Você está na página 1de 9

2° bimestre: Psicologia Hospitalar

Hospitalização da Criança:

1. Estresse x Ansiedade:
● O estresse e a ansiedade são fatores que devem ser pensados na hospitalização. Aliás, o hospital vai ser
em si um ambiente estressor. Outro ponto é que se a criança já passou por vivência semelhante ou
alguém de sua família, isso irá refletir na ansiedade;
● Pensar nesses aspectos e pensar como vamos atuar nesse cenário;
● Estresse:Resposta psicofisiológica do organismo, provoca alterações físicas e psicólogas. Inquérito
pode aumentar o estresse- falta de familiaridade com o contexto hospitalar, dor, alteração da rotina,
distanciamento da rede de apoio entre outros;
● Ansiedade: Temor que não pode ser localizado em um objeto real. Deflagradores externos e internos
(lembranças de experiências anteriores, ideias, fantasias).

2. Coping:
● Coping- estratégias de enfrentamento que o indivíduo usa para se adaptar às situações estressantes
(multidimensionais e multifuncionais);
● Medidas preventivas que visam diminuir o estresse psicológico, a ansiedade e o tempo de internação;
● Projeto- intervenção definida. Estratégias que podem ser pensadas;
● Presente no contexto do adulto e da criança, em pessoas com fragilidade;
● Estratégias que cada indivíduo consegue criar a partir das suas vivências, do que é possível naquele
espaço.
● São múltiplos fatores que vão influenciar na adaptabilidade. Fatores da personalidade, da relação com
as pessoas naquele espaço, das intervenções possíveis naquele local…

3. Internação das crianças com Covid-19:


● Falar de psicologia hospitalar hoje precisa falar da pandemia, principalmente daqueles profissionais
que já estavam lá (cada um se modificou e lidou com aquele momento a sua maneira);
● A hospitalização da criança suspeita e/ou em tratamento da Covid-19, causa um desgaste, não apenas
físico, mas também emocional para os familiares e principalmente para a criança que se encontra
afastada do convívio familiar, em ambiente atípico e limitada de suas atividades cotidianas;
● Organização da instituição: como os hospitais se organizaram durante o caos e os profissionais, isso
interferiu na forma como as crianças vivenciaram aquele momento. A crise sanitária da covid, levou a
repensar sobre a organização dos processos de trabalho nos serviços de saúde. A internação dos
acometidos pela Covid-19 acontece preferencialmente em quartos privativos ou acomodações em com
assistência contínua por equipes especializadas e rígidas medidas de biossegurança, associada à
disponibilidade e uso correto dos equipamentos de proteção individual;
● Profissionais de saúde: A exposição do cuidar, da linha de frente, trouxe diversas consequências: física
e mental. O desconhecimento e a incerteza quanto às consequências da doença para a saúde dos
profissionais infectados, tanto como a curto, médio e longo prazo, fizeram com que as instituições
criassem estratégias para diminuir os efeitos adversos na prática assistencial. Muitos profissionais ao
terem de lidar com a incerteza, com o desconhecido, apresentaram fragilidade em sua saúde mental .
Dessa forma, a capacitação técnica e científica dos profissionais de saúde passaram ser ferramenta
essencial para reduzir riscos que esses profissionais se expõem diariamente e também garantir a
segurança dos pacientes assistidos nos diferentes cenários;
● Humanização da assistência: Como citado a criança encontra-se em um ambiente de desgaste, no
entanto, para possibilitar a humanização no atendimento e cuidado com a criança é preciso tomar
medidas que promovam mesmo que temporariamente, um ambiente seguro para a mesma,
possibilitando que a hospitalização ocorra sem maiores traumas. Olhar da psicologia que permita fugir
da dureza que é da demanda, para permitir também criar estratégias de humanização nesse momento;
● Presença de familiares (sem troca do acompanhante):Discutimos sobre a visita aberta, às crianças
quando internadas os familiares não tinham rodízio, então a criança que já estava em uma condição
mais difícil, o acompanhante também ficava o tempo inteiro. Pensar que aquele acompanhante não
podia sair do espaço, vivia a tensão o tempo inteiro, aquele contexto o tempo inteiro. As crianças que
ficaram sem um familiar ou só com um acompanhante também tiveram efeitos diferentes de estresse e
ansiedade. No entanto, no decorrer do processo de humanização hospitalar pediátrica viu que o
psicólogo é de extrema valia não apenas para a criança, mas também seu acompanhante que por uma
medida de biossegurança não realizava troca, permanecendo “temporariamente internado” com a
criança;
● Assistência à criança: As ações realizadas junto à criança hospitalizada, não deve se limitar na inclusão
do psi na equipe multidisciplinar, mas também estendida na atuação dos demais profissionais que têm
acesso direto a criança, utilizando trabalhos e ações inovadoras, pois os meios tradicionalmente
utilizados (brinquedotecas e sala de aula hospitalares por exemplo) estão inviáveis no momento. A
criança que se encontra hospitalizada devido suspeita ou para realização de tratamento da covid-19,
devem ser amplamente amparadas, principalmente no que tange a sua estrutura psicológica, por meio
de um atendimento humanizado que possibilite a minimização de possíveis traumas posteriores.
● Possibilidade de comportamentos agressivos: Na maioria das vezes as crianças não têm maturidade
para compreenderem sua situação clínica, o internamento hospitalar, os tratamentos em que se
sujeitam, entre outros fatores que impactam o pequeno indivíduo. Junto a isso, o afastamento do
convívio familiar, a privação do ato de brincar e estudar, em conjunto com uma nova rotina, através do
contato com pessoas, equipamentos e ambientes estranhos, pode resultar em um alto nível de estresse.
As crianças quando passam por acontecimentos como esses podem apresentar alguns mecanismos que
é preciso ficar atento: fazer xixi na cama (enurese);voltar ter medo de escuro;voltar chupar dedo;
desenvolvimento de fobias a agulhas, roupas brancas, procedimentos médicos; alterações de
comportamento que possam vir dificultar sua socialização no ambiente hospitalar, tais como
agressividade, tristeza, mutismo… na COVID tem um agravante devido ao contexto e terem ficado
muito menos assistidos. A possibilidade de comportamentos agressivos está presente e é preciso ficar
atento para pensar em como agir.

