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O que É A NOVA LEITURA DE MARX?


Joelton Nascimento1

The sky is falling


Human race that we run
It left me crawling
Staring straight at the sun

[O céu está caindo


A corrida humana que corremos
Me deixou rastejando
Encarando diretamente o sol]

Josh Homme, Nick Oliveri


(Queens of the Stone Ages)

Resumo:
Neste artigo temos a pretensão de apresentar em linhas gerais as teses defendidas pela Nova
Crítica do Valor (NCV), além de referências sobre alguns de seus precursores. Pela designação NCV
entendemos uma frente da batalha de ideias anticapitalistas, que surgiram e se desenvolvem em torno
de coletivos teóricos que se apresentam publicamente sobretudo por intermédio de publicações aber-
tas, em especial as revistas alemãs Krisis e Exit!.
palavras-chave: Crítica do valor. Crítica do trabalho. Pós-marxismo.

Abstract:
In this article we claim to present an overview of the theses defended by the New Critique
of Value (NCV), and references to some of their precursors. By NCV we mean a field of the battle for
anti-capitalist ideas that emerged and developed around theoretical groups that present themselves
publicly through open publications, in particular the German journals Krisis and Exit!.
Keywords: Critique of Value. Critique of labor. Post-Marxism.

Introdução

Neste artigo temos a pretensão de apresentar em linhas gerais a ruptura e, ao mesmo, o


desenvolvimento da crítica marxiana que encontramos em O Capital, naquela que ficou conhecida
como a “Nova Leitura de Marx”. A vertente desta releitura peculiar da obra de Marx, de matiz nota-
damente alemã, produziu uma série de outros ganhos e avanços teóricos para o anticapitalismo que
ainda não foram devidamente avaliados e, por isso, ampliados.
Comecemos por explicitar o que entendemos por “anticapitalismo”. Como todo “anti”, o
anticapitalismo se define por aquilo contra o que ele se opõe. Uma teoria anticapitalista, portanto, só
pode ser assim considerada como tal quando for possível a definição elementar do que seja a realidade
social que se encontra sob a denominação de capitalismo.
A palavra “capitalista” começa a ser utilizada pela primeira vez no século XVIII por econ-

1 Professor Adjunto no Departamento de Sociologia e Ciência Política da UFMT. Mestre em Estudos de Cultura
Contemporânea pela UFMT e Doutor em Sociologia pela UNICAMP.

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omistas, para designar a figura do detentor de bens e valores que os emprega para obter lucros. Foi
usado nesse sentido por Adam Smith (1723-1790) e por Anne Turgot (1727-1781), por exemplo. Se
nos restringíssemos à definição dada por estes autores capitalismo significaria o sistema econômico
que tem em seu centro a figura do capitalista. Anticapitalismo, neste contexto, seria apenas a teoria e
a prática que combateriam a figura do capitalista. Esta definição, todavia, seria extremamente prob-
lemática, uma vez que para muitos dos autores deste período, como François Quesnay (1694-1774) e
o próprio Turgot, o representante mais exemplar de capitalista é o fazendeiro e não o empreendedor
da indústria (JESSUA, 2011). Seria preciso uma ideia consistente sobre o que é o capitalismo para
que sua crítica intelectual e prática possa ter também consistência.
É neste sentido que dizemos que a teoria anticapitalista consistente nasceu junto com o tra-
balho e a prática de Karl Marx (1818-1883) e seus colaboradores. E isto pela simples razão de que
antes dele ainda não era possível vislumbrar com nitidez os contornos do que seria “capitalismo”. Do
ponto de vista descritivo, a princípio, poderíamos considerar o capitalismo como a grande indústria,
movimentada pela economia monetária do trabalho assalariado, regulada pelo estado-nação.
Poder-se-ia dizer que bem antes de Marx já havia ideias comunistas rondando a moderni-
dade, como as do publicista francês François Noël Babeuf. É perfeitamente possível considerar
Babeuf um comunista (ainda que um comunista “primitivo” ou “proto-comunista”) pois é com ele
que pela primeira vez se torna claro um programa político e social de igualitarismo de tipo comuni-
sta (VOVELLE, 2000); trata-se de um político e intelectual que se junta à longa corrente daqueles
que fizeram de suas próprias vidas uma batalha pela justiça e pela equidade. Contudo, dificilmente
poderíamos chamá-lo de anticapitalista, uma vez que a ordem social erguida pela grande indústria,
movimentada pela economia monetária do trabalho assalariado e regulada pelos estados-nação, ainda
não tinha se desenvolvido a ponto de delinear suas feições mais básicas.
Talvez ele pudesse ser considerado anticapitalista no sentido que a palavra “capitalista” tinha
para Quesnay, isto é, no sentido de um sistema econômico centrado na figura do capitalista individual,
cujo exemplar mais típico é o fazendeiro. E, de fato, a mais contundente das teses de Babeuf é contra a
propriedade privada da terra, que, segundo ele, deveria ser inteiramente nacionalizada e redistribuída
equitativamente; imposta apenas como propriedade coletiva. A propriedade privada, todavia, não é
um princípio capaz de abarcar nenhum dos pilares principais do capitalismo mencionados em nossa
descrição do capitalismo dada acima.
Com Marx nasce uma teoria anticapitalista como delineamento de uma prática comunista
concreta, para além de objeções morais e de idealizações acerca de uma sociedade futurista.

