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REVISTA BRASILEIRA DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO / BRAZILIAN JOURNAL OF BEHAVIOR ANALYSIS, 2007, VOL. 3, N . 2, 191-215 O

LEITURA E REPERTÓRIO RECOMBINATIVO: EFEITO DA QUANTIDADE DE TREINO


E DA COMPOSIÇÃO DOS ESTÍMULOS
READING AND RECOMBINATIVE REPERTOIRE: EFFECTS OF AMMOUNT OF
TRAINING AND STIMULUS COMPOSITION1

PATRÍCIA SEREJO E ELENICE S. HANNA


UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, BRASIL
DEISY DAS GRAÇAS DE SOUZA E JÚLIO CESAR COELHO DE ROSE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, BRASIL

RESUMO
Este estudo, baseado no paradigma de equivalência de estímulos, avaliou o efeito de treino composto de
palavras e sílabas no desenvolvimento de leitura recombinativa. Participaram nove pré-escolares; seis foram expostos
a duas fases de ensino e testes de relações entre palavras faladas e impressas e palavras faladas e figuras e de nomeação
de texto; três foram expostos apenas aos testes. As palavras eram dissílabas. Em cada fase, o treino era composto ou
incluía apenas palavras. A sequência foi balanceada entre participantes. Combinações de quatro sílabas formavam as
12 palavras ensinadas em cada fase e recombinações de letras das mesmas sílabas formavam 14 palavras empregadas
apenas nos testes. A aquisição das relações ensinadas ocorreu com escores iniciais altos e rapidamente crescentes.
Participantes experimentais obtiveram escores superiores aos dos que realizaram somente os testes. Participantes
expostos inicialmente ao treino com palavras alcançaram resultados superiores na fase seguinte, com treino composto.
Os resultados indicam que a leitura recombinativa é favorecida pelo ensino conjunto de palavras e sílabas. Os
resultados replicam e estendem as descobertas de estudos prévios sobre a efetividade do paradigma de equivalência
no ensino de leitura com compreensão e apontam a importância do ensino que favoreça a recombinação de
unidades na geração de desempenhos generalizados.
Palavras-chave: aquisição de leitura, equivalência de estímulos, controle elementar, leitura recombinativa, pré-
escolares

ABSTRACT
Based on the stimulus equivalence paradigm, this study evaluated the effects on the development of
recombinative reading of a training procedure that combined two-syllable words and syllables. Nine preschoolers
participated; six were exposed to two phases of teaching and testing of conditional relations between spoken words,
printed words, and pictures, and tests of naming the printed words; three were tested only. On each phase, the
training was compound or included words only. The sequence was counterbalanced among participants.
Combinations of two out of four syllables formed 12 words taught on each phase. Combinations of letters from
the same syllables formed 14 words used only for testing. Scores of reading acquisition were high from the
beginning and rapidly reached perfect accuracy. Experimental participants scored higher than participants tested
only. Participants trained with words first obtained higher scores in the next phase, with compound training. These
results indicate that recombinative reading would benefit from jointly teaching words and syllables. The fast
acquisition of reading with comprehension and the different levels of recombinative (generalized) reading among
participants replicated previous findings concerning the effectiveness of the equivalence paradigm for teaching
reading with comprehension and point to the relevance of teaching procedures fostering the recombination of
units as a mechanism underlying generalized performances.
Key words: reading acquisition, stimulus equivalence, control by elements, recombinative reading, preschoolers

A leitura tem sido compreendida como los e entre estímulos e respostas, cujos elemen-
um conjunto de operantes discriminados que tos são inter-relacionados e interativos (Mackay,
compõem uma rede de relações entre estímu- 1985; Sidman, 1971). Durante a aquisição de

1 Este trabalho consiste em parte dos requisitos para a obtenção do título de mestre da primeira autora no Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília.
Todos os autores eram bolsistas do CNPq durante a realização do estudo. A preparação do manuscrito contou com auxílio da FAPESP, Processo 03/09928-
4. Agradecemos à escola onde a pesquisa foi realizada e aos alunos que colaboraram na coleta de dados: Fernanda Trancoso, Camila Karino, Roberta Ladislau
e Petter Ricardo. Endereço para correspondência: Elenice Hanna, Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, DF, e-mail: elenicehanna@gmail.com.

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leitura, diferentes operantes verbais passam a McIlvane, Dube, Galpin, & Stoddard, 1988)
fazer parte da rede (Sidman, 1971, 1992). Ler e a emergência de relações entre eles, sem trei-
oralmente envolve responder oralmente a um no direto, a partir de um número pequeno de
texto impresso, com correspondência ponto-a- relações ensinadas, observa-se que a noção de
ponto entre o estímulo textual e a resposta oral equivalência de estímulos pode auxiliar no pla-
(Skinner, 1957), não implicando necessaria- nejamento de métodos de ensino mais econô-
mente em compreender o texto. A leitura com micos e eficazes (de Rose et al., 1996; de Sou-
compreensão é um comportamento mais com- za, Hanna, de Rose, Fonseca, Pereira &
plexo que requer a aprendizagem de relações Sallorenzo, 1997). Quando estímulos sem se-
entre os estímulos textuais e seus referentes (ob- melhança física, como palavras ditadas, impres-
jeto, figura, relação, movimento, etc). A leitura sas e figuras, compartilham a mesma função,
receptiva consiste em escolher um estímulo tex- pode-se dizer que um é símbolo do outro, e as
tual correspondente a um estímulo auditivo palavras passam a possuir um significado para
ditado. Comportamento textual foi o termo em- aquele organismo (Sidman, 1994). Sidman
pregado por Skinner (1957) para se referir ao (1986) afirma que as relações de equivalência
que Sidman chama de leitura oral. são a base do comportamento simbólico e, por-
Estágios iniciais de aprendizagem de lei- tanto, fundamentais para o ensino e a avaliação
tura com compreensão requerem de repertórios complexos, que envolvem signi-
prioritariamente que as palavras impressas, seus ficado e compreensão (de Rose et al., 1996;
referentes e seus nomes se tornem equivalen- Sidman, 1994). A palavra, como unidade se-
tes, ou seja, intercambiáveis funcionalmente (de mântica, tem sido usada na maioria dos estu-
Rose, de Souza, & Hanna, 1996; Mackay, dos sobre aprendizagem de leitura baseados no
1985; Sidman & Tailby, 1982). paradigma de equivalência de estímulos.
A noção de equivalência de estímulos foi Um repertório de leitura compreenden-
identificada a partir de estudos com procedimen- do apenas palavras inteiras é muito limitado
tos de discriminação condicional, nos quais era para as demandas do ambiente natural (de Rose,
demonstrado que, ao ensinar certos tipos de re- 2005), e um procedimento com o objetivo de
lações condicionais entre os estímulos, outras re- ensinar todas as palavras de uma língua é
lações emergiam espontaneamente, de forma re- inviável. Desta forma, para tornar o leitor flu-
gular e previsível, sem que fossem ensinadas di- ente, é necessário que ocorra a mudança do con-
retamente (Sidman, 1971, 1992). Observou-se trole pela palavra para a menor unidade textual
que os estímulos emparelhados não somente apre- – controle elementar –, e a recombinação destas
sentavam uma relação de condicionalidade – se unidades em palavras novas – leitura
A, então B e se B então C –, mas também uma recombinativa (de Rose, 2005; Mueller, Olmi,
relação de equivalência, com a emergência de re- & Saunders, 2000; Saunders, O’Donnell,
lações de identidade (se A então A), simetria (se Vaidya, & Williams, 2003).
AB então BA) e transitividade (se AB e BC, en- Skinner (1957) considera que, quando
tão AC) (Sidman & Tailby, 1982). um indivíduo é exposto a treinos de discrimi-
Considerando a transferência de função nação com estímulos compostos, seus elemen-
que ocorre entre os estímulos (de Rose, tos podem também passar a controlar unida-

