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Grupo: Ana Carolina Soares ep10728

Laura Costa ep10783

Lara Costa ep10681

Paloma Carvalho ep10701

Carolina Teixeira ep10838

Joana Cunha ep10621

Enquadramento teórico

Características fisiológicas e psicológicas


Fontanelas:

O crânio do recém nascido é composto por múltiplos ossos e 4 suturas primárias que permitem
a sua passagem através do canal vaginal. Além dos ossos e das suturas, o crânio é também
constituído por um espaço mole e membranoso, denominado fontanela, que também possibilita
o parto.

Estas podem ser classificadas quanto aos ossos por que estão delimitadas: fontanela anterior,
delimitada pelos ossos frontal e parietal, em que se espera que feche por volta dos 12 a 18
meses de vida (ocorrendo em média aos 14 meses de idade); fontanela posterior, delimitada
pelos ossos occipital e parietal, em que é esperado o seu encerramento por volta das 6 e 8
semanas de vida.

Quando o encerramento das fontanelas ocorre prematuramente, impedindo o crescimento


perpendicular do crânio e um aumento no volume do cérebro, denomina-se cranioestenose, e
deve ser encaminhada a uma equipe multidisciplinar especializada em anomalias craniofaciais.

Capacidade visual:

A capacidade visual do sistema nervoso central em humanos se desenvolve progressivamente


desde o nascimento. É até às 10 semanas após o nascimento que ocorre a mielinização da fibra
do nervo óptico o que possibilita um rápido aumento da densidade sináptica do córtex visual.
Com 6 meses o lactente é capaz de ter perceção de cores, executa brincadeiras com as mãos
em frente aos olhos, segue e fixa objetos a uma distância de 1,20 a 1,80 metros. Desenvolve a
habilidade de mover os olhos rapidamente à procura de uma pessoa, reconhecendo-a e
produzindo um juízo de valor em relação a esta: aceitá-la ou rejeitá-la.

Por esta altura apresenta 95% de eficiência visual ao contrário do que evidenciava à nascença,
cerca de 10% de eficiência visual.
Alimentação:

Até aos 6 meses de idade o aleitamento materno ou aleitamento artificial, caso seja o caso,
revela-se essencial pelo facto de fornecer os nutrientes necessários, ajudar no desenvolvimento
das estruturas orais e apresentar um papel importante no funcionamento adequado de funções
que estarão presentes pelo resto da sua vida. A partir desta idade, uma vez que o leite já não
satisfaz as necessidades nutricionais e o lactente já apresenta maturidade fisiológica e
neuromuscular é recomendada a oferta de alimentos ou líquidos de forma a complementar o
leite. Para isto, é essencial compreender os sinais que o lactente fornece e que indicam se este
está ou não pronto para a introdução alimentar complementar. Entre eles podemos destacar:
o aparecimento dos primeiros dentes, a perda do reflexo de extrusão da língua e o aumento da
produção de saliva, que desempenham um papel importante na mastigação; a capacidade de
se sentar sem apoio e o facto de controlar a cabeça, que vai permitir um olhar mais atento e
uma posterior exploração do ambiente; é capaz de fazer pinça fina de modo a segurar os
alimentos; a maturação das funções gastrointestinal e renal.

Em todo o processo da introdução alimentar, os pais desempenham um papel importante na


educação alimentar dos filhos uma vez que têm de ser capazes de promover a interação
familiar, auxiliar no desenvolvimento do paladar e no aprendizado de novos sabores e
consistências, permitido aos lactentes a familiarização e a consolidação do gosto pela
alimentação.

Reflexos:

Os reflexos caracterizam-se por serem reações espontâneas e automáticas que ajudam na


construção da inteligência e na fundação da coordenação física, estando relacionados com
necessidades instintivas para sobrevivência e proteção. Alguns reflexos cuja função é proteger,
prolongam-se por toda a vida, como é o caso do pestanejar, bocejar e tossir; no entanto, outros,
são perdidos ao longo do crescimento do lactente como consequência da mielinização das vias
motoras do córtex, que permitem a passagem para o comportamento voluntário. Assim, por
volta dos 6 meses, não será esperada a presença de reflexos como: o reflexo de moro
(movimento involuntário de braços, pernas e cabeça pelo lactente quando este é estimulado)
e o reflexo da sucção (permite que o lactente pegue o peito de forma adequada), que se funde
gradualmente com a atividade consciente. Pelo contrário, outros reflexos podem aparecer a
partir dos 6 meses, como é o caso do reflexo de paraquedas (quando estimulado o lactente
deixa cair o corpo para a frente) e do reflexo da proteção lateral (observa-se a extensão do
braço para o lado que o lactente cai). Pode-se constatar que é a partir dos reflexos que podemos
avaliar o desenvolvimento neurológico de um lactente.
Desenvolvimento:

Segundo o Programa de Intervenção Saúde Infantil e Juvenil, o desenvolvimento psicomotor “


é um processo dinâmico e contínuo, sendo constante a ordem de aparecimento das diferentes
funções”. No entanto, a velocidade de passagem de um estado ao outro difere entre crianças
assim como a idade com que adquirem novas competências.

É quando começam a mover-se de um lado para o outro que os lactentes alargam o seu mundo,
tornando-se mais independentes, com personalidade própria, preferências e aversões distintas.
Relativamente à postura e motricidade global, o lactente com 6 meses de idade é capaz de
virar-se rolando, sentar-se sem apoio durante alguns minutos, fazer apoio plantar e, apoiando-
se nas mãos com os braços estendidos, levantar a cabeça. No que diz respeito à motricidade
fina, tem potencial para transferir objetos de uma mão para a outra levando-os à boca e, se
eles caem, esquecem-nos imediatamente. É por esta altura que vocaliza monossílabos e
dissílabos utilizando sons com “p”, “m” e “t”; demonstra interesse pela música, grita quando
é contrariado ou quando quer chamar a atenção e dá gargalhadas.

