Você está na página 1de 5

Téc.

Química –Turma 2V

Microbiologia II- Professor Claudio Rafael Kuhn

Autoclaves

Tamires das Silva Wahast

Pelotas,08 de agosto de 2023.


Autoclave é um aparelho utilizado para esterilizar materiais e artigos médico-hospitalares por meio
do calor úmido sob pressão inventado por Charles Chamberlain, inventor e auxiliar de Louis Pasteur.[1]

A autoclave é um equipamento no qual o material a ser esterilizado é colocado de forma a fazê-lo entrar em contato
com o vapor de água em altas temperaturas e pressão por um tempo determinado.

A ação combinada da temperatura, pressão e umidade promovem a termocoagulação e desnaturação de proteínas


enzimáticas e estruturais dos microrganismos, causando sua morte.

Consiste em um cilindro metálico, que pode ser tanto horizontal como vertical, que possui uma resistência interna
cuja função é aquecer a água; uma tampa com parafusos para fechá-la hermeticamente, válvulas de segurança e
para saída de ar; um indicador de temperatura e pressão e controle de temperatura.[2]

Na prática laboratorial, os meios de cultura antes de serem usados precisam ser esterilizados pelo aquecimento do
meio em uma autoclave.[3] . Dentre suas vantagens, pode-se citar alta eficiência da esterilização; equipamentos de
simples operação e de baixo custo. Contudo também apresenta algumas desvantagens como a manutenção do
volume dos resíduos tratados, geração de maus odores e aerossóis não patogênicos, além de precisar de recipientes
termorresistentes que tem custo relativamente elevado.

A história da autoclave, que se tornaria de grande importância tanto na bacteriologia quanto na prática hospitalar,
tem sua origem atribuída inicialmente a uma ideia surgida na publicação de Denis Papin, em 1681, intitulada "Um
novo digestor ou motor para amolecer ossos". O biodigestor criado por Papin consistia em um equipamento
semelhante a uma panela de pressão que permitia que a água fosse mantida a temperaturas acima de 100°C.

Na década de 1830, William Henry, médico de Manchester que se dedicou à saúde pública, publicou os resultados
de suas "Experiências do poder desinfetante do aumento da temperatura com vistas à sugestão de um substituto
para a quarentena". Nesse estudo, William tratou com ar quente aquecido a vapor roupas e outros artigos pessoais
de indivíduos infectados, e descobriu que eles estavam "livres de infecção".

Em 1874, Louis Pasteur pediu a Charles Chamberland que o auxiliasse inventando algum equipamento que
eliminasse os microrganismos contaminantes presentes em suas experiências realizadas durante o desenvolvimento
da vacina contra raiva. A partir de tal criação, Louis Pasteur), em 1876, e posteriormente Robert Koch e sua equipe,
em 1881 realizaram diversos experimentos utilizando autoclaves, estabelecendo regimes de esterilização por calor
seco e vapor, com parâmetros científicos bem definidos. Pasteur observou que o calor úmido é mais eficaz que o
calor seco. Uma de suas investigações demonstrou que a exposição ao calor úmido a 110-120°C durante 30 minutos
foi tão eficaz quanto a exposição ao calor seco a 130-150°C durante 1 hora.

Com o tempo, novos designs de autoclaves apareceram e foram sendo desenvolvidos Uma empresa parisiense
comercializou um modelo de laboratório em 1884 sob o nome de Chamberland. Na virada do século, as autoclaves
com camisa de vapor, das quais o vapor podia ser evacuado ao final do ciclo de aquecimento, possibilitaram a
hospitais que tivessem suprimento de água seca, curativos cirúrgicos e equipamentos estéreis.[4]

