dos diversos sistemas
de códigos disponíveis, para que seus textos sejam compreendidos tanto na esfera
pessoal quanto na esfera profissional.
A capacidade de síntese, de organização e de clareza em seus enunciados
também têm sido condições para que as situações de interação escrita definam o êxito
dos diversos usos dos textos escritos. Igualmente, é preciso que tenha conhecimento
e condições de discernir quais os níveis de linguagem apropriados para os diferentes
meios de expressão.
TEXTO E TEXTUALIDADE
Segundo Santos, Riche e Teixeira (2012), o texto é como um elemento de
interação marcado pela coesão entre os seus elementos; ou seja, várias frases não
podem ser chamadas de textos se elas não possuírem um significado juntas. Só
podemos afirmar que foi elaborado um texto se suas partes estiverem ligadas e
organizadas de tal modo que apresentem sentido.
Como integrantes de uma sociedade, fazemos parte de uma comunidade
linguística quando fazemos uso de um mesmo idioma dentro dessa comunidade, ou
seja, partilhamos uma mesma língua e seus códigos de expressão, fazendo uso deles
para nossas atividades de interação.
A língua, em sua organização, possui um léxico, ou seja, um vocabulário, que é
usado de acordo com um conjunto de regras que chamamos de gramática. O uso da
língua deve obedecer, também, regras de textualização, ou seja, normas de
composição de textos, e normas sociais de atuação, na situação interativa
(SARMENTO, 2012).
Quando nos deparamos com um conjunto de palavras ou frases soltas que não
obedecem aos padrões de organização da língua, dizemos que não há textualidade ou
textura, por isso não apresenta sentido, pois não observa os elementos de
textualização necessários, não ocorrendo coesão, coerência, informatividade e
intertextualidade.
Portanto, para que tenhamos um texto, a coesão é estabelecida com a ligação
entre as palavras, as frases, as orações e os períodos do texto. A coerência contribui
para o sentido não apresentando elementos em contradição entre suas partes ou
ideias; a informatividade apresenta a relevância das informações fornecidas e a
intertextualidade fornece a relação com outros textos. Além disso, devemos considerar
o a situação em que o texto está inserido.
NÍVEIS DE LINGUAGEM
Um fato que deve ser considerado universal é que toda língua apresenta
variações, isto é, dependendo da situação de comunicação, naturalmente, o seu uso
acontece de forma variada devido ao seu caráter social.
Geralmente, o usuário de uma língua reconhece a necessidade de adequação
às condições de uso em determinadas situações de interação comunicativa, além de
reconhecer quais os modelos mais prestigiados e a necessidade de empregá-los em
textos escritos.
São denominados como níveis de linguagem, também chamados de níveis de
fala, os diferentes registros que o falante pode escolher em seus atos comunicativos,
fazendo uso da linguagem de acordo com os contextos em que se encontra, seus
interlocutores e suas intenções comunicativas.
Entretanto, a formação do emissor da mensagem e seu grau de escolaridade
podem interferir em suas escolhas, visto que os principais níveis de linguagem
compreendem o registro culto e o registro coloquial, sendo que o primeiro exige
aprendizagem nos bancos escolares.
O registro culto costuma ser observado em situações formais, predominando
na linguagem escrita, seguindo as normas estabelecidas pela gramática. Por outro
lado, o registro coloquial predomina em situações informais do nosso cotidiano,
quando a interlocução tem características descontraídas entre os familiares, amigos e
conhecidos.
No entanto, é possível que o registro culto seja exigido em situações de
interlocução oral, como em palestras, por exemplo, e o registro coloquial encontre
espaço em textos escritos, como forma de aproximação com o interlocutor, como
percebemos em campanhas publicitárias.
DIVERSIDADE LINGUÍSTICA
A língua, como um produto de interação social, apresenta mudanças contínuas,
recebendo novos termos em seu léxico, apropriando-se de palavras de outras línguas,
ocorrendo criações do falante (neologismos) que passam a ser aceitas pela
comunidade linguística como um todo, por isso essa comunidade precisa garantir a
manutenção de seu idioma. Para isso, em geral, as escolas são encarregadas de
apresentar as regras de seu uso em sociedade, considerando o padrão de registro de
maior prestígio, no caso, a norma padrão.
Assim, fica estabelecida uma forma de manutenção da norma padrão,
correspondendo àquilo que o falante utiliza com maior frequência, valorizada
socialmente e mais utilizada na esfera pública por imprensa, comércio, indústria,
universidade, governo etc.
Entretanto, não podem ser desconsideradas as variações linguísticas, pois não
existe apenas uma norma totalmente correta ou melhor que outra, mas diferentes
variantes cujo emprego deve se adequar às condições de comunicação, para que
ocorra a interatividade entre os interlocutores (SARMENTO, 2012).
EXPLICANDO
Neologismo corresponde a uma palavra criada na própria língua ou adaptada
de outra, ou a uma palavra antiga sendo utilizada com sentido novo (MICHAELLIS,
2009).
TEMA
O tema é o assunto que é desenvolvido no texto, seu desenvolvimento
depende dos conhecimentos adquiridos pelo emissor e do repertório que este adquiriu
até o momento da produção.
É certo que, dependendo da etapa de escolarização de um indivíduo, da sua
falta de contato com um ensino formal ou da sua experiência de vida, há fatores que
podem acarretar limitações quando ao desenrolar de determinados temas e subtemas,
isto é, assuntos a eles relacionados.
Entretanto, também é certo que podemos discorrer sobre os mais diversos
assuntos, de modo superficial ou específico, dependendo do contato que tivemos com
as informações em pauta, encontrando maior ou menor facilidade para a elaboração
de textos sobre eles.