1. elementos centrais do marxismo tradicional

Ajudado pelo afastamento histórico, Ingo Elbe (2013)2 resumiu de modo formidável as leitu-
ras da teoria marxiana centrais até então realizadas. Segundo ele, depois dos escritos de Marx, temos
em nosso acervo crítico o marxismo, ou o marxismo tradicional, isto é, as interpretações dos escritos

2 Todas as citações deste artigo de Elbe foram traduzidas pelo autor deste artigo.

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de Marx ligados primariamente aos partidos políticos e representativos de trabalhadores. Temos, ain-
da, os marxismos, ou modos dissidentes de leitura dos textos de Marx.
O marxismo tradicional é fundamentalmente aquele canonizado nas obras de Engels e Kaut-
stky e que serviram de base para o assim chamado marxismo-leninismo. Esta leitura se acostumou e
se adaptou inteiramente aos esquemas canônicos de leitura voltados para as camadas “exotéricas” das
obras de Marx, isto é, os textos do filósofo e líder operário que serviam sobretudo para a divulgação
e para a agitação política3. Os marxismos dissidentes, em especial o denominado marxismo ocidental
e a Nova Leitura de Marx (a neue Marx-Lektüre), se detiveram em uma leitura do Marx “esotérico”,
isto é, nos textos marxianos com maior densidade e alcance analítico e crítico.
Outrossim, os marxismos dissidentes se desenvolveram amiúde fora dos partidos e mesmo
de grandes instituições de pesquisa (exceção é a Escola de Frankfurt) na condição sobretudo de um
marxismo underground.
Ainda segundo Elbe, o marxismo tradicional tem como um de seus cânones mais impor-
tantes a obra Anti-Dühring [1877] (1976) de Engels. Kautsky nunca escondeu o fato de que todos os
intelectuais à sua volta liam O Capital de Marx pelas lentes deste livro de Engels; em grande medida
pode-se dizer que o marxismo tradicional é um “engelsianismo” (2013, p. 2/13). Três são os pilares
do marxismo tradicional, segundo Elbe: 1) a tendência ao determinismo ontológico; 2) a interpre-
tação historicista do método formal-genético e 3) a crítica do estado restrita ao conteúdo. Veremos a
seguir rapidamente cada um destes pilares.

1.1 A tendência ao determinismo ontológico

A tendência ao determinismo ontológico é fruto bastante direto da busca engelsiana de forjar


a dialética como um método para se compreender, inclusive em termos de determinação de causa e
efeito, tanto os fenômenos da natureza quanto os fenômenos de ordem social e histórica. A dialética
é dividida drasticamente em “dois conjuntos de leis”, a partir de onde se pode concluir que o pensa-
mento ou a consciência é entendida como uma imagem mental passiva do mundo externo. São pelo
menos três os desvios – e pode-se dizer, distorções – da concepção marxiana de práxis realizadas pelo
engelsianismo e que são fundadores do marxismo tradicional.