4. Preparação para procedimentos cirúrgicos:


● Os procedimentos cirúrgicos na infância, embora sejam para a promoção da cura ou melhora da
qualidade de vida, levam os pacientes a estados de conflitos e os procedimentos podem adquirir caráter
ameaçador, agressivo e invasivo. Assim, o paciente pode apresentar medo de sentir dor, medo da
anestesia, da transformação que poderá acontecer no corpo, além da presença de reações emocionais
desencadeadas pelo contexto hospitalar;
● Considerando que, em geral, uma cirurgia implica impacto sobre o bem-estar físico, social e emocional
do paciente, com aumento dos níveis de ansiedade e estresse e pelo distanciamento, mesmo que
temporário, da rede de apoio social e familiar, a análise funcional da preparação psicológica de
pacientes para cirurgia consistiu um tema legítimo de pesquisa também pelos benefícios potenciais da
sua utilização. As formas de intervenção ainda carecem de consistência, mas no entanto, sua utilização
possui benefícios potenciais da sua utilização, até porque em se tratando de crianças os sintomas se
intensificam e requerem mais atenção;
● Um aspecto importante é conceder autonomia ao paciente, que se caracteriza como um diferencial nas
práticas de intervenção pré-cirúrgicas- a acessibilidade a informações que aumentem a percepção do
paciente em relação a sua capacidade de exercer algum controle sobre a situação que será vivenciada;
● Uma preparação adequada para o enfrentamento da situação pode fornecer informações e minimizar o
estresse dela decorrente;
● Medidas preventivas que visam diminuir o estresse psicológico, a ansiedade e o tempo de internação da
criança no hospital são a melhor forma de evitar consequências pós-operatórias negativas;
● Intervenções mais efetivas/possíveis: Dar conhecimento para criança de como será o procedimento.
Uso de bonecos para mostrar o processo (processo de identificação e elaboração); Uso de maletas
médicas de brinquedo (corte,bisturi..), Vídeos explicativos, Visita ao centro cirúrgico. Psicoeducação
(informar o que vai acontecer)- De uma forma geral todas essas intervenções minimizam a ansiedade e
o estresse (em especial o vídeo). O importante é que é preciso pensar em uma estratégia de intervenção
e pensar em uma estratégia de adaptação é pensar na multiplicidade em que a criança estará inserida;
● "(...) a eficácia dessas intervenções varia de acordo com múltiplos fatores, desde o tipo de intervenção
oferecida, a idade da criança, a gravidade do quadro, o tempo de internação, até as experiências prévias
de hospitalização, o temperamento e estratégias de enfrentamento da situação.” Vai ser sempre
individualizado de acordo com a realidade daquela criança. Mas é preciso pensar nas estratégias que
vão ser disponibilizadas, bem como é necessário um tempo para preparar a criança;
● A informação sobre os detalhes da experiência a ser vivida e o ensino de estratégias efetivas de
enfrentamento são fundamentais para qualquer que seja o tipo da preparação psicológica para
procedimentos médicos e cirúrgicos ;
● Destacam-se fatores importantes a serem avaliados para se fazer uma boa preparação, tais como: o
nível de desenvolvimento da criança e seu estilo de enfrentamento; a compreensão da criança e da
família sobre sua condição médica e sobre o procedimento médico a ser realizado; experiência prévia
de hospitalização e particularmente de situações adversas; sintomas emocionais, cognitivos e físicos;
medos em geral e de procedimentos específicos; composição familiar, incluindo fatores lingüísticos,
culturais e religiosos; o método mais apropriado para lhes transmitir as informações (verbal, visual,
escrita e sensorial); outros estressores familiares como os financeiros, sociais, e outros eventuais
problemas de saúde; além do modo segundo o qual os familiares tomam decisões;
● Durante a preparação, sugere-se que seja oferecido um espaço para que a criança possa se familiarizar e
dramatizar situações que irá vivenciar no processo cirúrgico: contato com materiais hospitalares,
dramatização do corte de cabelo (que é necessário em alguns tipos de cirurgia), curativos e vivência da
situação hospitalar através de diversos brinquedo;
● Psicoprofilaxia: "(..) é uma ferramenta importante que auxilia na identificação de traumas derivados de
intervenções cirúrgicas, atuando na prevenção e na diminuição dos efeitos estressores da situação.
Sendo a psicoprofilaxia toda atividade que, com base em um determinado plano de análise psicologia e
mediante o emprego de recursos e técnicas específicas da psicologia, busca promover o
desenvolvimento das capacidades do indivíduo, sua capacidade de lidar com diversas situações, seu
amadurecimento e, por fim, sua felicidade. Desta forma, o acompanhamento psicológico antes e depois
da cirurgia é necessário no processo de enfrentamento do processo cirúrgico e seus intercursos, criando
condições favoráveis para que o paciente consiga lidar melhor com a situação, o que implica
ressignificar a experiência de modo funcional.” Exemplo: falando sobre as emoções, falando sobre as
cirurgias brevemente (uma forma de se preparar pensando nessa intervenção). Às vezes a criança
apresenta comportamentos regressivos e é preciso por exemplo usar com uma adolescente de 14 anos
uma boneca;
● A ideia é que a criança consiga conhecer o espaço. Quando a criança conhece o espaço ela minimiza a
ansiedade (de uma forma geral, informar o que vai acontecer/o que é o centro cirúrgico, quem vai ser a
equipe tem um efeito muito importante pra criança no que tange a ansiedade, inclusive em criar
estratégias);
● Embora muitas pesquisas apontem para a efetividade do preparo pré-cirúrgico, outras pesquisas
mostram que o uso de intervenções breves encontra limitações em sua efetividade que dizem respeito à
gravidade e à complexidade da situação e às limitações de recursos, inclusive temporais. A transmissão
de informações não é o suficiente para modificar comportamentos de forma duradoura, sendo
necessário desenvolver e fortalecer categorias específicas de resposta e estratégias mais adequadas de
enfrentamento.
Possibilidades de utilização da psicoterapia breve em hospital
geral :

