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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA (UFSM)

CENTRO DE TECNOLOGIA (CT)


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA (DEQ)
DISCIPLINA DE LABORATÓRIO II DE OPERAÇÕES UNITÁRIAS (DEQ 1017)

DÉBORA FAMBRE MEZADRI


LAURA SARTURI PROVENCI
LUAN GORGINO JEK
PEDRO HENRIQUE BOEIRA SIMÕES

EXPERIMENTO VII - DESTILAÇÃO COM REFLUXO TOTAL

Santa Maria, RS
2023
RESUMO

RELATÓRIO DA PRÁTICA VII – DESTILAÇÃO COM REFLUXO TOTAL

A destilação é uma operação unitária das mais utilizadas na indústria atualmente, dada a sua
extrema importância na separação e purificação de componentes de uma mistura de acordo
com a diferença de volatilidade destes. O componente de maior volatilidade encontra-se no
topo da coluna de destilação, enquanto o componente de menor volatilidade, encontra-se em
rica quantidade na fase líquida presente no fundo. O objetivo deste experimento é estudar o
comportamento do sistema etanol-água submetido a separação de destilação com refluxo total,
através da análise das frações mássicas e molares do etanol e água. A partir dos dados
experimentais, determinou-se o perfil de temperatura do sistema e, com o auxílio de
densímetro, equações complementares e o diagrama de equilíbrio etanol-água, obteve-se os
valores de: frações mássicas na fase líquida para o topo (0,89 etanol e 0,10 água) e fundo (0,12
etanol e 0,87 água), frações molares das fases líquida, de topo (0,77 etanol e 0,23 água) de
fundo (0,05 etanol e 0,95 água), e vapor de topo (0,80 etanol) e fundo (0,35); a volatilidade
relativa para o topo (1,21), fundo (9,39) e média (2,34), e o número de pratos teóricos igual a
4. Portanto, sendo o etanol o composto mais volátil e depositado em maior quantidade no topo,
assim como a água encontra-se em maior quantidade no fundo do destilador, pode-se afirmar
que o experimento foi realizado de forma satisfatória e os valores encontrados estão de acordo
com a teoria.

Palavras-chave: Destilação; Etanol; Água; Equilíbrio.

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LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Módulo experimental de destilação com refluxo total. ........................................... 12
Figura 2. Tipos de Anel de Rasching. ..................................................................................... 13
Figura 3. Painel elétrico com indicadores de temperatura e temporizador. ............................ 16
Figura 4. Coleta de amostra no topo da coluna de destilação. ................................................ 16
Figura 5. Análise de propriedades da amostra no densímetro. ............................................... 17
Figura 6. Perfil de temperaturas em função dos módulos de fracionamento. ......................... 20
Figura 7. Diagrama de equilíbrio etanol-água. ....................................................................... 21

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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Dados de temperatura da coluna. ............................................................................ 19
Tabela 2. Fração mássica e fração molar do etanol e água. .................................................... 20
Tabela 3. Fração molar do etanol e água na fase vapor. ......................................................... 21
Tabela 4. Valores da volatilidade relativa. .............................................................................. 22

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LISTA DE SÍMBOLOS
Wet Fração mássica de etanol

WH2O Fração mássica de água

xet Fração molar de etanol

xH2O Fração molar da água

Met Massa molar etanol

MH2O Massa molar água

Yet Fração molar do etanol na fase vapor

αfundo Volatilidade relativa no fundo

αtopo Volatilidade relativa no topo

αmédia Volatilidade relativa média

N Número de pratos teórios

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 7
2. OBJETIVOS......................................................................................................................... 9
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 10
3.1 PROCESSOS DE SEPARAÇÃO .................................................................................. 10
3.2 PRINCÍPIO DA DESTILAÇÃO ................................................................................... 10
3.3 TIPOS DE DESTILAÇÃO ............................................................................................ 10
3.3.1 Destilação flash ...................................................................................................... 10
3.3.2 Destilação diferencial ............................................................................................ 11
3.3.3 Destilação fracionada ............................................................................................ 11
3.4 COLUNA DE DESTILAÇÃO ....................................................................................... 11
3.4.1 Recheio da coluna de destilação ........................................................................... 12
3.4.2 Anéis de Rasching .................................................................................................. 12
3.4.3 Condensador .......................................................................................................... 13
3.4.4 Refervedor .............................................................................................................. 13
3.5 ESTUDO DO AZEÓTROPO ........................................................................................ 13
3.6 O MÉTODO ................................................................................................................... 14
4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 15
4.1 MATERIAIS .................................................................................................................. 15
4.2 MÉTODOS..................................................................................................................... 15
5. TRATAMENTO DE DADOS ........................................................................................... 18
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 19
7. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 23
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 24