O lactente pode apresentar sinais de alarme que se forem observados conjuntamente revelam-
se um problema, e portanto, é de extrema importância a vigilância e a identificação precoce
dos mesmos. Assim, fatores como, ausência de controlo da cabeça, membros inferiores rígidos;
assimetrias, não apresentar vocalização e desinteresse pelo ambiente, são focos que merecem
atenção tanto dos pais como dos profissionais de saúde.

É importante realçar que todas estas competências e consequentes sinais de alarme encontram-
se explícitos e organizados na escala de Mary Sheridan Modificada.

Sono:

O sono é um indicador de grande importância do desenvolvimento, maturação e estado de saúde


do lactente.

Os seus hábitos alteram-se com a idade e são influenciados pelos padrões socioeconómicos e
culturais onde o bebé está inserido. Ao nascimento, o recém nascido apresenta um ritmo
ultradiano com, normalmente, ciclos de 3 a 4 horas de vigília-sono. Entre o terceiro e o quarto
mês ocorre a passagem para o ritmo circadiano, onde o lactente passa a ter grandes períodos
de sono contínuo e noturno, sendo que, um lactente a partir dos 6 meses de idade deve dormir
cerca de 12 horas de sono noturno e consecutivo. Durante o dia é expectável que façam uma
sesta de 2 horas durante a manhã e outra durante a tarde.
Medidas antropométricas:

Ao longo do primeiro ano de vida, o perímetro torácico é aproximadamente igual ao perímetro


cefálico, no entanto, as extremidades crescem mais rapidamente que o tronco o que determina
uma mudança na relação de proporção.

Durante os primeiros 6 meses o perímetro cefálico cresce, por mês, aproximadamente 1,5 cm,
embora essa taxa de crescimento diminua 0,5 cm por mês a partir dessa idade. O aumento do
tamanho da cabeça reflete a maturação e crescimento do sistema nervoso que serão visíveis,
posteriormente, na aquisição ou perda de habilidades por parte do lactente como os reflexos
primitivos, que será abordado posteriormente.

A partir dos seis meses de idade é comum um aumento de cinquenta e sete a oitenta e cinco
gramas semanalmente, enquanto, em relação ao comprimento, um lactente saudável aumenta
aproximadamente 1,3cm por mês até aos 12 meses e é esperado que dessa idade até aos 10
anos cresçam aproximadamente 7,6 cm/ano. É importante realçar que embora o
desenvolvimento decorra dentro de curvas médias, não é alarmante que haja variações uma
vez que, há fatores como a introdução alimentar (preferência por um ou outro alimento) e
como os fatores perinatais, que podem influenciar.

Sinais Vitais:

As medidas fisiológicas, elementos-chave na avaliação do estado físico das funções vitais,


incluem temperatura, pulso, respiração e pressão arterial.

-Temperatura: Em pediatria ainda não há consenso relativamente ao valor normativo da


temperatura num lactente, no entanto esta pode se encontrar dentro de valores considerados
como uma variação normal. A temperatura pode ser medida por via oral, onde os valores devem
encontrar-se entre os 35,8ºC e os 37,2ºC; por via retal, em que valores entre os 36,2ºC e os
38ºC são considerados normais; na axila, e neste caso os valores encontram-se entre os 35,9ºC
e os 36,7ºC. Tem sido investigado outros locais para a medição da temperatura numa criança
doente, como é o caso da bexiga, localizações esofágica e nasofaríngea.

-Pulso: Esta medida pode ser obtida facilmente na via radial em crianças com mais de 2 anos
de idade, no entanto, em lactentes, o impulso apical, ou seja, utilizar um estetoscópio de
forma a ouvir o coração torna-se mais seguro e confiável. Assim, é esperado que o lactente
apresente valores compreendidos entre 80 e 160 bpm.

-Frequência respiratória: Nos lactentes, as respirações são diafragmáticas tendo, na sua


maioria, movimentos irregulares o que potencia valores entre os 30-40 IRP/M.

-Pressão arterial: Um lactente apresenta uma pressão arterial de 85/65 MMHG.


Erupção dentária:

A erupção dentária pode ser definida como um processo fisiológico constituído por 3 fases em
que o dente em formação move-se desde a sua posição intraóssea até uma posição funcional
na cavidade oral.

Este fenómeno tem início por volta dos 6 meses de idade com o aparecimento dos dentes
incisivos centrais inferiores e pode ser acompanhado por sinais/sintomas. De entre estes
podemos destacar: dificuldade para dormir e/ou comer; aumento da produção de saliva;
presença de gengivas sensíveis, irritadas e vermelhas; necessidade constante de abocanhar e
mastigar objetos duros e frios; irritabilidade e períodos de choro intenso. É importante realçar
que a erupção dentária não provoca febre logo, se algo semelhante acontecer, pode estar
associado a infeções víricas ou bacterianas.

Ansiedade de separação:

A ansiedade de separação é um estágio que ocorre a partir dos 8 meses de idade e que
permanece até aos 24 meses e caracteriza-se pela presença do choro quando os lactentes são
separados dos pais ou cuidadores primários porque se sentem ameaçados e inseguros. Esta
tende a diminuir quando a criança aprende o conceito de permanência dos objetos em que
percebem que os pais continuam a existir mesmo que não os vejam ou ouçam.

