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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO

JUDICIÁRIA DE JUIZ DE FOR A/MG

PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO: DOENÇA GRAVE – neoplasia maligna (inciso I, art. 1.048 do


CPC)

MARCO ANTÔNIO PEREIRA GOMES, brasileiro, aposentado, CPF nº 773.143.106-10, RG nº M-


4.915.988, SSP/MG, filho de Ignácio Gomes Ferreira e Maria Pereira da Costa, e-mail:
mapg2013.mapg@gmail.com, residente e domiciliado na Rua Antônio de Souza Gonçalves, nº
35, Bairro Cabangu, Santos Dumont/MG, CEP 36242-348, por sua procuradora que subscreve a
exordial, Monica Silva Maldonado de Oliveira, inscrita na OAB/MG 135.254, com escritório na
Av. Getúlio Vargas nº 377– Loja 111, Centro – Santos Dumont/MG - CEP 36240-075, e-mail:
monicamaldo@gmail.com, vem, mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA CUMULADA COM PEDIDO DE


RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO e pedido de tutela provisória de urgência inaudita altera pars

EM FACE DE

1) UNIÃO - FAZENDA NACIONAL,


com endereço na Rua Carvalho de Almeida, nº 13, Bairro Cidade Jardim Belo Horizonte - MG,
CEP: 30380-160, Telefone: (31) 3519-8100; e
2) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS,
Autarquia Previdenciária com sede nesta cidade, na RUA MANOEL DE PAULA, 30 –CENTRO –
CEP: 36240-000 – SANTOS DUMONT – MG Email: aps11021050@inss.gov.br., pelos motivos
fáticos e de direito que expostos a seguir.

PRELIMINARMENTE
DA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO

O Autor tem prioridade na tramitação do processo porque é portador de neoplasia maligna,


conforme laudos médicos acostados.
O inciso I, do art. 1048, do CPC, determina prioridade a quem tenha doença grave nos termos
do inciso XIV, do art. 6º, da Lei 7713/88, que dispõe:
XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os
percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental,
esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e
incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante,
nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte
deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base
em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da
aposentadoria ou reforma;
Assim, com base nos laudos médicos apresentados, requer Vossa Excelência proceda devida
valoração e conceda, sem necessidade de avaliação de médico oficial por não se tratar de
direito de isenção tributária, mas de prioridade de tramitação, conforme autoriza o precedente
do STJ (AgRg no Ag 1.194.807/MG, Rel. Min. Luiz Fux, 1.ª Turma, julgado em 17.06.2010, DJe
01.07.2010; REsp 1.088.379/DF, Rel. Min. Francisco Falcão, DJe 29.10.2008; e REsp 749.100/PE,
Rel. Min. Francisco Falcão, DJ 28.11.2005; REsp 302.742/PR, 5.ª T., Rel. Min. Jorge Scartezzini,
DJ 02.08.2004).

DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

Antes de adentrar no mérito da lide, o Autor requer a concessão dos benefícios da Justiça
Gratuita, tendo em vista que não possui condições financeiras de arcar com as custas
processuais, sem que ocasione prejuízo para seu sustento e de sua família, conforme
declaração em anexo.
Fundamento constitucional para a concessão do benefício da Justiça Gratuita estão nas
disposições tratadas a seguir:
O art. 5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, estabelece que “o Estado prestará assistência jurídica
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”.
Nessa linha, ainda, a Constituição Federal assegura o direito de acesso à justiça como direito
humano e essencial ao exercício da cidadania, como preconizado no art. 5º, XXXV, da
Constituição Federal.
A benesse vem disciplinada pela Lei 13.105/2015, do Código de Processo Civil – CPC/2015, em
seus arts. 98 a 102, bem como, no seu artigo 1.072, que revogou expressamente, em seu inciso
III, os artigos 2º, 3º, 4º, 6º, 7º, 11, 12 e 17 da Lei 1.060/50.
O autor no caso em tela atende aos pressupostos estabelecidos no art. 98, da Lei 13.105/2015:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos
para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma da lei.
Atendendo ao disposto no art. 99 do Novo CPC, desde logo, clama pela concessão dos
benefícios da GRATUIDADE DA JUSTIÇA lato sensu, eis que se trata do primeiro
pronunciamento da parte autora, o qual, vem instruído com a declaração de hipossuficiência
da requerente.
Nesse diapasão, requer a juntada aos autos da inclusa declaração de sua “insuficiência de
recursos” para o deferimento da benesse, cuja afirmação goza de presunção de veracidade ( §
3º do art. 99, NCPC).
Saliente-se, por oportuno, que o simples fato de a parte estar representada por advogado
particular não constitui condição para o indeferimento do pedido da gratuidade de justiça;
questão sanada pelo § 4º, do Artigo 99, do Novo CPC.
Antes de adentrar no mérito da presente lide, a parte Requerente requer lhe sejam deferidos
os benefícios da Justiça Gratuita, por não poder arcar com os ônus financeiros da presente
ação, sem que com isso sacrifique o seu próprio sustento e o de sua família, conforme
declaração que segue anexa e fundamentação exarada no tópico presente.

DA AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS COLACIONADOS À PEÇA PREFACIAL

O advogado que esta subscreve, declara serem autênticas as cópias reprográficas dos
documentos anexos à peça prefacial, nos moldes do artigo 425, inciso IV, do Novo Código de
Processo Civil.
Com isso, requer seja acolhida a declaração de autenticidade dos documentos colacionados à
inicial.

MÉRITO
DOS FATOS

O Autor foi diagnosticado com câncer no rim direito em 05/06/2019. Já aposentado o INSS não
o isentou do imposto de renda. Então, requereu sua isenção do pagamento de imposto de
renda ao INSS em decorrência de ser portador de câncer no rim, que é uma NEOPLASIA
MALIGNA. Entretanto, até a distribuição dessa ação deixou de constar em seu benefício a
consequente isenção de pagamento de Imposto de Renda, infringindo a disposição do art. 523,
III, c, 2, da IN77/15, descontando-lhe na fonte o imposto indevido.
Convém salientar que não há necessidade de processo administrativo perante o segundo
Requerido para solicitação da isenção do Imposto de Rendo, tendo em vista que é dever da
administração pública conceder o melhor benefício ao Segurado e lhe repassar todas as
informações necessárias para cumprimento deste dever.
Outrossim, quando diagnosticado com câncer, o Requerente já estava aposentado, de forma
que a isenção do Imposto de Renda é devida desde a data do diagnóstico da doença que foi em
05/06/2019.
Conforme se observa do laudo datado de 05/06/2019, o Requerente apresentou carcinoma
renal, sendo submetido a tratamentos invasivos, cirurgias para retirada do tumor e
quimioterapias.

DO DIREITO

É de mister esclarecer que, o pedido de isenção do imposto de renda postulado pelo