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des de resposta. O controle elementar gera no- estudos sugerem que as palavras ensinadas de-
vos comportamentos, sem necessidade de trei- vem ser compostas por variações sistemáticas
no direto ou reforçamento. Portanto, segundo de um número pequeno de sílabas ou letras,
Skinner, o controle elementar (por sílabas e/ou para facilitar a leitura recombinativa (Hübner-
letras) e a recombinação de repertórios míni- D’Oliveira, & Matos, 1993; Rocha & Hanna,
mos poderiam ser desenvolvidos a partir do 1996a, 1996b). Cada unidade textual deve
ensino de palavras (de Rose, de Souza, Rossito aparecer nas palavras de treino mais de uma
& de Rose, 1992; de Rose et al., 1996; Müeller vez em posições iguais e em posições diferen-
et al., 2000; Skinner, 1957). Entretanto, os tes, combinadas com outras sílabas.
resultados de leitura recombinativa com dife- Outra variável que influencia o desen-
rentes estudantes têm mostrado muita variabi- volvimento de leitura recombinativa é a
lidade quando palavras são utilizadas como oralização das palavras. Matos, Avanzi e
unidade de ensino (e.g., de Rose et al., 1992, McIlvane (2006) e Matos et al. (1999) en-
1996; Müeller et al., 2000) e, por essa razão, contraram resultados mais sistemáticos e es-
alguns pesquisadores têm recomendado o ensi- cores mais altos em leitura recombinativa após
no direto das relações auditivo-visuais entre procedimentos de ensino que utilizavam a
todos os componentes para que ocorra a oralização das palavras simultaneamente a ou-
recombinação de unidades mínimas (e.g., tros procedimentos, como o treino de cópia
Müeller et al., 2000), visando facilitar ou ga- ou mesmo o treino discriminativo.
rantir o controle pelas unidades e, por conse- Apesar de pesquisas apresentarem evidên-
guinte, a leitura recombinativa (Adams, 1994; cias sobre a eficiência do paradigma de equiva-
de Rose et al., 1992; Müeller et al, 2000). De lência de estímulos no desenvolvimento de
fato, estudos que ensinaram diretamente cor- metodologias de ensino, em contexto aplicado,
respondências entre grafemas e fonemas alcan- seu emprego ainda tem sido limitado (de Rose
çaram resultados sistemáticos e altos em leitu- et al., 1996; Mace, 1994), mas pesquisadores
ra recombinativa (Adams, 1994) e o ensino de brasileiros têm apresentado contribuições im-
discriminações auditivo-visuais no qual se al- portantes para o desenvolvimento de tecnologia
ternam tentativas com palavras inteiras ou com alternativa de ensino de repertórios acadêmi-
as sílabas das mesmas palavras produziram um cos básicos, especialmente o de leitura (e.g., de
aumento substancial na quantidade de leitura Rose et al., 1992, 1996; de Souza & de Rose,
recombinativa e reduziram a variabilidade en- 2006; de Souza et al., 2004; Hanna et al.,
tre alunos, quando comparado a procedimen- 2008; Matos et al., 2006; Medeiros, Fernandes,
tos que empregam apenas as palavras (de Souza Simone, & Pimentel, 2004).
& de Rose, 2006; de Souza, de Rose, Hanna, Os primeiros estudos de de Rose e cola-
Calcagno, & Galvão, 2004). boradores ensinaram discriminações condicio-
Entre as variáveis que influenciam o de- nais envolvendo 51 palavras distribuídas em
senvolvimento de leitura recombinativa está a unidades de treino (e.g., de Rose et al., 1996;
quantidade de palavras ensinadas (de Rose et Melchiori, de Souza, & de Rose, 1992). O
al., 1992, 1996; Hanna, Kohlsdorf, Quintei- ensino das relações empregava um procedimen-
ro, Fava, de Souza & de Rose, 2008). Alguns to de pareamento de figuras (Conjunto B) e

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palavras impressas (Conjunto C) a palavras di- liar o efeito de treinos sucessivos e da configu-
tadas como modelos (relações AB e AC). Todas ração dos estímulos no desenvolvimento de re-
as crianças aprenderam as relações ensinadas pertório recombinativo em crianças alfabetiza-
com poucos erros e desenvolveram a nomeação das e não alfabetizadas. A emergência de leitu-
das palavras impressas (ou comportamento tex- ra recombinativa foi baixa e variada entre os
tual, não diretamente ensinado). Observou-se, participantes. Os resultados mostraram efeito
ainda, que ao longo das unidades de ensino al- da quantidade de palavras ensinadas, mas não
guns participantes apresentaram leitura da configuração dos estímulos de treino.
recombinativa, porém outros não foram capa- A mesma autora investigou, em um tra-
zes de ler palavras novas. A comparação de dois balho subseqüente, o efeito do grau de simila-
procedimentos, um incluindo o ensino da có- ridade dos estímulos de comparação positivos
pia das palavras de treino e outro omitindo este e negativos na nomeação de palavras treinadas
treino, sugeriu que a cópia favorece o desenvol- e não treinadas (Albuquerque, 2001;
vimento da leitura recombinativa (de Rose et Albuquerque & Hanna, 2001). Realizado tam-
al., 1996). A variabilidade entre participantes, bém com crianças e empregando o pseudo-al-
entretanto, foi observada dentro de cada grupo fabeto e um procedimento de treino semelhan-
exposto aos diferentes procedimentos. te, este estudo usou um número de tentativas
Nessa mesma década, Matos e Hübner menor do que no estudo de Albuquerque et al.
estudaram o efeito de diversas variáveis sobre o (1998) e os estímulos envolviam diferenças crí-
desenvolvimento de leitura recombinativa (e.g. ticas, ou seja, com apenas uma letra diferente
Hubner-D’Oliveira, 1990; Matos et al., 1999, em cada um. Era esperado (cf., Allen & Fuqua,
2006). Com base nestes trabalhos, Hanna e 1985; Birnie-Selwin & Guerin, 1997) que a
colaboradores (Rocha & Hanna, 1996a, 1996b; utilização de estímulos de comparação do trei-
Hanna et al., 2008) desenvolveram um proce- no de discriminação condicional com diferen-
dimento que empregava um pseudo-alfabeto e ças críticas produzisse maior controle elemen-
palavras sem significado na língua portuguesa tar e, desta forma, maiores índices de leitura
visando verificar os efeitos da composição dos recombinativa. Entretanto, os resultados de lei-
estímulos ensinados sobre a leitura tura recombinativa foram ainda mais baixos que
recombinativa. Esse sistema lingüístico em os relatados por Albuquerque et al. (1998) para
miniatura permitia controlar o efeito da expe- todas as condições de treino.
riência prévia com os estímulos de treino e tes- Na tentativa de validar o procedimento
te e manipular mais livremente a estrutura dos de ensino de leitura com pseudo-alfabeto,
estímulos utilizados (número de sílabas e le- Quinteiro (2003) replicaram uma das condi-
tras, forma de recombinar as sílabas e letras para ções do estudo de Albuquerque (2001) com
formar palavras, tamanho da palavra, etc). estudantes universitários, aumentando a quan-
Albuquerque, Hanna e Ribeiro3 (1998) dimi- tidade de palavras treinadas compostas pelos
nuíram o número de palavras ensinadas, sim- mesmos elementos, porém reduzindo a quan-
plificaram as etapas de treinos e testes e con- tidade de letras do pseudo-alfabeto, o número
trolaram os componentes das palavras para ava- de palavras treinadas em cada treino e a quan-
3 Trabalho baseado na dissertação de mestrado não publicada da primeira autora, que à época utilizava seu nome de solteira: Rocha, A. M. (1996). Variação da
composição dos estímulos treinados e desenvolvimento de controle por unidades textuais mínimas. Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília. Brasília-DF.

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tidade de tentativas que compunham os trei- símbolos e até mesmo um treino maior em
nos. O procedimento de ensino foi simplifica- relações condicionais arbitrárias.
do com a retirada de algumas etapas do treino O presente trabalho teve como objetivo
e de alguns testes. Quinteiro (2003) investi- realizar uma replicação sistemática do procedi-
gou o efeito da quantidade de palavras ensina- mento calibrado por Quinteiro (2003), com
das sobre a leitura recombinativa emergente que as seguintes modificações: (1) utilização do al-
era avaliada periodicamente, após o ensino das fabeto português para formar palavras da lín-
relações com duas palavras. Quinteiro encon- gua portuguesa e palavras inventadas; (2) apli-
trou escores médios e altos para vários partici- cação do procedimento a crianças que freqüen-
pantes nos testes de leitura recombinativa, os tavam o Jardim de Infância III e estavam sendo
quais aumentaram gradualmente com o aumen- alfabetizadas; (3) adição, em uma das fases, de
to na quantidade de palavras ensinadas. Por- um treino das sílabas que compunham as pala-
tanto, Quinteiro alcançou o objetivo de cali- vras, para avaliar o efeito do treino com ele-
brar e validar o procedimento utilizando o mentos das palavras ensinadas sobre a leitura
pseudo-alfabeto. recombinativa; (4) repetição de todo o proce-
Os estudos de Albuquerque et al. (1998), dimento de treino com diferentes estímulos
Albuquerque (2001) e Quinteiro (2003) uti- para avaliar o efeito de história do treino de
lizaram procedimentos bastante semelhantes, relações simbólicas sobre novas aquisições que
entretanto apenas Quinteiro obteve escores al- requerem habilidades semelhantes. Devido ao
tos ou medianos de leitura recombinativa. É uso de palavras da língua portuguesa, também
sabido que as crianças também têm habilida- foram adicionados ao programa de ensino uti-
de para aprender a responder ao controle por lizado por Quinteiro (2003) pré-testes das re-
unidades mínimas, como demonstraram ou- lações a serem ensinadas e testadas.
tros estudos prévios (e.g., de Rose et al., 1996; Este estudo, portanto, além de verificar a
Matos et al., 1999, 2006; Müeller et al., generalidade dos resultados obtidos por Quin-
2000). Contudo, estudos com crianças de 3 a teiro (2003), aplicando o procedimento em
4 anos mostraram leitura recombinativa ape- contexto escolar, investigou o efeito de três va-
nas após um longo treino com os estímulos, o riáveis sobre a leitura recombinativa: (a) quan-
que sugere a importância da familiaridade com tidade de palavras ensinadas; (b) treino adicio-
os estímulos para a ocorrência de controle pe- nal com as sílabas que compunham as palavras
las unidades mínimas. Desta forma, acredita- de treino; e (c) história de aprendizagem com
se que, para as crianças que participaram dos o procedimento de ensino de discriminações
estudos de Albuquerque et al. (1998) e simples e condicionais.
Albuquerque (2001), os estímulos podem ter
sido demasiadamente complexos, enquanto MÉTODO
que, para alguns dos estudantes universitários
que participaram do estudo de Quinteiro Participantes
(2003), esta complexidade pode ter sido di- Participaram do estudo nove crianças com
minuída em função de uma história mais lon- idade entre 5 e 7 anos no início da coleta de
ga com estímulos complexos, com o uso de dados que cursavam o Jardim de Infância III

