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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

UNIDADE 2 – Comunicação escrita, expressão, diversidade linguística


e coesão textual

ELABORAÇÃO DE RESPOSTAS

Em nossos atos de comunicação, ocorram eles oralmente ou por escrito, em


muitos momentos, somos levados à necessidade de elaborar uma resposta, aqui
entendida como aquilo que se diz ou é escrito para responder a uma pergunta. 
Inicialmente, é preciso que se entenda que a elaboração de uma resposta
compreende a organização de um texto e, como tal, deve seguir alguns princípios, e
responder a algo não pode ocorrer de forma automática; como produção de texto, a
resposta deve ter clareza e deve ser organizada, de modo que o interlocutor perceba
que há um começo, um meio e um fim bem esboçados. 
Em qualquer ato de interlocução, trabalhamos com os chamados elementos da
comunicação, são eles: a mensagem em si, ou seja, a informação transmitida; o
emissor, aquele que emite uma mensagem; o receptor, aquele que recebe a
mensagem; o canal, ou seja, o meio escolhido para o envio da mensagem; o código,
que compreende o sistema de sinais empregados no envio da mensagem; o referente,
objeto ou situação a que a mensagem se refere. 
Além da necessidade do conhecimento do código escolhido, da escolha de um
canal adequado e que não possua interferências (chamadas de ruídos em
comunicação), nossos interlocutores dependem da clareza, da organização e da
expressão dos nossos pensamentos para a compreensão das mensagens enviadas. 
No momento em que elaboramos uma resposta, somos os emissores que
querem conquistar a compreensão de nossa mensagem e, levando em conta nossos
receptores, o contexto em que nos encontramos, nosso domínio sobre o conteúdo a
que se refere a pergunta feita e a forma como organizamos nossos pensamentos,
haverá facilidade ou não para que o receptor compreenda o que desejamos com o
envio da mensagem. 
Também, precisamos lembrar que “o destinatário da comunicação não é um
receptor passivo, mas um intérprete que decodifica e compreende a mensagem de
acordo com sua experiência humana e cultural” (ALVAREZ; BARRACA, 2002, p. 47);
isto quer dizer que, durante o processamento da mensagem enviada, pode ocorrer um
afastamento entre a intenção do emissor e o entendimento da parte do receptor. Por
isso, os indicadores enviados precisam ser claros para quem recebe a informação, no
entanto, é preciso ressaltar que o repertório de conhecimentos também pode interferir
no processo, pois os esquemas mentais e os conhecimentos adquiridos têm caráter
bastante individualizados. 
Se a situação do ato comunicativo é direta, através do diálogo, o emissor pode
contar com a comunicação não verbal, usando gestos e expressões, ou até mesmo
reformulando a mensagem.
CITANDO
Ora, quando falamos com alguém, não é só a palavra que está comunicando, e
sim, a soma de gestos, a intensidade da voz, as expressões faciais etc. Além disso,
uma conversa se constrói no momento que está ocorrendo. Tanto é que sentimos que
nosso interlocutor não está entendendo bem. Sabemos que tanto os produtores de
mensagens quanto os destinatários são, na verdade, intérpretes, ambos sujeitos ativos
na comunicação, que realmente só ocorre quando se dá a troca entre eles, quando
interagem efetivamente ao ato de comunicação (ALVAREZ; BARRACA, 2002, p. 47).
Entretanto, se o ato comunicativo ocorre através da escrita, o emissor deve
fazer todo o possível para que a mensagem não tenha a necessidade de ser refeita,
pois nem sempre poderá contar com essa oportunidade.
Ao se deparar com um raciocínio desorganizado e sem clareza, o receptor não
conta com as pistas necessárias para o entendimento da informação enviada e,
mesmo que compreenda o código escolhido, terá dificuldades para chegar à
compreensão do enunciado pelo emissor, ou até mesmo não chegará a ela. 
Em situações de avaliação, comuns na esfera escolar, por exemplo, o
professor depende da clareza e da organização da resposta elaborada pelo aluno para
sua avaliação. Desse modo, o sucesso comunicativo de uma resposta está atrelado
aos cuidados que envolvem sua elaboração, quanto à forma como é elaborada e
quanto ao seu conteúdo.

AS CONVERSAÇÕES
As conversas costumam ter características mais ou menos informais,
envolvendo nossas esferas de atividades, entre amigos, entre colegas de trabalho, nos
ambientes de estudo e, sejam os falantes portadores de formação escolar ou não, a
comunicação pode ocorrer observando a fala e algumas formas básicas de
comunicação. 
Especificamente, as conversações envolvem acordos e negociações para as
tocas de turnos de interlocução, isto é, unidades que compreendem a participação de
cada um, auxiliando na formulação de textos dialogais, mas nem sempre um
interlocutor toma a palavra ao término da enunciação do outro. Por vezes, ocorrem
interrupções. 
Terra e Nicola (2008) ressaltam características particulares dos textos
conversacionais como:
1.Emprego de linguagem verbal e de linguagem não verbal, com a utilização de
entonações, expressões faciais, gestos, olhares, movimentos, e até as roupas,
postura, penteados e adereços contribuem de alguma forma;
2.Emprego de expressões fáticas, ou seja, aquelas que enfocam o canal de
comunicação, com uso de frases interjetivas, como “Certo?”, “Tudo bem?”, “Claro!”,
entre outras;
3.Negociação constante para a troca de turnos de fala, muitas vezes
naturalmente, outras de forma sutil e, às vezes, de modo grosseiro.
Assim, em situação de comunicação oral, a elaboração de respostas está
sujeita às características dos textos dialogais ora mencionados, cabendo aos
interlocutores a sua observação.