Requerente é regulado pela Lei 7.713/1988. Deveras, o requerente faz jus a isenção do imposto
de renda, como bem se verifica pela legislação vigente que regula a matéria, “in verbis”:
Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas
físicas: (...) XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço
e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental,
esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e
incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante,
nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte
deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base
em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da
aposentadoria ou reforma; (Redação dada pela Lei nº 11.052, de 2004) (Vide Lei nº 13.105, de
2015). Grifos nossos.
Do mesmo modo era a disposição do revogado Decreto 3.000/99, repetido no atual Decreto
9.580, de 2018:
Art. 35. São isentos ou não tributáveis (...) II - b) os proventos de aposentadoria ou reforma
motivadas por acidente em serviço e aqueles percebidos pelos portadores de moléstia
profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna,
cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de
Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados
avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de
imunodeficiência adquirida e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da
medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou
da reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, caput, inciso XIV; e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, §
2º);
Não bastasse a legislação infra legal acima narrada, a Instrução Normativa SRF nº 1.500/2014,
também regulou sobre a Isenção de Imposto de Renda:
Art. 6º São isentos ou não se sujeitam ao imposto sobre a renda, os seguintes rendimentos
originários pagos por previdências: (...) II – proventos de aposentadoria ou reforma motivada
por acidente em serviço e os percebidos por pessoas físicas com moléstia profissional,
tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira,
hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados de
doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de
imunodeficiência adquirida (Aids), e fibrose cística (mucoviscidose), comprovada mediante
laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos estados, do Distrito Federal e
dos municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial no caso de moléstias
passíveis de controle, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou
reforma, observado o disposto no § 4º; (Redação dada pelo (a) Instrução Normativa RFB nº
1756, de 31 de outubro de 2017)
Importante frisar que a patologia do Requerente é inegável, já tendo se submetido à cirurgia e
tratamento quimioterápico sendo desnecessária a realização de perícia médica no âmbito
judicial. Farta documentação comprova o alegado.
No mais, levando-se em consideração a Portaria Normativa Nº 1174/MD/2006 – Doenças
Especificadas em Lei, entende-se por neoplasia maligna todos e quaisquer tipos de câncer.
Portanto, inclui o requerente.
Portanto, o Requerente está amplamente amparado pela legislação, fazendo jus a isenção do
imposto de renda, haja vista ser portador de neoplasia maligna, tendo o 2º Requerido,
descumprido com seu dever constitucional e legal de eficiência.
Ora a existência da isenção de pagamento do imposto de renda é justamente para dar ao
contribuinte a oportunidade de realizar um tratamento adequado a sua doença, no qual o
Requerente teve seu direito prejudicado ante a falta do dever de informação do 2º Requerido.
Neste sentido, inclusive é a jurisprudência:
DIREITO TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. LEI Nº 7.713/88.
MOLÉSTIA PROFISSIONAL. LER/DORT. NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA.
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. IRRELEVÂNCIA. APELAÇÃO PROVIDA. 1. O
artigo 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713/88 impõe a presença de dois requisitos cumulativos para a
isenção do imposto de renda, a saber: que os rendimentos sejam relativos à aposentadoria,
pensão ou reforma, e que a pessoa física seja portadora de uma das doenças referidas.
Enquadrando-se nas condições legais, o rendimento é isento do tributo. 2. A lesão por esforço
repetitivo - LER, doença que acomete a autora, é moléstia profissional e garante a isenção
pleiteada. 3. A isenção de imposto de renda sobre proventos de aposentadoria em razão de
moléstia grave tem por objetivo desonerar quem se encontra em desvantagem face ao
aumento de despesas com o tratamento da doença. Precedentes. 4. Em momento algum se
exige para a concessão da isenção do imposto de renda que os proventos de aposentadoria
sejam oriundos de aposentadoria por invalidez, ou ainda, que tenham decorrido diretamente
da moléstia profissional adquirida. 5. A Lei nº 7.713/88 prevê a possibilidade de isenção
mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma. Assim, não
há vinculação entre a modalidade de aposentadoria recebida e o direito a isenção aqui
pleiteada. 6. Ter a apelante se submetido à reabilitação profissional, passando a exercer na
empregadora função compatível com as condições de saúde, não altera o fato de que ainda é
portadora da enfermidade. 7. Demonstrada a hipótese de isenção tributária no caso concreto,
bem como a necessidade de acompanhamento médico, não há o que se falar em violação ao
artigo 111 do Código Tributário Nacional. 8. Condenação da União Federal e INSS ao
pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da
condenação, observado o artigo 23 do CPC/73. 9. Apelação provida. (TRF-3 - Ap:
00083917320104036110 SP, Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL MARLI FERREIRA, Data de
Julgamento: 22/11/2017, QUARTA TURMA, Data de Publicação: e-DJF3 Judicial 1
DATA:27/02/2018)

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. IMPOSTO DE RENDA.


