Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Holding familiar: entenda o mecanismo que poderia ter ajudado Larissa Manoela
Modalidade é opção para gestão e transmissão de patrimônio entre familiares
Por Equipe InfoMoney18 ago 2023 06h01-Atualizado 2 semanas atrás
Aurea Cotrim, advogada sócia do escritório Leal Cotrim, explica que esse modelo
trata-se de uma pessoa jurídica que tem o objetivo deter participações em outras
sociedades (holding pura), e administrar patrimônio (bens, como imóveis) ou gerir
atividades produtivas (holding mista) – e no caso do patrimônio pessoal, ela também
é chamada de holding familiar.
Quando esse formato jurídico é criado, todos os bens e direitos que formam o
patrimônio de uma família (ativos financeiros, imóveis, participações societárias,
entre outros), passam a pertencer à holding.
Em entrevista, a atriz alegou que a holding, dividida em três partes iguais (de 33,3%)
entre pai, mãe e filha, fora criada só em maio de 2022, com a promessa de que o
patrimônio da atriz, majoritariamente concentrado em um outro CNPJ, do qual
Larissa Manoela possuía apenas 2% de participação, seria transferido para a mesma.
A jovem, contudo, afirma que isso não ocorreu.
“Os instrumentos jurídicos de criação da holding familiar podem prever regras que
seus sócios desejam que sejam observadas em estatuto. Pode haver, por exemplo,
uma regra estabelecendo que os bens imóveis somente podem ser vendidos casos
todos os sócios estejam de acordo. Outra regra possível seria estipular que, ao atingir
a maioridade, a atriz poderia assumir a administração da holding, passando a realizar
a gestão dos bens que foram adquiridos com os valores recebidos por suas atividades
profissionais ao longo dos anos”, explica o advogado Jorge Augusto, sócio do DMGSA
Advogados.
Formatos
Cotas
Numa holding, as cotas não são distribuídas arbitrariamente, mas sim de maneira
proporcional ao patrimônio imputado ao nome de cada sócio. No caso de um sócio
que integraliza um imóvel de R$ 1 milhão à holding de sua família, fazendo com que
o patrimônio total da mesma atinja R$ 10 milhões, ele receberá cotas proporcionais
a 10% da mesma.
Vantagens tributárias
Sucessão
Em caso de sucessão por falecimento, o familiar que construiu o patrimônio pode
dividi-lo entre seus herdeiros por meio da holding familiar, respeitando os percentuais
legais definidos para heranças. Metade (50%) das quotas ou ações da holding deve
ser igualmente distribuída entre os herdeiros necessários, como os filhos, e a outra
metade (50%) pode ser distribuída segundo a vontade do familiar.
Por exemplo, no caso de uma família com quatro herdeiros, 50% será distribuído
igualmente entre eles, e os outros 50% podem ser direcionados a apenas dois, que
sejam considerados mais capazes para tomar as decisões sobre os negócios, lhes
conferindo mais cotas em relação aos outros irmãos e, portanto, maioria de quórum,
caso seja necessário.
A holding também representa uma economia com inventários nesse tipo de situação.
“Um exemplo bastante comum dessa situação pode ser verificado no caso de uma
família que decide concentrar nela os bens imóveis (casas, apartamentos, terrenos).
Nesse caso, ao tempo do inventário, os bens que serão partilhados entre os herdeiros
serão apenas as quotas ou ações da holding em comparação com a necessidade de
partilha de diversos bens imóveis, situação que demandaria um trabalho para
levantamento de toda a documentação dos imóveis”, explica Jorge Augusto, sócio do
DMGSA Advogados.
Ainda assim, é preciso ponderar a decisão de formar uma holding entre os integrantes
da família, uma vez que, como pessoa jurídica, ela precisará cumprir obrigações
legais que envolvem custos com contabilidade e administração dos bens, por
exemplo.