O objetivo é eliminar todos os microorganismos presentes incluindo os esporos.[2] A autoclave utiliza vapor a uma
pressão de 1,1kg/cm² para atingir a temperatura de 121ºC. As altas temperaturas atingidas quando o vapor é
aplicado sob alta pressão que matam os microorganismos. [3] A morte de endósporos termorresistentes requer o
aquecimento acima do ponto de ebulição da água a 1 atm. Não é possível assegurar que os endósporos foram
mortos, a menos que a temperatura de 121ºC da autoclave seja mantida durante 15 minutos considerando pequenas
quantidades de material. Se o material submetido a esterilização é volumoso, a transferência de calor em seu interior
será lenta, devendo o tempo de aquecimento ser estendido.[3] No caso de autoclavagem de frascos contendo líquidos
é importante desrosquear a tampa antes de iniciar o processo para evitar a quebra de frascos e liberação do
conteúdo destas na câmara interna.

Indicadores físicos

Consiste no monitoramento de parâmetros como tempo, temperatura e pressão ao longo do processo com geração
de relatórios.[7]

Indicadores biológicos

Consistem em indicadores com contagem prévia de micro-organismos esporulantes para comparação antes e depois
do processo de esterilização.[7] Os indicadores biológicos disponíveis no mercado consistem, no geral, de esporos de
micro-organismos resistentes a temperatura tal como Bacillus stearothermophilus.[2] Os esporos foram destruídos se
a temperatura de 121ºC foi atingida por pelo menos 15 minutos.[8]
Indicadores químicos

Existem vários indicadores químicos sendo estes divididos em classes:

 Os de Classe I também denominados de Indicadores de Processo são usados para confirmar a exposição
do material ao processo de esterilização. As fitas indicadoras são coladas em cada embalagem dos
materiais a serem autoclavados.[2] Essas fitas adesivas são impregnadas com uma substância química
termossensível que deverá apresentar mudança de coloração em temperaturas elevadas.[8]
 Os de Classe II também chamados de Indicadores para uso em Testes Específicos como por exemplo o
Bowie-Dick.
 Os de Classe III são os Indicadores Paramétricos no qual analisam apenas um determinado parâmetro
considerado crítico tal como a temperatura do processo.
 Os de Classe IV são os Indicadores Multiparamétricos nos quais analisam mais que um parâmetro
considerado crítico como pressão e temperatura.
 Os de Classe V são chamados de Indicadores Integradores nos quais reagem a todos os parâmetros
considerados críticos no que tange um intervalo determinado do ciclo e faixa específica de temperatura.
 Os de Classe VI, por fim, são Indicadores Emuladores.
 Os de Classe V, reagem a todos os parâmetros considerados críticos no que tange um intervalo
determinado do ciclo com a diferença que os valores especificados são referentes aos ajustes dos ciclos
selecionados.[7]

Equipamento de Proteção Individual

Em relação ao método de autoclavagem é necessário o uso de luvas de amianto durante o manuseio da autoclave
bem como dos produtos pós-autoclavados visto que atingem temperaturas elevadas.[6]

Modelos de autoclave

Existem vários modelos de autoclaves, mas podemos dividi-los em duas classes principais:

Autoclave de paredes simples

Autoclave de paredes duplas

 Autoclave de paredes simples

Este tipo de autoclave pode existir em variadíssimos tamanhos, sendo geralmente formado por um cilindro metálico
resistente, vertical ou horizontal e com uma tampa que permite fechar hermeticamente o autoclave. Essa tampa
apresenta parafusos de orelhas e uma anilha de amianto que impedem a existência de fugas de pressão.

Os autoclaves de paredes simples têm geralmente um manômetro, uma torneira para descarga e uma válvula de
segurança.

No interior do autoclave na parte inferior coloca-se água e logo acima um cesto ou tabuleiro com o material a
esterilizar, e aquece-se a parte inferior externa do autoclave com chama ou resistências elétricas.

Os autoclaves não necessitam de termômetro para indicar a que temperatura se encontra o vapor de água no seu
interior visto que existe uma relação direta entre a pressão do vapor de água saturado e a temperatura desse mesmo
vapor.