APOSENTADORIA. PORTADOR DE NEOPLASIA MALIGNA. COMPROVAÇÃO.
CONTEMPORANEIDADE. DESNECESSIDADE. REEXAME DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
SÚMULA Nº 7/STJ. 1. Na hipótese dos autos, não se configura a ofensa ao art. 535 do Código
de Processo Civil, uma vez que o Tribunal de origem julgou integralmente a lide e solucionou
a controvérsia, tal como lhe foi apresentada, evidenciando que uma vez reconhecida a
neoplasia maligna, não se exige a demonstração da contemporaneidade dos sintomas, nem a
indicação de validade do laudo pericial, ou a comprovação de recidiva da enfermidade, para
que o contribuinte faça jus à isenção de Imposto de Renda. 2. Outrossim, nota-se que o
entendimento do Tribunal de origem está em consonância com a orientação do Superior
Tribunal de Justiça ao estabelecer a desnecessidade da contemporaneidade dos sintomas da
doença para reconhecimento da isenção do imposto de renda. (…) (Superior Tribunal de Justiça
STJ; REsp 1.655.056; Proc. 2017/0027782-2; RS; Segunda Turma; Rel. Min. Herman Benjamin;
DJE 25/04/2017)
(…) A isenção do Imposto de Renda devido a neoplasia maligna não exige a
contemporaneidade de sintoma, pois o favor legal visa diminuir o sofrimento da doença e
permitir um efetivo acompanhamento médico da moléstia, não necessitando estar ela ativa,
uma vez que o câncer é uma doença silenciosa que passa anos aparentemente inativo,
exigindo supervisão médica durante todo o período, sendo este o entendimento da
jurisprudência do egrégio Superior Tribunal de Justiça. 4. Apelação e remessa oficial não
providas. (TRF 03ª R.; Ap-Rem 0008466-74.2012.4.03.6100; Terceira Turma; Rel. Des. Fed. Nery
Junior; Julg. 06/09/2017; DEJF 18/09/2017)
Conforme a Súmula 598 do STJ, é desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o
reconhecimento judicial do direito à isenção do IR, desde que o magistrado entenda
suficientemente demonstrada a doença grave por outros meios de prova.
Já a Súmula 627 do STJ preceitua que o contribuinte portador de alguma das doenças
mencionadas na lista faz jus à concessão ou à manutenção da isenção do IR não sendo exigível
que demonstre a contemporaneidade dos sintomas ou a recidiva.
Para o colegiado, na hipótese de contribuintes acometidos por doenças classificadas como
graves – nos termos do artigo 6º, inciso XIV, da Lei 7.713/1988 –, a isenção do IR não pode ser
afastada pela falta de atualidade do quadro clínico que gerou o benefício, como estabelecido
na Súmula 627 do STJ, segundo a qual a contemporaneidade dos sintomas não é requisito para
o reconhecimento do direito.
Por unanimidade, o colegiado garantiu a isenção do IR a um aposentado que apresentou
quadro de cardiopatia grave durante anos, mas obteve sucesso no tratamento da doença após
cirurgia realizada em 2016.
"O referido benefício independe da presença, no momento de sua concessão ou fruição, dos
sintomas da moléstia, pois é de conhecimento comum que determinados males de saúde
exigem, da pessoa que os teve em algum momento de sua vida, a realização de gastos
financeiros perenes – relacionados, por exemplo, a exames de controle ou à aquisição de
medicamentos", afirmou o relator do recurso do contribuinte, ministro Napoleão Nunes
Maia Filho.
Ainda, para o STJ, o termo inicial da isenção e da restituição dos valores recolhidos a título de
IR sobre proventos de aposentadoria de portadores de moléstias graves deve ser a data em
que foi comprovada a doença, ou seja, a data do diagnóstico médico, e não a da emissão do
laudo oficial.
Diante disso, comprovada a doença grave, inclusive pelos laudos médicos e biópsia acostados,
o amparo da legislação para isenção do imposto de renda, mister se faz a procedência da ação
para declarar o Requerente isento de qualquer pagamento do imposto de renda deste a data
do diagnóstico da doença, restituindo-lhe em dobro o valor pago a Primeira requerida.

