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ENSINO
MÉDIO
CLASSES DE PALAVRAS
1 Substantivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
O que nomeia os seres? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5
Classificação dos substantivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6
Flexões do substantivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
Substantivo e polissemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
Os substantivos na construção dos textos. . . . . . . . . . .15
2 Adjetivo /Artigo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
O que qualifica os seres?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 GRAMÁTICA
Locução adjetiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
Flexões do adjetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
O adjetivo e a construção de sentido . . . . . . . . . . . . . .32
O precedente do substantivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
Revisão Obrigatória | 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Revisão Obrigatória | 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2137764 (PR)
Classes de palavras
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1 Substantivo
Objetivos: Ainda muito pequenos, nós, humanos, começamos a aprender que somos capazes de emitir
sons significativos que estabelecem a nossa conexão com o Universo. Ainda hoje, o contato manti-
c Conhecer a definição do com tudo o que se localiza próximo ou distante de nós se estabelece por meio de palavras que
de substantivo.
nomeiam uma realidade, concreta ou imaginável: os nossos sentimentos, as nossas ações, os seres
c Conhecer a animados e os inanimados. Ao iniciarmos os nossos estudos de morfologia e analisando os mais
classificação semântica diferentes aspectos da língua portuguesa, aprendemos que essas palavras são classificadas, grama-
e morfológica dos ticalmente, como substantivos. É claro que eles, sozinhos, não são capazes de dizer, com clareza,
substantivos. tudo o que queremos ou precisamos expressar. Em contrapartida, ninguém pode negar que eles
são a forma mais direta de mostrarmos ao outro, com palavras, o mundo que vemos e com o qual
c Conhecer as categorias
nos relacionamos.
Na página de dicionário apresentada, quais dos hieróglifos listados serviam para nomear objetos
concretos? Localize-os por sua posição na página, numerando linhas e colunas.
Nomeiam objetos os seguintes hieróglifos: 1, 2 e 5 da primeira coluna e 1 e 3 da segunda coluna.
4 Classes de palavras
Como você leu na abertura deste capítulo, os substantivos são as palavras que usamos para
nomear aquilo que nos rodeia. Os seres, os objetos, os sentimentos, são nomeados por meio de
substantivos. São, ainda, palavras que aparecem muitas vezes precedidas de artigos. Praticamente
todas as palavras da nossa língua, de todas as classes gramaticais, podem ser transformadas em
substantivos, desde que empreguemos artigos antes delas.
Classes de palavras 5
Observe que as palavras “enxame” e “matilha” nomeiam um conjunto de seres de uma mesma espécie: enxame,
conjuto de abelhas; matilha, conjunto de cachorros. Esse tipo de substantivo se chama coletivo.
Folha de S.Paulo, 30 mar. 1992. Ilustrada.
6 Classes de palavras
Substitui-se “-ão” por “-oa” ermitão – ermitoa; leitão – leitoa; Há, ainda, outros processos de
leão – leoa formação do feminino: barão
– baronesa; ladrão – ladra; per-
Substitui-se “-ão” por “-ã” aldeão – aldeã; anão – anã; digão – perdiz; sultão – sultana.
anfitrião – anfitriã São dignos de nota os femininos
Substitui-se “-ão” por “-ona” comilão – comilona; figurão – figurona; solteirão –
dos seguintes substantivos: côn-
sul – consulesa; czar – czarina;
solteirona
conde – condessa; frade – freira;
1 maestro – maestrina; oficial –
Há substantivos que apresentam formas distintas para indicar seres do sexo masculino e do oficiala; profeta – profetisa; rei
sexo feminino. Eles são chamados de biformes. – rainha; réu – ré.
Exemplos: homem/mulher; bode/cabra; cão/cadela; carneiro/ovelha; cavalo/égua; frei/
sóror; genro/nora; marido/mulher; pai/mãe; zangão/abelha; cavaleiro/amazona; cavalheiro/
dama. GRAMÁTICA
Há, ainda, substantivos que têm uma só forma para os dois gêneros. São os substantivos uni-
formes. Podem ser: comuns de dois, sobrecomuns e epicenos. 3
Classes de palavras 7
deães
alazão: alazães/ alazões
vulcão: vulcães/ vulcãos/ vulcões
No caso dos substantivos epicenos, a determinação do masculino e do feminino se dá pela
adição das palavras “macho” e “fêmea” posteriormente ao nome do animal. Assim, temos jacaré
macho e jacaré fêmea, caso seja necessário diferenciar.