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Segundo Saussure (2012), a língua é a parte social da linguagem e o indivíduo
não pode modificá-la sozinho, uma vez que ela existe por conta de um “contrato” entre
todas as pessoas que fazem parte da comunidade em questão. Apesar disso, ele
também afirma que a fala é sempre individual e que a língua é necessária para que a
fala produza seus efeitos.
A utilização da fala e da linguagem dependem das competências
comunicativas dos participantes do ato comunicativo, formulando enunciados
(emissor/falante) ou atribuindo-lhes significados (receptor/ouvinte ou leitor). Além
disso, a ideologia e a cultura dos interlocutores também se evidenciam na formulação
e na leitura que fazem dos enunciados. Somam-se ao processo as influências de
aspecto psicológico dos indivíduos no momento exato do ato comunicativo, tais como
humor e capacidade de tolerância, que podem interferir tanto na enunciação quanto na
interpretação, além da formulação dos enunciados, de modo que permitam ao
interlocutor o reconhecimento de suas formas (TERRA; NICOLA, 2008). 
Desse modo, encontramos, no que se refere à fala em sua produção, seja oral
ou escrita, dois mecanismos que participam do processo de escolha e seleção das
palavras e que interferem na organização e na combinação das mesmas, conforme a
determinação do falante e seus objetivos: a denotação e a conotação. A utilização
desses recursos depende das competências comunicativas dos interlocutores. 
Entendemos por denotação a relação direta de significado que um nome
estabelece com um objeto da realidade. O uso denotativo de uma palavra refere-se ao
seu uso literal, restrito e objetivo, com o significado normalmente encontrado nos
dicionários. 
Por outro lado, a conotação faz referência a algo que uma palavra ou coisa
sugere, como se fosse uma ampliação do significado “comum”. O uso conotativo de
um termo exige que o interlocutor faça associações com elementos de seu repertório,
para que encontre sentido no enunciado. O uso conotativo de um termo indica que o
falante tem intenção literária e subjetiva.

Diagrama 1. Diferenciando denotação de conotação.

Observe o trecho do poema de Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987),


poeta e contista brasileiro:
A noite dissolve os homens
A noite
desceu. Que noite!
Já não enxergo meus irmãos.
E nem tão pouco os rumores que outrora me perturbavam.

 A noite desceu. Nas casas, nas ruas onde se combate,


nos campos desfalecidos, a noite espalhou o medo e a total incompreensão.
A noite caiu. Tremenda, sem esperança...
Os suspiros acusam a presença negra que paralisa os guerreiros.

E o amor não abre caminho na noite.


A noite é mortal, completa, sem reticências,
a noite dissolve os homens, diz que é inútil sofrer,
a noite dissolve as pátrias, apagou os almirantes cintilantes!
nas suas fardas.

A noite anoiteceu tudo... O mundo não tem remédio...


Os suicidas tinham razão.

Aurora, entretanto eu te diviso,


ainda tímida, inexperiente das luzes que vais ascender
e dos bens que repartirás com todos os homens.
Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações,
adivinho-te que sobes,
vapor róseo, expulsando a treva noturna.

O triste mundo fascista se decompõe ao contato de teus dedos,


teus dedos frios, que ainda se não modelaram mas que avançam
na escuridão
como um sinal verde e peremptório. [...]

Considerando o sentido denotativo da palavra “noite”, encontramos seu


significado no dicionário como tempo que transcorre entre o poente e o nascer do sol.
No entanto, o poeta faz uso do termo “noite” sob outros aspectos, abraçando o sentido
conotativo, que ainda depende da contextualização quanto às preocupações
apresentadas no momento de criação do poema. “A noite dissolve os homens” é uma
metáfora sobre os horrores do avanço nazifascista, sobre o totalitarismo que trouxe
perseguições políticas em nosso país e o medo e a solidão do eu-lírico. 
Também se evidencia o uso da palavra “aurora”, que o dicionário apresenta
como a claridade que precede o nascer do sol e no texto pode ser entendida como a
esperança diante dos problemas percebidos pelo eu-lírico. 
Verifica-se, então, que os recursos usados causam uma transformação nos
significados das palavras, provocando alteração do pensamento, pois os elementos da
linguagem são desviados de seu uso normal, criando uma linguagem nova
(CAMPEDELI; SOUZA, 2003).
Assim, percebemos que o
sucesso na comunicação e o uso
que o indivíduo faz da língua em
seus processos comunicativos
dependem não só do domínio do
código estabelecido entre os
falantes e dos elementos da
comunicação, mas também da
competência comunicativa dos
interlocutores, da ideologia, da
cultura, do aspecto psicológico, das
intenções e da seleção das
palavras durante o uso,
trabalhando com os mecanismos
de seleção e combinação de
signos, que não são aleatórios,
pois estão relacionados à intenção
do falante.
Diagrama 2. Fatores que
interferem no sucesso da
comunicação.

