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A partir de hoje, vou publicar uma série a respeito dos Juizados Especiais: Juizado
Especial Cível, no âmbito estadual (Lei n.º 9.099/95 – arts. 1.º a 59); Juizado Especial Cível, na esfera
federal (Lei n.º 10.259/01); Juizado Especial da Fazenda Pública (Lei n.º 12.153/09); e Juizado
Especial Criminal (Lei n.º 9.099/95 – arts. 60 a 97).

Comecemos pelo Juizado Especial Cível.

O Juizado Especial Cível integra o rol de procedimentos especiais, que têm uma
dinâmica diferente da prevista no procedimento comum (desenhado pelo Código de Processo Civil),
que, por sua vez, é mais inchado, formal, de alto custo, moroso, que, em suma, não se presta a tutelar
certos direitos da sociedade moderna de forma satisfativa (e em bom tempo).

É o que se vê das inúmeras demandas de cunho consumerista, em que se discute


cobranças, por vezes, de valores irrisórios, como uma recarga de celular no valor de R$ 50,00 que não
foi creditada, uma fatura de energia elétrica com um aumento de R$ 100,00 para R$ 500,00, uma
compra não reconhecida na fatura do cartão de crédito, no valor de R$ 20,00, um acidente de trânsito
que gera um dano de R$ 800,00, um empréstimo bancário não contraído, no valor de R$ 1.000,00, e
outras demandas do cotidiano, como a não liberação de um exame médico pelo plano de saúde,
negativa de cobertura de sinistro pelas seguradoras, contenda entre vizinhos em que se discute
vazamentos, muro de divisória, poda de árvores, latidos de cachorros etc.

Nada disso parece justificar a propositura de uma ação pelo rito comum, dado o
alto custo e a duração excessiva do processo para se ver resolvida uma demanda, no mais das vezes,
simplória.

É com esse espírito, preocupado com as particularidades específicas das relações


litigiosas, e visando à aproximação do poder judiciário com o cidadão, que o Estado instituiu o
Juizado Especial Cível que, a propósito, tem sua origem nos Conselhos de Conciliação e Arbitragem,
instituídos pelo Rio Grande do Sul, nos idos de 1982, prática esta seguida por diversos Estados da
Federação, até a edição, em 1984, da Lei Federal n.º 7.244, que criou, no Brasil, os Juizados Especiais
de Pequenas Causas1.

Em 1988, finalmente, os Juizados Especiais ganham contornos constitucionais,


sendo previstos na Magna Carta, art. 98, I, no âmbito Estadual, e no § 1.º, do mesmo artigo, em
âmbito Federal.

A partir disso, a Lei n.º 9.099/95 criou os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, e a
Lei n.º 10.259/01 instituiu os Juizados Especiais Federais, sendo, ainda, em 2009, por meio da Lei n.º
12.153, instituídos os Juizados Especiais da Fazenda Pública.

O Juizado Especial Cível, então, é órgão da justiça comum estadual, que integra o
Sistema dos Juizados Especiais (art. 1.º, da Lei n.º 12.153/09) e, como dito, é disciplinado pela Lei
n.º 9.099/95, do art. 3.º ao art. 59, versando sobre competência; juízes e conciliadores; partes; atos
processuais; pedido; citações e intimações; conciliação e juízo arbitral; audiência de instrução e
julgamento; resposta do réu; provas; sentença; embargos de declaração; extinção; execução e
despesas.

Além do regramento legal, há o Fórum Nacional dos Juizados Especiais (FONAJE),


que, constantemente, edita enunciados com vistas à uniformização das decisões proferidas em sede
de Juizado Especial Cível, Fazenda Pública e Criminal, encontrando-se, atualmente, no enunciado de
número 172 (cível), número 16 (Fazenda Pública), e número 130 (criminal), proferidos no 49.º
encontro, ocorrido na cidade de Rio de Janeiro.

1
Denominação esta utilizada ainda nos dias de hoje por grande parte da população, em vez de Juizado Especial,
conforme nova Lei dos Juizados, mas que não se afigura de todo errada, haja vista que a própria Constituição Federal
de 1988 traz as duas nomenclaturas (art. 24, X – Juizado de Pequenas Causas; e art. 98, I e § 1.º, com expressão menção a
Juizados Especiais), não havendo, na prática, qualquer diferença entre referidas denominações.
Com o mesmo propósito de uniformização, mas em âmbito estadual, há, por
exemplo, o Fórum de Juizados Especiais do Estado de São Paulo (Fojesp).

Um grande abraço, e até mais!

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