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1. INTRODUÇÃO

Originária do latim ‘distillare’, a palavra “destilação” significa “gotejar” e é a descrição


do estágio final do processo, onde há o gotejamento de um líquido de um condensador para um
recipiente de coleta (KARASEK, 1969). Essa operação unitária é uma das mais utilizadas na
indústria atualmente, dada a sua extrema importância na separação e purificação de
componentes de uma mistura de acordo com a diferença de volatilidade destes. Nesse processo,
a fase vapor gerada por evaporação é rica nos componentes mais voláteis enquanto os menos
voláteis se concentram na fase líquida (BESSA, 2012).
O processo de destilação é realizado em uma torre ou coluna de destilação a qual deve
ser projetada de modo a se obter a concentração desejada dos produtos com o menor gasto
possível (ROSA, 2019). Essa coluna possui o formato de um tubo cilíndrico o qual tem uma
série de andares que promovem, progressivamente, o enriquecimento dos componentes
presentes em seu interior. Interiormente, a coluna possui pratos ou recheios que buscam
promover um melhor contato entre as fases e, consequentemente, transferências de calor e de
massa mais efetivas entre o líquido e o vapor em contracorrente. Além disso, na parte superior
da coluna há um condensador que possui a função de condensar o líquido do topo da coluna e
originar a corrente de refluxo que será retornada para a torre. Já na parte inferior, existe um
refervedor (ou revaporizador) que promove a vaporização dos componentes (SILVA, 2015).
Nas colunas com recheios, a fase líquida é dispersa no topo por meio da corrente de
refluxo, fluindo internamente na forma de um filme líquido ao longo da superfície dos
componentes que constituem o recheio. Os elementos presentes ocupam completamente a
seção transversal da coluna, criando um leito poroso pelo qual o líquido (descendente) e o gás
(ascendente) fluem em direções opostas, possibilitando o contato contínuo entre líquido e gás
(MOTA, 2008).
Industrialmente, a destilação contínua em colunas de estágios com refluxo é
amplamente utilizada, onde a mistura é introduzida em um estágio intermediário. A fase líquida
desce devido à diferença de densidade e é parcialmente convertida em vapor pelo refervedor,
que fornece calor, enquanto o vapor percorre o caminho oposto ao líquido. Esse processo
permite o contato e a transferência de massa entre as fases em cada estágio. O líquido
remanescente é retirado como produto de fundo, enquanto o vapor é condensado e dividido em
duas correntes: uma retorna à coluna como refluxo e a outra é removida como destilado
(BESSA, 2012).

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Desse modo, o presente procedimento experimental tem como objetivo o entendimento
da dinâmica de operação de uma coluna de destilação com refluxo total para o sistema água-
etanol, de modo a analisar os resultados obtidos para diferentes perfis de temperatura ao longo
do processo bem como a determinação das frações mássicas e molares de etanol no topo e no
fundo da coluna, além da estimação do número de pratos teóricos necessários para que os
processos ocorram.

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2. OBJETIVOS

Os objetivos desta aula prática consistem em fornecer, através do procedimento


experimental, o entendimento necessário para se compreender o funcionamento de uma coluna
de destilação. Para isso, o perfil de temperaturas em uma coluna de destilação de pratos para o
sistema água–etanol em uma operação com refluxo total será traçado e interpretado. Além
disso, serão obtidas as frações mássicas e molares de etanol no topo e no fundo da coluna de
destilação, bem como a sua volatilidade relativa média, no topo e no fundo da coluna.
Por fim, será estimado o número de pratos necessários para que o processo ocorra na
coluna de destilação a partir da Equação de Fenske.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 PROCESSOS DE SEPARAÇÃO


A separação de misturas em seus componentes puros é de vital importância na indústria
química. A maioria dos equipamentos nas plantas químicas tem o propósito de purificar
materiais brutos e intermediários. A destilação é o método de separação mais usado nas
indústrias e se baseia na diferença de volatilidade dos componentes de uma mistura líquida.
Devido a sua alta demanda de energia, a otimização do projeto e das variáveis de operação de
uma coluna de destilação é muito importante (HENLEY E SEADER, 1970).