COMANDOS DE
QUESTÃO E ELABORAÇÃO DE RESPOSTAS
Muitas vezes, em processos de avaliação, principalmente nos ambientes
escolares, o indivíduo não alcança êxito por não conseguir elaborar respostas que
correspondam às questões que lhe são propostas, mesmo tendo se preparado para
elas. 
Uma resposta deve ser completa, como uma produção que deve fazer sentido
para o interlocutor, além de apresentar início, meio e fim bem delineados. O comando
de uma questão corresponde ao verbo ao redor do qual a pergunta se concentra,
aparecendo geralmente no modo imperativo, como uma ordem, mas também pode
estar subentendido, não aparecendo explicitamente. Desse modo, é relevante que se
compreenda bem os comandos de questão e se obedeça a eles.
Observando que, quando se menciona discurso próprio, isso quer dizer que se
deve utilizar suas palavras, sem cópias de trechos motivadores ou outros, obedecendo
aos padrões da norma culta, principalmente em situações de avaliação.
Tabela
1. Comandos de
questão
Inúmeros são
os comandos de
questão utilizados em
sala de aula, cabendo
aos indivíduos que se
encontram nas
situações em que são
apresentados buscar
o conhecimento de
seus conceitos, a fim
de que resultados
satisfatórios
correspondam aos
seus esforços,
fazendo-se entender
por seus avaliadores.

RESPOSTAS
SUBJETIVAS E
OBJETIVAS

De acordo com Houaiss (2004), o que é subjetivo está sujeito ao pessoal, não


havendo imparcialidade, e é tendencioso, não sendo concreto, exato ou objetivo.
Entendemos, então, que algo subjetivo é tudo o que é próprio do sujeito ou relativo a
ele, pertencendo ao comando de sua consciência e baseado na sua interpretação
individual e, sendo assim, pode não ser válido para os demais. Além disso, o uso
conotativo dos termos contribui para a presença da subjetividade nos textos. 
Desse modo, entende-se que uma resposta subjetiva pode apresentar
elementos que podem interferir num processo comunicativo, comprometendo
situações de avaliação, por exemplo, pois possibilitam interpretações que dependem
do repertório individual de emissor e receptor, ou pode apresentar um juízo de valor
que não é compartilhado pelo receptor. 
Desejando fazer uso de uma resposta subjetiva, precisamos verificar se há
condições de entendimento, dentro do contexto, de acordo com o canal e o código
escolhidos, além das características de nosso interlocutor; ainda, se há oportunidade
para esse uso, o que nem sempre ocorre em situações de avaliações na esfera
escolar. 
Observando a possibilidade, precisamos garantir que ocorram pistas em nosso
texto, oral ou escrito, que permitam a recuperação do sentido desejado e se há
organização entre as partes que o compõem, para que o interlocutor compreenda as
opiniões e interpretações que nele apresentamos. 
Quanto à objetividade, de modo contrário à subjetividade, compreende a
qualidade daquilo que dá, ou pretender dar, uma representação fiel de um objeto ou
fato (HOUAISS, 2004), sendo assim, trazendo o uso dos termos que exploram a
denotação.
Quando desejamos fazer uso de respostas objetivas, buscamos
a verossimilhança com base na realidade para a apresentação de nossos conteúdos,
de forma isenta e impessoal, ou seja, sem a presença de nossas opiniões ou
sentimentos. 
Nesse caso, a organização e a concatenação das informações apresentadas,
além de sua veracidade, são elementos relevantes que devem ser preservados e, para
que não haja comprometimento quanto ao que é apresentado, a coesão entre as
partes da resposta, considerando início, meio e fim bem marcados, formulados com
clareza, forma e conteúdo, devem levar o interlocutor à apropriação do sentido do
texto elaborado.
EXPLICANDO
O conceito de verossimilhança prende-se à característica do que é verossímil,
ou seja, que aparenta ser ou é considerado verdadeiro.

COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Comunicar é partilhar informações, pensamentos, sentimentos e opiniões,
tendo como objetivo principal a influência entre os interlocutores no processo
comunicativo. 
Fazem parte da interação humana a comunicação falada, a ilustrada, feita por
gestos, realizada em grupos, com o falante consigo mesmo, por ações, considerando
grandes grupos (comunicação de massa), por sons, pelas artes e pela escrita
(BERLO, 2003).
A comunicação através da escrita exige bem mais do falante do que a
comunicação oral e, muitas vezes, seu trabalho é tal que se assemelha a uma espécie
de tradução dentro da própria língua, devendo ser considerados vários fatores para a
elaboração de textos escritos carregados de sentido para os interlocutores. Entre eles,
encontramos a textualidade. 
A expressão escrita tem se tornado cada vez mais frequente em nossa
sociedade, em função do avanço da tecnologia, exigindo uma comunicação rápida e
de compreensão facilitada. Isso quer dizer que o compartilhamento de informações
exige que o usuário da língua tenha um domínio cada vez maior dos diversos sistemas
de códigos disponíveis, para que seus textos sejam compreendidos tanto na esfera
pessoal quanto na esfera profissional. 
A capacidade de síntese, de organização e de clareza em seus enunciados
também têm sido condições para que as situações de interação escrita definam o êxito
dos diversos usos dos textos escritos. Igualmente, é preciso que tenha conhecimento
e condições de discernir quais os níveis de linguagem apropriados para os diferentes
meios de expressão.

