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Fonte:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786553624870/epubcfi/6/60%5B%3Bvnd.v
st.idref%3Dbody030%5D!/4
A palavra “economia”, consoante leciona Paul Singer, possui, pelo menos, três
significados;
o terceiro refere-se à ciência que tem por objeto a atividade que dá o segundo
significado. A Economia (ciência) é a sistematização do conhecimento sobre a economia
(atividade), estudando, pois, como a sociedade decide o quê, como e para quem produzir.
POLÍTICA ECONÔMICA
As políticas, ensina Maria Paula Dallari Bucci, são instrumentos de ação dos
governos.
Assim, a primeira ideia que se tem de uma política pública é a de “um conjunto de
ações de organismos estatais com o objetivo de equacionar ou resolver problemas da
coletividade”.
Na definição de Cristiane Derani, políticas “são atos oriundos das relações de força
na sociedade” e são chamadas de públicas “quando estas ações são comandadas pelos agentes
estatais e destinadas a alterar as relações sociais existentes”.
Tais políticas, consoante esclarece o mesmo autor, não se reduzem à categoria das
políticas econômicas, mas englobam, de modo mais amplo, todo o conjunto de atuações estatais
no campo social (políticas sociais).
Para Isabel Vaz, a política econômica, tomada em seu sentido amplo, “pode ser
considerada como um conjunto de ações adequadas dirigidas racionalmente para a obtenção
de determinados resultados de natureza econômica em uma comunidade”. Quando o emissor
dessas diretrizes é o Estado, prossegue a autora, temos uma “política econômica estatal”.
O Direito Econômico, observa Maria Paula Dallari Bucci, “campo com o qual a
abordagem das políticas públicas no direito tem evidentes afinidades, também evoluiu
lentamente, a partir das transformações nas relações entre o direito e a economia que
sucederam o fim da Primeira Guerra Mundial, a revelar a exaustão do paradigma institucional-
econômico do século XIX. Mas encontrou base para seu desenvolvimento na sistematização da
reflexão teórica sobre temas que, ao mesmo tempo, vinham sendo progressivamente objeto de
tratamento pelo direito positivo, à medida que se intensificavam as formas de intervenção do
Estado no e sobre o domínio econômico”.
O campo privado, por sua vez, é constituído pelas atividades próprias dos
particulares, as quais, por sua vez, dividem-se em duas categorias: as conferidas expressamente
aos indivíduos pela Constituição como um direito subjetivo; e as que, não tendo sido
atribuídas com exclusividade ao Estado, lhes são facultadas.
Pelo fato de o Estado ser criação do Direito, são as normas jurídicas que
definem os contornos de suas atividades e, destarte, cada ordenamento jurídico é livre para
decidir se o exercício de uma determinada atividade pertencerá ao Estado ou aos particulares.
Dito de outro modo, o critério para diferenciar o setor estatal e o privado é eminentemente
jurídico-normativo, consoante leciona Ricardo Antônio Lucas Camargo: “somente a partir da
consulta ao ordenamento jurídico se pode saber se está diante de setor reservado ao Estado, de
setor passível de ser explorado tanto pelo Estado quanto pelo particular ou de setor interdito
ao Estado e somente passível de exploração pelo particular”.
Não concordamos tal pensamento, pois, como será adiante exposto, tais
monopólios são de atividades econômicas em sentido estrito, que a priori constituiriam
segmento de manifestação da livre-iniciativa, mas que foram desta retirados.
Assim, como assevera Celso Antônio Bandeira de Mello, não há outro meio
de reconhecer o que é “atividade econômica” e, consequentemente, o de identificar limites ao
conceito de “serviço público”, senão recorrendo à concepção geral da sociedade vigente em
determinada época, sobre quais as atividades nela havidas como meramente econômicas,
próprias então dos particulares, em oposição àquelas outras, tidas como típicas do Estado.
Daí se verifica, por exemplo, que o Estado, quando presta serviço público
(art. 175, CF), não pratica ato de intervenção, pois atua, no caso, em área de sua própria
titularidade. Não há que se falar em intervenção estatal no domínio próprio do Estado, em face
do absoluto controle estatal sobre o referido segmento.
Antiguidade
Com efeito, uma das questões que deve ser respondida por uma doutrina
liberal, consoante destaca Francisco Vergara, “diz respeito aos limites do princípio de liberdade.
Deve dizer em que área o indivíduo deve ter liberdade para agir e em que áreas não deve. Deve
indicar em quais casos é bom o Estado intervir, seja para restringir certas liberdades, seja para
corrigir os efeitos indesejáveis que podem resultar da liberdade; ela deve fornecer um critério
que permita dizer: ‘É bom que o Estado intervenha aqui, não é bom que ele intervenha ali’”
(destaque no original).
Como bem observa Maria João Estorninho, “se o Estado Liberal do século
XIX, vocacionado apenas para a supervisão dos acontecimentos sociais, podia cumprir os seus
fins administrativos praticamente através de uma intervenção pontual e esporádica da
Administração, o Estado Social, empenhado na satisfação das necessidades sociais, viu-se
necessariamente obrigado a alargar as relações entre a Administração e o cidadão”.
Estado Neoliberal
Primeiros passos
Constituição de 1934
Com efeito, dispunha a CF/1934, em seu art. 116: “Por motivo de interesse
público e autorizada em lei especial, a União poderá monopolizar determinada indústria ou
actividade econômica (…)”. O referido dispositivo, como se vê, autorizava a exploração, pelo
Poder Público (mais precisamente, pela União), de atividades econômicas, em regime de
exclusividade (monopólio), não mencionando expressamente a possibilidade da exploração
estatal de atividades econômicas em regime de concorrência com a iniciativa privada.
Constituição de 1937
Constituição de 1946
Constituição de 1988
No mesmo sentido, assevera Isabel Vaz que, “seja qual for a denominação
que se adote para classificar a intervenção estatal, o que realmente importa é verificar se, na
execução de suas políticas econômicas e nas subsequentes formas de ação do Estado, ele
cumpre os princípios e as regras constitucionais; se respeita os direitos e as garantias individuais
e coletivos que regem o desempenho das atividades econômicas, definindo as atribuições de
cada um dos participantes do mercado, quer se trate de agentes econômicos públicos ou
privado.