1. Atuação da psicologia no contexto hospitalar - várias possibilidades de atuação:


● Acolhimento:“(…) é uma postura etc cá que implica na escuta do usuário em suas queixas, no
reconhecimento do seu protagonismo no processo de saúde e adoecimento e na responsabilização pela
resolução, com ativação de redes de compartilhamento de saberes”. Exemplo: Unidade de Emergência,
UTI (familiares). Diante daquele quadro agudo o quadro vai acontecer naquele momento, você não vai
acompanhar, você quer uma atuação naquele momento, entender a dor que ele trás, o contexto.
● Processos de acompanhamento: “(…) intervenção longitudinal, contínua, mesmo que por breve período
de tempo, momento este que a(o) psicóloga(o) oferta a escala e se dispõe a estar ao lado e presente ao
longo do período em que o paciente esteja em acompanhamento no serviço". Exemplos: Clínica
cirúrgica (fragilidade/medos/dor, defesas psíquicas), serviços de IST/ AIDS. Processos que permitam
um acompanhamento da crise que a pessoa está vivendo naquele momento. Leva tempo.
● Processos de orientação e aconselhamento: 1 - Apoio emocional; 2 - Educativo, que trata das trocas de
informações, prevenção e tratamento; 3 - Avaliação de riscos, reflexão sobre valores, atitudes e
condutas Incluindo o planejamento de estratégias de redução de risco. "'(..) o aconselhamento auxilia a
pessoa a lidar com as questões emocionais decorrentes do seu problema de saúde ; provê informações
sobre a doença, Informando de forma mais personalizada e encorajando o cliente a verbalizar suas
dívidas e recelos e desenvolve a capacidade pessoal do usuário para reconhecer situações de risco e
tomar decisões sobre as opções de prevenção mais convenientes para si. Exemplo: geriatria (qualidade
de vida dos anos adicionados). Exemplo de geriatria: pensar no processo de acompanhamento pro
idoso, no que é mais adequado para ele, o que a idade permite.