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em uma escola pública de Brasília. As crianças paredes e oito mesas com quatro cadeiras em
selecionadas foram inicialmente indicadas pela cada uma. A criança sentava na frente do com-
professora da turma e que confirmaram ausên- putador situado sobre uma mesa em um dos
cia de desempenho em tarefas de leitura (0% cantos da sala, com o experimentador do seu
de acertos) em uma avaliação da leitura de pa- lado esquerdo e um observador à sua direita.
lavras utilizadas no estudo. Nesta avaliação, 12 O experimentador operava o computador
palavras dissílabas com sílabas tipo CV, impres- para executar a sessão prevista para cada cri-
sas em papel A4, eram apresentadas individu- ança e digitava as respostas orais. Ainda fazia
almente para cada criança, que era instruída a parte do arranjo experimental uma mesa, na
dizer qual era a palavra. qual eram dispostos pequenos objetos e gu-
Os responsáveis pelas crianças autoriza- loseimas que podiam ser trocados por fichas
ram sua participação na pesquisa; a participa- ao final da sessão.
ção era voluntária, com a possibilidade de de-
sistência a qualquer momento. O projeto foi Estímulos
avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética, ba- Foram utilizados três conjuntos de estí-
seado na Faculdade de Ciências da Saúde da mulos: auditivos (A); pictóricos (B); e textuais
Universidade de Brasília. (C). Os estímulos eram apresentados na tela
do monitor em quatro janelas de resposta com
Material e Equipamento dimensões de 5,5 x 5,5cm. A janela central
Para o ensino e pesquisa de discrimina- apresentava o estímulo modelo e as três janelas
ções simples e condicionais foi utilizado o Pro- na parte inferior da tela apresentavam os estí-
grama MTS (Matching to Sample – Dube, mulos de escolha.
1991), que era executado em um computador Os estímulos textuais utilizados na pri-
Macintosh Performa 6360, com tela de 15 po- meira fase do estudo eram sílabas do tipo con-
legadas. O programa apresentava as instruções, soante-vogal (CV) e dissílabos do tipo conso-
os estímulos em cada tentativa e conseqüências ante-vogal-consoante-vogal (CV-CV), formados
para acertos e erros. Os participantes utiliza- pelas letras F, C, G, L, A, E, I e O. Na segunda
vam uma caneta óptica FGV para a escolha dos fase as letras utilizadas foram C, M, P, R, T, A e
estímulos na tela. O e os dissílabos eram do tipo consoante-vo-
Um gravador de áudio portátil Sony e gal- letra R-consoante-vogal (ex: PORTA). As
protocolos de registro foram utilizados para letras escolhidas permitiram formar quatro sí-
gravação e anotação das respostas orais. Os acer- labas cujas combinações duas a duas resulta-
tos e/ou os erros dessas respostas também eram vam em seis substantivos da língua portuguesa
registrados no computador. que podiam ser facilmente representados em
figuras. Outras seis palavras, formadas pelas
Local e arranjo experimental mesmas sílabas, foram inventadas e não possu-
A coleta de dados foi realizada na bi- íam sentido na língua portuguesa (no Brasil).
blioteca da escola, que consistia em uma sala A recombinação das letras permitiu formar ou-
com área de 32m2 aproximadamente. A sala tras 14 palavras, sete com sentido e sete sem
continha estantes com livros encostadas nas sentido (Tabela 1). Os estímulos textuais eram

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apresentados em letras maiúsculas, fonte Arial, palavras inventadas eram representadas por dese-
tamanho 62. nhos escolhidos aleatoriamente de imagens (clip-
Para cada palavra impressa de treino, era arts) disponíveis na internet, conforme ilustrado
utilizada a palavra ditada correspondente (estí- na configuração da tela representada na Figura 1.
mulos auditivos, Conjunto A). As palavras in-
ventadas eram pronunciadas de acordo com as Procedimento
regras e fonemas da língua portuguesa. O experimento foi conduzido em duas
Os estímulos pictóricos (Conjunto B) con- fases experimentais. Em cada fase era emprega-
sistiam de desenhos representando objetos cor- do um conjunto diferente de estímulos (Tabe-
respondentes às palavras impressas e ditadas. As la 1) e realizados seis ciclos que alternavam trei-
Tabela 1
Sílabas ensinadas e palavras com e sem sentido na língua portuguesa utilizadas nas condições de
treino e testes dos ciclos das Fases 1 e 2.
Fase Ciclo Sílabas Palavras Ensinadas Palavras Testadas
Treinadas com sentido sem sentido com sentido sem sentido
1 1 FI, GO, FIGO LACE GOLE CIFA
LA, CE GALO CIFE
2 FI, GO, GOLA CEFI FIGA LOCE
LA, CE GALO CIFE
3 FI, GO, LAGO FICE FACE GOLI
LA, CE GALO CIFE
4 FI, GO, CELA GOFI LEGO FACI
LA, CE GALO CIFE
5 FI, GO, FILA GOCE FILO GACE
LA, CE GALO CIFE
6 FI, GO, CEGO LAFI LIGA CEFO
LA, CE GALO CIFE

2 1 PO, TA, PORTA CORMA PORCA TARMO


MA, CO CARTA MORPO
2 PO, TA, MARCO TARPO TORTA MOPAR
MA, CO CARTA MORPO
3 PO, TA, PORCO TARMA COCAR MORPA
MA, CO CARTA MORPO
4 PO, TA, CORTA MARPO PARTO CAMOR
MA, CO CARTA MORPO
5 PO, TA, CORPO TARCO MOTOR PARCA
MA, CO CARTA MORPO
6 PO, TA, MARTA PORMA PORTO CAMAR
MA, CO CARTA MORPO

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Figura 2. Esquema da ordem de treinos e testes realizados


em cada Fase Experimental, iniciando pelo Pré-teste, em
seguida seis repetições dos ciclos de treinos e testes parciais
e finalizando com o Pós-teste. As setas indicam a seqüência
das condições experimentais. O Treino de Sílaba foi omitido
na Fase 1 para o Grupo 1 e na Fase 2 para o Grupo 2.

(AC). As palavras apresentadas nos dois trei-


nos foram chamadas de palavras de treino. Es-
Figura 1. Representação da tela do monitor em diferentes
tipos de tentativas: (a) tentativa de pareamento entre palavra sas duas palavras eram diferentes em cada ci-
falada e figura – MTS AB; (b) tentativa de pareamento clo, mas formadas pelas mesmas sílabas (veja
entre palavra falada e palavra escrita – MTS AC; (c) tentativa
de pareamento entre figura e palavra escrita – MTS BC; e Tabela 1). As outras duas palavras, utilizadas
(d) tentativa de nomeação de palavra escrita – CD, apenas no Treino AB/BD e posteriormente nos
sinalizada pela figura do Pernalonga em todas as tentativas.
testes, eram formadas pela recombinação das
nos e testes de relações condicionais e de no- letras das palavras de treino em pelo menos
meação de palavras. Nos treinos, palavras dita- uma das sílabas e eram as mesmas em todos os
das (A) eram utilizadas como modelo e figuras ciclos – GALO e CIFE na Fase 1 e CARTA e
(B) ou palavras impressas (C) como estímulos MORPO na Fase 2. Nos testes eram apresen-
de escolha. Em uma das fases experimentais tadas as duas palavras fixas de cada fase e duas
treinaram-se adicionalmente as relações entre palavras diferentes para cada ciclo, que obe-
sílabas ditadas e impressas, sendo a ordem de deciam à mesma composição. Todas as pala-
exposição controlada: três crianças receberam o vras apresentadas nos testes foram chamadas
treino adicional na Fase 1 (Grupo 2) e as ou- de palavras de recombinação.
tras três na Fase 2 (Grupo 1). Uma representa- Após os treinos em cada ciclo, eram reali-
ção do delineamento experimental para o gru- zados os testes assim denominados: Teste BC/
po que realizava o treino de sílabas está CB das relações entre palavras impressas e figu-
diagramado na Figura 2. ras; Teste de Nomeação de palavras de
No início e no final de cada fase as crian- recombinação; e Teste AC das relações entre
ças realizavam testes gerais (pré e pós-testes), palavras ditadas e impressas de recombinação.
para avaliação de seus repertórios em relação Enquanto os grupos experimentais (Gru-
aos estímulos utilizados. pos 1 e 2) realizavam a Fase 1 do estudo, três
Em cada ciclo, ensinavam-se quatro re- participantes adicionais realizaram o Pré-teste,
lações condicionais entre palavras ditadas e fi- o Treino AB/BD e o Pós-teste, funcionando
guras (AB) e duas relações entre palavras dita- como Grupo Controle. Na Fase 2 os partici-
das e as palavras impressas correspondentes pantes-controle iniciaram os treinos com pala-

