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Assim como outros filósofos alemães do século XIX, Arthur Schopenhauer (1788-1860)
foi influenciado pelo pensamento de Immanuel Kant (1724-1804). Mas, ao contrário de
Kant, não defendeu que a razão conhece apenas os fenômenos e é incapaz de
compreender o Absoluto, a coisa-em-si. Para Schopenhauer, não é que a razão não
alcance o Absoluto; a questão é que este não se coloca como objeto da razão.
Arthur Schopenhauer abre sua principal obra, O mundo como Vontade e representação
(1819), afirmando: “O mundo é minha representação”. Para ele, “todo objeto, seja qual
for a sua origem, é, como objeto, sempre condicionado pelo sujeito, e assim
essencialmente apenas uma representação do sujeito”.
Uma boa definição do mundo como representação é dada por j. Ferrater Mora, no
Dicionário de filosofia: “A representação é (…) o mundo tal como é dado, em sua
inconsistência, em sua enganosa e aparente multiplicidade” (p. 2617). A razão tem do
mundo essa noção ilusória porque percebe somente as manifestações da Vontade.
Esta, no entanto, não é múltipla; apenas se manifesta como multiplicidade. Em si, a
Vontade é única e irredutível.
Quando o homem indaga o que há por trás da aparência do mundo, está em busca
desse princípio único. Mas essa indagação não é imediata; ela aparece depois que o
homem já intuiu a si mesmo. Em primeiro lugar, a experiência interna humana mostra
que o sujeito não é um objeto como os outros; é um ser ativo, cuja vontade se manifesta
em seu comportamento.
Esse é o passo inicial: o homem intui sua própria vontade. O passo seguinte é
compreender que essa vontade é expressão de uma Vontade maior, única, absoluta,
verdadeira. Uma Vontade que dá existência a seu corpo, manifestando-se em todos os
seus órgãos. Uma Vontade irracional, cega, inexplicável porque, como afirma Ferrater
Mora, “possui somente em si o fundamento de sua explicação”.
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