O ideal é que o emissor tente ampliar seu repertório constantemente, não se
limitando aos bancos escolares, mas buscando conhecimentos que ampliem
constantemente sua bagagem cultural através de leituras e pesquisas, tentando
conhecer diferentes linguagens e produções culturais, sempre que possível, tomando
contato com produções teatrais, musicais ou filmes e buscando livros e revistas de
conteúdos diversos para que possa com segurança escrever sobre os mais diversos
temas.
COESÃO TEXTUAL
Diz-se que um texto coeso é o que se apresenta bem concatenado em suas
partes (CAMPEDELI; SOUZA, 2003), isto é, consegue estabelecer uma sequência
lógica e harmoniosa entre os seus elementos, ocorrendo ligações que auxiliam o
entendimento do texto.
A coesão textual permite que as ideias de um texto apresentem uma
amarração entre si, admitindo maior eficiência na produção de textos quanto à
comunicação, pois apresentam sentido para o interlocutor.
Vários são os elementos linguísticos que se colocam a serviço da coesão
textual, cabendo ao enunciador sua melhor utilização, pois sua ruptura provoca falta
de sentido e consequente falta de entendimento por parte dos interlocutores que
recebem as mensagens.
Esses elementos linguísticos referem-se ao uso de pronomes, sinônimos,
regências, concordâncias, inadequações e ambiguidades, entre vários outros. O seu
uso incorreto acarreta graves problemas no ato comunicativo. Observe um exemplo
que demonstra falta de coesão textual:
“Eu sou um jogador onde que sempre sei que vou fazer muito.
Fazem cinco anos que estou na seleção brasileira.
Eu sou um jogador e aí é o problema, todos os jogos que joguei lutei muito
para marcar.
Numa copa do mundo falta pouquíssimo tempo. Acho que estou dentro desse
grupo, não sei se vou entrar lá, essa copa é para o meu pai. Eu sou uma pessoa que
desde cedo, eu sabia que eu ia lá estar jogando, defendendo o meu país, onde que se
nós todos quiséssemos nenhuma vez a copa estaria perdida" (CAMPEDELI; SOUZA,
2003, p. 41).
Facilmente percebemos que os problemas apresentados pela falta de ligação
adequada entre as ideias desse texto, evidenciando problemas em sua construção,
comprometem não só o sentido do mesmo para o interlocutor, mas também a imagem
e o prestígio atribuído ao seu enunciador como falante da língua.
Aquele que escreve deve ter em mente que precisa fazer escolhas a cada
passo dado no texto, mantendo o raciocínio encadeado para que o outro o
compreenda. Não havendo coesão textual, esse trabalho fica perdido e, havendo o
domínio dos mecanismos linguísticos disponíveis na língua, o que ocorre aos poucos,
com maior fluidez, pode-se externar com sucesso seus pensamentos no papel.
CITANDO
A sustentação de um texto se dá na coesão em dois sentidos: o gramatical e o
semântico. O primeiro visa à articulação dos elementos linguísticos, observando a
estrutura e as regras das relações sintáticas possíveis e coerentes dentro de um texto;
o segundo, a articulação de elementos linguísticos que fazem referência a um
determinado campo semântico (NICOLA; TERRA, p. 98).
O campo semântico trabalha com os sentidos que uma única palavra apresenta
quando inserida em contextos diversos. Ele é, portanto, o conjunto dos diversos
sentidos que uma única palavra pode apresentar (PACHECO, 2019), lembrando que a
semântica estuda o significado de cada termo que existe em uma língua.
Desse modo, uma mesma palavra, dependendo da forma como é utilizada e do
contexto em que ocorre essa utilização, pode adquirir diferentes significados.
Podemos citar como exemplo o termo “partir”: em seu campo semântico, podemos
relacionar “sair”, “ir embora”, “dar o fora” “sumir”, “morrer”, “quebrar”, “espatifar” etc.
(PACHECO, 2019).
Muitas vezes, o campo semântico é mencionado quando estudamos campos
lexicais, ocorrendo diferenças entre eles, visto que o léxico corresponde ao conjunto
de palavras utilizadas ou pertencentes a uma determinada língua.
Operamos com diferentes campos lexicais durante a elaboração de textos,
observando que as palavras, nesse caso, pertencem a uma mesma área de
conhecimento, como o campo lexical do termo “trabalhar”, que pode ser formado por
palavras como “trabalhador”, “funcionário”, “patrão”, “salário”, “sindicato”, “profissional”,
“operário”, entre outros (PACHECO, 2019).
O conhecimento e a ampliação de nosso repertório quanto ao uso de campos
lexicais e de campos semânticos permitem que exploremos melhor os recursos de
coesão textual, evitando repetições de palavras, ocorrência que prejudica a
progressão textual e incomoda o interlocutor.
Observe o problema de coesão apresentado devido à repetição dos termos no
exemplo a seguir:
Mariana tentou desvendar as emoções da irmã e fazer a irmã confessar seus
sentimentos por Edward.
- É uma pena que Edward não aprecie muito as aquarelas – disse ela, pois
sabia da paixão de Elinor por pintura e quanto gostava de desenhar e, para Marianne,
pessoas enamoradas devem apreciar as mesmas coisas na vida.
- Como disse isso, Marianne? Edward não pinta ou desenha, mas sabe bem
avaliar o que os outros produzem (CAMPEDELLI; SOUZA, 2002, p. 42).
Percebe-se que a sensação que temos é a de que o texto não sai do mesmo
ponto, não apresentando ideias novas, ou seja, não apresentando progressão textual.
Os interlocutores esperam que ocorra um processo de articulação entre os termos,
que provoque retomadas entre as informações lançadas e, ao mesmo tempo, traga
novas informações, ocorrendo, então, coesão e progressão textuais.