É também comum por volta dos 6 e 8 meses de idade, o lactente demonstrar pouco afeto,
podendo chorar, na presença de estranhos. Este acontecimento acontece pelo aparecimento
da capacidade do lactente em distinguir pessoas familiares das que não o são.

Otimização do estado de saúde


Síndrome de morte súbita:

“A síndrome de morte súbita do lactente (SMSL) é a morte súbita e sem explicação de um


RN/lactente durante o primeiro ano de vida.”(SPP, 2009).

Para além disso, destaca-se que a SMSL é um acidente multifatorial, que deste modo pode ter
diversas causas: Genéticas/constitucionais afetando a maturação de zonas do tronco cerebral,
responsáveis pelo controlo das funções vitais; Causas desencadeantes - infeção, refluxo
gastroesofágico, hipertonia vagal, hipertemia; Causas favorecedoras – posição no berço em
decúbito ventral ou lateral, hábito tabágico adotado nas proximidades do lactente, condições
sócio-económico-culturais deficientes, mau seguimento pré-natal (com nº de consultas
inferior ao recomendado), dormir com os pais.
Assim, é recomendado deitar o lactente em decúbito dorsal até que este tenha a capacidade
de sozinho ser capaz de se movimentar no berço.

Para lactentes com idade inferior a 6 meses de idade, a utilização da chupeta também reduz
o risco de SMSL, pois durante a sucção da chupeta, a utilização músculos da boca e da faringe
promovem a desobstrução das vias aéreas superiores.

Deste modo, deverá ter-se em conta todos estes aspetos de maneira a tentar que todas estas
predisposições possam ser evitadas ao máximo, resultando numa melhor otimização do estado
de saúde do lactente.

Dentição:

Sabendo que é por volta da segunda metade do primeiro ano, 6 meses, que começam a
aparecer os primeiros dentes, nomeadamente os incisivos centrais inferiores, são necessárias
algumas precauções para os manter saudáveis e fortes.

É necessáio que sejam postas em prática alguns cuidados relativos à higiene oral, tal como, a
escolha do dentífrico fluoretado, que deve ser utilizado assim que o primeiro dente decíduo
surgir. Deste modo, o dentífrico fluoretado deve ter uma concentração ideal de flúor de cerca
de 1000 a 1100 ppm. Relativamanete à quantidade recomendada, equivale a um grão de arroz
até aos 2 anos de idade. Para além disso, no auxílio da escovagem dos dentes é necessário
que os responsáveis tenham atenção ao facto de o lactente ainda não ter a capacidade de
cuspir.

O elixir oral pode ser utilizado desde que não contenha álcool e concentração de flúor de 220
ppm. Já, a utilização dos géis de dentição não é recomendada, sobretudo se contém
benzocaína, que pode, raramente, causar metemoglobinemia.

Relativamente a estratégias para melhorar a capacidade para lidar com os sinais de erupção
dentária, deve-se oferecer objetos duros para mastigar, como por exemplo, bolachas de
dentição. Para além disso, é recomendado nestas situações oferecer ao lactente borracha
dura ou anéis de dentição, contendo gel, e massajar as gengivas com ou sem gelo.

Sucção não nutritiva:

O hábito de sucção pode ocorrer de duas formas: nutritiva, através do aleitamento natural
e/ou artificial, fornecendo os nutrientes necessários ao desenvolvimento da criança; e não
nutritiva que vai proporcionar a satisfação psicológica através da sensação de bem-estar, de
preteção e de prazer.

Deste modo, relativamente à chupeta existem vários benefícios do seu uso no período
lactente até por volta dos 2 anos, tais como: efeito de analgesia, através do controlo da dor e
da ansiedade; redução do risco da SMSL durante a sucção da chupeta, uma vez que, os
músculos da boca e da faringe promovem a desobstrução das vias aéreas superiores e,
também se verificou que, no pré-termo ocorre redução na hospitalização e uma transição
mais rápida do biberão para a deglutição de alimento e de ingestão de líquidos em copo.

Ainda no que diz respeito à chupeta, deve-se ter em conta diversas características e critérios
para a escolha da mesma, de modo a promover o bom desenvolvimento do sistema
estomatognático do lactente e que atenda a certas medidas de segurança relativas ao estado
de saúde do lactente. Assim, a escolha de uma chupeta deve ser orientada tendo em conta os
seguintes aspetos: ser ortodôntica,confirmando no rótulo da embalagem; ser peça única;ser
livres de BPA bisfenol (um tipo de plástico rígido e transparente que se encontra em garrafas
de plástico etc.), respeitando, também, a indicação da chupeta para a faixa etária do
lactente, que compreende não só diferenças no design, tamanho e curvatura do bico.

Diversificação alimentar:

Entre os 4 meses e 1 semana e 6 meses e 1 semana, sendo o ideal o mais adjunto possível dos
6 meses, o lactente dá um grande passo ao entrar no mundo da diversificação alimentar, no
entanto é aconselhado manter o aleitamento, quer este seja materno, de fórmula ou misto.

Um outro ponto importante, é o facto da diversificação alimentar necessitar de suceder da


mesma forma num lactente com ou sem história familiar de alergia.

É ainda primordial referir que alimentos processados, doces ou salgados não devem fazer
parte da diversificação alimentar, bem como não deve ser incorporado sal ou açúcar à
confeção culinária. Assim, é de esperar que não sejam oferecidos sumos, quer estes sejam
naturais ou artificiais, nem chá e deve,por isso, ser estimulado o consumo de água.

Dando destaque às questões de segurança, dado que existe o risco de engasgamento e asfixia
e risco nutricional, e às questões de aprendizagem, o lactente deve ser alimentado em
posição sentada ou ligeiramente inclinado.

