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Tal como tinha acontecido no Ocidente na época da grande indústria, em Moçambique a escola

como instituição educativa, separada da produção no espaço e no tempo, nasceu em função da


necessidade de formação de uma elite, num contexto caracterizado pela oposição entre trabalho
manual e intelectual.
Na visão de GOMEZ, (1999) sistema escolar colonial nasceu entre finais do séc. XIX e as
primeiras décadas do séc. XX para preparar os colonos à direcção política e económica do país,
em parte na sequência das resoluções da conferência de Berlim que, em 1884-1885, reconhecia
as possessões das potências europeias só dos territórios efectivamente ocupados.

O autor acima citado continua a sua visão nos fazendo perceber, que o projecto colonial pedia a
homogeneidade e a coesão ideológica dos seus protagonistas, que tinham uma proveniência
socioeconómica e cultural bastante heterogénea. Nasceu assim a escola, baseada numa educação
através do não-trabalho, separada da sociedade e da produção, com vista à reprodução da classe
dominante.
Os moçambicanos, na sua maioria destinados a fornecer trabalho manual a baixo custo nas minas
dos países vizinhos, à exploração agrícola do país e à construção de infra-estruturas necessárias
ao projecto colonial, vinculados ao trabalho forçado e às culturas obrigatórias e excluídos da
escola, continuaram a viver o processo educativo nas modalidades tradicionais.

Na educação tradicional a formação dos jovens, com a excepção do breve período dos ritos de
iniciação, encontrava-se ligada à vida da comunidade e dos adultos. Não havia um espaço e um
tempo destinados exclusivamente à transmissão cultural ou à produção, nem havia adultos
qualificados unicamente para uma ou outra destas tarefas. Quer se tratasse de bens quer de
cultura, a produção e o usufruto eram inseparáveis.

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