3.2 PRINCÍPIO DA DESTILAÇÃO


É um processo com o intuito de aumentar a interação entre as fases líquida e vapor e
atingir um alto grau de pureza, portanto, é necessário empregar múltiplas etapas em sequência.
Esse procedimento é denominado Destilação Multiestágios. (FOUST et al., 1982).
Segundo Kister (1992), ao se elevar a temperatura os componentes mais voláteis da
mistura acabam fervendo, havendo a separação. Portanto, quando uma mistura líquida de dois
materiais voláteis é aquecida, o vapor que se forma terá uma concentração mais alta do material
mais volátil (ou seja, com ponto de ebulição mais baixo) do que o líquido a partir do qual foi
gerado. Por outro lado, quando um vapor é resfriado, o material menos volátil (ou seja, com
ponto de ebulição mais alto) tende a condensar em maior proporção do que o material mais
volátil.

3.3 TIPOS DE DESTILAÇÃO

3.3.1 Destilação flash


Destilação flash é uma técnica de separação em um único estágio, sendo considerada
uma expansão isoentálpica. (ZACCARIA, CHINAGLIA, OLIVEIRA, 2009)
Normalmente, a corrente de alimentação (líquido) é aquecida num permutador de calor,
passando depois por um “flash” adiabático (despressurização rápida) que dá origem a duas
correntes saturadas, uma de líquido e outra de vapor, em equilíbrio. (ZACCARIA,
CHINAGLIA, OLIVEIRA, 2009)

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3.3.2 Destilação diferencial
Também conhecida como Destilação simples ou destilação em batelada é um processo
que permite a separação de um líquido de uma substância não volátil (tal como um sólido, por
exemplo), ou de outros líquidos que possuem uma diferença no ponto de ebulição maior do
que cerca de 80°C. Este tipo de destilação consiste em apenas uma etapa de vaporização e
condensação. (ZACCARIA, CHINAGLIA, OLIVEIRA, 2009)

3.3.3 Destilação fracionada


Destilação fracionada é um processo de separação de misturas homogêneas, onde se
utiliza uma coluna de fracionamento na qual é possível efetuar a separação de diferentes
componentes (com diferentes pontos de ebulição) presentes em uma mistura.
Esse tipo de destilação serve para realizar a separação em uma mistura de produtos,
utilizando uma propriedade física que é o ponto de ebulição. (ZACCARIA, CHINAGLIA,
OLIVEIRA, 2009). O vapor que sobe na coluna, passa para um condensador, em seguida por
um acumulador ou tambor de refluxo e por fim em divisor de refluxo, onde parte é retirada
como o produto aéreo, e o restante é devolvido à bandeja superior como refluxo. (COULSON
& RICHARDSON, 2002)

3.4 COLUNA DE DESTILAÇÃO


Em virtude da larga aplicação industrial e da busca pelo aumento dos lucros, as colunas
de destilação devem ser projetadas de modo a se obter a concentração desejada dos produtos
com o menor gasto possível. O projeto do equipamento é de suma importância nessa tarefa,
uma vez que, o processo é altamente dependente de energia, especialmente quando a
volatilidade relativa dos compostos a serem separados apresentam valores baixos (SEADER et
al., 1998).
Uma coluna de destilação é composta por um cilindro vertical com pratos, um
condensador, um refervedor e um tanque pulmão, que recebe o destilado. Segundo Perry et al
(2008), durante a destilação ocorre a formação de uma mistura de líquido e vapor.
Geralmente tanto os dispositivos de bandeja quanto os enchimentos são responsáveis
por facilitar a interação próxima entre o líquido que flui para baixo e o vapor que sobe, sem
diminuir a capacidade da coluna de destilação. (CHEN, 1984).
Um fator determinante do grau de pureza que será obtido na destilação de uma mistura
de compostos químicos é a transferência de massa, que é favorecida pelo contato entre as fases.