1) Segundo Marx, não só o objeto mas também a observação do objeto é histori-


camente e praticamente mediada, e portanto não é externa ao modo de produção. Engels, por
seu turno, enfatiza que a observação da natureza tal e qual já constitui uma observação “mate-
rialista”. “O realismo ingênuo da teoria do reflexo sistematizada por Lenin e outros – que resta
presa à aparência reificada do imediação daquilo que é socialmente mediado, do fetichismo
de um em-si daquilo que existe apenas em uma estrutura de atividade humana historicamente
determinada – recebe seus fundamentos já nos escritos de Engels” (ELBE, 2013, p. 2/13).
Assim, uma visão pseudo-materialista relaciona crua e não-mediadamente pensamento e ser,
consciência e realidade material.

3 Segundo Marcel Van der Linden (1997, p. 448) o primeiro a propor a distinção entre um Marx “exotérico” e um
Marx “esotérico” foi Stefan Breuer (1977). Distinção esta que exerceu um papel crucial em Robert Kurz ([1998], 2005) e
nos demais autores da NCV.

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2) Em A Ideologia Alemã (1845-46), junto com Marx, Engels expressou o con-


ceito de derivação natural [Naturwüchsigkeit] como algo negativo, isto é, ali eles enunciaram
a ideia de superação das noções e leis sociais que permaneciam ocultas no inconsciente dos
agentes coletivos como se naturais fossem. Já no Engels de Ludwig Feuerbach e o fim da filo-
sofia clássica alemã (1886) desaparece este caráter negativo, para ele agora era preciso apenas
aplicar conscientemente no mundo social as “leis gerais de movimento” do mundo externo.
3) Se nas Teses sobre Feuerbach (1845) Marx dizia que “Todos os mistérios que
orientam a teoria para o misticismo encontram sua solução racional na prática humana e na
compreensão desta prática” (MARX, 1990, p. 34), Engels reduziu praxis à atividade experi-
ental das ciências naturais. De modo geral, “Engels embrulhou junto [do marxismo] o cien-
tificismo de sua época, pavimentando o caminho para concepção mecanicista e fatalista do
materialismo histórico, mudando o enfoque de uma teoria social da práxis para uma doutrina,
uma teoria-reflexão contemplativa do desenvolvimento” (id.).

Reduzida ainda mais às “três leis da dialética” e aos “cinco modos de produção”, a doutrina
engelsiana do desenvolvimento foi elevada à categoria de doutrina oficial de estado pelo stalinismo.
A potência do estado soviético era constantemente proclamada como advinda da capacidade de seus
dirigentes de “aplicar conscientemente” e de “acelerar” os movimentos da história com base no con-
hecimento de suas “leis”, em um misto paradoxal de voluntarismo e determinismo: a vontade tudo
pode na medida em que se conhece e aplica o conhecimento sobre as leis de movimento da realidade
objetiva independente dos agentes envolvidos nesta.

1.2 A interpretação historicista do método formal-genético

Segundo Ingo Elbe, neste tópico o marxismo-leninismo é, ainda mais explicitamente, engel-
sianismo. A interpretação de Engels da simultaneidade histórica e lógica do livro 1 de O Capital é a
dominante nos cem anos que sucederam a primeira publicação deste livro.

Contra o pano de fundo de sua concepção de reflexo, Engels interpreta o primeiro


capítulo de O Capital como uma apresentação simultaneamente lógica e histórica
da “produção simples de mercadorias” que se desenvolve no sentido das relações de
trabalho assalariado capitalista, “apenas despido de sua forma histórica e desviando
das ocorrências casuais”. O termo “lógico” neste contexto não significa basicamente
nada além de “simplificado” (ELBE, 2013, p. 5/13)4.