TEXTO E TEXTUALIDADE
Segundo Santos, Riche e Teixeira (2012), o texto é como um elemento de
interação marcado pela coesão entre os seus elementos; ou seja, várias frases não
podem ser chamadas de textos se elas não possuírem um significado juntas. Só
podemos afirmar que foi elaborado um texto se suas partes estiverem ligadas e
organizadas de tal modo que apresentem sentido. 
Como integrantes de uma sociedade, fazemos parte de uma comunidade
linguística quando fazemos uso de um mesmo idioma dentro dessa comunidade, ou
seja, partilhamos uma mesma língua e seus códigos de expressão, fazendo uso deles
para nossas atividades de interação. 
A língua, em sua organização, possui um léxico, ou seja, um vocabulário, que é
usado de acordo com um conjunto de regras que chamamos de gramática. O uso da
língua deve obedecer, também, regras de textualização, ou seja, normas de
composição de textos, e normas sociais de atuação, na situação interativa
(SARMENTO, 2012). 
Quando nos deparamos com um conjunto de palavras ou frases soltas que não
obedecem aos padrões de organização da língua, dizemos que não há textualidade ou
textura, por isso não apresenta sentido, pois não observa os elementos de
textualização necessários, não ocorrendo coesão, coerência, informatividade e
intertextualidade. 
Portanto, para que tenhamos um texto, a coesão é estabelecida com a ligação
entre as palavras, as frases, as orações e os períodos do texto. A coerência contribui
para o sentido não apresentando elementos em contradição entre suas partes ou
ideias; a informatividade apresenta a relevância das informações fornecidas e a
intertextualidade fornece a relação com outros textos. Além disso, devemos considerar
o a situação em que o texto está inserido. 

Diagrama 3. Textualidade ou textura.

TIPOS DE DISCURSO E CONTEXTO


O contexto em que um texto está inserido precisa ser observado, visto que uma
mesma frase pode apresentar significados diferentes em situações distintas e para
interlocutores distintos. Por isso, muitas vezes, observamos alguém reclamar que não
foi compreendido em suas intenções, pois sua frase foi descontextualizada, ou seja,
não foram observadas as condições em que foram proferidas, acarretando
interpretações indesejadas. 
Além disso, temos que considerar o discurso escolhido, entendendo o termo
discurso como o uso da língua em uma determinada situação de comunicação entre
interlocutores, constituindo o conjunto de enunciados de um emissor e seu interlocutor,
em um determinado momento em que se faz o uso da língua (SARMENTO, 2012). 
O texto dá origem ao discurso e o discurso materializa a produção textual.
Cabe ao emissor do texto escolher a forma de apresentação de suas ideias sobre
temas diversos e a forma de manifestação de seu discurso. 

NÍVEIS DE LINGUAGEM
Um fato que deve ser considerado universal é que toda língua apresenta
variações, isto é, dependendo da situação de comunicação, naturalmente, o seu uso
acontece de forma variada devido ao seu caráter social. 
Geralmente, o usuário de uma língua reconhece a necessidade de adequação
às condições de uso em determinadas situações de interação comunicativa, além de
reconhecer quais os modelos mais prestigiados e a necessidade de empregá-los em
textos escritos. 
São denominados como níveis de linguagem, também chamados de níveis de
fala, os diferentes registros que o falante pode escolher em seus atos comunicativos,
fazendo uso da linguagem de acordo com os contextos em que se encontra, seus
interlocutores e suas intenções comunicativas.
Entretanto, a formação do emissor da mensagem e seu grau de escolaridade
podem interferir em suas escolhas, visto que os principais níveis de linguagem
compreendem o registro culto e o registro coloquial, sendo que o primeiro exige
aprendizagem nos bancos escolares.
O registro culto costuma ser observado em situações formais, predominando
na linguagem escrita, seguindo as normas estabelecidas pela gramática. Por outro
lado, o registro coloquial predomina em situações informais do nosso cotidiano,
quando a interlocução tem características descontraídas entre os familiares, amigos e
conhecidos. 
No entanto, é possível que o registro culto seja exigido em situações de
interlocução oral, como em palestras, por exemplo, e o registro coloquial encontre
espaço em textos escritos, como forma de aproximação com o interlocutor, como
percebemos em campanhas publicitárias.

DIVERSIDADE LINGUÍSTICA
A língua, como um produto de interação social, apresenta mudanças contínuas,
recebendo novos termos em seu léxico, apropriando-se de palavras de outras línguas,
ocorrendo criações do falante (neologismos) que passam a ser aceitas pela
comunidade linguística como um todo, por isso essa comunidade precisa garantir a
manutenção de seu idioma. Para isso, em geral, as escolas são encarregadas de
apresentar as regras de seu uso em sociedade, considerando o padrão de registro de
maior prestígio, no caso, a norma padrão. 
Assim, fica estabelecida uma forma de manutenção da norma padrão,
correspondendo àquilo que o falante utiliza com maior frequência, valorizada
socialmente e mais utilizada na esfera pública por imprensa, comércio, indústria,
universidade, governo etc. 
Entretanto, não podem ser desconsideradas as variações linguísticas, pois não
existe apenas uma norma totalmente correta ou melhor que outra, mas diferentes
variantes cujo emprego deve se adequar às condições de comunicação, para que
ocorra a interatividade entre os interlocutores (SARMENTO, 2012).
EXPLICANDO
Neologismo corresponde a uma palavra criada na própria língua ou adaptada
de outra, ou a uma palavra antiga sendo utilizada com sentido novo (MICHAELLIS,
2009). 

VARIANTES LINGUÍSTICAS E ESTILO


Variações linguísticas são as diferentes variações regionais, sociais e históricas
dentro de uma mesma língua. Entre elas, encontramos os dialetos e os registros.
Os dialetos são resultantes de fatores regionais, com palavras e construções
que caracterizam os falantes de determinados espaços geográficos; de fatores sociais,
com a expressão de linguagem própria de grupos com interesses comuns,
caracterizando jargões profissionais, por exemplo, e formas de expressão
características de grupos de falantes de diferentes condições sociais, econômicas ou
culturais; de fatores relacionados às diferentes faixas etárias; e de fatores relacionados
ao sexo do falante, que escolhe palavras diferentes, conduzindo conversas de modo
distinto (SARMENTO, 2012).
Em geral, essas diferenças acontecem no campo lexical, pela escolha do
vocabulário, e no campo fonético, pois há mudanças na pronúncia e na entonação
usadas pelos falantes, ou seja, há os sotaques, facilmente observados nos falantes de
diferentes regiões.
 