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A interação entre as fases líquida e vapor deve ser a máxima possível, fato que raramente é
obtido utilizando-se apenas um estágio. (FOUST; CLUMP, 1982)

Figura 1. Módulo experimental de destilação com refluxo total.

3.4.1 Recheio da coluna de destilação


A segregação de misturas líquidas por meio de destilação baseia-se principalmente na
criação e na preservação da interface entre líquido e vapor. Existe uma ampla gama de
dispositivos para o contato líquido-vapor, porém os três mais comuns são: bandejas,
enchimentos aleatórios e enchimentos estruturados.
Nas colunas de destilação de recheios tipo randômico, durante toda a operação os
caminhos de fluxo de líquido e vapor são constantemente interrompidos, com isso, ocorre o
aumento na retenção de líquido, que é considerado vantajoso quando esse aumento vem
acompanhado da queda de pressão, pois com isso aumenta o tempo de contato e a área de
interface de transferência de massa (K. J., DU PREEZ LJ, 2014).
Os recheios randômicos são, em geral, menos caros em termos de investimento de
capital, os recheios estruturados fornecem uma baixa queda de pressão, aliada a uma alta
eficiência de transferência de massa, reduzindo, portanto, os custos operacionais
(McGLAMERY, 1988).

3.4.2 Anéis de Rasching


É o tipo de recheio de cilindro oco, cuja altura é igual ao diâmetro (Figura 2. a). Esse
recheio é normalmente disponível em cerâmica e metal. Dos recheios existentes, o anel de

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Rasching é o mais robusto devido à sua forma, mas ainda pode-se encontrar o anel de Lessing
(Figura 2. b) e o particionado cruzado (Figura 2. c).

Figura 2. Tipos de Anel de Rasching.

Fonte: CALDAS et al., (2003).

3.4.3 Condensador
São trocadores de calor onde o refrigerante que vem do compressor a alta pressão e
temperatura, troca calor com a água ou ar mudando de estado, passando de vapor para líquido-
condensado (MATOS, 2021). Os condensadores são geralmente tubulares contendo um certo
número de tubos internos utilizados para a passagem do fluido de resfriamento que promoverá
a transferência de calor e posterior condensação da corrente quente (SILVA, 2015). Os meios
de condensação mais comuns são ar e água, podendo haver meios especiais (MATOS, 2021).

3.4.4 Refervedor
Um refervedor é um trocador de calor normalmente utilizado para fornecer calor para
a parte inferior de colunas de destilação industrial. Eles fervem o líquido da parte inferior de
uma coluna de destilação para produzir os vapores que são retornados para a coluna para a
unidade de separação por destilação (PERRY, 1984). Os tipos de refervedores mais comuns na
indústria são os refervedores de circulação natural, circulação forçada e tipo kettle (KERN,
1965).

3.5 ESTUDO DO AZEÓTROPO


O termo azeótropo é usado para descrever o estado em que um líquido em ebulição
produz um vapor com exatamente a mesma composição e, consequentemente, o líquido não
muda de composição à medida que ele evapora (SMITH, 2000). E a separação por simples
destilação torna-se impossível. Assim, uma das técnicas empregadas é a destilação azeotrópica,
onde é adicionado um agente de arraste, com o objetivo de formar um novo azeótropo com um
dos componentes inicialmente presentes na mistura (VASCONCELOS, 2004).

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Um azeótropo, independentemente de ser de mínimo ou de máximo de temperatura de
ebulição, pode ser homogêneo ou heterogêneo. Quando numa mistura azeotrópica formar
apenas uma simples fase líquida em equilíbrio com a fase vapor, a mistura é azeotrópica
homogênea. Se o comportamento de múltiplas fases líquidas for exibido na condição
azeotrópica, o azeótropo é heterogêneo. Neste caso, a composição da fase vapor é igual à
composição global das duas (ou mais) fases líquidas (VAN NESS et al., 1996), pois há um
equilíbrio entre uma fase vapor e duas fases líquidas.