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vras, entretanto, os dados desses participantes dos nas janelas inferiores da tela, que deveria
não foram analisados neste estudo. corresponder ao estímulo modelo (quando a
A distribuição dos participantes nos Gru- seleção era a correta). A tentativa se iniciava
pos Experimental e Controle foi feita a partir de com a apresentação do modelo ditado ou dis-
sorteio. Os pseudônimos dos participantes de posto na janela central. Quando o estímulo
cada grupo, a idade e o treino realizado em cada modelo era ditado, um quadrado verde era si-
Fase Experimental são mostrados na Tabela 2. multaneamente apresentado na janela central
Antes de iniciar o estudo as crianças fo- (veja Figura 1, painéis a e b). Uma resposta
ram expostas a um treino preliminar de ma- (pressão com caneta óptica) sobre a área da
nuseio do computador e de pareamento ao janela central produzia os estímulos de esco-
modelo arbitrário, aprendendo a relacionar lha nas janelas inferiores e, no caso de tentati-
os desenhos de três personagens da turma da vas com modelo auditivo, retirava o quadrado
Mônica aos respectivos nomes e a relacionar verde do centro da tela. O estímulo correto
o desenho de seus animais de estimação aos não era apresentado na mesma posição em mais
desenhos dos personagens. O objetivo desse do que duas tentativas consecutivas. Nos trei-
treino foi ensinar as habilidades básicas para nos, o número de estímulos de escolha foi au-
realizar as tarefas de pareamento ao modelo e mentado gradualmente ao longo das tentati-
nomeação, colocar o comportamento em con- vas. A primeira tentativa continha apenas o
tato com as conseqüências para acertos e er- estímulo correto, garantindo o acerto. Em eta-
ros e criar o vínculo entre os experimentadores pas subseqüentes do treino passaram a ser apre-
e as crianças. sentados dois e, finalmente, três estímulos de
Descrição das Tarefas. Todos os treinos e comparação. A passagem de uma etapa para
testes programavam tentativas de pareamento outra estava condicionada a, no máximo, um
ao modelo (MTS) e/ou de nomeação. erro nas tentativas daquela etapa. Se ocorresse
Nas tentativas MTS (Figura 1, painéis mais de um erro em uma etapa, retornava-se
a, b e c) os participantes selecionavam um es- para as tentativas da etapa anterior. A emissão
tímulo de comparação, dentre os apresenta- de erro na última etapa do treino, caracteriza-
Tabela 2
Idade dos participantes de cada Grupo Experimental e Controle e treino realizado em cada Fase
Experimental (ver texto para detalhamento do procedimento).
Grupo Participantea Idade Treino na Fase 1 Treino na Fase 2
1 Bruna 6a 2m Palavra Sílaba e Palavra
José 7a 4m Palavra Sílaba e Palavra
Amanda 6a 1m Palavra Sílaba e Palavra
2 Edson 6a 10m Sílaba e Palavra Palavra
Carlos 5a 11m Sílaba e Palavra Palavra
Grazi 6a 5m Sílaba e Palavra Palavra
Controle Lucio 6a 10m Figuras -
Maria 6a 2m Figuras -
Estela 5a 10m Figuras -
a
Nomes fictícios

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SEREJO ET AL.

da por tentativas MTS de todas as relações As crianças participavam de sessões indi-


treinadas na sessão com três estímulos de es- viduais, que duravam de 5 a 20 minutos, em
colha, implicava em repetição da etapa. Em média três vezes por semana.
caso de duas repetições de uma mesma etapa, Testes gerais. Pré-teste e Pós-teste. Nas ava-
o treino era encerrado e reiniciado na sessão liações antes e depois dos ciclos experimentais
seguinte. Nos testes havia um número fixo de de cada fase eram testadas as relações: palavra
tentativas, nas quais eram sempre apresenta- falada-figura (AB), palavra falada-palavra im-
dos três estímulos de escolha. pressa (AC), figura-palavra impressa (BC) e
Nas tentativas de nomeação (Figura 1, vice-versa (CB), sílaba ditada-sílaba impressa
painel d), o desenho do Pernalonga era apre- (silAC) e letra ditada-letra impressa (letAC).
sentado no centro da tela. A criança era instru- Além disso, testou-se a nomeação de figura
ída a pressionar sobre o desenho para substi- (BD), de palavra impressa (CD), de sílaba e
tuir essa figura pela apresentação de uma pala- de letra (silAC e letAC). O teste era composto
vra escrita na janela inferior central. O por 80 tentativas MTS e 52 de nomeação com
experimentador perguntava, então, que pala- palavras de treino e de recombinação. No pré-
vra era aquela. teste não eram realizadas as tentativas com
Nos treinos, respostas corretas em ten- palavras inventadas, diminuindo pela metade
tativas MTS ou de nomeação eram seguidas o número de tentativas. A Tabela 3 mostra o
por estrelas coloridas apresentadas na tela jun- tipo e o número de tentativas dos desempe-
tamente com uma seqüência de tons e, even- nhos testados.
tualmente, também por elogios apresentados Treino AB/BD. Iniciava-se com tentativas
pela experimentadora. Em caso de erro, a ten- que testavam a nomeação das figuras, com exce-
tativa era encerrada e a tela permanecia escura ção da figura correspondente à palavra inventa-
por 3s. Nos testes, a criança era informada de da nova, apresentadas individualmente na tela.
que não seriam apresentadas as estrelinhas na Caso ocorresse acerto em alguma das figuras, a
tela e elogiava-se eventualmente a participa- parte do treino referente à figura nomeada cor-
ção na pesquisa (ex: “Que bom que você veio!”), retamente era suprimida. O treino era finaliza-
o correto manuseio da caneta óptica (ex: “Isso, do quando o participante acertava todas as ten-
só precisa apertar uma vez na palavra!”) ou a tativas do último bloco, composto por um con-
resposta de observação aos estímulos apresen- junto de tentativas MTS com as quatro relações
tados (ex: “Que bom que você está olhando ensinadas. A Tabela 3 mostra o número progra-
para todas as palavras!”). Contudo, nenhuma mado de tentativas MTS nesse treino.
conseqüência foi programada para respostas Treino AC/CD de Sílaba. O treino das re-
corretas ou incorretas. No final de todas as lações entre sílaba ditada e impressa foi realiza-
sessões a criança ganhava uma ficha pela par- do com as sílabas FI, GO, LA e CE na Fase 1 e
ticipação, que poderia ser trocada por uma PO, TA, MA e CO na Fase 2. Em cada sessão
prenda ou guloseimas. eram ensinadas duas relações. No início de cada
Um intervalo entre tentativas (IET) de 1,5 sessão a nomeação das duas sílabas era sonda-
s foi programado ao final de todas as tentativas da. Em caso de acerto em uma das tentativas
MTS e de nomeação. de sonda, o treino específico da sílaba nomea-

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da corretamente era suprimido. Eram realiza- Teste BC/CB. O teste BC/CB consistia na
das tentativas de nomeação após tentativas MTS apresentação de quatro tentativas MTS com
de cada sílaba. Erro em uma dessas tentativas palavras de treino e quatro com as palavras de
retornava o treino para as tentativas MTS. Os recombinação que se repetiam em todos os ci-
critérios de aprendizagem para avançar no trei- clos. Metade das tentativas era do tipo BC (fi-
no e finalizá-lo foram semelhantes aos descri- gura como modelo e palavras como estímulos
tos no Treino AB/BD. A Tabela 3 mostra o nú- de escolha, Figura 1, painel c) e as restantes
mero programado de tentativas MTS e nomea- eram tentativas do tipo CB.
ção nesse treino. Teste CD. Esse teste consistia em oito ten-
Treino AC/CD. O treino das relações en- tativas para avaliar a nomeação das quatro pala-
tre palavra ditada e palavra impressa era reali- vras de recombinação apresentadas individual-
zado, em cada ciclo, com duas palavras dife- mente (Figura 1, painel d).
rentes formadas cada uma por duas das quatro Teste AC . O Teste AC avaliva, em oito
sílabas (veja Tabela 1). Os estímulos de escolha tentativas MTS, o desenvolvimento de leitura
consistiam em dissílabos formados por quatro receptiva das quatro palavras de recombinação.
das oito letras. As alternativas incorretas possu- A criança escolhia a palavra impressa correspon-
íam apenas uma letra igual à da palavra correta dente à palavra ditada como modelo.
e na mesma posição. Por exemplo, quando o Acordo entre Observadores
modelo era a palavra ditada “figo”, as alternati- Os índices de acordo (número de acordos
vas impressas poderiam ser FACE, FIGO e dividido pelo total de registros) entre os regis-
LECO. A programação das tentativas foi seme- tros de respostas orais pelo observador e pelo
lhante à descrita no Treino AB/BD, bem como experimentador foram calculados em sessões de
os critérios de aprendizagem para avançar no treino e de teste. Em caso de desacordo, era
treino e finalizá-lo. Contudo, foi acrescentada utilizada a gravação em áudio para considera-
a inserção de tentativas de nomeação após ten- ção da resposta.
tativas MTS. Erros nessas tentativas provoca- A média de acordo entre observadores foi
vam retorno ao último bloco de tentativas MTS de 96,2%, com variação de 82 a 100%. Para
após o IET de 1,5 s. cálculo da média foram consideradas 570 ses-
A Tabela 3 apresenta o número progra- sões, o que corresponde a 97% do total das ses-
mado de tentativas MTS e de nomeação nesse sões que continham tentativas de nomeação.
treino. Uma sessão adicional, com um conjun-
to de tentativas MTS e de nomeação semelhan- RESULTADOS
te ao apresentado no final do treino, era reali-
zada no dia seguinte àquele em que o critério A coleta de dados teve duração total de
de aprendizagem havia sido alcançado. Nessa sete meses. Cada participante realizou em mé-
sessão, o reforçamento era intermitente e em dia três sessões por semana.
média a cada duas respostas corretas (VR 2). O No treino preliminar da tarefa as crianças
objetivo dessa sessão era preparar os participan- alcançaram o critério de aprendizagem em uma
tes para os testes em extinção que seriam reali- sessão, com exceção de uma (Amanda), que
zados após o treino. necessitou de duas sessões.