Além disso, escolhas individuais resultam em estilos próprios, bastante
observados em textos literários, e estilos de época, observados pelo uso de palavras e
referências a determinados contextos, nos quais são verificados recortes temporais,
considerando épocas específicas e fatores históricos. 
A variação histórica permite que percebamos a mudança que a língua sofre no
decorrer do tempo, ocorrendo quanto à grafia (escrita), à pronúncia, à semântica
(significado), ao léxico (vocabulário) e à sintaxe da língua (organização dos termos nas
frases).
COMPOSIÇÃO
A composição de textos depende das intenções do emissor, que faz escolhas
que precisam se adequar aos diferentes contextos e aos interlocutores envolvidos ou
previstos, e dos objetivos que pretende alcançar com sua produção. 
De modo geral, nossas enunciações têm o objetivo de narrar fatos, realizar
descrições, argumentar em favor de nossas opiniões, ou dissertar, quando
explanamos nossas ideias e interpretações. 
A partir da determinação dos objetivos de nossos enunciados, buscamos
esquemas de produções textuais que as caracterizam e definimos as funções que
pretendemos com elas, considerando funções estéticas ou funções utilitárias. 
A função estética ocorre quando exploramos as diversas potencialidades de
significado que as palavras carregam, utilizando a função poética e a conotação,
dando ênfase ao modo de dizer algo, de forma significativa e diferente da usual,
tentando impressionar nossos interlocutores. 
A função utilitária está presente em textos cujo maior significado encontra-se
no que é dito, utilizando a função referencial e a denotação, quando buscamos a
exatidão e as palavras designam os elementos aos quais tradicionalmente estão
associadas.

PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE TEXTOS


A elaboração de um texto não corresponde a um trabalho fácil. É necessário
planejamento do que será colocado no papel, para que sejam garantidos os elementos
que tragam a textualidade que levará nossos pensamentos de modo concatenado,
com clareza, organização e sentido que permitam que o interlocutor o recrie em si,
confirmando o alcance de nossos objetivos com a produção textual. 
A leitura e a retomada constantes de cada frase, oração, período ou parágrafo,
exigindo trabalho perseverante e atencioso, devem acompanhar o processo de
elaboração do texto a todo momento. É importante ressaltar que o hábito de leitura de
textos diversos contribui para que assimilemos formas de composição que atendam a
objetivos diferentes. 
Por fim, a revisão com a confirmação de que o planejamento foi seguido ou se
houve necessidade de reformulação de objetivos deve ser um momento de igual
importância, o qual retomamos nossas ideias e verificamos se oferecemos ao
interlocutor as condições para a compreensão do registro que fizemos de nossos
pensamentos. 
Além disso, a revisão sobre as regras que caracterizam o padrão culto e de
prestígio da língua deve ser alvo de especial estudo e atenção, pois o desvio de
determinadas regras leva abaixo o trabalho de produção e ao descrédito o produtor do
texto.

TEMA
O tema é o assunto que é desenvolvido no texto, seu desenvolvimento
depende dos conhecimentos adquiridos pelo emissor e do repertório que este adquiriu
até o momento da produção. 
É certo que, dependendo da etapa de escolarização de um indivíduo, da sua
falta de contato com um ensino formal ou da sua experiência de vida, há fatores que
podem acarretar limitações quando ao desenrolar de determinados temas e subtemas,
isto é, assuntos a eles relacionados. 
Entretanto, também é certo que podemos discorrer sobre os mais diversos
assuntos, de modo superficial ou específico, dependendo do contato que tivemos com
as informações em pauta, encontrando maior ou menor facilidade para a elaboração
de textos sobre eles. 
O ideal é que o emissor tente ampliar seu repertório constantemente, não se
limitando aos bancos escolares, mas buscando conhecimentos que ampliem
constantemente sua bagagem cultural através de leituras e pesquisas, tentando
conhecer diferentes linguagens e produções culturais, sempre que possível, tomando
contato com produções teatrais, musicais ou filmes e buscando livros e revistas de
conteúdos diversos para que possa com segurança escrever sobre os mais diversos
temas. 

