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Q&A - PL 2903/2023 – MARCO TEMPORAL

PERGUNTA 1: O que o julgamento da ação do Marco Temporal no STF pode significar


para o setor agropecuário?
RESPOSTA: Reafirmar o Marco Temporal de 1988, definido na Constituição Federal,
representa uma importante medida para segurança jurídica do direito de propriedade no
campo, uma vez que reafirma critérios específicos para a demarcação de terras indígenas.

PERGUNTA 2: Por que é importante que a tese do Marco Temporal prevaleça?


RESPOSTA: A tese do Marco Temporal é extraída da Constituição de 1988 e do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias.
O Supremo Tribunal Federal (STF), quando do julgamento da PET 3388/RR (Raposa Serra
do Sol), apenas declarou, de forma inequívoca, o balizamento do procedimento de
demarcação de terra indígena (marco temporal de 05/10/1988 e as 19 condicionantes).
Ocorre que setores do Ministério Público Federal buscam incessantemente relativizar o
marco temporal, algo que traz grande insegurança jurídica ao tema.

PERGUNTA 3: O que pode acontecer se o Marco Temporal for anulado?


RESPOSTA: Sem um prazo limite para demarcação de terra indígena, qualquer área do
território nacional pode ser questionada sem nenhum tipo de indenização.
O marco temporal de 1988 para demarcar as terras indígenas foi estabelecido pela
Constituição de 1988 e pelo Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, o qual
estabeleceu que as terras indígenas deveriam ser demarcadas no prazo de 5 (cinco) anos.
O procedimento administrativo da demarcação de terras é regulado, hoje, pelo Decreto
de nº. 1.775/96.
Por outro lado, o marco temporal não significa extinção dos direitos indígenas sobre áreas
não demarcadas, pelo contrário, possibilita ao Poder Público a implementação do direito
de reconhecimento a uma terra indígena, sem a extinção de outro direito, o de

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propriedade, por intermédio da criação de Reservas Indígenas (art. 26 da Lei nº
6.001/73), mediante desapropriação, garantindo a prévia e justa indenização das
propriedades afetadas.

PERGUNTA 4: Como a FPA entende as demarcações das terras indígenas hoje?


RESPOSTA: A FPA entende ser importante que a demarcação de terras indígenas
aconteça quando preenchidos os requisitos, mas acima de tudo, defende o direito à
propriedade que todos os cidadãos possuem. Dessa forma, se a terra for indígena, que
ela seja sim demarcada, porém com a devida indenização do produtor que pagou por ela.

PERGUNTA 5: A FPA acredita que a anulação do Marco Temporal pode prejudicar a


produção brasileira? Haverá instabilidade jurídica se o marco cair?
RESPOSTA: Sim. Sem o Marco Temporal de 1988 a demarcação de terras indígenas volta
a ser feito por critérios subjetivos ficando sujeita às interpretações e ideologias.

PERGUNTA 6: Caso o marco seja anulado, a FPA pretende tomar alguma atitude ou criar
algum projeto para mudar a maneira como poderão passar a ser feitas as demarcações?
RESPOSTA: Já temos em tramitação o PL 2903/2023 que tem como objetivo colocar em
Lei o Marco Temporal de 1988 e as condicionantes estabelecidas pelo STF no caso da
Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

PERGUNTA 7: É possível incluir os indígenas e suas formas de vida num modelo de


convívio pacífico no campo? Como?
RESPOSTA: Sim. Dando ao indígena o direito de decidir pela sua terra, de viver
dignamente utilizando de sua produção o seu sustento. Hoje o índio tem vários
intermediários que nem sempre consideram suas vontades e necessidades.

PERGUNTA 8: O Projeto do Marco Temporal (PL 2903/23) significa o fim das demarcações
no país?

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RESPOSTA: Não, pelo contrário. O projeto estabelece critérios objetivos para a
demarcação garantindo o direito de propriedade e de indenização com efetiva segurança
jurídica nos processos demarcatórios.

PERGUNTA 9: O Projeto de lei do Marco Temporal (PL 2903/23) pode inviabilizar


demarcações, permitir a anulação de Terras Indígenas e a degradação ambiental dos
territórios.
RESPOSTA: Não é verdade!

A proposta, em nenhum de seus artigos, trata da anulação de terras indígenas já


demarcadas. O que ela faz é estabelecer um marco temporal, para reconhecer todos os
territórios ocupados, até 5 de outubro de 1988 (data da promulgação da CF). Trata-se de
um reconhecimento automático dentro do recorte temporal já estabelecido pelo STF.

No entanto, isso não significa que novas terras ficam inviabilizadas. Novas demarcações
podem ser realizadas a qualquer hora, desde que comprovado a ocupação na data da
promulgação da Constituição, ou que tenha ocorrido esbulho possessório. É importante
ressaltar que 14,1% do território brasileiro já está demarcado como território indígena,
enquanto essa população representa 0,41% da população brasileira (Censo/IBGE -2010)

Não há que se falar em degradação ambiental. Além de muito rígida, a legislação


ambiental brasileira já determina elevados percentuais de preservação ambiental tanto
fora quanto dentro das propriedades. O Brasil é o país com a maior proporção de área
preservada (60% do território segundo ONU/FAO), e quase três vezes superior à média
mundial.

PERGUNTA 10: O Projeto de lei do Marco Temporal (PL 2903/23) resultará na


expulsão/extermínio de indígenas de suas terras?
RESPOSTA: A proposta, de nenhuma forma, altera ou extingue qualquer território
indígena homologado. Ou seja, os 14,1% do território brasileiro (119,8 milhões hectares)
destinado às terras indígenas no Brasil continuam da forma como estão.