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Nos pré-testes das Fases 1 e 2 todas as zadas nos primeiros treinos da Fase 1 foi
crianças apresentaram resultados nulos na no- superior ao dos primeiros treinos da Fase 2.
meação de palavras de treino e de recombinação. Nos últimos ciclos de ambas as fases, o nú-
A nomeação de sílabas foi nula na Fase 1 e va- mero de tentativas foi próximo ao progra-
riou entre os participantes na Fase 2 (25% a mado para todas as crianças. Bruna e José
100% de acertos). A nomeação de letras ocor- acertaram as nomeações iniciais e não foram
reu já no pré-teste da Fase 1 para todos os par- expostos ao Treino AC/CD do Ciclo 6 na
ticipantes, variando entre 25% a 90% de acer- Fase 1 e a todos os treinos a partir do Ciclo
tos. Na Fase 2, apenas um participante não 2 da Fase 2, com treino de sílabas. Edson,
nomeou todas as letras no pré-teste (Grazi). da mesma forma, não foi exposto ao último
treino da Fase 2.
Treino Em relação às tentativas de nomeação de
Em geral, os resultados do Treino AB/BD palavras do Treino AC/CD que eram realizadas
(relação entre som e figura) e do Treino AC/CD, antes das tentativas MTS, quatro das seis cri-
que consistia em tentativas de MTS e de nome- anças acertaram mais sondas iniciais na fase em
ação com sílabas e com palavras, foram altos. Os que foi realizado o treino de sílabas do que na
erros e as tentativas necessárias para atingir o cri- outra fase. As outras duas crianças, expostas ao
tério de aprendizagem diminuíram ao longo dos treino de sílabas na Fase 1, tiveram desempe-
ciclos e da Fase 1 para a Fase 2. nhos semelhantes nas sondas iniciais de cada
As três crianças que realizaram o Treino fase. Ocorreu também aumento no número de
AC/CD de sílabas na Fase 1 apresentaram re- nomeações corretas ao longo dos ciclos. A no-
sultados entre 90 e 100% de acertos. A partir meação nas sondas iniciais pode ser utilizada
do terceiro ciclo, as crianças acertaram as ten- para avaliar o desenvolvimento de leitura
tativas de nomeação inicial de, pelo menos, duas recombinativa, considerando que essa leitura é
sílabas. Desta forma, elas não precisaram reali- avaliada antes da exposição ao treino.
zar um dos treinos. Entre os participantes ex-
postos ao treino de sílabas na Fase 2, dois (Bru- Testes de equivalência BC/CB
na e José) acertaram todas as tentativas iniciais Os resultados referentes aos Testes BC/CB
de nomeação, não necessitando de treino. A (relação figura e texto) variaram de 75 a 100%
terceira (Amanda) precisou ser treinada até o de acertos, sendo que todas as crianças obtive-
quarto ciclo, realizando apenas um dos treinos ram 100% de acertos em, pelo menos, quatro
a partir do segundo ciclo, com porcentagens dos doze testes realizados. Foram exceções os
de acertos altas, entre 94 e 100%. escores de Bruna (50% de acertos no Ciclo 4,
No Treino AC/CD com palavras, foram Fase 1), Amanda (62,5%, no Ciclo 6, Fase 1),
alcançados desempenhos entre 89 e 100% Edson (62,5%, Ciclo 4, Fase 1) e Grazi
de acertos nos ciclos das duas fases do estu- (62,5%, no Ciclo 4, Fase 1 e no Ciclo 2, Fase
do. O número de tentativas do treino dimi- 2). Não foram observadas diferenças sistemáti-
nuiu ao longo dos ciclos de treino para to- cas entre os escores obtidos nas relações BC e
dos os participantes, bem como da Fase 1 CB, ao longo dos ciclos ou comparando-se as
para a Fase 2. O número de tentativas reali- duas fases do estudo.

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Testes Parciais de recombinação BC/CB, CD e AC Os resultados dos testes das relações en-
A Figura 3 mostra os percentuais de acer- tre figuras e palavras (BC/CB) foram seme-
tos de cada criança nos testes de recombinação lhantes aos do teste AC e por isso foram omi-
da modalidade de leitura receptiva (AC, círcu- tidos da Figura.
los cheios) e de nomeação das palavras impres-
sas (CD, círculos vazios), ao longo dos ciclos Pré-testes e pós-testes
de cada fase experimental. Observa-se que, em As Figuras 4 e 5 mostram os percentuais
geral, a leitura de palavras novas aumentou com de acertos nos testes gerais de nomeação de es-
o aumento das palavras ensinadas ao longo dos tímulos textuais (letras, sílabas e palavras ensi-
ciclos. Os índices de acertos foram mais altos nadas e recombinadas) realizados antes (pré-
no teste de leitura receptiva com palavras de teste) e depois (pós-teste) de cada fase do estu-
recombinação (Teste AC) do que no teste de do. A Figura 4 apresenta os resultados da Fase
nomeação com as mesmas palavras (Teste CD), 1 para as crianças dos grupos experimentais e
com exceção de dois participantes (Bruna e José) controle. A Figura 5 mostra os resultados da
que obtiveram escores intermediários ou cres- Fase 2 para os participantes dos grupos experi-
centes na Fase 1, mas iniciaram a Fase 2 com mentais. As barras brancas representam os pré-
100% de acertos e mantiveram esses escores na testes e as barras escuras mostram os escores
nomeação das palavras. Os outros participan- dos pós-testes. Cada gráfico apresenta o resul-
tes mostraram escores crescentes e ao final da tado de um tipo de estímulo impresso.
Fase 2 Amanda e Grazi estavam apresentando Como mostra a Figura 4, o desempenho,
aproximadamente 50% de acertos, enquanto na Fase 1 foi sistematicamente superior nos pós-
Edson e Carlos obtiveram aproximadamente testes quando comparado ao desempenho nos
75% de acertos. pré-testes para todas as crianças, (com exceção

Figura 3. Porcentagem de acertos nos testes de recombinação das relações entre palavras ditadas e impressas (AC - círculo
cheio) e de nomeação de palavras (CD - círculo vazio) ao longo dos ciclos de cada Fase Experimental. Bruna, José e
Amanda iniciaram com treino apenas com palavras. Edson, Carlos e Grazi iniciaram pelo treino com sílabas e palavras.

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de Amanda do Grupo 2, que não nomeou síla- Controle, que não nomeou sílabas nem pala-
bas em ambos os testes, e de Estela, do Grupo vras). Os acertos mostraram tendência a variar

Figura 4. Porcentagem de acertos nos pré e pós-testes de nomeação de letras, sílabas, palavras de treino e palavras de
recombinação realizados no início (barras brancas) e final (barras cinzas) da Fase 1 para cada participante dos grupos
experimentais e Controle. O Grupo 1 realizou o treino apenas com palavras e o Grupo 2 com palavras e sílabas nesta fase
experimental.

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Figura 5. Porcentagem de acertos nas tentativas de nomeação de letras, sílabas, palavras de treino e palavras de recombinação
dos pré e pós-testes realizados no início (barras brancas) e final (barras cinzas) da Fase para cada participante dos grupos
experimentais. O Grupo 1 realizou o treino com sílabas e palavras e o Grupo 2 apenas com palavras nesta fase experimental.