COESÃO TEXTUAL
Diz-se que um texto coeso é o que se apresenta bem concatenado em suas
partes (CAMPEDELI; SOUZA, 2003), isto é, consegue estabelecer uma sequência
lógica e harmoniosa entre os seus elementos, ocorrendo ligações que auxiliam o
entendimento do texto.
A coesão textual permite que as ideias de um texto apresentem uma
amarração entre si, admitindo maior eficiência na produção de textos quanto à
comunicação, pois apresentam sentido para o interlocutor. 
Vários são os elementos linguísticos que se colocam a serviço da coesão
textual, cabendo ao enunciador sua melhor utilização, pois sua ruptura provoca falta
de sentido e consequente falta de entendimento por parte dos interlocutores que
recebem as mensagens. 
Esses elementos linguísticos referem-se ao uso de pronomes, sinônimos,
regências, concordâncias, inadequações e ambiguidades, entre vários outros. O seu
uso incorreto acarreta graves problemas no ato comunicativo. Observe um exemplo
que demonstra falta de coesão textual: 
“Eu sou um jogador onde que sempre sei que vou fazer muito. 
Fazem cinco anos que estou na seleção brasileira. 
Eu sou um jogador e aí é o problema, todos os jogos que joguei lutei muito
para marcar.
Numa copa do mundo falta pouquíssimo tempo. Acho que estou dentro desse
grupo, não sei se vou entrar lá, essa copa é para o meu pai. Eu sou uma pessoa que
desde cedo, eu sabia que eu ia lá estar jogando, defendendo o meu país, onde que se
nós todos quiséssemos nenhuma vez a copa estaria perdida" (CAMPEDELI; SOUZA,
2003, p. 41).
Facilmente percebemos que os problemas apresentados pela falta de ligação
adequada entre as ideias desse texto, evidenciando problemas em sua construção,
comprometem não só o sentido do mesmo para o interlocutor, mas também a imagem
e o prestígio atribuído ao seu enunciador como falante da língua. 
Aquele que escreve deve ter em mente que precisa fazer escolhas a cada
passo dado no texto, mantendo o raciocínio encadeado para que o outro o
compreenda. Não havendo coesão textual, esse trabalho fica perdido e, havendo o
domínio dos mecanismos linguísticos disponíveis na língua, o que ocorre aos poucos,
com maior fluidez, pode-se externar com sucesso seus pensamentos no papel.
CITANDO
A sustentação de um texto se dá na coesão em dois sentidos: o gramatical e o
semântico. O primeiro visa à articulação dos elementos linguísticos, observando a
estrutura e as regras das relações sintáticas possíveis e coerentes dentro de um texto;
o segundo, a articulação de elementos linguísticos que fazem referência a um
determinado campo semântico (NICOLA; TERRA, p. 98).
O campo semântico trabalha com os sentidos que uma única palavra apresenta
quando inserida em contextos diversos. Ele é, portanto, o conjunto dos diversos
sentidos que uma única palavra pode apresentar (PACHECO, 2019), lembrando que a
semântica estuda o significado de cada termo que existe em uma língua.
Desse modo, uma mesma palavra, dependendo da forma como é utilizada e do
contexto em que ocorre essa utilização, pode adquirir diferentes significados.
Podemos citar como exemplo o termo “partir”: em seu campo semântico, podemos
relacionar “sair”, “ir embora”, “dar o fora” “sumir”, “morrer”, “quebrar”, “espatifar” etc.
(PACHECO, 2019). 
Muitas vezes, o campo semântico é mencionado quando estudamos campos
lexicais, ocorrendo diferenças entre eles, visto que o léxico corresponde ao conjunto
de palavras utilizadas ou pertencentes a uma determinada língua. 
Operamos com diferentes campos lexicais durante a elaboração de textos,
observando que as palavras, nesse caso, pertencem a uma mesma área de
conhecimento, como o campo lexical do termo “trabalhar”, que pode ser formado por
palavras como “trabalhador”, “funcionário”, “patrão”, “salário”, “sindicato”, “profissional”,
“operário”, entre outros (PACHECO, 2019). 
O conhecimento e a ampliação de nosso repertório quanto ao uso de campos
lexicais e de campos semânticos permitem que exploremos melhor os recursos de
coesão textual, evitando repetições de palavras, ocorrência que prejudica a
progressão textual e incomoda o interlocutor. 
Observe o problema de coesão apresentado devido à repetição dos termos no
exemplo a seguir: 
Mariana tentou desvendar as emoções da irmã e fazer a irmã confessar seus
sentimentos por Edward. 
- É uma pena que Edward não aprecie muito as aquarelas – disse ela, pois
sabia da paixão de Elinor por pintura e quanto gostava de desenhar e, para Marianne,
pessoas enamoradas devem apreciar as mesmas coisas na vida. 
- Como disse isso, Marianne? Edward não pinta ou desenha, mas sabe bem
avaliar o que os outros produzem (CAMPEDELLI; SOUZA, 2002, p. 42).
Percebe-se que a sensação que temos é a de que o texto não sai do mesmo
ponto, não apresentando ideias novas, ou seja, não apresentando progressão textual.
Os interlocutores esperam que ocorra um processo de articulação entre os termos,
que provoque retomadas entre as informações lançadas e, ao mesmo tempo, traga
novas informações, ocorrendo, então, coesão e progressão textuais.

TIPOS DE COESÃO TEXTUAL


A maioria dos falantes de um idioma consegue produzir oralmente textos com
razoável construção da textualidade, entretanto, nem sempre isso ocorre durante a
elaboração de textos escritos.
CITANDO
Um texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças, mas pelo
encadeamento semântico delas, criando, assim, uma trama semântica a que damos o
nome de textualidade. O encadeamento que produz a textualidade chama-se coesão.
Podemos definir coesão, mais especificamente, dizendo que se trata de uma maneira
de recuperar, em uma sentença B, um termo presente em uma sentença A (ABREU,
2004, p. 13).
Durante as produções orais, as retomadas sem o devido processo de coesão
textual são mais toleradas e, facilmente, nós nos deparamos com construções do tipo
a seguir:
“Vá à feira e compre laranjas. Coloque as laranjas na sacola e, quando estiver
em casa, não se esqueça de colocar as laranjas sobre a mesa da cozinha, para que
as crianças, quando quiserem laranjas, possam pegar as laranjas”. 
Evidentemente, o termo A, ou seja, “laranjas”, não é recuperado de outra
maneira nas demais sentenças do texto, ocorrendo sério problema de falta de coesão
textual.
Na escrita, esse tipo de ocorrência não é tolerado e, em geral, os mecanismos
de coesão gramatical ocorrem por substituição, por conexão e por omissão. Já os
mecanismos de coesão semântica podem ocorrer por repetição lexical, uso de
sinonímia, de hiperônimos ou hipônimos, nesse caso, trabalhando com campos
semânticos e campos lexicais. 
Conhecer os recursos de coesão oferecidos pela língua faz parte da
preocupação de quem deseja apresentar textos cuja coesão trabalhe a favor de uma
elaboração que possibilite um texto com sentido para o interlocutor.