2. Processos terapêuticos/Intervenções psicoterapêuticas (envolvendo indivíduos ou grupos)


● É uma das possibilidades de intervenção existentes- O hospital é marcado por dor, sofrimento,
angústias, situações extremas, morte para o paciente, mas também para o profissional de saúde, sempre
preparado para a cura, mas em constante tensão diante da morte. A partir disso, a Psicologia Hospitalar
surge em busca de resgatar o subjetivo em situações associadas ao adoecimento em instituições de
saúde. Assim, um dos objetivos do psicólogo que atua nessa área é tentar minimizar o sofrimento do
paciente e de sua família. O trabalho é focal, centrando-se no sofrimento e nas repercussões da doença
no paciente e na hospitalização, associados a outros fatores como história de vida, forma como ele
assimila a doença e seu perfil de personalidade;
● A importância da presença de um psicólogo no meio hospitalar foi reconhecida quando os médicos e
profissionais de saúde se deram conta de que há um lado “obscuro, inconsciente” que gera conflitos e
queixas, que complicam a evolução e reduzem a eficácia terapêutica. Perceberam, então, que os
aspectos emocionais podem alterar as reações e habilidades, modificando a aderência ao tratamento e
possibilitando a tomada de decisões que influenciam as chances de sobreviver. Outro aspecto que
incorporou a necessidade de compartilhar o espaço hospitalar com o psicólogo foi a exigência crescente
da humanização aos cuidados recebidos, que se refere a dois enfoques: condições de trabalho e
dispensação de cuidados ao doente;
● Pelas características da instituição hospitalar, utiliza a Psicoterapia Breve (pelo tempo possibilita a
redução inclusive pensando o contexto) - Diante da escassez de oportunidades de atendimentos
psicoterapêuticos para a população e das crescentes filas de espera nas instituições que oferecem esse
tipo de atendimento, vale repensar métodos e técnicas de atendimento com duração inferior às terapias
convencionais, visto que há uma crescente necessidade de diminuir o tempo de tratamento;
● A instituição hospitalar aparece como uma possibilidade de atuação do profissional que, utilizando uma
abordagem focalizada e de tempo limitado, permitiria uma rotatividade maior das filas de espera nos
serviços públicos e conveniados de saúde;
● A questão organização do hospital (como leitos mais próximos) impossibilita tratar questões mais
subjetivas do sujeito;
● O espaço do hospital é tumultuado e quem tem domínio é o médico, há pouca privacidade para um
atendimento psi, não só pelas lotações das enfermarias, mas pelas frequentes interrupções dos outros
funcionários que precisam seguir a rotina do hospital. Assim, muitas vezes o atendimento é feito na
frente de outras pessoas;
● O tempo é um fator determinante no hospital, muitas vezes o paciente recebe alta e não há continuidade
no tratamento ou pode morrer;
● Mas há outras modalidades no hospital que se difere dos atendimentos nas enfermarias e quarto- o
atendimento ambulatorial, Nesses atendimentos, geralmente o psicólogo possui uma sala para realizar o
atendimento. Dessa forma, a questão da privacidade é mantida, mas a duração da sessão é reduzida, se
comparada com a clínica particular, variando de 20 a 40 minutos, dependendo da instituição. Nesses
casos, o tempo de tratamento é mais prolongado e o paciente é atendido semanalmente, durante ou
anos. Entretanto, diante da escassez de oportunidades de atendimentos públicos para a população, as
instituições que oferecem esse tipo de atendimento geralmente possuem uma fila de espera,
evidenciando a demanda crescente de necessitados.Surgindo assim a necessidade de uma técnica que
viabilize os atendimentos, cuja o tempo seja inferior às terapias convencionais, visto que há uma
crescente necessidade de diminuir o tempo de tratamento para viabilizar o atendimento da massa;
● Na busca de tratamentos de curta duração que possam promover alívio ao sofrimento psíquico, uma das
técnicas possíveis é a psicoterapia breve;
● “A psicoterapia (…) objetiva trabalhar as fantasias e elaborar os conteúdos angustiantes projetados em
uma situação atual, trazendo a oportunidade de ressignificar vários aspectos de suas vidas. O
sofrimento trazido pelo adoecimento pode ser o início de um amadurecimento emocional..”

