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Balanço Hídrico, Iônico e

Osmótico.
Os diferentes líquidos corporais

Existe um dinamismo das trocas de água nos animais. A obtenção e perda de água são controlados
para a manutenção da homeostasia. Os líquidos podem ser;

I. Intracelular.
LÍQUIDOS DOS
II. Extracelular: São divididos em líquidos intersticiais e
COMPARTIMENTOS DO CORPO
em plasma sanguíneo.

Os líquidos corporais são uma solução aquosa dissolvida em vários íons inorgânicos e
compostos orgânicos.

A importância dos líquidos corporais

 Sua abundância; fazem parte de mais da metade do peso corporal da maioria dos animais.
 Manutenção das reações químicas;
 Os sais são importantes na alteração da conformação estrutural das proteínas e enzimas –
aplicam efeitos imediatos ou indiretos;
 A água auxilia na concentração de íons. Ela afeta o volume das células e tecidos;
 Os movimentos osmóticos de água afetam a pressão hidrostática;
 As concentrações de íons são importantes na manutenção do gradiente elétrico;

Existe um ajuste fino da composição dos líquidos corporais.

A relação entre os líquidos corporais

Os líquidos corporais interagem e afetam uns aos outros. A pressão osmótica do plasma sanguíneo
é, quase sempre semelhante à de outros líquidos corporais - intersticial e intracelular – quase
sempre são isosmóticos. No entanto, a composição iônica do líquido intracelular é diferente dos
outros dois líquidos. Existe uma tendência natural de regular o líquido extracelular em relação ao
meio externo.

Os tipos de regulação
A água, os íons e a osmolaridade possuem diferentes regulações, mas elas são
interdependentes. A regulação osmótica é a manutenção de uma pressão osmótica constante ou
quase constante nos tecidos. A regulação iônica é a manutenção da concentração constante ou
aproximadamente constante de íons nos líquidos corporais, no entanto, cada íon está sujeito a um
controle fisiológico específico. Por último, a regulação do volume é a manutenção da quantidade
total de água no líquido corporal, por exemplo, seres humanos mantêm aproximadamente uma
quantia constante de água no plasma, independentemente de quanta água é ingerida por dia. A
regulação do volume também se aplica aos líquidos intracelulares e intersticiais.

EXEMPLO: Peixe de água doce que captou uma quantidade de água do ambiente diluído por
osmose. Esse influxo tenderá a ter três efeitos simultâneos:
I. Baixar a pressão osmótica do plasma do peixe (regulação osmótica);
II. Diluir íons no plasma do peixe (regulação iônica) e,
III. Aumentar a quantidade de plasma e de outros líquidos corporais (regulação do volume).
Ou seja, os efeitos são simultâneos, mas diferentes.

Regulação do volume celular

As células do corpo possuem volumes particulares. No geral, as membranas celulares são


permeáveis à água e mantêm os líquidos intracelulares isosmóticos aos líquidos
extracelulares. Portanto, qualquer mudança na pressão osmótica do LEC pode afetar a manutenção
do volume celular constante. Ou seja;

 Se a pressão osmótica extracelular aumenta a célula tende a perder água e murchar;


 Se a pressão osmótica
extracelular diminui a célula tende a captar
água por osmose e inchar.

Para as células regularem seu volume, elas


devem alterar seu conteúdo de solutos
osmoticamente ativos dissolvidos.

Para isso, duas alterações podem ser


realizadas.

 Se o líquido extracelular de um
animal é diluído sua célula reduz o
número de solutos osmóticos e efetivamente dissolvidos para manter seu volume
original.
 Se o líquido extracelular se torna mais concentrado a célula aumenta o número de solutos
osmóticos e efetivamente dissolvidos para manter seu volume original.

Os solutos selecionados para a troca variam de concentração dependendo da espécie e dos tecidos.
Por exemplo; mamíferos utilizam o potássio como regulador do volume celular, alguns invertebrados,
no entanto, utilizam solutos orgânicos.

Osmólitos

 Qualquer soluto que exerce um efeito suficientemente grande na pressão osmótica dos líquidos
corporais é um osmólito.
 O efetor osmótico é um osmólito que células aumentam ou diminuem em quantidade para
atingir a regulação osmótica ou do volume celular.
 O sal é um osmólito, mas nem todo osmólito é um sal.

Ambientes naturais aquáticos e terrestres

A salinidade é definida pelo número de gramas de matéria inorgânica dissolvida por quilograma de
água. A água doce e água salgada possuem diferentes características.