DA TUTELA DE URGÊNCIA inaudita altera pars

A probabilidade do direito resta totalmente comprovada documentalmente, elemento


indispensável para concessão da tutela provisória de urgência.
No mesmo sentido, o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo também se faz
presente, pois o Requerente tem tido dificuldades financeiras considerando o desconto mensal
retido na fonte, necessitando do complemento para tratamento de saúde e aquisição de
medicamentos, sendo, ainda, conditio sine qua non para alimentação e sustento de sua família.
E, por via de consequência, proteção de seu salário, proveniente do princípio da dignidade da
pessoa humana, um dos pilares de nosso Estado Democrático e Social de Direito, previsto no
artigo 1º, inciso III, da CF, mormente pelo fato de ser verba de natureza alimentar.
Diante disso, em face do princípio da dignidade da pessoa humana, previsto art. 1º, inciso III,
da CF e do disposto no art. 5º da LICC, que por sua vez expressa que o juiz deve se atentar ao
caráter social da norma, não há óbice para a concessão da tutela provisória de urgência com
base em eventual indício de irreversibilidade do provimento.
Por fim, vale aqui a citação das palavras de Rui Barbosa, para quem: “Justiça tardiamente
alcançada não é justiça, senão injustiça, qualificada e manifesta”. Nesta esteira de pensamento,
são também os ensinamentos de Carnelutti, que por sua vez expressa que: “o tempo é um
inimigo do Direito, contra qual o juiz deve travar uma guerra sem trégua”.
Assim requer seja deferida a tutela provisória de urgência para que seja imediatamente
suspenso o desconto do imposto de renda retido na fonte nos seus proventos de
aposentadoria e de quaisquer outros proventos que venha receber.
Por fim, requer que no mérito a liminar seja reconhecida definitivamente por sentença, para
declarar o direito do autor a ISENÇÃO do desconto do imposto de renda e lhe restituir em
dobro o valor pago indevidamente.

DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO

O autor faz jus à repetição do indébito com a devida correção monetária, eis que desde
05/06/2019 até a presente data foram recolhidos indevidamente o imposto de renda de seus
proventos, conforme planilha de cálculo anexa.
A mens legis da isenção é justamente para não sacrificar o contribuinte que padece de moléstia
grave e que gasta demasiadamente com o tratamento, sendo exatamente este o caso do autor,
que gasta grande parte do seu salário com exames, remédios, consultas médicas, cirurgia.
Assim, restando demonstrado que o autor é portador de doença grave descrita, o que se
comprova com os laudos e exames médicos ora inclusos, e que, portanto, faz jus à isenção
prevista no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713/1988, logo, os valores retidos na fonte a
título de imposto de renda incidentes sobre o seu benefício de aposentadoria são indevidos e
devem ser restituídos, bem como os valores auferidos de outras fontes.
Cabendo, portanto, a repetição do indébito com a devida correção monetária calculada pela
SELIC, nos termos do artigo 39, § 4º, da Lei 9.250/95 e juros moratórios.
É imperioso atentar para a finalidade social da norma que previu a isenção do imposto de
renda, destinada a possibilitar ao enfermo o custeio das despesas com o tratamento da
patologia, consistentes na aquisição de remédios, consultas médicas e realização periódica de
exames, providências que demandam, com absoluta urgência, maiores recursos financeiros do
que os exigidos da pessoa sadia na mesma faixa etária.
Por fim, cabe lembrar que o prazo para postular a restituição do indébito é de cinco anos, a
contar da data do pagamento antecipado do tributo, na forma do art. 150, § 1º e 168, inciso I,
ambos do CTN, c/c art. 3º da LC n.º 118/05. Assim, tendo em vista a data do ajuizamento da
ação e o período postulado pelo autor (06/2019 até a data de eventual suspensão do desconto
do imposto de renda), não há o que se falar em prescrição.
Cabendo, portanto, a condenação das requeridas ao pagamento da restituição do indébito em
parcelas vencidas e vincendas com a devida correção monetária a ser calculada pela SELIC, nos
termos do artigo 39, § 4º, da Lei 9.250/95, o que desde já, se requer.
DO PREQUESTIONAMENTO
A fim de proporcionar o prequestionamento da matéria requerida, desde já se prequestiona os
seguintes dispositivos constitucionais e infraconstitucionais, sob pena de nulidade da decisão
nos termos do art. 276 e seguintes, bem como ofensa aos artigos 5º, incisos LIV, LV e 93, inciso
IX, ambos da Constituição Federal e artigo 489 do CPC:
• 6º, XIV da Lei Federal n.º 7.713/88, pessoas físicas que tem isenções do imposto de
renda;
• art. 523, III, c, 2, da IN77/15. (Dever do INSS de conceder a isenção do IR);
• Decreto 9.580, de 2018 (doenças que dão direito a isenção ou não tributação do IR;
• art. 150, § 1º e 168, inciso I, ambos do CTN, c/c art. 3º da LC n.º 118/05 (prazo
prescricional).

DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requer a Vossa Excelência:


a) O deferimento de tutela provisória de urgência inaudita altera parte, para os fins do pedido
de suspensão imediata dos descontos, oficiando-se ao Instituto Nacional do Seguro Social,
comunicando-lhe o deferimento da medida, assim como à primeira Requerida, União Federal,
citando-os dos termos da inicial;
b) No caso de descumprimento da tutela antecipada pelos Réus, que se aplique multa diária,
na forma do art. 497 e 537 do CPC, no valor que Vossa Excelência arbitrar, por se tratar de
obrigação de fazer;
c) Que após os trâmites, seja a presente julgada procedente, para confirmar a tutela provisória
de urgência e torná-la definitiva;
d) Ao final sejam julgados procedentes os pedidos da presente ação para declarar o direito do
autor à ISENÇÃO do imposto de renda, por ser ele portador de neoplasia maligna grave, desde
05/06/2019;
f) Que seja condenada as Requeridas à restituição do indébito dos valores descontados e
cobrados indevidamente a título de imposto de renda (consoante planilha de cálculo ora
acostada) relativo ao período de 05/06/2019 até a efetiva data de suspensão do desconto em
parcelas vencidas e vincendas, com a devida correção monetária a ser calculada pela SELIC, nos
termos do artigo 39, § 4º, da Lei 9.250/95 e juros moratórios;
h) Que seja o Requerido condenado ao pagamento em dobro de todas as parcelas vencidas e
vincendas, inclusive, abono anual, desde a data do diagnóstico do Requerente 05/06/2019;
i) Juros e correções legais;
j) Honorários advocatícios de 20% no final da demanda, por se tratar de trabalhos que exigem
conhecimentos especializados e pela demora de efetivação dos direitos nesses tipos de ações,
em razão das benesses que desfruta a Fazenda Pública em relação aos prazos processuais e a
forma de pagamento (RPV ou precatório).
Requer ainda, o deferimento do pedido dos benefícios da JUSTIÇA GRATUITA.
Informa que não tem interesse em audiência de conciliação por se tratar de matéria de direito
não passível de mitigação da lesão por ter sido necessário acionar o judiciário, causando juros
de mora e correção monetária para recompor a perda patrimonial.
Requer, finalmente, deferida a utilização de todos os meios de prova em direito admitidos.

Dá à causa o valor de R$ 139.050,66.

Termos em que pede deferimento.


Santos Dumont/MG, 17 de agosto de 2023.

MONICA S M OLIVEIRA
OAB/MG 135.254

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