3. Psicoterapia breve focal


● A Psicoterapia Breve (PB) tem suas origens na Psicanálise. É uma intervenção psicoterapêutica com
objetivos limitados (tem metas mais reduzidas e modestas que as terapias convencionais). Essa
limitação é uma das principais características do procedimento da psicoterapia breve e aparece em
função das necessidades imediatas do indivíduo. Esses objetivos podem colocar-se em termos da
superação dos sintomas e problemas atuais da realidade do paciente;
● Os objetivos são estabelecidos a partir da compreensão diagnóstica do paciente e da delimitação de um
foco, considerando-se esses objetivos passíveis de serem atingidos num espaço limitado de tempo (que
pode ser ou não preestabelecido), através de determinadas estratégias clínicas. Assim, a PB encontra-se
alicerçada no tripé: foco, estratégias e objetivos.
● Suas variáveis são-lhe próprias e originais não se traduzindo em um simples encurtamento de tempo do
processo psicanalítico.
● Baseia-se no tripé: foco, atividade, planejamento, onde objetivo é atingir os objetivos terapêuticos em
um prazo bem mais curto de tempo;
● Entende-se por foco, a área a ser trabalhada no processo, o material consciente e inconsciente do
paciente. É necessária maior atividade por parte do terapeuta, e planejamento por parte deste que inclui
a descrição da internação dos objetivos terapêuticos dentro de um limite de tempo.
Foco- conflito ou situação atual do paciente, subjacente ao qual existe o conflito nuclear
exacerbado. Esse foco deve ser resolvido por ação direta e específica, negligenciando os
outros aspectos da personalidade;
A estratégia de atenção seletiva o nome de “omissões deliberadas”, no qual se deve deixar
passar material atraente sempre que este se mostre irrelevante ou afastado do foco;
● Diferença entre psicoterapia breve e focal: Como é praticamente impossível que uma pessoa tenha
apenas um conflito, visto a multicausalidade de uma psicopatologia psicodinâmica, é preciso detectar
determinadas situações conflitivas mais significativas em determinado momento, que são as que
precipitam a consulta. Há que se fazer uma diferenciação entre a psicoterapia focal e a psicoterapia
breve: na primeira, procura-se resolver a queixa do paciente ou um conflito predominante; na segunda,
trata-se de ajudar a encarar os diversos conflitos predominantes que determinam variados quadros na
psicopatologia psicodinâmica;
● Paciente traz conflito, na PB o psicólogo vai ouvir a problemática e entender o conflito nuclear que
sustenta esse conflito focal, entendo o material CS e ICS que ele traz, para criar o foco do trabalho. O
psicólogo de PB tem um foco e objetivo que vai ser a resolução, a solução. Técnicas: interpretação
seletiva (só vai dar interpretação ao que é do foco) , negligência seletiva (negligenciar o que não é do
foco) e atenção seletiva(selecionar o que vai haver com o foco);
● Não é adequada para todos espaços do hospital, nem para todos os pacientes;
Os principais critérios de indicação para uma psicoterapia breve são: inteligência acima do
normal; ter tido pelo menos uma relação significativa com outra pessoa durante sua vida; estar
vivendo uma crise emocional; capacidade para interatuar bem com o terapeuta-entrevistador e
expressar sentimento; motivação para um trabalho duro durante o tratamento; uma queixa
principal específica; reconhecimento do caráter psicológico de suas perturbações; capacidade
de introspecção que lhe permita transmitir honestamente o que possa reconhecer de si mesmo;
desejo de se compreender e uma atitude de participação ativa na procura; disposição para
tentar mudanças.
● A possibilidade psicoterapêutica se faz, é uma atuação, mas não é pra todo ambiente e nem pra todo
paciente- a unidade que possui uma demanda mais exacerbada para acompanhamento psicoterapêutico
é a unidade ambulatorial, na qual a PSICOTERAPIA BREVE se mostrou viável de ser aplicada;
● Indicada para início recente, leve e circunscrito;
● Se é um quadro mais leve e moderado se você pode focar em um contexto de crise é a melhor
indicação. Pensando em um TRANSTORNO MENTAL GRAVE, não é o mais adequado;
Alguns autores citam ainda que o paciente deve sofrer de transtornos de início recente e agudo
que motivem o tratamento, a psicopatologia deve ser de caráter leve e circunscrito, ter uma
personalidade básica sadia, história de relações pessoais satisfatórias e estar num momento
propício.
● A questão organização do hospital (como leitos mais próximos) impossibilita tratar questões mais
subjetivas do sujeito;
● Psicoterapia breve- trazer ressignificações/ insight em um breve espaço de tempo. Você define um
objetivo e cria estratégias.
● O psicoterapeuta é muito mais ativo/diretivo para dar foco.
● Tem planejamento anterior, escolha do foco.
● Foco: readaptação, ressignificação após os aspectos do acometimento. O que ele traz é voltado pro
processo de adoecimento relacionado ao hospital.
● 8 a 20 sessões.
● Não transferencial (sem neurose e transferência) , não regressiva (não vai voltar nessas grandes
questões).

