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No jogo “Red Dead Redemption” II, é retratado uma história fictícia de cowboys no final do

século XIX num contexto paralelo a imposição cultural sobre os índios norte-americanos. Ao
longo da história, o protagonista Arthur Morgan constantemente ajuda os indígenas da região,
liderados pelo cacique Águia Branca, a sobreviverem em meio a um cenário de desvalorização
e perseguição cultural pelo “Homem Branco”, que invade suas terras e destrói a cultura milenar
dos ameríndios. Fora da ficção, é possível relacionar o cenário de destruição cultural do jogo
com a vivenciada pelo Brasil e com o atual contexto do século XXI: gradativamente, as culturas
populares do planeta somem e se massificam em decorrência da globalização e da fragilidade
em das relações sociais.

Nesse cenário, é perceptível o legado cultural negativo que a globalização, que surgiu e se
intensificou no processo de colonização, trouxe às minorias do globo. No período do
Imperialismo, as principais potências do mundo – Europa e Estados Unidos– impunham seu
poder tanto na forma bélica, mas também de maneira cultural promovendo a ocidentalização
do mundo, principalmente na África e América Latina, causando o apagamento de inúmeras
culturas importantes em vários âmbitos, bem como as vistas em “Red Dead Redemption II”.
Assim, a atual globalização e apagamento de culturas tem raízes ligadas à exploração indevida
realizada por países que são os atuais centros culturais do planeta.

Além disso, é notória a perda da capacidade dos indivíduos em consolidarem uma identidade
cultural própria em meio ao fenômeno do fluxo de informações ao redor do globo. Segundo o
filósofo da Escola de Frankfurt, Teodor Adorno, o sistema capitalista promoveu a massificação
da cultura mundial, onde os segmentos sociais menos favorecidos cada vez mais se tornam
dependentes culturalmente da burguesia. Paralelamente, no mundo atual, assim como
defendido pelo sociólogo contemporâneo Zygmunt Bauman, os indivíduos passam por
transformações em suas identidades, relações e costumes sociais em uma velocidade nunca
vista e, logo, se veem inviabilizados de manterem uma cultura popular.

Portanto, para a valorização da cultura popular social, urge o Ministério da Cultura realizar, por
meio de um amplo programa debatido entre as mais diversas culturas populares do Brasil, a
preservação da identidade cultural brasileira acompanhada do resgate do que foi perdido na
colonização do país, fomentando um traço cultural legitimamente brasileiro. Dentre as culturas
que devem ser atendidas prioritariamente estão os indígenas e afrodescendentes, que
historicamente estão mais ligados a formação da sociedade. Outra medida deve ser o incentivo
por parte do governo da realização das mais diversas atividades ligadas ao fortalecimento
cultural nas mais diversas instituições sociais, como nas escolas e na família. Somente assim,
será possível evitar o cenário de dizimação cultural observado por Arthur Morgan em “Red
Dead Redemption II”.

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