A interpretação engelsiana da crítica da economia política marxiana como uma obra fun-
damentalmente histórica, apenas refletindo “logicamente” o desenvolvimento histórico é o funda-
mento da tese de Hilferding de que “de acordo com o método dialético, a evolução conceitual corre
em paralelo com a evolução histórica” (HILFERDING apud ELBE, 2013, p. 5/13). Mesmo um dos
marxismos dissidentes, o chamado marxismo ocidental, seguiu em grande medida esta tese de En-
gels-Hilferding.

4 As aspas indicam citações de Engels de sua resenha à Contribuição à Crítica da Economia Política (1859) de
Marx.

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O principal resultado desta tese é a visada ao passado com categorias e conceitos próprios
das sociedades capitalistas. Toda a história humana passa a, indiferentemente, ser uma história da
apropriação do trabalho alheio. Entretanto, a especificidade das categorias valor e dinheiro são intei-
ramente subestimadas e a distinção marxiana entre valor e forma valor fica inteiramente obscurecida5.

Até os anos 60, os teoremas de Engels continuam a ser transmitidos sem disputas.
Junto com sua fórmula (uma vez mais tirada de Hegel) da liberdade como sendo a
consciência da necessidade, e os paralelos esboçados entre as leis naturais e os pro-
cessos sociais, eles deram sustentação para um “conceito de emancipação” sócio-tec-
nológico de acordo com a seguinte premissa: a necessidade social (sobretudo a lei
do valor), que opera anarquicamente e descontroladamente no capitalismo será, por
meio do marxismo como ciência das leis objetivas da natureza e da sociedade, ge-
renciadas e aplicadas de acordo com um plano. Não o desaparecimento das deter-
minações de forma capitalistas, mas, antes, seu uso alternativo é o que caracteriza
este “socialismo de adjetivos” (termo de Robert Kurz) e esta “economia política
socialista” (ELBE, 2013, p. 5/13).

1.3 A crítica do estado restrita ao conteúdo

Observações engelsianas sobre o estado também encontramos em Anti-Dühring, Ludwig


Feuerbach e Origens da família, da propriedade privado e do Estado (1884). Estes trabalhos são os
cânones do marxismo tradicional a respeito do tema, sendo tanto tomados como chaves da leitura
para os textos do próprio Marx quanto amalgamados indiferentemente com estes6.

Em Ludwig Feuerbach Engels afirma que o fato de todas as necessidades nas socie-
dades de classe serem articuladas através da vontade do estado é “o aspecto formal
do tema – aquele que é autoevidente”. A questão principal para uma teoria materi-
alista do estado, entretanto, é “qual é o conteúdo desta vontade meramente formal?”
A resposta desta questão, baseada puramente baseada em conteúdo, concernente à
vontade do estado é para Engels o reconhecimento de “que na história moderna a
vontade do estado é, como um todo, determinada pelas necessidades cambiantes da
sociedade civil, em face da supremacia desta ou daquela classe, em última análise
pelo desenvolvimento das forças produtivas e das relações de troca” (ELBE, 2013,
p. 5/13)7.

Gert Schäfer (1990, p. 99) já havia compreendido bem os limites desta concepção engelsi-
ana:

Mais tarde [em relação a 1886, JN] Engels assegurou que “nós todos” colocamos e

5 A observação de Marx em uma nota de O Capital (1996, p. 205, n. 119) contra Smith e Ricardo, caberiam, pois,
como uma luva para o próprio Engels e seus seguidores.
6 Para um estudo marxológico que separa cuidadosamente as considerações de Marx das de Engels a respeito do
estado, cf. Tamy Pogrebinschi (2009), para um estudo confrontando os textos de Marx e os de Engels, cf. Norman Levine
(1975).
7 As aspas indicam citações de Engels de Ludwig Feuerbach.