4. Principais autores: Knobel, Gilléron, Braier, Fiorini


● Knobel (Mais voltado pra abordagem cognitiva): propor quatro princípios (não transferêncial, não
regressivo, elaboraria de predomínio cognitivo e de mutação objetal experimentar uma nova vivência
de uma situação conflitiva) .
Segundo o autor, a entrevista inicial é fundamental para determinar o futuro da relação
terapêutica, que pode iniciar ou acabar nesse momento. Essa entrevista deve permitir
fundamentar um diagnóstico holístico, biopsicosocial, fenomenológico e metapsicológico,
para assim, determinar que tipo de tratamento se irá realizar;
A entrevista deve avaliar alguns pontos como:
- Capacidade egóica;
- Estrutura mais ou menos patológica;
- Estrutura mais ou menos rígida;
- Mecanismos de defesas utilizados na entrevista;
- Potenciais do entrevistado;
- Sua capacidade intelectual, de simbolização e abstração;
- Suas limitações totais;
- Sua tonalidade afetiva diante de determinados assuntos e problemas apresentados.
A modalidade relacional, ou seja, sua forma básica de comportamento e relacionamento com o
terapeuta é um aspecto fundamental a ser determinado;
Deve-se registrar também as manifestações transferenciais (ajudam compreender os
problemas esperados), as contratransferenciais ( podem direcionar o tratamento);
Deve-se avaliar os aspectos resistenciais do entrevistado, assim como sua disponibilidade para
uma terapia, ou seja, a motivação real do próprio paciente;
A entrevista não é feita em uma única sessão ou encontro. Ao final da entrevista deve-se
efetuar a devolução do material, através do qual se faz uma avaliação da entrevista,
formulação de um diagnóstico e uma proposta terapêutica.
● Gilleron (viés mais da psicanálise- mais fluido): usa a associação livre, sem determinar previamente o
problema. As intervenções do terapeuta devem favorecer a tomada de decisões, mas não deve dirigi-lo.
A técnica não é tão ativa;
Se baseia essencialmente na limitação temporal e a disposição face a face. O autor pede ao
paciente que indique o tempo que ele se atribui para resolver suas dificuldades, não limitando
ele próprio o tempo de tratamento;
Utiliza a associação livre- sem determinar previamente o problema cs a ser tratado (não enfoca
a problemática)- não exige uma atitude ativa do terapeuta;
O terapeuta deve ter sua atenção flutuante, as intervenções do terapeuta devem favorecer as
associações e permitir tomadas de consciência, mas não deve dirigi-lo;
● Braier: orientada em direção a Insight a partir de interpretações. Insight - aquisição de conhecimento da
própria realidade psíquica, sendo limitado, não-regressivo, sem neurose transferencial. "Enfocado a
uma determinada problemática do paciente, dada sua urgência ou Importância”.
Orientada em direção ao insight (aquisição do conhecimento da própria realidade psíquica), ou
seja, o principal propósito da “terapia dinâmica breve” é propiciar ao paciente a aquisição de
insight por meio de interpretações. Essa busca de insight é dirigida para as relações do sujeito
com os objetos externos de sua vida cotidiana e presente, sendo portanto, limitado e não
regressivo (não é apropriado para isso, o insight é para o fortalecimento do ego”;