 A água oceânica possui uma salinidade de 34 a 36g/kg. A água doce possui a salinidade menor
que 0,5g/kg.
 Em relação a pressão osmótica, na água oceânica ela é de 1.000mOsm e na água doce essa
pressão é muito mais baixa e varia entre 0,5 – 15mOsm.
 Na água doce, os íons estão diluídos, mas possuem uma variação em sua concentração quando
mudam de um corpo de água para outro. Na água oceânica essa concentração de íons é
praticamente a mesma.

No ar, não existe sal e apenas água em estado gasoso. Alguns fenômenos e conceitos estão
envolvidos nesses ambientes e na sua relação com líquidos;

I. Vapor de água: é a água em estado gasoso, um gás como qualquer outro.


II. Pressão de vapor de água: É a pressão parcial da água – em uma atmosfera ela é apenas a
porção da pressão atmosférica total exercida pelo vapor de água presente;
III. Umidade: refere-se ao conteúdo de água no ar.

O vapor de água difunde=se de regiões de alta pressão de vapor de água para regiões de baixa
pressão de vapor de água.
Composição da urina/composição do plasma (razão U/P)

Vários órgãos são especializados para regularizar e reverter mudanças na composição sanguínea
para características estáveis frente aos desafios ambientais encontrados.

A razão osmótica U/P é a pressão osmótica da urina dividida pela pressão osmótica do sangue. Ela
reflete a osmotocidade relativa da urina. Se;

 U/P = 1 a urina é isosmótica em relação ao plasma;


 UP < 1 a urina é hiperosmótica em relação ao plasma;
 U/P > 1 a urina é hiperosmótica em relação ao plasma.

EXEMPLO: Um peixe de água doce possui pressão osmótica maior que da água doce, ou seja, o
plasma é hiperosmótico em relação à água doce. A urina hiposmótica em relação ao plasma
elimina preferencialmente a água, isto é; a urina é rica em água e pobre em solutos quando
comparada ao plasma sanguíneo.

Por isso, conseguimos confeccionar um quadro com alguns princípios gerais da função renal.

Envolvimento na excreção (os efeitos)


Na composição do
RAZÃO U/P Na excreção de água Na excreção de solutos plasma sanguíneo

U/P = 1 A excreção de água ocorre A excreção de solutos Não altera a pressão


na mesma relação para ocorre na mesma relação osmótica do plasma.
(urina isosmótica)
solutos para a água.
A água é preferencialmente Os solutos são
excretada. A urina contém preferencialmente retidos. A pressão osmótica do
U/P < 1
mais água que solutos no A urina contém menos plasma é aumentada.
(urina hiposmótica)
plasma. solutos do que água no
plasma.
A água é preferencialmente Os solutos são
retida. A urina contém preferencialmente A pressão osmótica do
U/P > 1
menos água que solutos excretados. A urina plasma é diminuída.
(urina hiperosmótica)
no plasma contém mais solutos que
água no plasma.

A regulação iônica é diferente da regulação osmótica. Os rins podem participar, por exemplo, da
regulação de volume e simultaneamente não ajudar na regulação osmótica, ou podem regular
iônicamente independentemente da regulação osmótica. Além disso, em resumo, os efeitos da
função renal são analisados pela razão U/P.
Diferentes classificações animais

Existem diferentes classificações de animais referente a suas capacidades e regular seus íons e
pressão osmótica, por exemplo. São elas;

 Osmoconformador: O líquido extracelular possui uma pressão osmótica igual ao meio ambiente.
Se o meio se altera, a pressão osmótica do LEC também.
 Osmorregulador: Sua pressão osmótica mantém-se a – dentro de um limite –
independentemente das alterações no ambiente externo.

 Eurialino: São animais que toleram e resistem grandes alterações do meio externo, por
exemplo; crustáceos que alteram a grande faixa de variação da salinidade.
 Estenoalinos: São animais que toleram e resistem poucas alterações do meio.
 Ionoconformador: Ele permite que a concentração do soluto ou íon no líquido extracelular se
mantenha igual à do ambiente ou muito semelhante ao ambiente externo.
 Ionorregulador: Controlam os níveis da
maioria dos íons no líquido extracelular – dentro de
um limite – independentemente das alterações
externas.

Obs.: O líquido intracelular não pode ser previsto a


partir de outros líquidos corporais, ele está sujeito ao
seu próprio processo de regulação iônica. Portanto, as classificações e ajustes se referem ao líquido
extracelular.

Obs.: Animais como o caranguejo-verde podem exibir respostas mistas ou intermediárias entre
regulação e conformação.

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