Para que a esterilização seja bem feita, é necessário ter em atenção que no início do aquecimento existe ar no
interior do autoclave além do vapor de água, sendo por isso necessário abrir a válvula para deixar sair o ar (não é
recomendado colocar a mangueira dentro da água para verificar a formação de bolhas, pois esta ação pode causar
interferência no funcionamento do equipamento, ao gerar uma pressão no interior da autoclave). Quando termina o
tempo calculado para uma correta esterilização, deve-se retirar a chama e deixar arrefecer lentamente, só abrindo a
torneira de descarga e lentamente, após o manômetro indicar zero. Deve-se ter o máximo de cuidado ao abrir devido
à pressão interna, abrindo-se a válvula de escape de pressão somente pelo lado contrário da tampa autoclave. A
temperatura do processo a vapor varia conforme os materiais a serem esterilizados situando-se entre 121 e 134 °C.
A pressão para esterilização é de cerca de 1 atm para 121ºC.

Um ciclo completo de esterilização constitui-se basicamente de três etapas: Aquecimento, Esterilização e Secagem,
podendo após a realização das três etapas completas, dizer que a esterilização foi completa.
 Autoclave de paredes duplas

Este tipo de autoclave possui duas câmaras sendo uma interna e outra externa. O espaço entre a câmara interna de
pressão e a externa é utilizado para manutenção e controle da temperatura durante o processo. Também conhecido
como autoclave horizontal, o modelo possui bomba de vácuo para a retirada do ar antes da entrada do vapor e para
secagem dos materiais no final do processo. A retirada do ar e entrada do vapor é feita em pulsos de forma a
uniformizar a temperatura e ação do vapor esterilizante em toda a câmara de processo (interna).

Neste modelo, o vapor é gerado em caldeira separada, abastecida de água destilada ou purificada com filtros
de osmose reversa. Normalmente, devido à maior complexidade do processo e da tubulação hidráulica, este
autoclave possui sistema automatizado por um controle computadorizado (CLP) que controla as válvulas automáticas
durante todo o ciclo. As etapas do ciclo são gravadas digitalmente e impressas, garantindo a segurança e certificando
a operação. Cada país possui um conjunto de normas exigindo estas certificações de qualidade no processo de
esterilização para hospitais, laboratórios ou indústrias. Modelos chamados "de barreira", possuem 2 portas que
impedem contaminação da área limpa, com entrada do material contaminado por uma porta e saída do material
estéril por outra, só abrindo uma porta de cada vez. Vários sistemas de segurança estão incorporados, impedindo a
abertura das portas quando ainda há pressão na câmara ou a temperatura de contato do material ainda não é
segura. Válvulas mecânicas de alívio e controlo eletrônico rigoroso da pressão evitam acidentes com a câmara de
esterilização.

 Autoclave gravitacional

O vapor é introduzido na câmara interna do equipamento forçando a saída do ar contido previamente na mesma, o
aquecimento é feito de fora para dentro e o sistema de secagem alcança um vácuo de capacidade média.[6] Porém, a
fase de secagem é limitada, pois não possui capacidade para remover completamente o vapor. Pode apresentar
umidade ao final do processo devido a dificuldade de remoção do ar. A ANVISA, agência regulatória brasileira, proíbe
sua utilização quando a capacidade é superior a 100 litros em c.m.e classe 02 (rdc 15 cap. 1º seção IX art. 91)[10]

 Autoclave de alto vácuo

Considerada mais segura que a gravitacional, esta autoclave possui uma bomba de vácuo com alta capacidade de
sucção do ar. A autoclave de alto vácuo introduz vapor na câmara interna sob alta pressão com ambiente em vácuo.
O ar da câmara interna é retirado pela alta capacidade de sucção da bomba de vácuo gerando maior segurança;
além disso, a sucção também permite a remoção da umidade interna ao final do processo reduzindo o tempo de
exposição, esterilização e secagem.[6]

 Autoclave de vácuo único

Este aparelho remove o ar de uma única vez num curto espaço de tempo. Devido a isso, pode apresentar formação
de bolsas de ar.

