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Economia, Microeconomia
e Conceitos Económicos
Fundamentais

Filipe Grilo
Estrutura

1. Economia
2. Microeconomia e Objeto da Microeconomia
3. Modelos Económicos
4. Conceitos Económicos Fundamentais
5. Análise Positiva vs. Análise Normativa

Economia Política – 2022/23


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Objetivos

Compreender alguns princípios e instrumentos económicos básicos


Compreender os movimentos agregados das economias contemporâneas

Ser capaz de ler criticamente artigos, textos de opinião, boletins de análise


macroeconómica de conjuntura de forma compreensiva e crítica

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1. Economia

Ciência que estuda o problema de alocação de recursos escassos para satisfazer necessidades
ilimitadas

Recursos Escassos vs. Necessidades ilimitadas


Escassez: não se consegue produzir todos os bens e serviços que as pessoas desejam ter
[Redes sociais] [Recurso mais escasso?]

Por causa desta escassez de recursos, teremos que escolher bem para utilizar estes recursos para
maximizar a satisfação das necessidades => escolhas ótimas!

Duas visões opostas e complementares do estudo da Economia: Microeconomia e Macroeconomia

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2. Microeconomia e Objeto da Microeconomia

Micro + Economia
Pequena: estudo do problema da escassez olhando para o
indivíduo

A Microeconomia trata das escolhas dos indivíduos


quanto à afetação dos recursos escassos
Indivíduos: consumidor, estudante, empresa, jornalista

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3. Modelos Económicos

Modelo: representação simplificada da realidade


Concentra-se no essencial
Ignora o acessório

Mapas

Ceteris Paribus

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4. Conceitos Económicos Fundamentais

1. Princípio da Escassez

2. Princípio do Custo-benefício
1. Custo de Oportunidade
2. Preço de Reserva
3. Custo Afundado
4. Custo-benefício médio vs. custo-benefício marginal

3. O Princípio dos Incentivos

4. O Princípio das Vantagens Comparativas

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4.1. Princípio da Escassez

Princípio da escassez: A escassez implica escolhas/ trade-offs


Para ter mais de uma coisa desejada, terá de prescindir de outra

Há uma escolha entre interesses que competem entre si!


A ausência de escassez implicaria a inexistência de escolhas
Escassez não é equivalente a pobreza
O Bill Gates tem um recurso bastante escasso!

Não existem almoços grátis!

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4.1. Princípio da Escassez

A escassez permite distinguir entre bem económico e bem livre


Bem económico: bem cuja oferta é limitada e portanto é um bem escasso
Bem livre: bem cuja oferta é ilimitada. Exemplo: ar, em geral.

A análise económica ocupa-se dos bens económicos

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4.2. Princípio do Custo-Benefício

Então como é que resolvemos os trade-offs?

Todas as decisões são tomadas avaliando o ganho de valor ou bem-estar


Comparamos o ganho da decisão com o custo da decisão

Princípio do Custo-Benefício: um indivíduo deve atuar se e só se o benefício proveniente dessa ação


for maior ou igual aos custos

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4.2. Princípio do Custo-Benefício

Benefícios e custos: dinheiro?

Amizade!

Animal de Estimação

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4.2. Princípio do Custo-Benefício

Porque é que decidimos estudar?


Quais os benefícios?
Quais os custos?

Um decisor racional procura maximizar o excedente


económico:
Diferença entre o benefício económico total e o custo económico total
de uma ação ou atividade

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4.2.1 Custo de Oportunidade

Para se se fazer uma análise custo-benefício é preciso avaliar todos os custos: explícitos e implícitos

Custo de Oportunidade: valor que é renunciado para que se possa conseguir outra coisa
O custo de oportunidade corresponde ao valor da melhor alternativa sacrificada
Porque não de todas as alternativas?
A propensão de um estudante deslocar-se a uma loja na baixa da cidade para
poupar €50 na compra de um PC é muito maior do que a de um empresário
bem sucedido.

