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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS


Departamento de Letras Modernas
Setor de Pós-Graduação
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS EM INGLÊS

Área de concentração: Estudos Linguísticos-Língua


2º semestre de 2022 (para ingresso no 1º semestre de 2023)

Número ID: 165

Linha de pesquisa: (x) Estudos linguísticos - Língua

INSTRUÇÕES para a prova

a) Escolha DUAS das questões propostas

b) A resposta, dissertativa, deve ser redigida em língua portuguesa ou inglesa, demonstrando a capacidade
do candidato para compreender a questão e para redigir uma resposta pertinente, coerente, bem
fundamentada e bem organizada.

c) Duração da prova: 3 horas

d) Consulta permitida
Observação: se fizer citações, elas devem obrigatoriamente ser colocadas entre aspas e ter sua fonte citada.

INSTRUÇÕES PARA O ENVIO DE SUA PROVA DE CONTEÚDO


a) nomeie o arquivo com a prova respondida com seu número de identificação e área de Concentração. Ex.:
ID_222_LíNGUA. NÃO use seu nome, pois a avaliação é cega. O uso do nome desclassifica o candidato;
b) grave o arquivo em formato PDF;

c) envie o arquivo como anexo para pos-ingles@usp.br, dentro do prazo estipulado de 3 horas (Veja o horário
exato de início e término da prova na sala virtual).
VERIFIQUE que o arquivo esteja anexado.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Conteúdo (conhecimento teórico demonstrado a respeito do tópico, desenvolvimento do tópico): 4/10

Organização (coerência, coesão, capacidade demonstrada de articulação de ideias): 4/10


Adequação da linguagem ao contexto acadêmico: 2/10
Observação: citações devem obrigatoriamente ser colocadas entre aspas e ter sua fonte citada. As provas
passarão por checagem automática do Sistema Originality Check TUNRNITIN e citações não demarcadas
poderão ser identificadas como plágio, gerando desclassificação.

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QUESTÃO 1

Norman Fairclough (1992) dedica um capítulo inteiro à discussão da intertextualidade. Comente o que este
conceito significa e forneça alguns exemplos do que o autor denomina de “manifest intertextuality”
(heterogeneidade mostrada/representada)."

Para Fairclough, a intertextualidade mostra como um texto é capaz de transformar os anteriores “e


reestruturar as convenções existentes (gêneros, discursos) para gerar novos textos” (1992. p. 135). No
entanto, o espaço para a inovação textual não é ilimitado, há limitação na criação de um texto a partir das
reações de poder formadas na sociedade. Contudo, Fairclough explica que “a teoria da intertextualidade não
pode ela própria explicar essas limitações sociais, assim ela precisa ser combinada com uma teoria de
relações de poder e de como elas moldam (e são moldadas por) estruturas e práticas sociais. Em conclusão,
intertextualidade é a incorporação de conceitos já existentes em novas discussões a respeito de
determinado assunto.

Em relação à heretogeneidade, Normam Fairclough explica que há diferentes níveis de existência


para tal, pois, depende se relações intertextuais são complexas os simples. Exemplo de heterogeneidade é a
forma como o texto anterior é citado em uma numa escrita, podendo ser completamente separada, ao ser
colocada em aspas, ou integrado na estrutura e estilística do novo autor, através de uma nova formulação.

Para que fique ainda mais claro, a resposta para esta questão 1 da prova de conteúdo é um exemplo
de intertextualidade e heteroneidade, tendo em vista que, para a formulação de uma resposta é necessária
a busca por citações diretas ou indiretas. É um texto redigido por alguém, com novas formulações a respeito
dos saberes de Norman Fairclough, mas que também acrescenta as citações diretas do próprio autor
fazendo referência ao texto original.

QUESTÃO 2

A pesquisa em sala de aula (classroom research) inaugurou uma nova era na investigação em
linguística aplicada sobre ensino e aprendizagem de línguas focalizando a relação entre teoria e
prática, a metodologia de pesquisa, o papel do contexto social e a interação em sala de aula.
Comente, com exemplos, alguns dos benefícios para a área de ensino aprendizagem de línguas
estrangeiras desse novo enfoque.

