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AULA 1: MOTIVAÇÃO DO PACIENTE INFANTIL

Ao falarmos em educação em odontopediatria, o núcleo familiar deve ser envolvido, já que


quanto menor a criança menos capacidade de entendimento ela tem, ou seja, mais importante
o envolvimento dos pais.

Para termos um bom relacionamento com os pais e com a criança é preciso desenvolvermos
uma odontologia humanizada, ou seja, é preciso criar vínculos afetivos com o paciente,
conhecer suas particularidades pois muitas vezes o paciente vem com dor, está fragilizado.

Um ambiente adequado ajuda a criar vínculo afetivo, além de dar segurança ao seu paciente.
Ao darmos segurança a eles, o paciente irá responder positivamente ao tratamento. Essa
humanização deverá ser usada em todas as áreas de odontologia, bem como na vida.

Humanização na odontologia

Devemos sempre procurar o conforto da criança, a confiança da criança, antes de mais nada.
Antes de qualquer outro procedimento que a gente vá fazer, devemos procurar o bem estar da
criança. Nas outras clínicas a gente acaba não levando tanto em consideração o bem estar do
paciente. A gente leva mais o bem estar nosso pra conseguirmos fazer o tratamento mais
rápido. E na odontopediatria isso não se aplica. A gente pode demorar um semestre para
tratar, pra tirar uma cárie, mas a gente tem que fazer isso de um jeito que a criança se sinta
confortável e não tenha problema.

Motivação

Despertar de interesse da criança, aumentando a possibilidade que a mesma melhore a prática


de saúde bucal e que fique comprometida com ela por um longo período de tempo. É preciso
conscientizar durante o tratamento, e essa conscientização deve ser feita em doses
homeopáticas, devem ser dadas de acordo com o paciente que estamos atendendo. Deve ser
ensinado pouco a pouco em cada sessão, ir reforçando de acordo com as necessidades que
forem surgindo.

O comprometimento por um longo período de tempo é difícil de ocorrer caso o paciente não
tenha o auxílio de um profissional. Para que o comprometimento seja efetivo e se dê por um
longo período é fundamental a cooperação de um profissional no tratamento.

A motivação pode dar-se de duas maneiras, isto é, intrínseca ou extrínseca.

Motivação intrínseca: vem de dentro da pessoa, o paciente sente uma sensação de


responsabilidade e necessidade de alcançar algo por sua própria vontade o paciente tem auto
estima, gosta de trabalhar nas suas tarefas, tenta alcançar o crescimento como indivíduo
(como se estivesse em um carro sendo o motorista).

● Autodeterminação;

● Interesse em cuidar dos dentes;

● Interesse em preservar a saúde bucal;

● Critério e satisfação na realização dos cuidados com a saúde bucal;


Motivação extrínseca: vem de forças externas, as forças externas controlam a vida da pessoa
(como se fosse o passageiro dentro de um carro). Precisa de alguém para motivá-lo.

● Depende de reforços constantes;

● Desinteresse em cuidar dos dentes;

● Desinteresse em preservar a saúde bucal;

● Preferência por sessões de urgência e extrações;

A motivação pode se dar pelo medo ou incentivo, sendo que nunca devemos usar a
possibilidade de sentir medo como fator motivacional. Devemos motivar sempre pela parte
positiva.

Quando o paciente chega devemos analisar o tipo de perfil do paciente, além de prestar
atenção nos sinais que apresentam risco à sua saúde. Devemos nos comunicar com o paciente,
devemos saber qual a linguagem que devemos usar com a mãe, com a criança.

A comunicação é importante para:

1. Entendimento
2. Confiança
3. Interação (falar e agir)
4. Respeito ao profissional
5. Bom comportamento da criança e da mãe
6. Envolvimento do acompanhante
7. Empatia entre profissional, criança e acompanhante
8. Respeito ao paciente

A comunicação pode ser verbal ou corporal: a comunicação é importante para


compreendermos e interagirmos com o paciente, influencia na forma que ele irá se comportar,
influencia no respeito mutuo entre paciente e profissional, é importante para envolver o
acompanhante, promover o bem estar e confiabilidade.

Verbal:

● Tonalidade e controle de voz

● Afetividade

● Afabilidade

● Reforço positivo

● Linguagem/idade

● Clareza

Corporal:

● Mãos
● Postura

● Olhar

● Gestos

● Sinais

● Pernas

● Braços

Quando a criança chega com dor, se trata de um caso de emergência, mas enquanto não
tirarmos a dor a motivação e a educação em saúde não é efetiva. Portanto, é importante
observarmos se o caso se trata de uma emergência ou de um caso de acompanhamento, pois
isso irá determinar a abordagem inicial.

Recursos para motivar as crianças (não se limita a objetos)

As crianças devem aprender e ser motivadas em cada consulta, e isso pode ocorrer utilizando
diversos meios, como:

● Músicas

● Palestras

● Filmes

● Questionários

● Radiografias

● Evidenciador de placa

● Atlas

● Jogos

● Folhetos

● Reforços positivos

● Histórias e conversas

● Brincar: importante para domínio da linguagem, domínio dos medos e angústias. Não se
limita ao “brinquedo” ou aos objetos. A criança assume postura de envolvimento, torna-se
ativo no tratamento. Passa a ter experiências com valores, responsabilidade, conquistas,
regras, conflitos.

Recursos utilizados – para “quebrar o gelo” da criança antes da consulta propriamente dita:

● Espaço físico

● Situação financeira: folders, revistas, óculos de realidade virtual;


● Equipe disponível

● Criatividade

● Disponibilidade

● Vontade

Tipos de educação

● Educação em grupo: escolas, creches, programas de saúde pública.