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4.2.1 Custo de Oportunidade

Valor do tempo
nunca tenho tempo para o ginásio?
A importância de definir prioridades para o vosso estudo
A importância de delegar tarefas: porque é que o Jorge Jesus (um auto-denominado especialista de relvados) não corta o
relvado do estádio? Teoricamente o estado da relva afeta de forma significativa a performance da equipa!

Economista vs. Financeiro (economicista)


Decisão de ir de carro para o trabalho vs. autocarro

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4.2.1 Custo de Oportunidade - Exercício

“Desde que participo no debate público, nada me frustra mais do que a completa ausência de noção do
que é o custo de oportunidade. Sem o ter em atenção, a discussão sobre políticas públicas é imbecil,
fazendo-se análises custo-benefício sem considerar aquele que regra geral é o principal custo.
É fácil argumentar que um determinado investimento público tem benefícios. Qualquer um elenca as
vantagens de construir um hospital no cu de Judas (…). Quem se opuser só pode estar contra os
cuenses.”

1. Comente o primeiro parágrafo da declaração, explicitando e definindo os


conceitos relevantes.
2. Comente o segundo parágrafo da declaração, dando um exemplo do
que seria considerado um custo de oportunidade de “construir um hospital
no cu de Judas”.
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4.2.2. Custos Afundados

Racionalidade vs. Irracionalidade

[Já alguma vez saíram do cinema a meio do filme?]

Custo afundado: é um custo que não tem recuperação no momento da tomada de decisão
Exemplo: pré-reserva
O custo de oportunidade do uso desse recurso é nulo!

Do ponto de vista racional, esse custo já não deveria entrar na tomada de decisão porque
independentemente da decisão, esse custo já aconteceu
Exemplo: All you can eat buffet

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4.2.3. Preço de Reserva

Toda a gente tem um preço!

Quando as decisões são tomadas em contexto de custo-benefício, haverá sempre a possibilidade do


benefício superar o custo

Preço de Reserva: valor máximo que um agente está disposto a pagar para obter um bem
Ou, o valor mínimo que aceitaria para prescindir de um bem ou prestar um serviço
O segredo para uma boa negociação é tentar perceber o preço de reserva do outro lado!

[Preço das creches e a decisão de trabalhar]

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4.2.4. Princípio de Análise Custo-Benefício Marginal

A decisão racional é feita comparando o benefício marginal e o custo marginal


Benefício médio: benefício total de produzir/consumir n unidades de um bem dividido por n
Benefício marginal: é o benefício adicional (ou o aumento no benefício total) resultantes da produção/consumo de uma
unidade adicional de um bem.

Como decidir o que comer num buffet?

As decisões na vida raramente são a preto e branco; são tradicionalmente tons de cinzento
A nossa mente pensa decisões incrementais: vale a pena perder mais uma hora? Vale a pena pagar
mais 6 euros para reservar lugar no avião?

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4.2.4. Princípio de Análise Custo-Benefício Marginal

Custos fixos: são custos que não variam com o nível de uma atividade

Custos variáveis: são custos que variam com o nível de atividade

Exemplo: o valor mensal pago pela inscrição num ginásio não varia com o número de vezes que vou ao
ginásio
Para efeito da tomada de decisão sobre se hoje vou ao ginásio, ou não, a mensalidade é um custo fixo e afundado => não conta!

Por definição de custo médio e custo marginal:


O custo médio incorpora todos os custos, tenham eles natureza de custos fixos ou variáveis
O custo marginal incorpora apenas custos variáveis

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4.2.4. Princípio de Análise Custo-Benefício Marginal

Porque é que os bilhetes last minute são mais baratos? E porque poderão ser abaixo do custo médio?
Exemplo: custo médio de transportar um passageiro de Lisboa a Londres é de 400€
Será lucrativo oferecer uma tarifa reduzida de 300€ no último dia?