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Para se ter uma ideia, os territórios indígenas no Brasil representam a área somada de
Portugal, Espanha, França, Suíça e Áustria.

PERGUNTA 11: O Projeto de lei do Marco Temporal (PL 2903/23) permitirá a venda de
terras brasileiras a estrangeiros?
RESPOSTA: Não há qualquer menção à venda de terras a empresas controladas por
estrangeiros na proposta.

PERGUNTA 12: O que vai acontecer, na prática, quando o marco temporal de 1988 estiver
em Lei como propõe o projeto de lei 2903/23?
RESPOSTA: Haverá a garantia da segurança jurídica nos processos demarcatórios,
equacionando a convivência pacífica entre índios e produtores rurais no campo, através
da confirmação e compatibilização de pressuposto constitucional que é o marco
temporal.

PERGUNTA 13: O Marco Temporal de 1988 define a sobrevivência dos povos indígenas
de alguma forma?
RESPOSTA: De forma alguma! A Constituição de 88 não criou nenhuma terra indígena, ela
apenas reconheceu as terras existentes. Nesse sentido, o projeto deixa muito claro que
novas demarcações são perfeitamente possíveis, desde que comprovada a ocupação por
indígenas na data da promulgação da Constituição de 1988, ou comprovação do esbulho
renitente.

PERGUNTA 14: O Projeto de lei do Marco Temporal (PL 2903/23) é um movimento do


agronegócio para concentrar a renda e a terra nas mãos de poucos latifundiários.
RESPOSTA: Em hipótese alguma essa afirmação é correta. O projeto tem como norte a
pacificação social da celeuma, garantindo a pequenos e médios proprietários a segurança
jurídica necessária para continuarem a produção, pois são eles que mais sofrem com

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reivindicações que não cumprem requisitos constitucionais e tem sua propriedade
inviabilizada.

PERGUNTA 15: O Projeto de lei do Marco Temporal (PL 2903/23) contribui para aumentar
o conflito já existente no campo entre indígenas e produtores rurais.
RESPOSTA: A afirmação não poderia estar mais incorreta. O PL 2903/23 visa resolver os
conflitos hoje existentes através da previsibilidade jurídica garantida pelos critérios
objetivos, que cria mecanismos de pacificação com reconhecimento da propriedade rural
alinhado aos 119,8 milhões de hectares de terras indígenas hoje estabelecidos, o que
demonstra que a consolidação do marco temporal não prejudicará os usos e costumes,
dado que já existe um amplo espaço territorial demarcado.

PERGUNTA 16: A terra é historicamente dos indígenas. Por que querem mudar isso?
RESPOSTA: Se a afirmativa é verdadeira, todo brasileiro “não indígena” (algo muito difícil
no Brasil pelo processo de miscigenação), ocupa ilegitimamente uma área indígena. São
muitos os exemplos.
No Rio de Janeiro, a área onde hoje se situam Ipanema e Leblon era ocupada por duas
aldeias da tribo dos Tamoios, que foram dizimadas para a ocupação da região.
Em São Paulo também não é diferente. Em 1500, a área do estado era ocupada por
diversas tribos indígenas. No litoral, do Norte até o centro (hoje região de Santos), eram
os Tamoios e os Tupinambás; do centro mais para o sul eram os Tupiniquins e no extremo
sul do Estado eram os Carijós. Na região do Vale do Ribeira, eram os Goianas, cujo
território abrangia até a região em que hoje se situa a grande São Paulo.

PERGUNTA 17: O Projeto de lei do Marco Temporal (PL 2903/23) regulamenta/autoriza


garimpo e mineração em terras indígenas?
RESPOSTA: Também não é verdade! A proposta apenas reafirma os dispositivos
constitucionais (Art 49, XVI) que designa competência ao Congresso Nacional de autorizar
a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas

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minerais em terras indígenas. Ou seja, nada muda, a Constituição é soberana.
Regulamentação de garimpo ou mineração é objeto de projeto distinto.

PERGUNTA 18: O Projeto de lei do Marco Temporal (PL 2903/23) acaba com o direito dos
indígenas?
RESPOSTA: A proposta não discute direitos indígenas, ela os reafirma a quem é de direito,
com base na Constituição Federal (Art. 231) e apoiado na jurisprudência do STF (PET
3388/RR, RMS 29.087/DF; RMS 29542/DF e ARE 803462/MS-AgR).

PERGUNTA 19: O Projeto de lei do Marco Temporal (PL 2903/23) incentiva o


desmatamento e degradação ambiental. As terras indígenas ajudam a manter a
preservação.
RESPOSTA: a afirmativa carece de dados concretos. O que é possível ser dito com base em
fatos, está no âmbito da preservação ambiental que se observa dentro das propriedades
rurais. Das 66,3% de terras preservadas, 14,1% são área indígena e 25,6% estão dentro
de propriedades rurais.

PERGUNTA 20: O PL 2903/23 ao prever a tese do Marco Temporal é inconstitucional?


RESPOSTA: A verdade é o extremo oposto. A proposição visa o atendimento do marco
temporal estabelecido quando da promulgação da Constituição Federal de 1988, com o
respeito à garantia de direito à terra para manutenção dos usos, costumes e tradições
indígenas, assim como o direito às terras habitadas em caráter permanente.

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