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tínhamos que colocar “o acento principal na dedução das ideias políticas, jurídicas e
semelhantes, bem como nas ações mediadas através destas ideias, a partir das relações
econômicas básicas”. “E ao fazer isto descuidamos do lado formal em benefício do
conteúdo: o modo como estas ideias, representações, etc., surgem”. Engels consid-
erou esta falta de mediação entre conteúdo e forma (“sempre dei por esta falta post
festum”) como um dos “lados da coisa, a qual... todos nós descuidamos, muito mais
do que ela merecia” (Engels a Franz Mehring, 14/07/1893).

Retomando as observações de Schäfer, Elbe percebe que, para Engels, o estado e seus des-
dobramentos políticos e jurídicos passam a ser explicados quase que inteiramente pelo seu respectivo
poder e pertencimento de classe. “A partir deste modo de considerar o estado histórico-universal-
mente fixado no conteúdo, pode-se deduzir que Engels perde de vista a questão realmente interes-
sante, nomeadamente, sobre o porquê do conteúdo de classe no capitalismo tomar a forma específica
da autoridade pública” (2013, p. 5/13).
O resultado mais importante desta visão estreita do marxismo tradicional é que ele concebe
o planejamento econômico estatal e a socialização direta como equivalentes. A tarefa do movimento
operário passaria a ser “comandar” o poder centralizador, planejador e monopolizador advindo do
desenvolvimento mesmo do capitalismo, alterando-lhe somente o conteúdo classista, que, ademais,
seria uma consequência natural da “obsolescência” da classe burguesa. E aqui novamente, caberia
uma longa mas crucial observação de Gert Schäfer:

Engels (também Hilferding e Lenin) confunde a sociabilidade específica da produção


capitalista de mercadorias e o seu modo característico de planejamento com a pro-
dução imediatamente social. A “produção” capitalista “privada” não desaparece pelo
simples fato de ser um capital da sociedade, “produção para a conta associada de
muitos” capitalistas. Não se elimina a “inexistência de planificação” no capitalismo
a partir do momento em que os trusts e outras formas semelhantes de organização
do capital passam a conceber planos em larga escala. De fato, Engels tinha empre-
gado um conceito de produção privada que se referia àquilo que hoje chamamos de
capitalismo do empresário, e a “falta de planejamento” era entendida por ele num
sentido limitado; no seu entender, o fim da “falta de planejamento” dar-se-ia através
do controle de mercados tal como é exercitado nos trusts, o qual permite um plane-
jamento de vendas, das quantidades e dos preços, o que coloca em cheque a ideia de
que a livre concorrência constitui a forma única e absoluta de movimentar o capital.
Entretanto, Engels passou ao largo do problema decisivo, que é o da relação da lei
do valor com as novas formas assumidas pela monopolização e pela intervenção
estatal; e mais tarde Lenin identificou falsamente a “anarquia” do modo capitalista
de produção com a efetividade desenfreada da “anarquia do mercado”, com o assim
chamado capitalismo da concorrência (SCHÄFER, 1990, p. 132-133).

O estado, concebido apenas por intermédio de uma fixação de conteúdo, passa a ser deter-
minado inteiramente pela classe social que tem dominância sobre seu aparelhos, sendo as classes, por
sua vez, determinadas sobretudo pela propriedade privada dos meios de produção; sendo esta última
determinação, não obstante, inelutavelmente jurídica ela própria.
Lenin escrevia com toda clareza em 1917 que para ele “transição socialista” significava que

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“todos os cidadãos se tornam empregados e operários de um só truste universal de Estado”, e assim,


a “sociedade inteira não será mais do que um grande escritório e uma grande fábrica, com igualdade
de trabalho e igualdade de salário” (LêNIN, 2011, p. 153). Este pode ser visto como um desenvolvi-
mento político-prático da “crítica” engelsiana do estado.

