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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Letras e Ciências sociais

Departamento de História

3º Ano-laboral

Disciplina: Urbanização e Desenvolvimento Rural Em Africa

Docente: Prof. Doutor Eléusio Dos Prazeres Viegas Filipe

Dr. Júlio Machele

Discente: Ariana Marina Fernando Macaringue

Assunto: Ensaio 1 (Cidades Colonias e Transição para as cidades pós-coloniais)

Cidades coloniais são assentamentos urbanos que foram estabelecidos e desenvolvidos durante
os períodos de colonização por nações europeias em várias partes do mundo. E essas cidades
muitas vezes exibem características arquitetónicas, culturais e sociais influenciadas pela
cultura colonizadora.

Anthony King de uma forma geral, nos fala que as cidades colonias são dominadas por uma
minoria europeia, as cidades coloniais podem/ são consideradas colonias porque elas têm um
centro e esse centro depende da periferia fornecendo o sustento para a própria cidade. O autor
no seu livro “Colonial Cities: Global Pivots for Chance” busca analisar as cidades capitais que
surgem do capitalismo moderno com a industrialização.

Estudar as cidades coloniais têm relevância para os historiadores, sociólogos, estudantes de


arquitetura, antropólogos porque as cidades colonias permitem analisar diversos factores de
dinâmica de natureza local, regional e global. Têm a sua relevância na compreensão da
colonização, isto porque as cidades coloniais são produtos da colonização e revelam como as
potências colonizadoras estabeleceram seu domínio em territórios estrangeiros e ajudam a
entender as estratégias e métodos da colonização.

Tem a sua relevância nas mudanças culturais e sociais porque as cidades colonias
frequentemente representam locais de encontro entre diferentes culturas, tem a sua relevância
do impacto da economia porque elas eram centros económicos vitais e ao estuda-las os
historiadores podem examinar o papel que desempenharam no comercio, na exploração de
recursos humanos e naturais, e no desenvolvimento económico das regiões colonizadoras.

Tem a sua relevância no estudo da arquitetura e planeamento urbano porque elas apresentam
uma arquitetura distintiva e planeamento urbano que refletem na atualidade, tem a sua
relevância também nos estudos na identidade e património cultural, e ligações históricas.

As cidades colonias podem ser categorizadas em várias tipologias com base em diferentes
critérios. E para a tipologia, o autor Anthony King enumera 4 critérios:

1. Locais onde se estabeleceram cidades coloniais onde já existia la algum tipo de


assentamento e com uma cultura já desenvolvida Ex: India, Nigéria, Benim
2. Cidades estabelecidas onde havia um número substancial de autópticos indígenas
com famílias camponesas mas com poucos assentamentos ex: Africa do Sul e
América do Norte.
3. Cidades coloniais estabelecidas com pouca população indígena e o nível económico
e social era baixa com ou sem assentamento permanente, como é o caso da Austrália.
4. Cidades coloniais estabelecidas com assentamento urbano sofisticado e desenvolvida
como Astecas na América do Sul.

O autor em seu livro também destaca 10 aspectos que aparecem no surgimento das cidades
colonias, e são em função de onde elas forma criadas, são eles:

1. Surgiu em um local onde houve ou não pouca modificação: Zanzibar


2. Surgiu em um local onde ocorreu uma modificação e alargada e onde já existia uma
população nativa: pequenas ilhas
3. Surgiu em um local onde existia assentamento urbano indígena e que a mesma foi
destruída: México
4. Surgiu em um local onde existia assentamento urbano populacional indígena e foi
incorporado no novo plano de assentamento urbano: Artávia.
5. Surgiu em um local onde já existia assentamento e simplesmente construíram um outro
assentamento urbano muito próximo do que já existia: Nova Deli.
6. Surgiu em um local onde o assentamento foi ignorado e construíram outro assentamento
bem distante do assentamento já existente: Rabat.