3.6 O MÉTODO
O método FUG (Fenske, Underwood e Gilliand) se trata de uma metodologia do tipo
short-cut e, portanto, assume algumas simplificações que permitem uma maior rapidez e menor
complexidade nos cálculos envolvidos. Nesse método a equação de Fenske (FENSKE, 1932)
é utilizada para calcular o número mínimo de pratos na coluna assumindo a hipótese de que o
refluxo na coluna é total. Com a equação de Underwood (UNDERWOOD, 1948), determina
se a razão mínima de refluxo e, aplicando considerações de projeto, a razão de refluxo real
pode ser encontrada. Utilizando o número mínimo de pratos (equação de Fenske) e a razão
mínima de refluxo (equação de Underwood) a correlação de Gilliand (GILLIAND, 1940) pode
ser usada para calcular o número ideal de pratos da coluna. Além disso, a Correlação empírica
de Kirkbride (KIRKBRIDE, 1944) foi utilizada para determinar a localização do prato de
alimentação da coluna de destilação.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 MATERIAIS
Para a realização do experimento, utilizou-se o módulo experimental apresentado na
Figura 1, o qual é constituído por manta de aquecimento elétrica; módulo refervedor (balão de
vidro de 5 L); controlador de aquecimento; módulos de coleta de amostra; módulos de
fracionamento (em vidro, encamisado, com diâmetro interno de 5 cm, contendo recheio de
anéis de Rasching (de 8 mm de tamanho característico) em cada módulo); painel elétrico com
indicadores de temperatura e temporizador; módulo de topo refluxador; módulo condensador
e módulos para a coleta de condensado e fundo.
Além disso, também foram utilizadas seringas para a coleta de amostra e densímetro
para medição das propriedades da amostra.

4.2 MÉTODOS
Primeiramente, preparou-se 4,5 L de uma solução aquosa com concentração
volumétrica de 20% de etanol e a adicionou no balão refervedor. Em seguida, com cuidado,
acoplou-se o balão na manta de aquecimento e na coluna de destilação. Nesta etapa, para evitar
perdas de calor para o meio, colocou-se uma manta auxiliar em volta do balão. Na sequência,
no topo da coluna de destilação, acoplou-se o condensador e ligou-se a água de resfriamento.
Após isso, com o temporizador desligado e a válvula de coleta no fundo fechada, ligou-se o
módulo de aquecimento na intensidade de 7,5 e esperou-se que o sistema entrasse em equilíbrio
líquido–vapor (por volta de 90 °C no fundo e 78 °C no topo) para anotar todas as temperaturas
do sistema (topo, fundo, e cada módulo de fracionamento).

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Figura 3. Painel elétrico com indicadores de temperatura e temporizador.

Após anotar as temperaturas no equilíbrio líquido-vapor, coletou-se duas amostras, no


fundo e no topo da coluna de destilação. Em seguida, analisou-se as amostras no densímetro e
anotou-se as propriedades de ambas.

Figura 4. Coleta de amostra no topo da coluna de destilação.

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Figura 5. Análise de propriedades da amostra no densímetro.

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5. TRATAMENTO DE DADOS
Com o auxílio de um densímetro foi realizado o cálculo das densidades e da temperatura
das amostras, assim como o valor da fração mássica de etanol no fundo e no topo ( 𝑊𝑒𝑡 ). Para
obter-se as frações molares de etanol (𝑋𝑒𝑡 ) e as frações molares (𝑋𝐻20) e mássicas da água
(𝑊𝐻20 ) foram utilizadas as equações 1, 2 e 3:
𝑚𝑎 .𝑊𝑒𝑡
𝑀𝑒𝑡
𝑋𝑒𝑡 = 𝑚𝑎 .𝑊𝐻20 𝑚 .𝑊 (1)
( )+( 𝑎 𝑒𝑡 )
𝑀𝐻20 𝑀𝑒𝑡

Sendo 𝑚𝑎 a massa da amostra, 𝑀𝐻20 a massa molar da água e 𝑀𝑒𝑡 a massa molar do
etanol.
𝑊𝐻2𝑂 = 1 − 𝑊𝑒𝑡 (2)

𝑋𝐻20 = 1 − 𝑋𝑒𝑡 (3)


Utilizando o diagrama de equilíbrio etanol-água (Figura 7) e os dados de fração molar
do etanol na fase líquida 𝑋𝑒𝑡 , obteve-se as frações molares de etanol na fase vapor 𝑌𝑒𝑡 no topo
e no fundo. Para calcular a volatilidade relativa no fundo (αfundo), no topo (αtopo) e a volatilidade
média (αmédia) utilizando as equações 4, 5 e 6, respectivamente.