Os primeiros alimentos deverão ser oferecidos à colher e ter uma textura cremosa,
transitando gradualmente para texturas menos homogéneas e mais granulosas à medida que o
lactente demonstre um bom controlo da moagem/mastigação/deglutição, até à introdução do
alimento sólido.

Na fase de transição pode realizar-se uma alimentação mista, ou seja, parte à colher e parte
em regime de auto-alimentação, procurando sempre garantir a máxima segurança nutricional.

A diversificação alimentar deve ser iniciada pelo creme de legumes, a papa ou ainda a fruta.
Deste modo, é importante respeitar um intervalo de 2-3 dias entre cada grupo de alimentos.
Caso se decida iniciar a diversificação alimentar pelo creme de legumes, há que reconhecer a
vantagem do treino do paladar para um alimento não-doce e não lácteo.

Por um lado, ao creme de legumes, este certamente, não deve abranger mais de 4 legumes.
Portanto, este deve conter legumes como: batata normal ou doce, cenoura ou abóbora,
cebola ou alho e legumes do grupo de folhas como: alface, brócolo, feijão verde.

Os legumes devem ser primeiramente bem lavados e posteriormente cozidos e triturados e


devem ser adicionados a estes, no momento da oferta da refeição, azeite num volume de 5-
7,5 ml por dose. Este pode ser conservado no interior do frigorífico por um período não
superior a 48 horas, havendo a possibilidade de se conservar por um período mais longo no
congelador.

Por outro lado, a papa pode ser láctea, ou seja, tem leite incorporado, pelo que são
preparadas com água; ou não láctea, feita com leite materno ou fórmula infantil. As papas de
fruta têm um sabor mais doce e não contêm glúten, enquanto algumas papas de cereais
(trigo, aveia, cevada) contêm esta proteína. As papas são uma importante fonte de hidratos
de carbono e, pela sua suplementação, são um importante portador de vitaminas e minerais,
ferro, a partir do momento de diversificação alimentar.

Tendo em conta as atuais recomendações ESPGHAN, o glúten deve ser introduzido a partir dos
4 meses e antes dos 7 meses, com porções crescentes até aos 12 meses. Assim, a papa
introduzida a partir da diversificação alimentar pode, desde o início, ter glúten. Importa
referir que as papas de cereais ditas “biológicas” não são enriquecidas em vitaminas ou
minerais e as papas caseiras (feitas com mistura livre, não quantificada sob o ponto de vista
nutricional, de cereais, com ou sem adição de frutos) não apresentam segurança nutricional,
ao não permitir a quantificação dos macro e micronutrientes. Por outro lado, a grande
maioria das papas “industriais” existentes no mercado português para lactentes já não têm
açúcar adicionado, sendo o açúcar referido na sua tabela nutricional resultante apenas do
tratamento enzimático dos cereais. Assim, importa alertar para o risco nutricional major e
marginal (macronutrientes e micronutrientes) e marginal (micronutrientes) associado à opção
pela oferta exclusiva de, respetivamente, papas de cereais caseiras ou “biológicas” (Tabela
23) (Nogueira, 2015; Pinto, 2018).

A introdução da fruta pode ocorrer desde o início da diversificação alimentar. Importa, no


entanto, referir que não devem ser excedidas inicialmente 1, e a partir dos 6 meses 2 peças
de fruta por dia, preferencialmente da época e variada (cores diferentes), podendo a maçã, a
pera e a banana ser as primeiras a serem introduzidas. Progressivamente, todas podem ser
oferecidas, devendo haver alguma reserva durante o 1º ano de vida relativamente ao kiwi,ao
morango e ao maracujá, por conterem grânulos libertadores de histamina e poderem mais
facilmente estar associados a reação alérgica (Comissão de Nutrição da SPP, 2012).
Como a fruta não contém proteínas nem lípidos, esta não deve ser utilizada como uma
refeição, mas como sobremesa das refeições centrais ou como uma complementação de um
merenda.

A partir dos 7-8 meses será importante aumentar a oferta de hortofrutícolas menos moídos,
para estimular o treino das texturas.

A proteína animal deve ser introduzida ao 6º mês e não deve exceder as 30g/dia, devendo
oferecer-se 4 vezes e peixe 3 vezes por semana.

Geralmente, a introdução começa com carnes de aves, como frango ou peru; ou de coelho.
Estas são menos ricas em ferro do que as carnes de bovino, contudo apresentam um teor mais
baixo de gordura saturada. Em relação ao peixe, o bacalhau deve ser introduzido mais
próximo dos 12 meses, devido à textura fibrosa ou ao teor em sal que apresenta. A proteína
animal pode inicialmente ser adicionada ao creme de legumes, à açorda ou à farinha de pau
e, a partir dos 7 meses, ao arroz ou massa ou à sêmola de trigo.

Importa desde cedo apresentar ementas coloridas e diversificadas, bem como criar o hábito
de os legumes constarem sempre do prato principal. Assim, devem desde sempre ser incluídos
3-4 hortícolas no prato, de cores e texturas diferentes.

Para além disso, é fundamental que o lactente ingira uma quantidade diária de 7 mg de ferro,
e é por este motivo importante incluir alimentos como a carne e o peixe e alguns vegetais
referir que contêm ferro.

No que toca às leguminosas, como o feijão, o grão ou a ervilha, estas poderão ser
introduzidas aos 8-9 meses num lactente que diversifica a sua alimentação de acordo com
uma dieta omnívora, muito embora num lactente vegetariano a sua introdução possa ocorrer
mais cedo, uma vez que representam uma importante fonte de proteína vegetal

O ovo pode ser iniciado aos 8-9 meses (Comissão de Nutrição da SPP, 2012). Atendendo ao
risco de alergenicidade, a sua introdução pode ser gradual, inicialmente com a oferta da
gema (1/2 gema na 1ª semana; 1 gema na 2ª semana) para depois oferecer o ovo inteiro, num
máximo de 3 ovos por semana, sempre em vez da carne ou do peixe.