Parte dos custos são custos afundados, isto é, custos que já vão acontecer com a viagem
Questão relevante: quais são os custos adicionais para se transportar um passageiro adicional?

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4.3. O Princípio dos Incentivos

Um incentivo é algo que induz uma pessoa a agir

Como a tomada de decisão é feita comparando custos com benefícios, as pessoas respondem a
incentivos

Aumentar o benefício potencial ou penalizar um comportamento negativo (através do aumento dos


custos) vai mudar o comportamento das pessoas
A resposta das pessoas a situações vai depender da forma como essa pessoa valoriza os benefícios e os custos
Desta forma, podemos antecipar reações e comportamentos de outras pessoas

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4.3. O Princípio dos Incentivos

Porque é que o Governo está a pensar dar prémios de assiduidade aos funcionários públicos?
Porque não há custos associados à falta de assiduidade

Uma empresa de software queria encontrar e resolver bugs mais rapidamente. Um gestor desenho um
plano de incentivos que pagava mais 20$ por cada bug que o departamento da qualidade encontrasse e
mais 20$ por cada bug que o programador conseguisse resolver
Resultado: como os programadores – que eram os criadores dos bugs – recebiam por resolver problemas, eles aumentaram
deliberadamente o número de problemas para serem resolvidos!
O programa foi desmantelado numa semana depois de um trabalhador ter recebido 1700$

Dois exemplos da União Soviética


Para desencorajar os taxistas de ficaram estacionados, as autoridades pagaram um bónus pela distância percorrida
Para encorajar o aumento da produção de candelabros, os produtores eram recompensados pelo volume total da produção –
medido em Kgs

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4.3. Princípio da Escassez - Exercício

Cenário
Uma empresa dá prémio ao CEO pelos lucros realizados no fim do ano.
Existem dois CEOs (A e B) que apenas diferem num aspeto: o CEO A vai reformar-se daqui a dois anos; o CEO B ainda não
pensa em reformar-se

Perguntas:
1. Como é que este sistema de remuneração pode levar a comportamentos diferentes por parte dos dois CEOs?
2. Como se evita esta diferença de comportamento?

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4.4. Princípio das Vantagens Comparativas

Cada indivíduo vai especializar-se na produção de certos bens e vai satisfazer as suas necessidades
recorrendo a transações de bens nos mercados

O princípio da escassez diz-nos que o custo de oportunidade de gastar mais tempo numa atividade é
ficar com menos tempo disponível para outras atividades

Vantagem absoluta: Um agente económico tem vantagem absoluta em relação a outro numa dada
atividade, se demorar menos tempo a realizar essa atividade, isto é, se for mais eficiente ou mais
produtivo na realização dessa atividade

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4.4. Princípio das Vantagens Comparativas

Na nossa equipa, existem dois colaboradores (Maria e Tomás) e duas tarefas para fazer (Tarefa A e B).
Quem deve fazer o quê?
Sabemos que, por dia de trabalho, os colaboradores conseguem executar:

# Tarefa A / dia # Tarefa B / dia


Maria 16 un 8 un
Tomás 4 un 4 un

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4.4. Princípio das Vantagens Comparativas

Só se consegue determinar a vantagem absoluta olhando para o tempo de se realizar certa atividade
1º Passo: temos que transformar produção por dia para horas de trabalho por unidade de tarefa

Horas de trabalho para Horas de trabalho para


fazer a Tarefa A fazer a Tarefa B
Maria 8h/16un = 0,5h 1h
Tomás 2h 2h

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4.4. Princípio das Vantagens Comparativas

Horas de trabalho para Horas de trabalho para


fazer a Tarefa A fazer a Tarefa B
Maria 0,5h 1h
Tomás 2h 2h

A Maria demora menos tempo a executar ambas as tarefas. Então, a Maria tem uma vantagem absoluta
sobre o Tomás em ambas as atividades.