𝑌𝑒𝑡 1−𝑋𝑒𝑡
𝛼𝑡𝑜𝑝𝑜 = ( )( ) (4)
1−𝑌𝑒𝑡 𝑋𝑒𝑡 𝑡𝑜𝑝𝑜

𝑌𝑒𝑡 1−𝑋𝑒𝑡
𝛼𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜 = ( )( ) (5)
1−𝑌𝑒𝑡 𝑋𝑒𝑡 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜

𝛼𝑚é𝑑𝑖𝑎 = 1 + √(𝛼𝑡𝑜𝑝𝑜 − 1)(𝛼𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜 − 1) (6)

Para estimar o número de pratos teóricos (N) foi utilizada a equação 7

𝑋 𝑋
𝑙𝑜𝑔[( 𝑒𝑡 ) ( 𝐻20 ) ]
𝑋𝐻20 𝑡𝑜𝑝𝑜 𝑋𝑒𝑡 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜
𝑁+1= (7)
𝑙𝑜𝑔𝛼

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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após o condicionamento do equipamento, as temperaturas em cada módulo foram
coletadas e dispostas conforme a Tabela 1.

Tabela 1. Dados de temperatura da coluna.

Posição Temperatura (ºC)


Fundo 98,6
Módulo 1 81,6
Módulo 2 80,6
Módulo 3 80,4
Módulo 4 78,7
Módulo 5 78,7
Módulo 6 78,6
Módulo 7 78,6
Topo 78
Destilado 46,2

A partir dos dados coletados, plotou-se a curva do perfil de temperaturas em uma coluna
de destilação de pratos em operação com refluxo total para o sistema água-etanol em função
dos módulos de fracionamento, com auxílio da interface PyCharm. A curva está representada
na Figura 6.

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Figura 6. Perfil de temperaturas em função dos módulos de fracionamento.

Conforme a Figura 6, é possível observar que conforme o avanço da mistura no


equipamento, as temperaturas diminuem, até chegar ao seu limite, no topo do equipamento.
Após a leitura da fração mássica no densímetro, utilizou-se as equações 1, 2 e 3 para
obter as frações molares de etanol e água no fundo e no topo do equipamento de destilação. Os
resultados das frações mássicas e molares obtidas estão expostos na Tabela 2.

Tabela 2. Fração mássica e fração molar do etanol e água.

Posição Wet (%w/w) Xet WH20 XH2O


Fundo 12,77 0,05 87,23 0,95
Topo 89,38 0,77 10,62 0,23

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Com auxílio do diagrama de equilíbrio etanol-água, representado na Figura 7,
encontrou-se o equivalente a fração molar de vapor no sistema de topo e de fundo, sendo estes
resultados representados na Tabela 3.

Figura 7. Diagrama de equilíbrio etanol-água.

Fonte: Adaptado de Medeiros (2021).

Tabela 3. Fração molar do etanol e água na fase vapor.

Posição Yet YH2O


Fundo 0,35 0,65
Topo 0,8 0,2

Os valores representados na Tabela 2 e 3 estão de acordo com o esperado, tendo em


vista que houve uma maior fração molar de etanol no topo do que no fundo, indicando que
houve uma separação dos componentes ao decorrer da destilação. Além disso, pode-se observar
que a fração molar de etanol não atingiu o limite de 0,95, sendo este, o ponto azeotrópico da
mistura, onde não há mais transferência de massa.

