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RELATÓRIO DE ESTÁGIO

O seguinte relatório tem o objetivo de constatar as experiências e


impressões adquiridas durante o estágio obrigatório que pretende auxiliar a
formação dos docentes. O estágio foi realizado nas classes do ensino médio da
Escola Estadual Professor Soares Ferreira, contando com a supervisão do
professor W.D.

Durante os nossos primeiros passos nesta jornada preparatória à


docência, foi permitido fazer observações de grande utilidade para o ingresso na
difícil e nobre carreira de professor. No período anterior, foi possível levantar
dados e conclusões sobre o espaço e tempo escolar e também as relações
sociais e políticas dos alunos e professores. Porém não foi possível perceber ou
levantar dados relevantes voltados à metodologia de ensino e didática. E a partir
desse momento voltamos os nossos olhares para esse ponto fundamental.

Desse modo, em nosso segundo momento como estagiários para o


ensino de sociologia, pudemos perceber uma imensa dificuldade que os
docentes comportam em sua vivência laboral. Nessa perspectiva podemos citar
que esse grande obstáculo com os quais os professores em suas rotinas se
deparam, são exatamente os problemas relacionados à metodologia de ensino
e didática, que como consequência também colaboram com os problemas que
afetam o comportamento dos alunos dentro de sala de aula.

Enfim, a principal queixa ou problema, é exatamente a falta de interesse


dos alunos nas aulas e práticas realizadas, gerando assim problemas de falta de
atenção ou casos de indisciplina. Vale lembrar que em nossa impressão, as
aulas de sociologia eram consideradas como aulas de menor relevância, ou seja,
acreditamos que a maioria dos alunos creem que a disciplina de sociologia é
uma matéria de menor importância.

Chegamos a pensar que o motivo de tal desmotivação seria causado


exclusivamente pela ausência da família no processo educativo ou também
pelos limites impostos pela própria direção em relação à autonomia e práticas
pedagógicas inovadoras. Ou seja, acreditávamos que apenas os fatores
externos à sala de aula que estavam dificultando a realização dos trabalhos
docentes. Mas por outro lado, percebemos que a maioria absoluta dos alunos da
disciplina de sociologia, mantinham uma relação amigável e estreita com o
professor, ele não adotava nenhum elemento coercitivo ou forçoso sobre os seus
alunos.

Foi então que iniciamos as nossas atividades de reflexão e concluímos


que não poderíamos atribuir o insucesso das nossas pretensões apenas aos
alunos ou a realidade que os cercavam, ao contrário, também deveríamos
encontrar as respostas nas ações dos docentes. Diante de toda observação e
questionamentos feitos durante o período de estágio, percebi que essas ações
eram fundamentadas em um entendimento raso da pedagogia e nas políticas
escolares tradicionais. Acreditamos que esse entendimento não era nada mais
que um conjunto de ideias apoiadas em ideologias e no senso-comum.
Indiscutivelmente, não consegui encontrar traços de um projeto político-
pedagógico executável ou uma filosofia de trabalho que fossem fundadas em
metodologias ou estudos pedagógicos.

A partir dessa análise, racionalizamos e buscamos práticas


fundamentadas em metodologias. Tentamos buscar elementos motivacionais
que fossem estimulantes e ao mesmo tempo ferramentas que possibilitariam
trabalhar com teorias, temas e conceitos fundamentais da sociologia do ensino
médio. Assim, as metodologias que melhor adaptariam seriam as que buscavam
uma maior compreensão da realidade daqueles alunos. Edgar Morin demonstra
como devemos pensar essa compreensão:

Considerando a importância da educação para a compreensão, em


todos os níveos educativos e em todas as idades, o desenvolvimento
da compreensão pode reforma das mentalidades. Esta deve ser a obra
para a educação do futuro. (MORIN, 2003, p. 17)

Ainda segundo Edgar Morin:


[...] a realidade não é facilmente legível. As idéias e teorias não
refletem, mas traduzem a realidade, que podem traduzir de maneira
errônea. Nossa realidade não é outra senão nossa idéia da realidade.
Por isso, importa não ser realista no sentido trivial (adaptar-se ao
imediato), nem irrealista no sentido trivial (subtrair-se às limitações da
realidade); importa ser realista no sentido complexo: compreender a
incerteza do real, saber que há algo possível ainda invisível no real.
(MORIN, 2003, p. 85)

Ainda reforçando a ideia de motivação, buscamos soluções em Bergamo:

O uso de variedade na metodologia é uma opção do professor. Cada


qual escolhe: a preguiça e a inércia ou o desafio e a criatividade. É
claro que só o uso de novas metodologias não garante uma boa aula
ou uma aula participativa é necessário que os alunos estejam
motivados e abertos para vivenciar esta experiência. Para Antônio
Carlos Gil, motivar os alunos não significa contar piadas, mas
identificar quais os interesses do aluno para o conteúdo ou tema, sendo
necessário estabelecer um “relacionamento amistoso com o aluno”, só
assim é possível motivar o aluno para o aprendizado. (BERGAMO,
2010, p. 7)

Em uma tentativa de buscar o entendimento de prática de sentido


daqueles alunos, que foi uma forma de compreende-los e respeita-los,
trouxemos ideias de temáticas como o esporte, que poderiam ser trabalhadas
em conjunto com a sociologia. Ou seja, os conhecimentos apresentados
anteriormente em uma aula tradicional, talvez não possuíssem validade
epistemológica para aqueles alunos, e através da apropriação de elementos que
possuem valor para eles, trabalhados em conjunto com a sociologia foi possível
perceber um avanço em nossa prática docente. Essa interdisciplinaridade não
esgotava a possibilidade de transmitir valores, conceitos, temas e teorias. Pelo
contrário, ela poderia ser uma grande facilitadora por diversos fatores, como por
exemplo motivar e envolver os alunos. Assim afirmaremos tal constatação
adiante como uma surpresa extremamente positiva.

Dentro dessa lógica, o modelo desejado para as aulas que seriam


apresentadas na escola surgiu um momento após as reflexões que
demandavam obter o interesse e o envolvimento dos alunos nas mesmas. E
seria possível realizar uma atividade que motivasse e despertasse o interesse
da maioria dos alunos? Sim, as experiências obtidas no PIBID/Ciências
Sociais/UEMG permitiram responder essa pergunta antes que executássemos
uma aula no estágio.
Através do PIBID, foi possível utilizar temas como a Sociologia do Esporte
e executar oficinas ao longo do mesmo semestre. O plano de aula escolhido (em
anexo) que executaríamos, já havia sido realizado nas oficinas do PIBID na
Escola Estadual Professor Alberto Vieira, e as mesmas obtiveram sucesso.
Ocorre que as oficinas do projeto ocorriam em período extra turno e os alunos
envolvidos no projeto não eram obrigados a ter frequência regular. Uma vez que
as mesmas práticas nunca foram feitas no horário de aula e com um público que
possuía frequência obrigatória, tememos não obter um resultado semelhante ao
do PIBID. Porém como o estágio permite diversas oportunidades de
aprendizado, além de acreditarmos que tanto os acertos assim como os erros
são de extrema importância à nossa formação, foi decido realizar a mesma
proposta apresentada no projeto de iniciação à docência.

Logo no início da aula, os alunos mostraram espanto e empolgação ao


realizar uma atividade de sociologia em uma quadra de futebol. A surpresa foi
muito positiva, pois ela foi um fator motivacional, os alunos mostraram interesse
no que seria feito, além de demonstrarem imenso prazer. Vale apontar que
também houve um aspecto negativo. Alguns alunos demonstraram tamanha
empolgação, que tememos ter um prejuízo referente à atenção dos mesmos, e
para que isso não ocorresse foi necessário intervir no momento de euforia deles.

A atividade foi realizada sem problemas e confusões. O comprometimento


e participação dos alunos foi gratificante. O mesmo sucesso obtido no PIBID,
também foi colhido no estágio.

As principais considerações e lições aprendidas durante esse período de


estágio, está relacionado com a autonomia do professor em relação a sua
criatividade. A rotina é cansativa e enfadonha, por vezes devemos quebrar o
ciclo da aula tradicional e oferecer algo que motive e cative os alunos. Pensar e
criar atividades que agrade os alunos pode parecer algo extremamente árduo de
fazer, mas quando buscamos entender o que faz sentido no mundo deles, o
docente adquire chaves que permitem a inserção do professor no espaço e na
realidade deles. Somente assim obteremos temas que podem ser relacionados
com a sociologia, e os mesmos temas que são valorizados pelos discentes,
permitirão alcançar a motivação e a atenção que todo professor almeja possuir.
Referências:

MORIN, Edgar. Os sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 8a. ed.


São Paulo. Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2003.

BERGAMO, M. O uso de metodologias diferenciadas em sala de aula: uma


experiência no ensino superior. Disponível em:
http://www.univar.edu.br/revista/downloads/metodologiasdiferenciadas.pdf

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