2. elementos centrais dos marxismos dissidentes

Os anos 20 do século XX assistiram a uma forte retomada criativa da crítica anticapitalista


e, no seu ensejo, de leituras mais próximas dos textos de Marx e que abririam novas chaves para
sua leitura. Quatro obras se destacam como representativas deste momento: História e Consciência
de Classe (1923) de Geog Lukács, Marxismo e Filosofia (1923) de Karl Korsch, A Teoria Geral do
Direito e o Marxismo, de Evgeny Pachukanis (1924) e A Teoria Marxista do Valor (1924) de Isaak
Ilitch Rubin.
As duas primeiras obras, do jovem Lukács e a Korsch foram fundadoras daquilo que Mer-
leau-Ponty chamou de “marxismo ocidental” (2006)8. A redescoberta das duas últimas obras nos anos
60 foram propulsoras de outra vertente de marxismo dissidente, a Nova Leitura de Marx que, por seu
turno, recebeu forte influência do marxismo ocidental.
Intelectuais como Georg Lukács (1895-1971), Ernst Bloch (1885-1977), Karl Korsch (1886-
1961), Antonio Gramsci (1891-1937), Max Horkheimer (1895-1973), Theodor Adorno (1901-1969),
Herbert Marcuse (1889-1979), Alfred Sohn-Rethel (1899-1990), Lucio Coletti (1924-2001), Henri
Lefebvre (1901-1991), Galvano Della Volpe (1895-1968) e Louis Althusser (1918-1990) têm em
comum o fato de que propuseram novas leitura e fronteiras para o pensamento anticapitalista que iam
além dos cânones do marxismo-leninismo.
Gramsci, por exemplo, criticava a uso da Revolução Russa de Outubro como paradigma
de revolução para o ocidente. Lukács esclareceu em grande medida a real posição teórico-crítica de
Marx a respeito da dialética e do materialismo, para além de algumas das distorções e reduções do
engelsianismo, tarefa também que se deu Karl Korsch. Alguns importantes aspectos do marxismo-le-
ninismo, porém, permaneceram no chamado “marxismo ocidental”, como por exemplo, em Lukács
e Gramsci a centralidade do papel revolucionário para o proletariado fabril (ELBE, 2013, p. 6/13).
Para Elbe, entretanto, o marxismo ocidental pode ser caracterizado também pelo que ele
silenciou sobre:
A característica geral desta formação marxista – sua sensibilidade para o legado
hegeliano e o potencial crítico-humanista da teoria de Marx, a incorporação de abor-
dagens “burguesas” contemporâneas para elucidar a grande crise do movimentos dos
trabalhadores, a orientação para a metodologia, a sensibilização para os fenômenos
psicossociais e culturais em conexão com a questão referente às razões para a falha
da revolução no “ocidente” - provê a estrutura para um novo tipo de exegese res-
trita de Marx. Esta se caracteriza essencialmente pela negligência em relação aos

8 A expressão “marxismo ocidental”, como lembra Elbe, parece ter vindo logo que História e Consciência de
Classe foi publicado. Ela serve como referência geral mas já foi bastante e acertadamente criticada como referência a um
conjunto de teses ou uma “escola”. O uso da expressão foi consagrado por Perry Anderson (1976)

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problemas da política e da teoria do estado, uma seletiva recepção da teoria do valor


de Marx, e a predominância de uma “ortodoxia silenciosa” concernente à crítica
da economia política. (…) Até meados dos anos 60 parece que nenhum marxista
ocidental extendeu seu debate com as tradicionais interpretações de Marx para o
domínio da teoria do valor (ELBE, 2013, p. 6/13).
De acordo com o competente estudo panorâmico realizado pela revista/coletivo Endnotes,
das retomadas da leitura de Marx, em especial de O Capital nos anos 609, se destacam aquelas re-
alizadas pela Nova Leitura de Marx [neue Marx-Lektüre] na Alemanha. As principais razões para a
vantagem da releitura alemã de Marx, segundo Endnotes é que:

… o grande recurso cultural que Marx usava na crítica da economia política – o ide-
alismo clássico alemão – não estava sujeito aos mesmos problemas de recepção do
pensamento hegeliano que em outros países. Assim, enquanto na Itália e na França
as novas leituras de Marx tendiam para um preconceito anti-Hegel como reação
em face dos modismos hegelianos anteriores e contra o “marxismo hegeliano”, os
debates alemães conseguiram esboçar um quadro mais matizado e informado do
vínculo Marx-Hegel. Um fato crucial foi que eles viram que ao descrever a estru-
tura lógica da totalidade real das relações capitalistas, Marx em O Capital ficou em
dívida não tanto com a concepção de Hegel de história dialética, mas com a dialética
sistemática da Lógica. Assim, o novo marxismo crítico, algumas vezes denominado
depreciativamente de Kapitallogik tinha menos em comum com o marxismo crítico
anterior de Lukács e de Korsch do que com o de Rubin e Pachukanis. A Nova Leitu-
ra de Marx não era uma escola homogênea mas uma abordagem crítica envolvendo
sérios argumentos e discordâncias que não obstante compartilhavam um certo dire-
cionamento (ENDNOTES, 2010, p. 5/17)

Três são os autores mais expressivos deste primeiro momento da Nova Leitura de Marx:
Hans-Jürgen Krahl10 (1943-1970) cujos escritos mais importantes foram recolhidos em Constituição
e Luta de Classes ([1971], 2008), Hans-Georg Backhaus, cuja obra principal, que foi gestada desde
esses anos é Dialética da forma-valor ([1997], 2011) e Helmut Reichelt, o mais conhecido deles,
cuja obra Sobre a estrutura lógica do conceito de capital em Karl Marx (2013) , pode ser apontada
como a mais importante da primeira “rodada” de debates da Nova Leitura de Marx. Krahl, Backhaus
e Reichelt significam tanto uma ruptura quanto um desenvolvimento da reflexão filosófico-crítica da
Escola de Frankfurt. Mais ainda: a Nova Leitura de Marx rompeu definitivamente com os limites
engelsianos que comprimiam a leitura dos textos de Marx e as críticas do capitalismo delas derivadas.

Nos debates alemães, e subsequentemente internacionais, a autoridade de Engels –


assim como do marxismo tradicional que dela dependiam – foi compreensivamente
desafiada. A Nova Leitura de Marx argumentava que nem a interpretação engelsiana,
nem qualquer uma das modificações a ela propostas fez justiça ao movimento por

9 Outras releituras importantes deste momento foram as de Tronti e do obreirismo na Itália e a do estruturalismo
de Althusser na França, que, todavia, estão mais próximas das tentativas de releitura de Marx do marxismo ocidental e de
seus limites.
10 Curiosamente, Krahl foi um dos líderes do movimento estudantil antiautoritário que interrompeu uma aula de
Adorno em protesto, e Adorno, em resposta, chamou a polícia em um polêmico episódio que antecedeu sua morte em
1969. Krahl morreu em um acidente de carro no ano seguinte.

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trás da ordem e do desenvolvimento das categorias em O Capital. Em lugar de um


avanço partindo de um estágio não-capitalista, ou um modelo simplificado hipo-
teticamente da produção mercantil simples até chegar a uma etapa posterior, ou um
modelo mais complexo de produção capitalista de mercadorias, era preciso captar
o movimento de O Capital como uma apresentação da totalidade capitalista desde
o princípio, que se movia do abstrato ao concreto. Em Sobre a estrutura lógica do
conceito de capital de Karl Marx Helmut Reichelt desenvolveu uma concepção que,
de um modo ou outro, agora é fundamental para os teóricos da dialética sistemática:
que a “lógica do conceito de capital” como processo autodeterminado corresponde a
ir para além de si do conceito da Lógica de Hegel. De acordo com este ponto de vista
o mundo do capital pode ser considerado como objetivamente idealista: por exemp-
lo, a mercadoria como uma coisa “suprassensível ainda que sensível”. A dialética da
forma-valor mostra como, partindo da forma-mercadoria mais simples, os aspectos
materiais e concretos do processo da vida social estão dominados pelas formas soci-
ais abstratas e ideais do valor (ENDNOTES, 2010, p. 6/17).