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inversamente com a extensão dos estímulos, de retenção e quatro participantes na fase com
sendo maior para letras do que para sílabas e o treino de sílabas alcançaram escores superio-
maior para sílabas do que para palavras. Na res a 70% de acertos (Edson e Carlos na Fase 1
nomeação de palavras, embora os participantes e Bruna e José na Fase 2).
dos grupos experimentais não tenham atingi- Todos os participantes dos grupos experi-
do 100% de acertos (com exceção de Edson, mentais leram alguma palavra de recombinação
do Grupo 2), seus desempenhos em geral fo- corretamente e tenderam a aumentar a porcen-
ram superiores aos alcançados pelos participan- tagem de acertos da Fase 1 para a Fase 2, mas
tes-controles. Enquanto os participantes do os escores variaram entre os participantes e en-
Grupo 1 apresentaram escores similares na no- tre as fases. O escore mais baixo foi o de Amanda
meação de palavras de treino e de recombinação, na Fase 1 (7%), semelhante ao apresentado
os participantes do Grupo 2 tenderam a acer- pelos participantes-controle. Nenhuma crian-
tar mais a nomeação das palavras de treino do ça leu todas as palavras na Fase 1, mas na Fase 2
que as palavras recombinadas. dois participantes (Bruna e José, do Grupo 1)
A Figura 5 apresenta os resultados da Fase obtiveram 100% de acertos e um (Edson, do
2. Os participantes dos dois grupos nomea- Grupo 2) leu mais de 50%.
ram grande parte, senão todas as sílabas e le- Comparando-se os resultados dos testes
tras já no pré-teste e mantiveram ou aumen- de leitura recombinativa no último ciclo de cada
taram a porcentagem de acertos no pós-teste fase (Figura 3) com os obtidos nos testes gerais
(com exceção de Amanda, que diminuiu li- de cada fase (Figuras 4 e 5), verifica-se que fo-
geiramente a porcentagem de acertos na no- ram diferentes, mas altamente correlacionados.
meação de letras). Nesta fase dois dos partici- Em geral, os escores foram mais altos (superio-
pantes do Grupo 1 (Bruna e José) nomearam res a 50% de acertos para todas as crianças) nos
100% tanto de palavras de treino quanto de testes parciais dos últimos ciclos, quando eram
recombinação, enquanto Amanda nomeou avaliadas quatro palavras de recombinação, do
aproximadamente 75 % das palavras de trei- que no teste geral com 14 palavras (superiores
no e 20% das palavras recombinadas. As por- a 50% de acertos apenas para três crianças).
centagens de acertos foram mais baixas para
os três participantes do Grupo 2 (entre 20 e DISCUSSÃO
60%) para ambos os tipos de palavras.
Quando se comparam os escores finais de No presente estudo, foi utilizado um pro-
nomeação de sílabas e de palavras de treino nas cedimento baseado no paradigma de equivalên-
duas fases (Ver Figuras 4 e 5) nota-se que eles cia de estímulos (Sidman & Tailby, 1982) para
foram superiores nas fases em que os partici- ensinar a leitura de palavras, com compreensão,
pantes foram expostos ao treino de sílabas (Gru- a crianças que cursavam o Jardim III. O proce-
po 1 na Fase 2 e Grupo 2 na Fase 1) do que dimento utilizado foi o mesmo que Quinteiro
quando expostos apenas ao treino de palavras (2003) aplicou em estudantes universitários com
(com exceção de Grazi que apresentou baixas o uso de um pseudo-alfabeto. Os resultados re-
porcentagens de acertos até o final do estudo). plicam esse estudo, agora com crianças de 6 a 7
A leitura de palavras de treino é uma medida anos de idade e o uso do alfabeto português.

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O procedimento foi efetivo para o ensino inferior ao da Fase 1, para quase todas as crian-
das relações de discriminação entre estímulos e ças, o que mostra que a história de aprendiza-
entre estímulos e respostas envolvidos no com- gem com um procedimento semelhante pode
portamento de leitura. Todos os participantes se transferir para outras situações de ensino e
apresentaram aquisição rápida de leitura de pa- influenciar a velocidade de aquisição.
lavras de treino com compreensão e algum grau A aquisição rápida e com poucos erros das
de leitura recombinativa, replicando os resulta- relações ensinadas entre as palavras ditadas e
dos de outros estudos na área (e.g., de Rose et impressas é evidência de que as tentativas de
al., 1996; Melchiori et al., 1992). O paradigma pareamento ao modelo e de nomeação progra-
de equivalência de estímulos, mais uma vez, madas foi um método de ensino eficiente para
mostrou-se útil para o desenvolvimento de construção das habilidades básicas para a leitu-
metodologias de ensino alternativas e de avalia- ra. De Rose et al. (1996) também observaram
ção de leitura oral e leitura com compreensão. este padrão de desempenho utilizando um pro-
O estudo mostrou evidências sistemáti- cedimento de exclusão (Dixon, 1977), no qual
cas do efeito da quantidade de palavras ensina- as palavras já treinadas eram apresentadas como
das e do treino de sílabas sobre o desenvolvi- estímulo de comparação incorreto. Os treinos
mento de diversas modalidades de leitura, in- eram intercalados com tentativas de sonda de
clusive a leitura oral e com compreensão, cujos leitura das palavras de treino e de linha de base
resultados, nos treinos com o procedimento de e um teste de retenção, antes de se treinar o
pareamento ao modelo e nos testes de relações próximo conjunto de palavras. No presente es-
emergentes e leitura recombinativa, discutidos tudo, no qual não foi utilizado o procedimento
detalhadamente a seguir. de exclusão, as palavras de treino somente eram
apresentadas no ciclo em que seriam treinadas.
Desempenho nos treinos Para se evitar os erros e suas conseqüências
O treino consistiu em sessões de aversivas (Terrace, 1963), foi utilizada uma
pareamento entre estímulos auditivos e pictóri- gradação da dificuldade ao longo das tentati-
cos (relação AB) e entre estímulos auditivos e vas, com aumento gradual do número de com-
textuais (relação AC), com aumento gradual do parações apresentadas. Neste sentido, conside-
número de comparações apresentadas. O proce- ra-se um avanço metodológico o desenvolvimen-
dimento utilizado mostrou-se efetivo para o en- to de um procedimento de ensino mais sim-
sino das discriminações em poucas sessões e com ples, menos extenso e com menos palavras, que
poucos erros. A quantidade de erros e de tenta- manteve a eficácia de procedimentos como o
tivas e de sessões necessárias para se atingir o cri- que foi utilizado por de Rose et al. (1996).
tério de aprendizagem tendeu a diminuir ao lon- Importante notar, entretanto, que o programa
go dos ciclos de treino para todas as crianças, o utilizado pelos autores ensinava palavras com
que sugere um efeito facilitador da quantidade 20 letras do alfabeto da língua portuguesa, en-
de treino, ou da quantidade de palavras ensina- quanto que o presente estudo utilizou um to-
das, na aquisição de novas discriminações. tal de 11 letras. A diminuição do número de
A quantidade de treino necessária para unidades que compõem as palavras parece ser
atingir o critério de aprendizagem na Fase 2 foi uma estratégia interessante para aumentar a fre-

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qüência de reforçamento de respostas na pre- 1996; Müeller et al., 2000), que podem ter
sença de cada unidade e tornar mais salientes contribuído adicionalmente para a eficácia do
características relevantes (e.g., qual o elemento procedimento de ensino foram o caráter indi-
e sua posição nas palavras) e irrelevantes (e.g., vidual da aplicação; a ênfase nos acertos e di-
posição da palavra na tela, o tipo de som que minuição dos erros; e o respeito à velocidade
seguiu a resposta) para as discriminações de aprendizagem de acordo com as necessida-
requeridas na leitura. des do participante, dentre outras.
Um procedimento de ensino de leitura que
escolhe as palavras a serem treinadas, de forma a Desempenho nos Testes BC/CB e leitura com com-
evitar controle parcial e a gerar controle pelas preensão
unidades mínimas, se eficaz, não precisa aplicar As crianças obtiveram desempenhos altos
procedimentos extras para garantir a retenção da nos testes de equivalência BC/CB com palavras
leitura de palavras de linha de base, uma vez que, de treino, demonstrando a emergência de rela-
através da recombinação das unidades mínimas, ções condicionais não treinadas entre os estímu-
a leitura dessas palavras pode ser reproduzida a los, após a aquisição das relações AB e AC. Os
cada nova tentativa. As palavras de treino utili- resultados alcançados no experimento realizado
zadas neste estudo eram formadas por apenas por de Rose et al. (1996) mostraram uma varia-
quatro sílabas que, após o Ciclo 2, tinham sido ção de 74 a 100% de acertos, bastante próxima
apresentadas uma vez em cada posição e, após o à variação demonstrada pelos participantes des-
Ciclo 4, tinham sido apresentadas duas vezes em se estudo, de 75 a 100%. Em ambos os casos,
cada posição da palavra, evitando o controle par- todos os participantes alcançaram 100% de acer-
cial ou restrito. Em todos os ciclos, todas as síla- tos em, pelo menos, um dos testes de equivalên-
bas eram apresentadas, com exceção dos Ciclos cia com palavras de treino. Quinteiro (2003)
5 e 6 da Fase 2, por impossibilidade de obteve 100% de acertos nos testes de equivalên-
recombinação que garantisse formação de pala- cia, com exceção de um participante universitá-
vras da língua portuguesa. A combinação das rio. Albuquerque (2001) alcançou resultados
palavras de treino, portanto, permitiu o desen- altos no mesmo teste para algumas crianças. Por-
volvimento de um procedimento de ensino mais tanto, os dados apresentados neste estudo repli-
simples, que garantisse o controle textual pelas cam os dados dos estudos supracitados. De acor-
unidades mínimas, e não apenas pelas palavras. do com a definição de leitura proposta por
Matos et al. (1999), ao aumentar a quantidade Sidman (1971), a avaliação do desempenho em
de palavras treinadas, mas diminuir a quantida- testes BC/CB é uma medida do desenvolvimen-
de de sílabas, de forma a apresentar cada unida- to de leitura com compreensão e desse modo,
de silábica mais de uma vez em posições iguais e pode-se afirmar que os símbolos textuais adqui-
diferentes nas palavras treinadas, também ob- riram o significado do estímulo auditivo aos quais
servou aumento no desenvolvimento de reper- foram emparelhados.
tório recombinativo.
Outras características do treino, também Leitura recombinativa
presentes em estudos que já observaram con- O desenvolvimento de leitura
sistência nos resultados (e.g., de Rose et al., recombinativa foi observado neste estudo em