O trabalho terapêutico em psicoterapia breve, segundo Braier, tem como característica
substancial o foco, ou seja, estar “enfocado” para determinada problemática do paciente, que
adquire prioridade, dada sua urgência e/ou importância, enquanto se deixam de lado as demais
dificuldades - Eleição de conflitos a ser tratado (ponto de urgência-inerente ao foco ou
estranho a ele).
● Fiorini (psicanálise): compreensão psicodinâmica dos determinantes atuais da situação de doença, crise
ou descompensação, além de uma compreensão psicodinâmica da vida cotidiana do paciente e
compreensão da estrutura da personalidade como uma subestrutura, visto que não encerra em si a
totalidade das determinações da estrutura “doença”.
Psicoterapia breve= psicoterapia do ego -o paciente é capaz de conservar grau variável de
comportamento realista adaptativo, refere que a estratégia de psicoterapia breve deve levar em
conta quais capacidades se acham invadidas por conflitos e quais se acham livres delas,
organizando os recursos do indivíduo de forma maleável;
O autor afirma que uma das características básicas das terapêuticas breves é operar com uma
estratégia multidimensional, já que o indivíduo doente surge como um objeto complexo,
multideterminado por fatores suscetíveis de integrar estruturas diversas, tornando-se
necessária a flexibilidade na escolha da técnica;
O terapeuta deve desempenhar na terapia breve um papel essencialmente ativo, dispondo para
isso, de uma ampla gama de intervenções. Sua participação orienta a entrevista de modo mais
direto, não permitindo que o curso da terapia seja entregue à espontaneidade do paciente. Para
isso, o terapeuta elabora um plano de abordagem individualizado (PROJETO
TERAPÊUTICO) a partir da avaliação da situação total do paciente e compreendendo a
estrutura dinâmica essencial de sua problemática, que estabelece metas a serem atingidas em
prazos aproximadamente previsíveis. Essa orientação estratégica das sessões significa
focalização do esforço terapêutico, através do qual o terapeuta atua mantendo um foco, que
seria a interpretação central sobre a qual se baseia todo o tratamento;
Limitação das possibilidades de regressão transferencial em virtude das condições de
enquadre ( o tempo limitado de tratamento torna indesejável o desenvolvimento de uma
intensa neurose transferencial). Nessa técnica também não se busca a regressão, sendo a
recomendação geral a orientação constante para a realidade, fortalecendo no paciente sua
capacidade de discriminação.
- Fiorini e Braier também vão falar de entrevista inicial, acreditam que é na entrevista inicial que se fala
de e acordos específicos ou contrato, no qual se deve falar o que é uma psicoterapia, de quais são os
papéis a serem desempenhados pelo terapeuta e o paciente, e o que se espera que cada um faça da
necessidade de antecipar resistências e de uma formulação realista do que se espera de uma
psicoterapia de pouca duração, na qual, diante da possibilidade de não resolução dos problemas, se
ajudará o paciente a entendê-los melhor e a enfrentá-los com maior capacidade. Além desses aspectos,
deve-se também abordar a questão dos honorários, férias e horários, e propor uma duração.