OBSERVAÇÃO Flexão de número
1 “Corrimão” é palavra composta e Número é a denominação atribuída a uma categoria gramatical na língua portuguesa. Quando
deveria ocorrer apenas o plural se fala em flexão de número, as duas formas possíveis são apenas singular e plural.
“corrimãos”, mas existe, também,
O substantivo singular nomeia um só ser ou um conjunto de seres.
a formação plural “corrimões”.
Exemplos: o homem, o povo, a fase, a tempestade.
2 Os substantivos “cônsul” e “mal” O plural nomeia dois ou mais seres, ou dois ou mais conjuntos de seres.
não seguem a regra. Observe: côn- Exemplos: os homens, os povos, as fases, as tempestades, as matilhas.
sul – cônsules; mal – males. Aval, A seguir, veremos a formação do plural dos substantivos comuns.
mel e fel fazem avales ou avais,
meles ou méis, feles ou féis. Acréscimo de -s
Em geral, o que marca o plural dos substantivos é a presença da desinência -s no seu final. Isso
3 Os substantivos “réptil” e “projétil”, acontece quando temos substantivos terminados por:
pronunciados como palavras paro-
a) vogal ou ditongo oral. Exemplos: livro – livros; lei – leis.
xítonas, fazem “répteis” e “projé-
teis”; pronunciados como palavras b) vogal nasal tônica ou átona. Exemplos: ímã – ímãs; irmã – irmãs.
oxítonas, “reptil” e “projetil”, fazem c) ditongos nasais -ãe (tônicos ou átonos) e -ão. Exemplos: mãe – mães; bênção – bênçãos.
“reptis” e “projetis”.
Acréscimo de -es
Ocorre quando o substantivo singular termina por -s (em sílaba tônica), -z (em sílaba tônica) e -r.
Exemplos: freguês – fregueses; luz – luzes; repórter – repórteres.
Substantivos terminados em -ão
a) Geralmente a terminação -ão transforma-se em -ões. Exemplos: balão – balões; canção –
canções; fração – frações; questão – questões. Esse grupo inclui, também, todos os aumen-
tativos. Exemplos: bobalhão – bobalhões; dramalhão – dramalhões; narigão – narigões;
vozeirão – vozeirões; gatão – gatões; sorvetão – sorvetões.
b) Poucas palavras alteram a terminação -ão para -ães. Exemplos: alemão – alemães; cão –
cães; escrivão – escrivães; pão – pães.
c) Poucas palavras oxítonas e todas as paroxítonas terminadas em -ão fazem o plu-
ral apenas acrescentando-se um -s à forma singular. Exemplos: cidadão – cidadãos;
cristão – cristãos; irmão – irmãos; órgão – órgãos; sótão – sótãos. 1 1
Substantivos terminados em -l
Os substantivos terminados em -al, -el, -ol, -ul fazem o plural com o acréscimo de -is, supri-
mindo-se o -l. Exemplos: carnaval – carnavais; papel – papéis; lençol – lençóis. 2
Substantivos terminados em -il
a) Se o -il está em sílaba átona, ocorre a passagem do i para e, suprimindo-se o -l e acrescen-
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c) Nos compostos de três ou mais elementos, não sendo o segundo elemento uma preposição,
e nos compostos em que se repete a palavra, somente o último elemento varia.
Exemplos:
bem-te-vi bem-te-vis reco-reco reco-recos
e) Nos compostos de dois temas verbais de sentidos opostos, nenhum elemento varia.
Exemplo:
o vai-volta os vai-volta o leva e traz os leva e traz
Flexão de grau
A flexão em grau exprime o aumento ou a diminuição da grandeza do ser em relação ao tama-
nho considerado normal. Há, portanto, dois graus: o aumentativo e o diminutivo, que podem se
apresentar de modo sintético ou analítico. 1
Sintético:
Certos sufixos aumentativos ou diminutivos são acrescentados ao radical do substantivo.
Exemplos:
bolh- + inha = bolhinha (diminutivo sintético)
colher + aça = colheraça (aumentativo sintético)
Analítico:
As palavras “grande”e “pequeno” (ou outras de sentido equivalente) acompanham o substantivo.
Exemplos:
chapéu pequeno, boca enorme, estátua grande, navio imenso, caixa minúscula, dedo mínimo.