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LEITURA E REPERTÓRIO RECOMBINATIVO

diversos contextos de avaliação. As diferentes (1996) descreveram escores mais variados e mais
modalidades, propostas por Sidman (1971), baixos para palavras não treinadas.
leitura receptiva (AC), leitura com compreen- Os resultados alcançados nos Testes de
são (BC/CB) e nomeação (CD), mostraram uma recombinação BC/CB, pelo presente estudo e
tendência a emergir concomitantemente, em- outros (e.g. de Rose et al., 1996; Hübner-
bora a nomeação tenha sido, em geral, mais D’Oliveira & Matos, 1993; Quinteiro, 2003,
baixa que os outros desempenhos que envolvi- Matos et al., 2006), corroboram a sugestão de
am tarefas de seleção. Müeller et al. (2000) de que o controle por uni-
Em relação aos resultados do Teste BC/ dades mínimas, combinado com a formação de
CB, a literatura aponta escores mais altos para equivalência de estímulos, permite o surgimento
as palavras de treino (e.g. Souza et al., 2004), de leitura recombinativa não só na modalidade
resultado replicado por este estudo. Contudo, treinada (relação AC), como também em nome-
foi demonstrada a formação de classes de estí- ação e em teste de compreensão (BC/CB).
mulos compostas por algumas palavras de As modalidades de leitura receptiva (AC)
recombinação ditadas e impressas e as figuras e de nomeação ou comportamento textual (CD),
correspondentes. apesar de envolverem os mesmos estímulos,
A exposição repetida em cada ciclo ao Trei- apresentam diferenças grandes nos resultados,
no AB/BD e aos Testes AC e BC/CB com as que refletem, talvez, suas diferenças topográfi-
duas palavras permanentes de recombinação cas ou de controle de estímulo. Os resultados
pode ter facilitado o desempenho em testes no testes de recombinação das relações entre
subseqüentes. Para melhor avaliar o efeito das palavras ditadas e impressas (AC) foram supe-
contingências de treino sobre o desenvolvimento riores aos do testes de nomeação (Figura 3). Este
de leitura recombinativa com compreensão, resultado replica a literatura (e.g. Quinteiro,
estudos adicionais poderiam aumentar o nú- 2003; Rocha & Hanna, 1996b; Albuquerque
mero de palavras testadas. et al., 1998). A resposta requerida no Treino
Quinteiro (2003) também aponta emer- AC era selecionar um dos três estímulos textu-
gência de leitura recombinativa com compre- ais presentes. A porcentagem de acertos ao aca-
ensão (relações BC/CB), mas com escores mais so nesta situação é igual a 33%. Ademais, al-
altos do que os encontrados nesse estudo e ten- gum controle parcial (por exemplo, pela letra
dência crescente ao longo dos treinos. Contu- inicial) pode favorecer o acerto (e.g., de Souza
do, alguns estudos apontam escores nulos ou et al., 1997) ou, até mesmo, o acerto pode ser
baixos em testes semelhantes com palavras de obtido por exclusão das comparações negati-
recombinação (e.g., de Rose et al., 1996; Ma- vas. No caso do teste de nomeação de novas
tos, Hübner & Peres (1999); Albuquerque et palavras (CD), o participante deve emitir uma
al., 1998). Hübner-D’Oliveira (1990), após resposta com correspondência ponto-a-ponto
aumentar o número de palavras treinadas e di- com o estímulo textual que, nesse caso é um
minuir a quantidade de sílabas que formavam estímulo discriminativo composto – a palavra
as palavras, indicaram emergência das relações impressa, constituída por uma seqüência de
entre figura e palavra impressa com estímulos letras. Considerando que as palavras desse teste
não treinados. Da mesma forma, de Rose et al. não foram treinadas, o acerto só poderia ocor-

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SEREJO ET AL.

rer se um controle textual elementar tivesse se ram resultados semelhantes em relação a acer-
desenvolvido ao longo do procedimento. Estas tos em pré-testes que diminuíram a quantida-
características tornam mais prováveis os acertos de de treino necessária.
no Teste A’C’ do que no C’D.
A diferença observada nos resultados de Desempenho nos testes iniciais e finais
testes de modalidades diferentes de leitura apoia A utilização de participantes-controle foi
a definição de leitura como uma rede de relações fundamental para se avaliar os efeitos do proce-
entre estímulos e entre estímulos e respostas dimento desenvolvido, uma vez que as crianças
(Sidman, 1971) e não como um operante uni- estavam sendo expostas ao procedimento de al-
tário. Evidencia-se, desta forma, a necessidade fabetização da escola, concomitantemente à co-
de realização de vários treinos e testes para uma leta de dados. Embora os participantes-controle
avaliação adequada da eficácia de procedimento tenham mostrado algum progresso entre o pré e
de ensino de leitura. Nota-se que, como no es- o pós-teste, todos os participantes expostos às
tudo de Souza et al. (2004), ambos os testes condições experimentais (com exceção de Grazi),
documentaram um aumento no nível de leitura obtiveram escores superiores aos dos participan-
dos participantes expostos ao procedimento, em tes-controle em nomeação de palavras de treino
comparação aos participantes-controle. No pre- e de recombinação após os treinos. No estudo
sente estudo, apesar dos resultados de compor- de Souza et al. (2004), também foi observado
tamento textual serem mais baixos do que os de que os participantes tiveram seu repertório de
leitura receptiva, a diferença dos resultados de leitura substancialmente aumentado em relação
nomeação em relação aos participantes-controle ao dos participantes que aguardavam para serem
é mais acentuada. Embora o desempenho reque- expostos ao procedimento.
rido em tentativas de pareamento seja desenvol- De Rose et al. (1996) mostraram resulta-
vido, em geral, mais cedo, as duas medidas estão dos de nomeação de palavras de treino altos e
relacionadas (Rocha & Hanna, 1996b; sistemáticos para todos os participantes em um
Albuquerque et al., 1998). O desempenho no teste conduzido após o treino de 19 palavras.
no teste de recombinação das relações entre pa- Para as palavras de recombinação, os escores
lavras ditadas e impressas pode servir como foram mais baixos e variados, como também
preditor do desempenho no teste de nomeação encontrado nos estudos de Hübner-D’Oliveira,
(Souza et al., 2004). (1990), Matos, Hübner & Peres (1999) e
Outro indício de desenvolvimento de lei- Quinteiro (2003). No procedimento do estu-
tura recombinativa deriva do desempenho nas do de de Rose et al. (1996) foi adicionado um
tentativas de sondas de nomeação realizadas no treino de cópia das palavras que parece ter faci-
início do Treino AC/CD, pois as palavras apre- litado o controle elementar. Levando-se em con-
sentadas eram, naquele momento, novas. Com sideração as diferenças de procedimentos cita-
o aumento da quantidade de palavras ensina- das anteriormente, o presente estudo obteve
das, algumas crianças passaram a nomear cor- escores semelhantes em nomeação de palavras
retamente as palavras a serem treinadas e que de treino e de recombinação, com uma quanti-
eram formadas pelas mesmas sílabas. Müeller dade menor de treino e de palavras treinadas e
et al. (2000) e de Rose et al. (1996) descreve- com um procedimento mais simples.

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LEITURA E REPERTÓRIO RECOMBINATIVO

Os escores alcançados nos pós-testes de lavras ensinadas, como para o desenvolvimento


nomeação de letras pelos participantes-controle de leitura recombinativa.
parecem ser produto do aprendizado desen- As diferenças identificadas no repertório
volvido em sala de aula, com o método fonéti- inicial de nomeação de letras das crianças que
co, já que no estudo não houve treino de no- participaram dos grupos experimentais (com
meação das letras. Contudo, observa-se que os variação entre 25% e 89% de acertos) têm re-
participantes-controle não haviam desenvol- lação com as diferenças encontradas nos resul-
vido completamente o controle pelas sílabas tados do procedimento. Essas diferenças suge-
ao término da Fase 1 (exceto Lúcio) e apre- rem a importância da familiaridade com os es-
sentaram escores menores que 25% de acertos tímulos, e/ou suas partes, para a aquisição de
na leitura de palavras. Supõe-se, então, que o discriminações com estímulos compostos. Res-
controle silábico alcançado pelas crianças ex- salta-se mais uma vez que apenas o treino dire-
postas ao treino de palavras durante essa fase to de sílabas ou letras pode não garantir a lei-
pode ter sido desenvolvido, parcialmente, pelo tura de palavras, mas facilita a aquisição de lei-
treino das unidades maiores. Esta suposição é tura recombinativa, possivelmente porque esse
confirmada pelos índices alcançados na leitu- é um repertório que torna mais fácil a identifi-
ra de palavras de recombinação, que depen- cação da palavra como um estímulo composto,
dem de controle elementar. formado por elementos que podem ser
Analisando os dados dos participantes recombinados.
durante a Fase 1 (Figura 4), parece haver uma Nos testes finais, considera-se que, até
relação entre o desenvolvimento de controle mesmo para as palavras de treino, era necessá-
pelas letras e sílabas e a leitura de palavras. As rio um controle elementar, visto que a distân-
crianças que demonstraram maior aquisição de cia temporal entre o treino das palavras e esse
controle pelas sílabas também alcançaram mai- teste foi longa, principalmente para as palavras
ores índices de leitura de palavras. Apesar das dos primeiros ciclos. Como não foi utilizada
medidas serem relacionadas, observa-se que o uma linha de base cumulativa e as palavras eram
controle pelas sílabas não foi suficiente para semelhantes (formadas pelas mesmas sílabas),
desenvolver leitura generalizada de palavras, o supõe-se que o controle textual pela palavra
que pode ser interpretado como uma limitação inteira pode ter se perdido ao longo dos trei-
do método de ensino empregado nas escolas. A nos. O fato das palavras de treino serem forma-
leitura de palavras envolve processos de das por recombinação das sílabas e, para as pa-
recombinação e síntese de unidades, juntamen- lavras de recombinação, serem recombinadas/
te com a emergência de relações de equivalên- os as/os letras/fonemas pode ter contribuído
cia com figuras, ações ou outro elemento, que para a diferença de desempenho apresentada
seja referente para os símbolos textuais e audi- por alguns participantes entre a nomeação des-
tivos. Esses processos parecem não ser garanti- ses dois tipos de palavras. As/os letras/fonemas
dos apenas pelo treino direto de nomeação de são unidades ainda menores do que as sílabas e
letras e sílabas. Nesse sentido, o treino combi- seu controle tende a se desenvolver depois do
nado de palavras e sílabas mostrou-se eficaz tan- controle silábico (Müeller et al., 2000). Se fos-
to para facilitar a aquisição de relações com pa- se implementada no programa a manutenção