Até então na forma tradicional de ensino/aprendizagem, a relação entre professor e aluno é


uma relação de poder entre aquele que detém todo o conhecimento necessário e aquele
desconhece e está/ou não, pronto para receber todas as informações a respeito de um
determinado tema. No entanto, ao se estabelecer uma relação de poder, não dando ênfase e
importância ao saber e viver do aluno, o professor acaba impedindo que este possa fazer parte da

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aula de maneira mais ativa. É por este motivo que muitos alunos tendem a não se integrar nas
aulas e fugir da proposta inserida naquele ambiente. Em sua pesquisa sobre Sujeito, subjetivação,
inconsciente e ideologia, Marisa Grigoletto ressalta, ao retomar as ideias de Focault. “A resistência
se forma dentro do poder; o poder busca sempre disciplinar, controlar justamente porque os
indivíduos, como parte de sua condição de sujeitos livres, podem, potencialmente ou de fato,
resistir” (2013. p. 32). A partir disso é possível dizer que, no ensino de uma língua, que é viva, e
sofre diversas transformações ao longo do tempo, a utilização da pesquisa em sala de aula, focado
na prática e reconhecimento dos saberes de cada aluno, a partir da troca de conhecimentos, é
viável.

Primeiramente, é importante salientar que, ainda através das pesquisas de Grigoletto ao


fazer menção à Freud, “a língua é elemento fundamentante do sujeito, nele se inscreve, nele faz
morada, atravessa-se e o constitui. É estar exposto ao outro. É estar exposto ao equívoco, mal-
entendido, lapsos, ironias, interdições e outros movimentos” (p. 38), portanto, dentro de uma aula
de língua inglesa, não cabe ao professor julgar de maneira errônea e desrespeitosa qualquer tipo de
desvio gramático de algum aluno em sala, assim como também, não o cabe delimitar a linguagem
como se esta fosse uma forma concreta e distante de características regionais. Por exemplo, dizer o
que se usa e o que não se usa, ou até mesmo “se fala desta forma e não assim” mesmo que a forma
seja apenas um reflexo da raiz de língua materna do estudante.

A pesquisa em sala de aula fortalece a colaboração do aluno no processo do


ensino/aprendizagem, trazendo propósito e estruturação de uma relação de reflexão e troca,
trazendo por consequência, a o respeito pela posição de cada um, tornando-se natural ao aluno
compreender a bagagem do professor, e então, a compreensão da vivência que o aluno também
carrega.

Questão 3

Não é incomum ouvir as expressões “linguagem das abelhas”, “linguagem do corpo” ou “linguagem
das baleias”. Contudo, são raros os linguistas que consideram que essas “linguagens” têm o mesmo
estatuto da língua natural humana. Explique o que diferencia a língua natural humana dos outros
sistemas de comunicação encontrados na natureza.

Todas as espécies são capazes de se comunicarem de alguma maneira, contudo, cada uma
possui um tipo de sistema para enviar e receber informações.

O que diferencia o sistema de comunicação humana do sistema utilizado pelas outras


espécies, desde abelhas à pássaros e animais marinhos, é a capacidade linguística. A comunicação
de animais geralmente está associada ao alimento, à caça e à questão do comportamento
hierárquico de cada grupo animal. Isto não quer dizer se seja simples, no entanto, os animais não
possuem a capacidade de produzir sentidos a partir do sistema de comunicação. A linguagem
humana pode reproduzir sentidos diversos a partir da cultura linguística de cada povo, da escolha
do léxico, e da configuração semântica.

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Ao reproduzir sons, os animais estão apenas reforçando uma regra já pré-existente na
natureza deles, com um sentido único e que, raramente sofre alguma alteração. Cachorros, ao se
encontrarem, utilizarão do olfato para reconhecer um ao outro, eles latem para se comunicar,
assustar um intruso, ou até mesmo demonstrar alegria. Em contrapartida, a linguagem humana
sofre alteração a cada tempo. Evolui e transforma usos em função da necessidade cultu ral de um
povo, ou até mesmo, mundialmente.

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