 Autoclaves de vácuo fracionado

Esta autoclave remove o ar em intervalos, com injeção simultânea de vapor. Neste tipo de autoclave a formação de
bolsas de ar é menos provável.

Aspectos técnicos e legais

De acordo com a ANVISA, antes de se utilizar uma autoclave, bem como anualmente, é necessária a validação da
mesma, compreendendo a qualificação da instalação, qualificação de operação e qualificação de desempenho,
registrando e documentando as informações obtidas, de forma a serem facilmente rastreadas. (RDC 15/2012 Art. 4º).

Exemplos:
Qualificação da instalação: evidência documentada, fornecida pelo fabricante ou distribuidor, de que o equipamento
foi entregue e instalado de acordo com as suas especificações;

Qualificação de operação: evidência documentada, fornecida pelo fabricante ou distribuidor, de que o equipamento,
após a qualificação da instalação, opera dentro dos parâmetros originais de fabricação;

Qualificação de desempenho: evidência documentada de que o equipamento, após as qualificações de instalação e


operação, apresenta desempenho consistente por no mínimo 03 ciclos sucessivos do processo, com parâmetros
idênticos, utilizando-se pelo menos a carga de maior desafio, determinada pelo serviço de saúde.[6]

Conclusão

Rapidez na esterilização de seus instrumentos, diminui a necessidade de possuir grande quantidade de instrumentos,
uma vez que com a rápida esterilização os mesmos instrumentos podem ser utilizados diversas vezes, segurança no
procedimento de esterilização, equipamento de fácil utilização e excelente custo-benefício.

Referências

1. ↑ A autoclave Site Ponto Ciência


2. ↑ Ir para:a c e f BRUNO, A. N. Biotecnologia I: Princípios e Métodos. Porto Alegre: Artmed, 2014. p.39-42
3. ↑ Ir para:a b c MADIGAN, M. T.; MARTINKO, J. M.; BENDER, K. S.; BUCKLEY, D. H.; STAHL, D. A. Microbiologia de Brock.
14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. p.172-173
4. ↑ Hugo, W. B. (1991). «A brief history of heat and chemical preservation and disinfect ion». Journal of Applied
Bacteriology. Consultado em 6 de novembro de 2018
5. ↑ «O que é um Autoclave? Quais Segmentos Precisam Utiliza-la.»
6. ↑ Ir para:b c d e Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde (15 de março de 2012). «RESOLUÇÃO - RDC
Nº 15, DE 15 DE MARÇO DE 2012». Consultado em 6 de novembro de 2018
7. ↑ Ir para:a b c BORGES, L. C. Controle de Infecção e Biossegurança em Odontologia. ln:_______. Auxiliar em Saúde Bucal
e Técnico em Saúde Bucal: Formação e Prática da Equipe Auxiliar. 1.ed. Elsevier Editora Ltda, 2015. cap.11. p.175-178.
8. ↑ Ir para:a b RIGHETTI, C.; VIEIRA, P. C. G. Autoclave: aspectos de estrutura, funcionamento e validação. RESBCAL, São
Paulo, v.1, n.2, p.185-189, 2012.
9. ↑ «Biossegurança Hospitalar. Autoclavagem. Portal FIOCRUZ». Consultado em 6 de novembro de 2018
10. ↑ <http://www.anvisa.gov.br/hotsite/segurancadopaciente/documentos/rdcs/RDC%20N%C2%BA%2015-2012.pdf>

11.https://www.artemplast.com.br/noticias/entenda-a-importancia-da-autoclave

12. autoclaves com vácuo fracionário - Bing images

Você também pode gostar