A REFERÊNCIA TEXTUAL - RELAÇÕES ANAFÓRICAS E CATAFÓRICAS


Inicialmente, precisamos conhecer a base das referências que ocorrem em um
texto, chamadas de relações anafóricas e relações catafóricas, pois são muito
importantes para a coesão do texto, articulando e relacionando as informações nele
presentes (NICOLA, 2010). 
As relações baseadas na anáfora apresentam a retomada de referentes que
aparecem antes delas. Observe o exemplo: 
“Maria pedira aos pais um cãozinho. Em poucos dias, eles perceberam que o
pequeno animal seria um problema para a arrumação da casa.” 
O termo “pais” aparece antes da retomada feita pelo pronome “eles". O mesmo
ocorre como termo “cãozinho”, que também aparece antes da retomada feita com a
palavra “animal”. Por outro lado, as relações baseadas em uso de catáfora têm o
referente apresentado depois, como no exemplo: 
“Finalmente, elas chegaram. Minhas velhas amigas vieram para meu
aniversário.”
Observe que o pronome “elas” vem explicitado posteriormente, ou seja, o seu
referente é “minhas velhas amigas”. 
Considerando as referências feitas, o uso de anáforas e catáforas é observado
quando ocorrem dentro do texto, tratando-se de referências endofóricas. Mas também
é possível a referenciação extratextual, ou seja, aquelas que fazem referência a
elementos que estão fora dele e que preenchem os significados, remetendo-nos a
situações do processo comunicacional, ou seja, as referências são encontradas fora
do texto e são chamadas de referências exofóricas. Observe o exemplo: 
“Esse livro está sem identificação, mas é meu.”
Fazemos uso dos pronomes demonstrativos “este(s)”, “esta(s)” e “isto” quando
nos referimos a algo que está próximo do falante, mas fazemos uso dos pronomes
“esse(s)”, “essa(s)” e “isso” quando nos referimos a algo que está próximo do nosso
interlocutor. Nesse caso, é possível entender que o livro em questão se encontra
próximo do interlocutor do emissor da mensagem. Essa informação não se encontra
no texto, mas no contexto, ou seja, na situação e, conhecendo o uso desses
pronomes, é possível compreender a mensagem que ele apresenta.