Questão: Será que isto significa que a Maria deve efetuar ambas as tarefas?
Vamos calcular o custo de oportunidade da Maria e do Tomás na realização de cada uma das tarefas

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4.4. Princípio das Vantagens Comparativas

Custo de oportunidade de executar a Tarefa A:


Da Maria:
Custo oportunidade = 0,5h/1h = 0,5 tarefa B
Do Tomás:
Custo oportunidade = 2h/2h = 1 tarefa B

Custo de oportunidade da Custo de oportunidade da


Tarefa A Tarefa B
Maria 0,5 un 2 un
Tomás 1 un 1 un

O custo de oportunidade do Tomás de executar a Tarefa B é inferior ao custo de oportunidade da Maria


executar a Tarefa B

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4.4. Princípio das Vantagens Comparativas

Vantagem comparativa: um indivíduo tem uma vantagem comparativa em relação a outro se o custo
de oportunidade de realizar uma determinada atividade económica for mais baixo que o custo de
oportunidade do outro indivíduo, isto é, se for relativamente mais eficiente nessa atividade que o
outro agente

O Tomás tem uma vantagem comparativa sobre a Maria na tarefa B


Porque o seu custo de oportunidade de executar esta tarefa é menor do que o da Maria
O Tomás é relativamente mais produtivo do que a Maria na tarefa B

A Maria tem uma vantagem comparativa na tarefa A

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4.4. Princípio das Vantagens Comparativas

Princípio da vantagem comparativa: o desempenho de um agente económico é melhor se ele se


concentrar na atividade (ou nas atividades) em que o seu custo de oportunidade é mais baixo
relativamente ao dos outros agentes
Quem corre por gosto não cansa!

Os ganhos da especialização são maiores quando as diferenças nos custos de oportunidade são
maiores e quando os agentes gozam de vantagem absoluta nas respetivas especialidades
Fontes de vantagem comparativa: educação, talento, experiência, tecnologia, clima

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4.4. Princípio das Vantagens Comparativas

Ganhos de especialização
Se ambas as tarefas valem o mesmo (1€)

Produção na Solução Ótima: 16 un Tarefa A (Maria) + 4 un Tarefa B (Tomás) = 20€

Se fosse só a Maria a produzir: 16 un Tarefa A = 16€


8 un Tarefa B = 8€

Se fosse só o Tomás a produzir: 4 un Tarefa A = 4€


4 un Tarefa B = 4€

Produção na Outra escolha: 8 un Tarefa B (Maria) + 4 un Tarefa A (Tomás) = 12€

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5. Análise Positiva vs. Análise Normativa

A análise económica pode ter duas abordagens:


1. Análise positiva: procura descrever, explicar e prever o comportamento económico
Julgamentos científicos centrados em fatos e no estabelecimento de causa-efeito

Exemplos de questões:
O que é?
O que está a acontecer?
O que acontece se se alterar uma variável?

Exemplos de afirmações
O confinamento irá provocar uma queda da riqueza das famílias
Existe desigualdade na distribuição da riqueza em Portugal

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5. Análise Positiva vs. Análise Normativa

A análise económica pode ter duas abordagens:


2. Análise Normativa: procura saber o que é melhor para a sociedade e definir políticas para melhorar
a sociedade
Julgamentos de valor, ou seja, julgamentos morais

Exemplos de questões
O que deve ser?

Exemplos de afirmações
É preferível confinar do que desconfinar
A distribuição de rendimentos em Portugal é injusta

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4.4. Princípio das Vantagens
Comparativas - Exercício

Cenário
Abriu uma vaga para uma tarefa exclusiva de gestão e Colaborador Tarefas Tarefas
recebem o relatório de avaliação dos dois principais / Score de Técnicas/Operacionais de Gestão
candidatos (A e B).
Performance
A 10 7
Perguntas: B 6 6
1. Quem escolhem? Como justificariam a decisão aos
dois colaboradores?

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