⮚ Vantagens: tamanho do espaço físico, equipe multiprofissional (professores,


funcionários e demais pessoas que irão interagir com as crianças) atuante no dia a dia,
além de atingir um número maior de crianças. As crianças devem ser divididas em
faixas etárias para melhor compreensão e aproveitamento das crianças.
⮚ Desvantagem: a individualidade de cada criança não pode ser trabalhada.

● Educação individual: consultórios, clínicas, visitas domiciliares.

⮚ Vantagens: direcionamento das orientações voltadas para as individualidades de cada


criança, além de trabalhar de modo efetivo aquilo que a criança tem mais dificuldades.
⮚ Desvantagem: espaço físico reduzido.

Objetivos:

● Importância da saúde bucal;

● Importância dos métodos preventivos;

● Importância de hábitos dietéticos adequados;

● Buscar a diminuição do acúmulo de biofilme bacteriano;

● Compreensão das técnicas utilizadas pelo profissional: podemos usar a técnica dizer,
mostrar, fazer. Evitamos mostrar instrumentos pontiagudos que a criança assimile com o
sentimento de dor. Em algumas situações a criança quer ver os instrumentais pontiagudos,
nessa situação devemos mostrar para conseguir a confiança da criança. É preferível ter a
confiança da criança do que assustá-la. As crianças pequenas podem ter o
acompanhamento dos pais, mas é preferível que a mãe não acompanhe, sendo chamada
apenas quando necessário;
● Envolvimento do núcleo familiar: ocorre quando a mãe deixa a criança na clínica e pega no
fim do atendimento (é preferível deixar as mães na sala de espera para aproximar o
paciente e profissional);
● Adaptação da criança: deve ser mostrado a clínica e os instrumentais para adaptar a criança
ao ambiente clínico;
● Aproximação agradável do paciente/ profissional: a criança tem que se sentir confortável,
mas tem que haver um limite, a criança precisa entender que ela não pode fazer o que ela
quiser a hora que ela quiser, ela precisa te respeitar, é necessário que haja um limite;

Paralelo a educação de saúde bucal deve ser feito todo o trabalho de


higiene geral. Deve ser acompanhado essa melhora não só na criança
mas em toda família.

Processo de motivação:

1. Entrevista com os responsáveis: importante para saber mais sobre a criança, sobre a
família da criança, sobre suas individualidades, gostos a fim de interagir de forma
saudável com a criança e criar um laço de amizade e confiança.

2. Sala de espera: deve ser agradável, para criar um ambiente tranquilo antes da consulta.

3. Primeira consulta:
● Anamnese

● Apresentação do consultório

● Participação da criança no consultório: pedir pra ela segurar um rolinho de algodão,


pedir para segurar um potinho com flúor, segurar o sugador.
● Compreensão dos objetivos no tratamento

Organização das consultas

1. Sequência de pacientes: pacientes novos não devem ser agendados após pacientes que
choram, e dão “trabalho” para não o assustar antes de entrar no consultório.

2. Planejamento clínico: importante para diminuir o tempo de atendimento clínico.

3. Tempo de atendimento: não deve ser muito longo pois as crianças não aguentam
aguardar na recepção ou na cadeira odontológica por muito tempo.
● Mesa pronta e arrumada (deve estar coberta para não assustar a criança)

● Presença de auxiliar

● Presença do responsável

● Participação da criança

4. Preparo do profissional: o profissional deve despertar o entusiasmo do paciente, o que vai


depender muito do entusiasmo do próprio profissional pois, se não estiver motivado,
jamais conseguirá resultados positivos junto à criança. O trabalho deve ser em equipe,
sendo que cada membro deve ser motivado, interessado e instruído em como, quando e
porque apresentar informações aos pacientes.

Núcleo familiar

Os pais são os orientadores, supervisores e incentivadores das atividades preventivas do lar.

Para que o profissional consiga motivar e produzir mudanças comportamentais:

● Não se impor

● Ser autêntico

● Ser criativo

● Oferecer segurança e confiança

● Apresentar conhecimento

● Conhecer os interesses da criança

● Respeitar sua idade e nível de entendimento

● Estabelecer uma conduta definida para cada paciente

● Deve acreditar na motivação e mudança de comportamento da criança

O profissional deve despertar o entusiasmo do paciente, o que vai depender


muito,
Para que doo entusiasmo do próprio
profissional consiga profissional,
motivar e produzirpois, se não comportamentais,
mudanças estiver motivado,é
importante: jamais conseguirá resultados positivos junto a criança.

● Não se impor

● Ser autêntico

Criança motivada e educada

● Receptiva ao tratamento periódico;

● Interessada pelos cuidados;


● O grande motivador do paciente é sua própria doença;

● Um espelho e uma conversa clara com a criança e seu núcleo familiar constituem
poderosos instrumentos para a educação e motivação;
● A evidenciação de placa é um passo indispensável para a motivação e educação do
paciente;
● O profissional deve fazer abordagem motivacional utilizando a técnica apropriada para a
faixa etária de cada criança;

Para ter sucesso

● Os pais devem compreender os objetivos do tratamento;

● O núcleo familiar deve participar do tratamento;

● O núcleo familiar deve receber sempre novas instruções;

● O núcleo familiar deve receber sempre reforços positivos;

Limitações

● Requer modificação de comportamento (hábitos) da criança e núcleo familiar;

● Compromisso a longo prazo;

● Aconselhamento e acompanhamento constantes;

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