Desse modo, com o


uso de anáforas ou catáforas,
quando utilizamos
ideias de espaço e tempo, sem definição, explorando pronomes demonstrativos ou
advérbios, tendo como objetivo fazer a localização de um fato em um determinado
espaço ou em um determinado tempo, usamos dêiticos. Alguns deles são “lá”, “aqui”,
“onde”, entre outros.
RECURSOS DA COESÃO TEXTUAL
Conhecer os recursos de coesão textual oferecidos pela língua é importante
para o falante em usos de textos verbais realizados oralmente, mas, primordialmente,
em textos verbais escritos. Desse modo, chamaremos a atenção quanto a alguns
desses recursos com base em Viana (2011), Terra e Nicola (2010). Assim, temos:
 Uso de pronomes do caso reto (eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas) e do
caso oblíquo (átonos: me, te, o, a, lhe, se, nos, vos, os, as, lhes, se; tônicos: mim,
comigo, ti, contigo, si, consigo, ele, ela, nós, conosco, vós, convosco, si, consigo, eles,
elas). Os pronomes pessoais retos podem exercer a função de sujeito de uma oração,
isso quer dizer que são os elementos sobre os quais se faz uma declaração. Os
pronomes pessoais oblíquos, na maior parte das ocorrências, completam os sentidos
de verbos.
Os pronomes pessoais têm carga significativa plena quando relacionados a
substantivos, por exemplo: 
“Maria é nossa prima, ela viajará conosco para a Europa na semana que vem.” 
“Gostei do aspecto daquele doce. Comprei-o para o nosso lanche.”
 Uso de pronomes possessivos: aqueles que associam a ideia de posse
às pessoas do discurso, relacionando a coisa possuída com a pessoa do possuidor,
por exemplo: 
“João presentou suas ideias à gerência do banco.”
 Uso de pronomes relativos: aqueles que retomam um termo
antecedente, introduzindo orações, veja: 
“Comprei os livros de que precisava para meus estudos.”
 Uso de pronomes demonstrativos: aqueles que, no contexto textual,
relacionam-se a uma pessoa do discurso e indicam a posição do substantivo em
relação ao que se declara dele: 
“Preciso que esta caneta esteja sempre comigo.”
O uso de “esta” indica que a caneta está próxima do falante.
 Uso de pronomes indefinidos: são aqueles que se referem à terceira
pessoa do discurso de modo impreciso, indeterminado e genérico, conforme o
exemplo: 
“Choro, lamentação, reclamação, nada o fará mudar de ideia.”
É importante ressaltar que, no caso de uso de palavras fóricas, isto é, de
palavras que preenchem seu significado pela associação a um referente, como é o
caso dos pronomes, o distanciamento entre a palavra fórica e seu referente pode
provocar ambiguidade, ou seja, duplo sentido, ou até mesmo a ruptura da sustentação
coesiva (TERRA; NICOLA, 2010), portanto a leitura e a releitura constantes devem
tentar evitar problemas desse tipo.
 Exploração de elipse: a elipse é a omissão do termo que fica
subentendido, mas cuja recuperação é fácil dentro do texto, como ocorre em:
“Comprei muitas frutas ontem.”
A desinência verbal de “comprei”, demonstrando a flexão do verbo na primeira
pessoa do singular, indica que o agente da ação corresponde ao emissor da
mensagem: “eu”, mas isso não está escrito no texto, ocorrendo um apagamento de um
termo. 
 Uso de advérbios: termos que dão as coordenadas sobre localização no
espaço e no tempo dos elementos a que se referem e que podem aparecer no
contexto textual, como no exemplo: 
“As crianças brincaram muito no parque; elas sempre se divertem muito lá.”
Observando a coesão por conexão, temos o uso de conectivos, ou seja,
conjunções e preposições, responsáveis pela ligação de elementos linguísticos como
palavras, frases, orações e períodos, não desempenhando funções sintáticas, mas
estabelecendo ligações e carregando noções semânticas (de sentido). O uso indevido
de conectivos pode trazer ao texto problemas sérios de sentido.
Temos ainda expressões que funcionam como ordenadoras dentro dos textos,
tais como “em resumo”, “por um lado”, “por outro lado”, “então” etc. Elas se
encarregam da organização das informações no texto. 
Os principais mecanismos da coesão semântica, ou seja, relacionadas ao
sentido, correspondem a:
 Repetição de um mesmo item lexical: consiste na reiteração de um
termo ou de termos pertencentes a uma mesma família lexical. É bom ressaltar que
essa exploração é comum em textos literários e pouco recomendável em textos de
caráter objetivo. 
 Uso de sinonímia: baseia-se na substituição de um termo por outro ou
por uma expressão que possua equivalência de significado. 
 Uso de hiperonímia: a exploração de hiperônimos consiste no emprego
de uma palavra de sentido genérico que designa toda uma classe ou todo um
conjunto. 
 Uso de hiponímia: a exploração de uma palavra que que designa
elemento pertencente a uma classe ou a um conjunto. 
A exploração da coesão semântica é resultante do conhecimento de diferentes
campos lexicais e de diferentes campos semânticos, já que se baseia no emprego de
termos pertencentes a um repertório associado a uma determinada realidade, ciência
ou estudo (TERRA; NICOLA, 2010). 
Podemos "elencar" ainda outros recursos usados para a coesão, tais como o
uso de uma parte de um nome ou só o sobrenome para evitar repetições, uso de
perífrases, ou seja, expressões formadas por várias palavras que ficam em lugar de
outra, termos genéricos, associações, paráfrases, entre outros. 
Cabe ao falante da língua procurar conhecer seu idioma e os mecanismos que
regem sua utilização, para que tire melhor proveito da língua como instrumento de
produção e retomada de sentidos. 

A é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nessa unidade. Vamos


lá?!
SINTETIZANDO
Mesmo como usuários de uma língua, dominando os diversos mecanismos de
divulgação de nossas ideias e fazendo diariamente a utilização dos diferentes códigos
utilizados pela comunidade linguística, é comum encontrarmos dificuldades no
momento de elaboração de registros escritos de nossos pensamentos.
Desde a elaboração de respostas em situações dialogais ou por escrito, temos
que lidar com fatores de uso que dependem do repertório adquirido através das
experiências vividas pelos interlocutores, quando utilizam comandos de questões ou
respostas baseadas em denotação (uso literal dos termos da língua) ou conotação
(uso das palavras com sentido figurado). 
No momento de elaboração de textos, precisamos garantir que eles
apresentem textualidade, observando a organização das ideias, a clareza, a coesão, a
coerência, a informatividade e a intertextualidade, respeitando a verossimilhança
interna ou externa, de modo que os interlocutores consigam recuperar os sentidos
propostos.
Considerando os diferentes níveis de linguagem, precisamos ter a capacidade
de fazer a adequação de nossos enunciados de acordo com os contextos e os
interlocutores pretendidos, fazendo uso das variações que observem a norma padrão,
considerada culta e de prestígio social, ou as linguagens coloquiais, respeitando as
diversidades e variantes linguísticas, resultantes de fatores regionais, sociais e
históricos. 
Quanto aos conteúdos de nossos textos, é preciso que façamos o
planejamento e a organização de ideias, preparando-nos quanto às possibilidades de
exploração de diferentes temas, ampliando nossas experiências e nosso repertório de
conhecimentos, para que a informatividade se faça presente em nossas produções e,
observando as formas de elaboração dos textos, precisamos fazer opções conscientes
de acordo com nossos interesses. 
Por fim, precisamos conhecer e explorar os diferentes recursos de coesão
textual oferecidos pela língua, explorando relações referenciais, baseadas em
substituições, pelo uso de conectivos e estabelecendo relações semânticas que, por
sua vez, dependem de conhecimentos de diferentes campos lexicais e semânticos. 
Dessa forma, o domínio quanto à elaboração de textos depende de prática de
leitura e de composição de textos escritos. Precisamos conhecê-las para que nossas
produções atuem em favor da conquista de nossos interesses em sociedade. 

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