Centro Universitário de Brasília – CEUB

Faculdade de Direito
Curso de Direito
Disciplina: Formação Profissional Integrada
Professor: Rodrigo Augusto Lima de Medeiros
Nome: Felipe Normando Cavalcante Aires
R.A: 22306745
Turma: Vespertino A

RESENHA CRÍTICA : ANTÍGONA (SÓFOCLES)

"Antígona", escrita por Sófocles, é uma peça teatral que aborda temas universais
como moralidade, lealdade e o confronto entre a lei dos deuses e a lei dos homens. Sófocles
aborda temas que estão presentes até os dias atuais, e que sempre vão fazer parte da
sociedade. Vai ser possível observar a consciência individual,o poder do estado, a obrigação,
e a própria existência de uma Lei natural que transcende à dos homens.
A história se desenrola na cidade de Tebas, onde Antígone, uma jovem corajosa,
desafia as ordens do rei Creonte, pois ela decide sepultar seu irmão Polinices, mesmo contra a
proibição imposta pelo governante. O conflito se inicia porque Antígone vai ficar sabendo
que um dos seus irmãos mortos acaba tendo o direito à sepultura negado. Ambos os irmãos
haviam lutado durante a guerra civil pelo trono de Tebas, e acabaram sendo mortos. Creonte,
o homem que tomou o poder, decidiu que Polinices terá seu cadáver exposto às aves. Logo,
Antígone não gosta nada disso, e vai contra o decreto de Creonte e decide oferecer um
sepultamento digno a seu irmão. Então, será apresentado na peça diversas vezes sobre a Lei
dos Deuses, que vai permitir que a personagem principal ( Antígone ) desobedeça às ordens
de Creonte, pois as leis dos Deuses são superiores às leis dos homens e estão além de
qualquer governo e de qualquer época. Logo, o rei Creonte, o qual era um rei tirano,
rapidamente condenou Antígone à morte, por ela ter desobedecido.

Um dos pontos fortes da peça são seus personagens complexos. Antígone é uma
personagem apaixonante, corajosa e determinada. Ela representa a voz da consciência e da
justiça divina, colocando os valores e as crenças familiares acima das leis humanas. Sua
atitude desafiadora em relação a Creonte mostra sua determinação em fazer o que considera
certo, mesmo que isso signifique enfrentar consequências graves. Por outro lado, Creonte é
retratado como um líder autoritário e inflexível. Ele representa o poder do Estado e o
cumprimento da lei humana. Creonte acredita que o bem-estar da cidade depende da
obediência às suas ordens e às leis, e considera a desobediência de Antígone como uma
ameaça à estabilidade social. Sua posição é reforçada pela interpretação de que Polinices era
um traidor e, portanto, não merecia um enterro digno.

A peça também aborda questões relacionadas à lei divina e à lei humana. Antígone
acredita firmemente na obrigação de honrar os mortos, mesmo que isso vá contra as leis dos
homens, a protagonista portanto defende o Direito Natural de fazer um ritual fúnebre ao seu
irmão, pelos costumes e crenças religiosas que aquela sociedade acreditava. Ela defende que
a lei divina, a qual é eterna e imutável, é superior às leis criadas pelos governantes. Por outro
lado, Creonte representa o Direito Positivo, pois ele acredita que é seu dever como rei impor
e fazer cumprir as leis dos homens para manter a ordem e a segurança, proibindo o
sepultamento de Polinices e punindo com pena de morte quem fizesse o sepultamento.

O confronto entre Antígone e Creonte expõe o conflito entre a justiça moral e a justiça
legal. A peça acaba levantando questões importantes sobre o que é certo e errado, o papel da
consciência individual diante das leis estabelecidas e os limites do poder governamental.
"Antígona" é uma obra que vai além do seu tempo, pois os temas abordados continuam a ser
relevantes até os dias de hoje. A peça nos leva a refletir sobre a importância da ética e da
moralidade em nossas ações, bem como sobre os dilemas morais que enfrentamos quando
confrontados com leis injustas ou conflitos entre lealdades pessoais e obrigações sociais. Vale
ressaltar também que, o Direito Positivo é mutável, pois varia de Estado para Estado e de
região para região, logo, cada lugar tem sua Constituição, no entanto deve respeitar esses
preceitos fundamentais, como crenças, valores e religiões.

Portanto, Sófocles dá um final intrigante à peça, pois acaba castigando Antígone

quanto Creonte, por suas posições extremas. A personagem principal, apesar de defender um
valor ético, é condenada por desobedecer às leis, o Direito Positivo. Já Creonte é castigado
por sua tirania e desrespeito às tais "leis divinas". Não é à toa que Antígona seja considerada
até hoje uma das mais importantes obras da humanidade, pois confronta o Direito Natural que
é atemporal, imutável e universal, com o Direito imposto pelo Estado. Sófocles então
apresenta uma história envolvente que nos confronta com questões morais e nos faz
questionar o papel das leis e da justiça em nossas vidas.