E nesses a baixos, não existia nenhum tipo de assentamento


7. Construiu-se uma nova cidade simplesmente para os colonizadores e os indígenas
foram mantidos de fora nessas cidades: Nova Iorque.
8. Construiu-se cidade e não se permitiu assentamento dos grupos não colonizadores nas
proximidades das cidades: Citnice, uma cidade da Austrália.
9. Construiu-se uma cidade e se permitiu a existência de assentamento dos indígenas mas
separados: Nairobi
10. Construiu-se uma cidade e se permitiu a existência de assentamento indígena: Jamaica.

Esses aspectos tem relevância para o estudo da cidades africanas, como é o caso de Lourenço
Marques, porém essa cidade tem uma característica própria, era maioritariamente europeia da
população branca e permitia-se que os negros trabalhadores como guardas, domesticas
habitassem nas traseiras das casas dos brancos nas cidades e a restante das população não lhes
era permitido criarem assentamentos permanentes nas cidades e que deveriam viver fora da
cidade.

Existem 04 secções de quadros analíticos das cidades coloniais:

1. A cidade colonial e sua relação com a metrópole;


2. A cidade colonial e a sua relação com o poder da metrópole;
3. A cidade colonial integrada no sistema mundial;
4. A cidade colonial espelha-se nas instituições e cultura metropolitana.

Funções das cidades coloniais

 Base de exploração: as cidades coloniais eram estabelecidas como bases de exploração


servindo como ponto de partida para expedições em territórios desconhecidos.
 Centros comerciais: muitas cidades colonias eram centros comercias. Onde produtos
locais eram coletados e exportado para a metrópole
 Cidades administrativas: algumas desempenharam esse papel, servindo como capitais
coloniais e centros de governo.
 Cidades de comércio de escravos: algumas cidades eram centros de tráfico de escravo.
 Cidades minerais: algumas cidades coloniais eram estabelecidas para apoiar a extração
de recursos minerais.

Ainda sobre as cidades coloniais, encontramos outro texto de Vidrovitch Coquery e Catherine
“ Residential Segregation in Africa Cities” 2005 que nos fala das diversas formas de segregação
residencial nas cidades colonias.
Segregação residencial refere-se à prática de separar grupos de pessoas com base em critérios
como raça, etnia, classe social ou origem.

As colonias frequentemente tinham leis que separavam as populações brancas das negras em
áreas residenciais, temos o exemplo da Lei de Terras de 1913 em que concedia 87% de terras
férteis e boa terras nas cidades para os brancos que eram a minoria e 13% de terras não boas
para os negros que eram a maioria, os negros não podiam circular nas terras dos brancos e
nenhum negro poderia adquirir uma terra do branco e nem possuir nenhuma terra em sua posse.
Os colonos eram mais ricos que os negros.

Olhando para questões sanitárias, os brancos acreditavam que os negros eram portadores e
transmissores de varias doenças, por isso que queriam marcar distancia, em Serra Leoa na
cidade Livre, os colonos que acreditavam que bebes africanos nasciam e transmitiam a malaria.

Que os negros da Africa do Sul eram portadores e transmissores da Tuberculose, em


Moçambique teve o surto da doença peste negra, então essas razoes fizeram com que fossem
elaboradas leis para a remoção e não permanência de negros nas cidades coloniais.

Cidades pós-coloniais são áreas urbanas que se desenvolveram após a independência das
nações que anteriormente eram colonias. Essas cidades representam uma fase subsequente a
era colonial e carregam a herança histórica e cultural desse período ao mesmo tempo que
buscam estabelecer uma identidade própria e adaptar as necessidades contemporâneas.

A transição para as cidades pós-coloniais foi um processo.

Elas surgem com a independência nacional, são legados do colonialismo, enfrentam desafios
do desenvolvimento, crescimento e buscam uma reavaliação da identidade, cultura buscando
equilibrar as influências coloniais com a promoção de culturas e tradições locais.

Com a saída dos colonos das cidades, os nativos ficaram tomar posse de tudo quanto existia
nas cidades

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