O iogurte poderá ser introduzido a partir dos 8 - 9 meses. A oferta ao lactente, a partir dos 8-
9 meses, de pequenas quantidades de leite de vaca (preferencialmente sob a forma de
iogurte), desde que se mantenha o leite materno ou a fórmula infantil como fontes lácteas
principais (Michaelsen, 2007).
Deve-se ter em conta, que a introdução de cada grupo de alimentos pode ser feita
sequencialmente, com intervalos de 2-3 dias, de maneira a garantir a plena aceitação de
todos os alimentos.

O lactente deve alimentar-se sentado, inicialmente à colher (alimentos pastosos) e


posteriormente com método misto (colher e auto-alimentação).

É básico que deve ser estimulado o consumo de água.

O Baby-Led Weaning (BLW) ou auto-alimentação é um método de introdução dos alimentos


complementares alternativo à diversificação alimentar tradicional, concretamente no que
respeita à forma como o alimento é oferecido ao lactente. Consiste na oferta de alimentos
moídos, picados ou aos bocados, competindo ao lactente comer sozinho, com as mãos, em
vez de ser alimentado pelo cuidador, à colher (Cameron, 2012 a; Cameron, 2012 b).

A “auto-alimentação” (baby-Lead-Weaning) deve apenas ser permitida quando exista


comprovada segurança (neuromotora e nutricional), sempre sob atento controle do cuidador e
vigilância médica.

O Baby-Led Weaning apresenta diversas vantagens que estimulam: a integração sensorial


contacto a textura, cor e sabor real dos alimentos e tem prazer em comer; a motricidade
fina, a coordenação mão-visão e a mastigação; a harmonia familiar à hora da refeição; a
autonomia e autoconfiança; o desenvolvimento da mastigação, de forma mais adequada.

A área de alimentação deve ser facilmente limpa com um pano e estar relativamente
afastada de paredes, móveis ou toalhas.

É necessário realçar que a criança não deve ser pressionada a alimentar-se sem sujar ou a ter
modos à mesa antes que as habilidades sejam adquiridas.

Em relação à segurança dos alimentos é relevante ter a consciência que os lactentes, devido a
sua menor resistência imunológica e acrescida sensibilidade à intoxicação, impõe uma maior
atenção, dado que são especialmente vulneráveis a toxinfeções alimentares.

Assim, é importante ter em atenção algumas informações, tais como:

-Comprar alimentos num estabelecimento seguro e que este esteja armazenado num local
limpo e seguro, isto é, um espaço com as características apropriadas ao produto em questão,
como o frio.

-Ler os rótulos dos alimentos e verificar a quantidade de açúcar e sal existente, e optar por
nenhuma ou a mínima possível. Observar o prazo de validade, não armazenar alimentos que
não vai usar dentro da validade, mesmo que estejam em promoção e no caso de expiração do
prazo de validade, o alimento deve ser deitado fora.

-Quando a embalagem é aberta, optar por usar o produto o mais imediato possível e não
esquecer que a informação “usar até ....” aplica-se apenas enquanto a embalagem não é
aberta;

-Não deixar os alimentos em latas ou no pacote depois de aberto; transfira para outro
recipiente para armazenamento;

-Em caso de viagens, devem ser utilizadas caixas térmicas e se necessário devem colocar-se
“acumuladores de gelo” no seu interior;

-Caso haja sobras, estas devem ser colocadas de imediato no frigorífico e consumidas o mais
breve possível. Evite colocar muita quantidade de comida quente no frigorífico pois altera
(reduz) a temperatura;

-Carne ou peixe crus devem ser guardados na prateleira do fundo, ou seja, a mais baixa do
congelador, para evitar a contaminação; Assim, por um lado, é indispensavel usar tábuas de
cortar diferentes para a carne ou peixe crus, para os alimentos cozinhados e para as frutas e
vegetais, para evitar que os microrganismos passem para outros alimentos que já não serão
confecionados, através das mãos e das roupas dos manipuladores ou dos utensílios de cozinha;
e por outro, incentivar os manipuladores a lavarem frequentemente as mãos com água e
sabão (Health Promotion Unit, Department of Health and Children. American Dietetic
Association, 2004).

-Deve proceder-se à verificação regular e à rotação dos stocks.

-Não reaquecer os alimentos;

-Lavar o frigorífico e o congelador de forma regular.

Em relação à higiene da cozinha, não é necessário não esquecer que as superfícies de


trabalho devem ser limpas com desinfetante antes da preparação de cada refeição;não
preparar refeições e/ou alimentos para o lactente, no caso de estar doente;

Relativamente à preparação dos alimentos deve-se lavar bem a fruta e os vegetais e se


necessário descascá-los. Contudo, é importante estimular o consumo de frutos e vegetais com
a pele, dado que, muitas vitaminas e minerais estão concentrados abaixo da casca;os
alimentos devem ter um aspecto apetecível e o prato deve ter uma apresentação agradável,
juntando uma variedade de cores, texturas e sabores.
No reaquecimento dos alimentos deve-se evitar conservar alimentos quentes durante muito
tempo e é essencial remexer os alimentos, ao passo que estes estão a ser aquecidos, de
forma a assegurar um aquecimento apropriado e homogéneo de todas as partes.