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A partir das equações (4 e 5), pode-se calcular os valores de da volatilidade relativa (α)
para o fundo e para o topo do equipamento, bem como a volatilidade relativa média a partir da
equação (6). Sendo que neste caso, quanto maior for a volatilidade relativa média, mais
facilmente será a separação dos componentes, para o presente experimento, observou-se a
volatilidade maior do que 1, indicando maior volatilidade do etanol em relação a água, o que
era o esperado para a prática.

Tabela 4. Valores da volatilidade relativa.

Parâmetro Fundo Topo Médio

α 9,39 1,21 2,34

Por fim, pode-se calcular o número de pratos teóricos (N) a partir da Equação de Fenske
(Equação 7), sendo igual a 3,77, ou seja, 4 pratos teóricos. Portanto, conclui-se que para que
aconteça a separação observada na Tabela 2, são necessários apenas 4 pratos teóricos, podendo
substituir os 7 pratos observados no módulo experimental.

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7. CONCLUSÃO
Com a realização do procedimento experimental proposto na aula prática, pode-se
compreender a dinâmica de funcionamento de uma coluna de destilação com refluxo total para
o sistema água-etanol bem como a realização dos objetivos determinados previamente. Assim,
ao traçar o perfil de temperatura em função do módulo de fracionamento para o sistema em
questão, observa-se que, à medida em que ocorre o avanço da mistura no equipamento, as
temperaturas diminuem, até chegar ao seu limite, no topo do equipamento. Dessa forma, ainda
que existam possíveis discrepâncias nos valores dos módulos devido a interferências oriundas
do painel elétrico, os resultados obtidos estão de acordo com a literatura.
Além disso, a análise no densímetro também se mostrou satisfatória, uma vez que os
valores encontrados para a fração mássica e molar de 12,77 e 0,05, respectivamente, para o
etanol no fundo da coluna, 87,23 e 0,95 para a água no fundo da coluna, 89,38 e 0,77 para o
etanol no topo da coluna, e 10,62 e 0,23 para a água no topo da coluna, estão de acordo com o
esperado pois há a separação dos componentes ao longo do processo.
A composição do molar do etanol e da água na fase vapor também se mostraram
condizentes com os valores encontrados na literatura. Assim, no fundo da coluna, os valores
de 0,35 e 0,65 para o etanol e água, respectivamente, e os valores do topo da coluna de 0,8 para
o etanol e 0,2 para a água evidenciam a maior volatilidade do etanol e menor ponto de ebulição
em relação à água. Neste ponto, percebe-se ainda que o etanol não atingiu o ponto azeotrópico
da mistura de 0,95.
Após a determinação das frações mássicas e molares, encontrou-se os valores da
volatilidade relativa média, no topo e no fundo da coluna, sendo estes 2,34, 1,21 e 9,39,
respectivamente. A partir disso, com a Equação de Fenske, calculou-se o número de pratos
teóricos necessários para que ocorra a separação do sistema água-etanol na coluna de
destilação. O valor encontrado foi de 3,77 pratos, o que arredondando para um número inteiro,
resulta no total de 4 pratos necessários para que a destilação aconteça.
Ademais, infere-se que todos os objetivos foram alcançados com resultados
satisfatórios e condizentes com a literatura, e a compreensão do funcionamento da coluna de
destilação estudado na teoria manteve-se muito próxima ao seu funcionamento prático em
laboratório, demonstrando, assim, a importância do estudo dessa operação unitária.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BESSA, L. C. B. A. Integração térmica de colunas de destilação de destilação alcoólica
multicomponente. 2012. Dissertação de mestrado, Faculdade de Engenharia de alimentos.
Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

CALDAS, J. N., LACERDA, A. I., VELOSO, E., PASCHOL, I. C. M. – Internos de Torres:


Pratos e Recheios. Ed. UERJ, 2003.

CHEN, G.K. Packed Column Internals. Chemical Engineering, pp 40-51; Mar. 1984.

COULSON, J. M.; RICHARDSON; J.F. Chemical Engineering. v. 2: Particle Technology e


Separation Processes. 15ed. Amsterdan: Butterworth Heinemann, 1229p. 2002.

FENSKE, M. R. Fractionation of straight-run Pennsylvania gasoline. Ind. Eng. Chem., v.


24, p. 482, 1932.

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