Saído diretamente do debate aberto pela Nova Leitura de Marx, o assim chamado “debate
derivacionista” recolocou em questão o problema do estado, de um modo profundamente divergente
do modo engelsiano-leninista. O modo distinto conforme o qual Pachukanis colocou o problema foi
redescoberto. Lembremos da proposição pachukaniana:

O conceito de direito é aqui [em Plekhanov] considerado exclusivamente do ponto de


vista de seu conteúdo; a questão da forma jurídica enquanto tal não é colocada. Con-
tudo não há dúvida de que a teoria marxista não deve apenas examinar o conteúdo
concreto dos ordenamentos jurídicos nas diferentes épocas históricas, mas fornecer
também uma explicação materialista do ordenamento jurídico como forma histórica
determinada. Se renunciarmos à análise dos conceitos jurídicos fundamentais, obte-
remos apenas uma teoria jurídica explicativa da origem do ordenamento jurídico a
partir das necessidades materiais da sociedade e, consequentemente, do fato de que
as normas jurídicas correspondem aos interesses de tal ou qual classe social. Mas o
próprio ordenamento jurídico permanece sem ser analisado enquanto forma, apesar
da riqueza do conteúdo histórico que introduzimos neste conceito (PASUKANIS,
1988, p. 18-19).

Ainda que não se mostre consciente disso, Pachukanis colocou as premissas engelsianas
em cheque, de um modo muito semelhante àquele de Isaak Rubin (1980) ao tratar dos problemas da
crítica da economia política11. É por esta picada que avançam os autores dos debates derivacionistas,
dentre os quais se destaca Joachim Hirsch (1990, 2010)12.

Baseando-se na obra pioneira de Pachukanis, os participantes do debate da derivação


do estado captaram a separação entre o “econômico” e o “político” como elemento
próprio da dominação capitalista. Isto implicava que, longe de ser considerada como
o estabelecimento de uma economia socialista e de um estado obreiro, como precon-
izava o marxismo tradicional, a revolução devia ser entendida como destruição tanto
da “economia” como do “Estado”. Apesar do caráter abstrato (e as vezes acadêmico)

11 Como faz notar Endnotes (2010, p. 16/17, n. 51), Rubin pouco influenciou os debates alemães inicialmente.
12 Para materiais sobre o debate derivacionista cf. (HOLLOWAY & PICCIOTO, 1978).

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destes debates, começamos a ver agora como na Alemanha o retorno crítico a Marx
sobre a base das lutas do final dos anos sessenta teve consequências concretas (e
muito radicais) para a forma que concebemos a superação do modo de produção
capitalista (ENDNOTES, 2010, p. 7/17)

Considerações finais
O debate aberto pela Nova Leitura de Marx, que pode ser caracterizado pelo recurso à di-
alética sistemática da forma valor se espalhou a seguir por vários países, sem que necessariamente
possamos encontrar nisso uma relação de influência direta, mas de simultaneidade. Diversos autores
mais ou menos ligados a movimentos sociais e mais ou menos acadêmicos, se detiveram nas questões
postas pela crítica marxiana das formas sociais do valor. Estes autores podem ser relacionados aqui
no que segue (de modo não exaustivo): Roman Rosdolsky (2001), Cristopher Arthur (2004), Alfredo
Saad-Filho (2002), Werner Bonefeld (1992), Michael Eldred (2010), Michael Heinrich (2004), Pat-
rick Murray (2005), Geert Reuten (2005), Fred Moseley (2004), Felton Shortall (1994), Ruy Fausto
(1983, 2002), Tony Smith (1993), Claudio Napoleoni (1980, 1988), Jean-Marie Vincent (1987), Ingo
Elbe (2010, 2013), Massimo De Angelis (2007), e, a nosso juízo, em destaque: Slavoj Žižek (2012,
2013), Moishe Postone (2006, 2014), John Holloway (2003, 2013) e Kojin Karatani (2003, 2014),
além da Nova Crítica do Valor, com autores como Robert Kurz (1993, 1997, 2003, 2004, 2005a,
2005b) e Anselm Jappe (2006, 2013) para nomear apenas dois.

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