Higiene do sono:

Atividades promotoras do desenvolvimento:

De modo, a obter um “dia saudável”, o lactente deve ser fisicamente ativo e obter horas de
qualidade de sono. Assim, é fundamental certificar-se que o lactente realiza atividades num
espaço seguro e sempre supervisionado.

Aos 6 meses, o lactente é bastante ativo e curioso e aprecia explorar o ambiente em todas as
direções.

O lactente é capaz de transferir objetos de uma mão para a outra, e por este motivo, é
importante estimulá-lo a brincar por exemplo com um cubo de tamanho mediano, com cores
vivas e de arestas arredondadas.

Com o objetivo de que o lactente desenvolva as suas capacidades comunicativas, os pais


desempenham um papel determinante, dado que devem, por exemplo: reproduzir sons e
encorajar o bebé a produzir esses sons com a boca.

Tomando como exemplo o momento de refeição, é importante sentar o lactente com apoio
para que seja capaz de se envolver de forma mais dinâmica no meio envolvente, mas também
não esquecer que deve ser evitado qualquer tipo de conflito, dado que este é um momento
excelente para interagir sem pressão.

Os pais são os melhores brinquedos e por isso, devem procurar providenciar brincadeiras de
interação aos seus filhos, conversando, dançando, colocá-lo num tapete apropriado e
estimulá-lo a deslocar-se rolando e a agarrar os brinquedos mais longínquos.

Por fim, de forma a estimular o sentido de reação do lactente, é possível por um lado,
colocar o mesmo à frente do espelho e não prevenir situações que lhe causem frustrações
(elemento forte de aprendizagem); e por outro lado, colocar um objeto em cima da mesa, no
campo visual da criança, e de seguida, em frente à criança, atirá-lo para o chão.

Escolha do berço e cama:

Sabendo que o berço é o equipamento recomendado para dormir a iniciar aos 4/5 meses, na
escolha do berço deve-se ter em consideração os seguintes critérios: ser estável e sólido; se
com grades estas devem possuir no mínimo 60 cm de altura e 6cm de distância entre elas e
com fecho de segurança;deve possuir estrado plano, rígido e sem arestas cortantes ou
saliências no interior.

Equipamentos de transporte:

Existem vários equipamentos para transportar os lactentes, sendo os mais utilizados o sling, o
pano porta-bebé, a cadeira de transporte usada nos automóveis e o carrinho de passeio.

Assim, o método de transporte sling deve ser usado até cerca dos dois anos de idade (13 Kg).
Existem dois tipos, o pouch sling e o sling de argolas.

Para além disso, é utilizado o designado pano porta-bebé, como outra alternativa na maneira
no transporte do bebé. Este deve ser usado até cerca de 3/4 anos de idade (18Kg). Deve
salientar-se que é necessário aprender a colocá-lo. Já a utilização do marsúpio é aconselhada
até cerca dos 4 anos de idade.

Relativamente a medidas de segurança na utilização destes métodos/babywearing deve-se


prestar especial atenção às seguintes recomendações:evitar movimentos bruscos que podem
provocar lesões no pescoço, coluna, cabeça do bebé;evitar que a cabeça do bebé fique
inclinada sobre o peito, pois poderá dificultar a respiração;para evitar sobreaquecimento,
especialmente no verão, vestir o bebé com roupas mais frescas ou com menos camadas de
roupa;evitar que o bebé fique com a cara encostada ao pano ou ao corpo do adulto;e por fim
na utilização do marsúpio deve-se verificar que as pernas da criança estejam em abdução
para evitar complicações como displasia da anca.

Relativamente à escolha da cadeira do lactente para o seu transporte num automóvel é


necessário abordar duas normas vigentes em Portugal que abordam as regras essenciais para a
escolha de uma cadeira.

A norma R44/04 declara que a utilização da cadeira R44 deve ser utilizada aos 6 meses, do
nascimento até aos 12-18 meses e a sua disposição no automóvel deve ser virada para trás.

No entanto, a cadeira R129, deve ser utilizada até aos 15 meses de idade, o que inclui a idade
do lactente de 6 meses e a posição da cadeira deve ser colocada para trás.
Independentemente da escolha da cadeira é necessário ter em atenção outros fatores que
influenciam a decisão da escolha de uma cadeira de transporte, tais como: uma cadeira não
deve ser utilizada novamente se esteve envolvida em acidentes, uma vez que o esferovite
pode ter-se partido e deixar de conferir a proteção adequada.

Deve-se também, verificar se os cintos não estão rasgados e se apertam corretamente.

Para além disso, é necessário verificar se a cadeira cumpre as normas e regulamentos


vigentes.

Carrinho de passeio:

Para a escolha do carrinho de passeio, os critérios a ter em conta para a sua escolha são os
seguintes:guiador sem pregas;altura ajustável ao condutor;chassis elevado; assento
acolchoado, capa amovível;cinto de segurança em 5 pontos ;travões de rápido acesso e rodas
com capacidade de rodar 360 graus.

Esterilização do biberão:

Tendo em conta que o nosso cliente se trata de uma menina com 6 meses de idade torna-se
inerente a sua classificação de lactente e posterior escolha do domínio correspondente:
"lactente".

A escolha do domínio "Desenvolvimento físico" deveu-se ao facto de abordar carcateristicas


fundamentais próprias do seu desenvolvimento que devem ser avaliadas de forma contínua,
como as medidas antropométricas abordadas no enquadramento teórico.

Posteriormente, a escolha do domínio "Desenvolvimento psicomotor" revela-se essencial na


medida em que permite avaliar o desenvolvimento espectável ou característico de cada
idade. Isso vai ajudar os cuidadores a perceber quando devem procurar ajuda profissional e
quando não o devem fazer desnecessáriamente.