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SEREJO ET AL.

das palavras previamente ensinadas como linha mais vezes na fase em que foi realizado o trei-
de base, acredita-se que os escores de nomea- no adicional com sílabas.
ção de palavras de treino seriam maiores para Quando comparados os resultados de
as crianças que não conseguiram desenvolver cada criança na fase em que foi realizado o trei-
controle elementar. no só com palavras com os do treino com pa-
lavras e sílabas (Figuras 4 e 5), observaram-se
Efeito da quantidade de treino e de palavras maiores escores de nomeação de palavras após
treinadas o treino combinado para cinco dos seis parti-
Os desempenhos crescentes nos testes de cipantes no pós-teste de palavras de treino
recombinação das relações entre palavras dita- (Bruna, Jose, Amanda, Edson e Carlos) e para
das e impressas e, principalmente, de nomea- três dos seis participantes no pós-teste de pa-
ção sugerem efeito da quantidade de treino so- lavras de recombinação (Bruna, José e
bre o desenvolvimento de leitura recombinativa, Amanda). Nos testes parciais de recombinação
e replica resultados de outros estudos (e.g., (Figura 3), as crianças que iniciaram o estudo
Albuquerque et al., 1998; de Rose et al., 1996; pelo treino com apenas palavras demonstra-
Hanna et al., 2008; Quinteiro, 2003). A com- ram desempenho superior na Fase 2, ou seja,
binação das palavras utilizadas favorecia o con- após os treinos com sílabas e palavras. Já as
trole elementar, principalmente a partir do Ci- crianças que iniciaram pelo treino combinado
clo 4. A quantidade de treino parece ter sido obtiveram resultados mais semelhantes em
suficiente para a maioria das crianças desenvol- ambas as fases, mas ainda assim, todas apre-
verem leitura recombinativa. Algumas crianças, sentaram porcentagens mais altas no último
como Grazi e Amanda, precisariam de mais trei- ciclo da Fase 2, o que confirma o efeito cumu-
no para desenvolver a modalidade de nomea- lativo do ensino. Considera-se, portanto, que
ção, apresentando recombinação apenas em tes- tanto o treino de sílabas, quanto a história de
tes MTS e/ou nas palavras permanentes de aprendizagem com o procedimento, influen-
recombinação. ciem na emergência de leitura recombinativa.
Desta forma, as crianças expostas inicialmen-
Efeito do Treino de Sílabas te apenas ao treino de palavras mostraram na
Nesse estudo, o efeito do ensino de re- Fase 2 os efeitos somados de cada uma dessas
lações entre sílabas ditadas e impressas foi ava- variáveis, fazendo com que a diferença entre
liado ao adicionar o treino dessa relação em os resultados das Fases 1 e 2 fosse mais salien-
uma das fases do experimento. Vale ressaltar te do que para os participantes que tiveram o
que a leitura das palavras utilizadas nos tes- treino de sílabas na primeira fase.
tes requeria a mudança de controle textual
das palavras ou sílabas para as letras. Um re- Conclusão
sultado que evidencia o efeito do treino de O presente estudo atingiu seu objetivo de
sílabas é o acerto em tentativas de sonda de contribuir para o desenvolvimento de uma
nomeação realizadas antes do Treino AC/CD, metodologia eficaz para o ensino de leitura com
com as palavras a serem treinadas. Em geral, compreensão e a emergência de repertório
os participantes demonstraram recombinação recombinativo. O programa desenvolvido, mes-

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LEITURA E REPERTÓRIO RECOMBINATIVO

mo tendo passos pré-programados para fins de e de sua relação com cada participante são di-
pesquisa, permite adaptações para que contem- minuídas. O uso de procedimentos
ple as necessidades individuais de cada apren- computadorizados para o ensino de habilida-
diz (de Souza et al., 2004). des básicas de leitura é eficaz e pode aumentar
O comportamento de ler, por toda a sua o tempo de interação do professor em ativida-
complexidade, envolve uma complexa interação des de leitura mais dependentes de compreen-
entre suas variáveis causais. Desta forma, nenhum são (Müeller et al., 2000).
método de ensino isoladamente é completamente Procedimentos de ensino baseados em equi-
eficaz ou ineficaz (Adams, 1994). Os achados valência de estímulos podem ser adaptados para
deste trabalho contribuem para a determinação auxiliar professores no trato em relação aos pro-
de algumas variáveis que influenciam a aquisi- blemas de aprendizagem. Da mesma forma,
ção de leitura, como a quantidade de treino e o pode-se desenvolver procedimentos semelhan-
treino direto de unidades mínimas. tes que possam ser implementados em grupo,
O estudo também evidencia, como ou- como o realizado por Machado (2005), e tam-
tros que o precederam, a importância de que bém que utilizem estímulos mais complexos
métodos de ensino que considerem a leitura como frases e textos no ensino de leitura, como
como uma rede de repertórios interligados e os que vêm sendo desenvolvidos por Medeiros e
incluam uma diversificação das atividades de colaboradores com frases formadas pelos
treino e teste de leitura sejam estendidos para a binômios número e palavra (Medeiros, Santos,
sala de aula. Tais metodologias podem ser ba- Stefani, & Martins, 2007; Medeiros, Vettorazi,
seadas no paradigma de equivalência de estí- Kliemann, Kurban, & Mateus, 2007).
mulos, que mostra dados consistentes na eficá-
cia de procedimentos de discriminações entre REFERÊNCIAS
estímulos compostos (de Rose et al., 1996). A
avaliação de programas de ensino de leitura com Adams, M.J. (1994). Beginning to read: Thinking and
a participação de alunos que estão inseridos no learning about print. Cambridge, M.A.: MIT Press.
ensino regular e apresentam algum tipo de di- Albuquerque, A.R. (2001). Controle comportamental por
ficuldade de aprendizagem contribui não só símbolos compostos: Manipulação da similaridade en-
para que estas crianças aprendam, mas, sobre- tre estímulos discriminativos e do número de
tudo, para demonstrar que elas são capazes de recombinações treinadas. Tese de doutorado. Uni-
aprender (de Souza et al., 2004). O programa versidade de Brasília, Brasília, DF.
desenvolvido, apesar de ter objetivos de con- Albuquerque, A. R., & Hanna, E. S. (2001). Efeito do
trole de variáveis e manipulações características grau de similaridade entre palavras compostas por
de pesquisa básica, demonstra um alcance bas- um pseudo-alfabeto em desempenhos treinados e
tante satisfatório em contextos aplicados. generalizados de leitura. Resumos de Comunicações
O presente trabalho replica os dados da Científicas. XXXI Reunião Anual de Psicologia da
maioria dos estudos da área, mostrando a sua Sociedade Brasileira de Psicologia. Rio de Janeiro-
consistência enquanto método. O uso do com- RJ, p. 30.
putador auxilia na consistência da pesquisa, uma Albuquerque, R. A., Hanna, E. S., & Ribeiro, M. R.
vez que variações advindas do experimentador (1998, Maio). Changes in training stimulus

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composition and control by elements of compound Santo André: ESETec.


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Dissertação de Mestrado não publicada. Universi- Submetido em 27 de agosto de 2007
dade de Brasília, Brasília, DF. Aceito em 6 de outubro de 2008

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CHAMADA

Convidamos os autores a submeterem manuscritos especialmente nos formatos de:

• Relato breve de pesquisa empírica de até 12 páginas (4 no formato da revista


impressa) com tramitação e publicação mais rápidas;

• Relato de memórias que se configure como contribuição para a preservação da


história da análise do comportamento no Brasil e no exterior. Nesta categoria são aceitos
relatos do desenvolvimento de áreas de pesquisa ou intervenção e da trajetória acadêmica
de líder de pesquisa com contribuição significativa para análise do comportamento;

• Tradução de artigo clássico empírico ou teórico publicado há pelo menos cinco


anos e citado extensivamente e regularmente até o ano corrente.

Informações aos autores estão disponíveis nas páginas finais do Número 1 do


Volume 3 da ReBAC ou no endereço eletrônico www.rebac.unb.br.

Correspondência relativa à submissão de manuscritos deve ser enviada para o


editor no endereço eletrônico rebac.bjba@gmail.com.

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