5. Psicoterapia breve- modalidades


● Orientação psicanalítica - psicoterapia breve psicodinâmicas;
● Orientação cognitivo comportamental (TCC)- interesse em buscas de intervenções mais breves e
eficazes;
● Todas usando (tempo curto, toco a ser trabalhado, objetivos, planejamento).

6. Dois modelos de atuação (gestão da clínica) no contexto hospitalar


● Plantonista- questões mais emergenciais. Que vai dar conta da demanda que surge naquele momento.
● Profissional plantonista (o cuidado vertical): serviço é organizado de forma a oferecer pronto
atendimento psicológico imediato e pontual para pacientes e familiares, para a equipe em situações de
perda ou crises em função de situações de morte, sendo caracterizado como um espaço que possibilita
um acolhimento e expressão para quem procura de forma espontânea o serviço ou é encaminhado. O
plantão psicológico aponta o pedido de ajuda dos usuários de saúde para que possam se expressar sobre
o medo da morte, chorar sem culpa a saudade do ente querido, conforta-se ao ser acolhido, e
estabelecer reflexões sobre o que e agora, como por exemplo a compreensão que o processo de luto é
algo natural, mas pode acontecer complicações neste processo (SOUZA: MOURA; CORREA 2009).
● Levar em conta a característica do paciente, o espaço, se é um quadro agudo ou crônico, a rotina do
profissional (diarista ou plantonista- porque diz do tipo de atuação que ele vai fazer. Diarista pode
pensar em outras formas de trabalho além das mais emergentes). Fatores importantes para pensar na
possibilidade de trabalho do psicólogo do que ele realmente pode fazer.
● Profissional diarista (o cuidado horizontal): Pode desenvolver todas as práticas apresentadas. Está
inserida (o) na equipe multiprofissional, sendo seu trabalho destinado ao paciente, a família e também à
equipe (melhores estratégias de cuidado com o paciente; transformar e problematizar a ideia de se ter
um paciente classificado pelo seu diagnóstico, desconsiderando um sujeito que tem uma história de
vida singular, sentimentos, um contexto social; participar do processo de trabalho multidisciplinar de
modo a garantir a integralidade do cuidado (recepção, acolhida, construção do Projeto Terapêutico
Singular (PTS), visitas beira leito para observação e segurança do paciente a algumas exposições
desnecessárias, reavaliações, reuniões familiares e altas compartilhadas).

Você também pode gostar