Tendo em conta o nosso caso clínico relativo ao lactente de 6 meses, seria pertinente
introduzir domínios como a vacinação e as medididas de segurança relativas a esta faixa
etária.

Vigilâncias, vacinas e rastreios


No caso de um lactente de 6 meses, as vigilâncias centram-se apenas no plano de vacinação.
Assim sendo, esse é o único tópico que iremos abordar no terceiro tema., sendo que iremos,
primeiramente, falar um pouco da vacinação.
Uma vacina é uma preparação de antigénios, que são partículas estranhas ao organismo, que,
ao ser administrada, é capaz de provocar uma resposta imunitária protetora específica de um
ou mais agentes infeciosos, sendo a forma mais eficaz de prevenir doenças, em qualquer uma
das faixas etárias, e de evitar complicações das mesmas. O facto de, atualmente, muitas
doenças infeciosas serem muito raras, deve-se, também, às vacinas.

Deste aspeto, surge a questão sobre a razão para qual todas as crianças e todos os adultos
devem estar vacinados. As vacinas salvam vidas e, por isso, é muito importante que, como um
direito e dever dos cidadãos, a população se vacine, estando consciente de que está a proteger
a própria saúde, a saúde pública, praticando, neste sentido, um ato de civismo. Quando surgem
casos em que há uma recusa na vacinação, deverá esta vontade ser expressa de uma forma
clara, por escrito, ficando registada e arquivada na Unidade de Saúde respetiva.

Em lactentes de 6 meses de idade é padrão administrar uma vacina hexavalente que combina
os componentes de 6 vacinas diferentes que, em conjunto, protegem contra a difteria, o
tétano, a tosse convulsa, a doença invasiva por Haemophilus influenzae b, a poliomielite e a
hepatite B. Antes de elaborar o assunto, achamos relevante descrever as doenças que a vacina
em questão protege contra.

Começando pela difteria que é uma doença infeciosa causada pela toxina da bactéria
Corynebacterium diphtheriae. Esta doença é transmitida não só através de contacto direto,
pelo espirro/tosse, com gotículas de saliva, e feridas/úlceras abertas, mas também por
contacto indireto pelo meio de objetos contaminados. O surgimento de lesões nas amígdalas,
na pele e também nas vias respiratórias superiores (cavidades nasais, faringe e laringe) é
característico desta doença, assim como febre ligeira, cansaço/mal-estar, dor de garganta e
gânglios inflamados no pescoço.

Temos também o tétano, uma infeção aguda grave, que ocorre por causa da toxina do bacilo
tetânico Clostridium tetani. Este contágio ocorre pela contaminação de uma ferida com a
bactéria em questão que, no caso, se encontrará no meio ambiente. É importante realçar que,
de maneira alguma, é possível a transmissão entre pessoas. Esta doença caracteriza-se por
espasmos musculares, cãibras e convulsões.

A tosse convulsa é uma doença infeciosa aguda, causada pela bactéria Bordetella pertussis,
caracterizada pelo comprometimento do aparelho respiratório, nomeadamente a traqueia e os
brônquios. A transmissão ocorre através de gotículas de saliva (pelo espirro ou tosse) ou pelo
contacto com objetos contaminados (com secreções contaminadas). No que diz respeito aos
sintomas, estes organizam-se em três fases diferentes: nas primeiras uma ou duas semanas
(fase catarral), nas duas a seis semanas seguintes à contaminação (fase paroxística) e após duas
a seis semanas (fase de convalescença). A inflamação, o corrimento nasal, a tosse não produtiva
e a febre baixa são sintomas característicos da primeira fase. Na passagem para a segunda fase
nota-se um agravamento dos sintomas, nomeadamente da tosse (a frequência aumenta à noite
e agrava com a presença de choro ou deglutição) com presença de ruído inspiratório, podendo
até provocar vómito, havendo também a possibilidade de vir acompanhada de cianose (cor
azulado na região dos lábios e na pele), assim como, inchaço na língua. Na terceira e última
fase, a intensidade e a frequência da tosse diminuem e há ausência do ruído e dos vómitos. No
caso do lactente pode a fase catarral ser curta ou até ausente, não existir ruído e dificuldade
respiratória.

A doença invasiva por Haemophilus influenzae b (Hib) tem como origem a bactéria Haemophilus
influenzae b (Hib), podendo esta última causar inúmeras infeções graves que incluem, como
mais comuns, a meningite e a pneumonia.

A meningite é uma doença infeciosa aguda transmissível causada pela inflamação das meninges
(membranas que protegem o cérebro e a medula espinal), podendo ser causada por bactérias,
a que vamos abordar, mas também por fungos ou vírus. A sua transmissão ocorre através do
contacto direto com gotículas e secreções nasais, através da tosse, espirros e beijos, mas
também pela proximidade física a outros doentes com a infeção. Havendo nos bebés um elevado
risco de existência da meningite, por estes não possuírem, ainda, a imunização completa, tem
de existir uma especial atenção nesta faixa etária. Os principais sintomas são a irritabilidade,
fontanelas elevadas, dificuldade de interação devido à irritabilidade, vómitos, dificuldade em
alimentar, letargia/apatia, choro agudo ou gemido e, por fim, intolerância ao ruído.

A pneumonia ocorre devido a uma infeção dos pequenos sacos alveolares do pulmão e dos
tecidos circundantes, ficando estes cheios de líquido como resultado da inflamação, o que
impede as trocas gasosas e, por isso, provoca dificuldade respiratória. O principal grupo de
risco nesta doença são as crianças, uma vez que esta doença se desenvolve quando há um
enfraquecimento do sistema imunitário. Há uma maior variação dos sintomas nos bebés,
podendo nestes não existir febre ou dor no peito, sendo, por vezes, os únicos sintomas a
respiração rápida e ruidosa ou uma recusa súbita da alimentação. A sua transmissão ocorre
através da comunidade ou pelo ambiente hospitalar.

A hepatite B é uma doença infeciosa causada pelo vírus da hepatite B, que provoca a inflamação
do fígado, e pode causar doença aguda ou crónica. Quando presentes, os sintomas mais comuns
podem ser febre, dor abdominal, fadiga, diminuição do apetite, náuseas e vómitos, icterícia
(coloração amarelada da pele e dos olhos), urina escura e fezes claras. Uma questão
frequentemente colocada é se este vírus se pode transmitir através da saliva. Apesar do mesmo
já ter sido detetado na saliva, a sua transmissão é pouco provável e rara, a não ser que existam
feridas na boca (ou seja, a sangue contaminado).

A poliomielite é uma doença infeciosa causada pelo poliovírus. As crianças, por constituírem a
faixa etária com maior risco de contrair a poliomielite, são vacinadas nesta idade. Em alguns
casos, esta doença pode não dar sintomas, no entanto, noutros casos, pode ser muito
incapacitante ou, até mesmo, mortal, uma vez que invadindo o sistema nervoso central, pode
provocar a paralisia dos músculos respiratórios. Nos casos sintomáticos, os sintomas mais
frequentes são febre, fadiga, dor de cabeça, dor de garganta, vómitos, rigidez no pescoço e
dor nos músculos. A transmissão pode ocorrer pelo contacto direto com fezes de uma pessoa
infetada, gotículas ou secreções faríngeas contaminadas (pela tosse ou espirro) e pela via aérea
(inalação de gotículas ou, também, pelo contacto indireto com água, alimentos ou objetos
contaminados).

Todas as vacinas autorizadas no mercado europeu têm um elevado grau de segurança, eficácia
e qualidade. Por estas razões, são raras ou muito raras as reações adversas graves
comprovadamente associadas às vacinas, bem como as condições que constituem
contraindicações à vacinação. Mesmo assim, achamos pertinente referir de uma forma breve
estes tópicos, começando pelas reações adversas.

As reações locais mais frequentes são dor, rubor e tumefação, ou seja, o aumento de volume.
Isto pode ocorrer 1 a 3 dias após a administração da vacina. Pode aparecer, ocasionalmente,
um nódulo indolor no local da infeção que, geralmente, é reabsorvido lentamente ao longo de
varias semanas. As reações sistémicas mais frequentes, principalmente nas primeiras 24h, são
febre, superior ou igual a 38ºC, choro persistente, durante mais de 1 hora. Também pode
ocorrer agitação, sonolência, anorexia, irritabilidade, vómitos, cefaleias e mialgias. Em casos
mais graves e esporádicos temos a presença de febre (>40,5ºC), prostração intensa, colapso ou
estado semelhante a estado de choque, choro contínuo e/ou gritos persistentes incontroláveis
(≥3h), convulsões (com ou sem febre). Ainda mais raros são os casos em que ocorre
encefalopatia de etiologia desconhecida. A encefalopatia é uma alteração no sistema nervoso
central que, mais à frente, iremos perceber como se manifesta. É importante realçar que as
reações adversas possivelmente relacionadas com a vacinação devem ser notificadas ao Sistema
Nacional de Farmacovigilância, assim como ao médico assistente e ao responsável pela
vacinação.

Relativamente ao que se deve fazer aquando da ocorrência de uma convulsão febril, como
consequência da vacinação, existem alguns aspetos a ter em conta. Neste caso, não é
necessário alterar o esquema vacinal. Para além disso, não é recomendada a administração
preventiva de paracetamol, por rotina, aquando da vacinação, uma vez que pode interferir com
a resposta imunológica. Adicionalmente, não existe evidência científica suficiente sobre a
eficácia desta medida na prevenção de convulsões. Apesar disso, pode-se administrar
paracetamol como forma de tratamento da febre e de sintomas locais que ocorram
posteriormente à vacinação. Podem ocorrer reações anafiláticas, que são reações alérgicas
repentinas, generalizadas, potencialmente graves e fatais. No entanto, a ocorrência deste tipo
de reações é muito rara e podem surgir após a administração de qualquer medicamento,
incluindo as vacinas, mas, por serem uma ameaça à vida, exigem preparação prévia dos serviços
para a eventualidade de ocorrerem. Então, em qualquer uma destas situações, a decisão de
vacinar ou não, incluindo o tipo de vacina a usar, é do médico assistente.

No que diz respeito às contraindicações, o único caso que encontramos foi se tiver ocorrido
encefalopatia de etiologia desconhecida nos 7 dias após administração de uma vacina com
componentes de Bordetella pertussis. A encefalopatia pode manifestar-se por perturbações
graves da consciência ou por convulsões generalizadas ou focais persistentes, com ou não
recuperação em 24 horas. A componente referida anteriormente está presente na vacina em
questão, ou seja, se em doses anteriores se desenrolou uma reação destas, a vacina está
contraindicada.

Contudo, existem muitas coisas que as pessoas acham que são contraindicações mas que na
verdade não são. Existe uma longa lista das mesmas, mas as mais comuns e, por isso, mais
importantes de ter conhecimento sobre, são história vacinal desconhecida ou mal
documentada, reações locais, ligeiras a moderadas, a uma dose anterior, história anterior da
doença (para a qual vai ser vacinado) e história familiar de reações adversas graves à mesma
vacina ou a outras vacinas.

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