10 Classes de palavras
-ão paredão
-alhão grandalhão
-aça mulheraça
-aço ricaço
-ázio copázio
-uça dentuça
-anzil corpanzil
-aréu fogaréu
-arra bocarra
GRAMÁTICA
No anúncio, a palavra “emprego” aparece no grau aumentativo. Nesse caso, a ideia é que, caso o
leitor do jornal seja qualificado e tenha acesso às oportunidades de trabalho (por meio do próprio
jornal), ele não só conseguirá um emprego, mas um bom emprego, com vantagens.
Agora, observe mais um anúncio:
Classes de palavras 11
1 (UFES, adaptada) Assinale o item em que a palavra se flexiona que dizia enquanto era gravado, ficou claro que o dinhei-
em número como “hotel-fazenda”. ro lhe fora entregue em troca da concessão de diversos
a) navio-escola aumentos no preço das passagens municipais de ônibus.
b) amor-perfeito Contra todas as expectativas, o homem teve de voltar ao
c) sexta-feira presídio.
d) guarda-chuva GUZZO, J. R. Agravo × embargo.
e) guarda-florestal Veja, 25 jun. 2008.
Substantivo e homonímia
Há situações, porém, nas quais o que ocorre não é polissemia, ou seja, não é o caso de uma
palavra ter assumido uma de suas várias significações ou de apresentar uma simples mudança
de gênero, mas, sim, homonímia, ou seja, a possibilidade de uma palavra, na língua, assumir a
mesma forma de outra, mas cada uma delas ter etimologia e sentido diferentes. Isso ocorre, por
exemplo, com “o lente” (do latim legens, legentis,“aquele que lê”), que significa “professor”, e “a
lente” (do latim lens, lentis, “lentilha”), que tem o sentido de “disco de vidro”, instrumento óptico.
Outro caso de homonímia de uso muito frequente acontece com a palavra “grama”: no gênero
feminino (a grama), o termo vem do latim (gramina, gramma), significando “erva, relva”; no gêne-
ro masculino (o grama), o termo é oriundo do grego (gramma, grammatos), usado como unidade
de massa.
Substantivos notáveis
Feminino: fruta Feminino: sede do poder executivo de
Masculino: paspalho, moleirão país ou de região administrativa
Banana Capital Masculino: patrimônio, bens
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D13/SHUTTERSTOCK
a vários níveis de abstração, fazendo-o também pensar, entrar no mundo das ideias.
Os contos de fadas e os provérbios populares são ótimos exemplos de como a figurativização
é imprescindível para crianças e adultos cuja capacidade de abstração seja limitada. As figuras fa-
zem com que eles apreendam mais rapidamente o significado das coisas. Um provérbio como “Sua
alma, sua palma” seria muito difícil de ser compreendido, caso fosse tematizado.
Em contrapartida, a maioria das provas de vestibulares e de concursos exige a leitura e o de-
senvolvimento de textos temáticos, porque querem avaliar a capacidade que o candidato tem de
identificar o tema, explicá-lo, ordenar as ideias, estabelecer relações e argumentar de forma clara, GRAMÁTICA
coerente e consistente.
Classes de palavras 15
16 Classes de palavras
Leia uma parte do texto introdutório de um livro que, como uma espécie de dicionário temático, reúne algumas das palavras extraordinárias e mar-
cantes presentes na obra do escritor João Guimarães Rosa. Nessa introdução, a autora explica por que decidiu escrever um livro sobre o léxico do autor.
Em seguida, leia alguns dos verbetes apresentados no miolo dessa obra.
1 Você sabe o que significa “léxico”? Escreva o significado da palavra. Caso seja necessário, pesquise-o.
2 Explique, de maneira objetiva, como a autora de O léxico de Guimarães Rosa organizou os verbetes em seu livro.
3 Explique, brevemente, qual é a brincadeira que Guimarães Rosa constrói ao criar o substantivo “orangovalsa”.
4 A palavra “ababelo” associa-se a “babel”, como explica a autora. Explique essa associação. Pesquise, se for necessário.
5 Inspirando-se nas palavras que você conheceu, crie alguns substantivos e dê seu respectivo significado.
ALPHASPIRIT/SHUTTERSTOCK
GRAMÁTICA
Classes de palavras 17
9 Assinale a alternativa em que a mudança de gênero do substan- b) o meio ambiente é representado, na imagem, pela forma
tivo não levaria à mudança de sentido. de uma pegada, denotativamente entendida como a marca
a) o grama do pé de um ser humano sobre a areia de uma praia e, por
9. Em b, trata-se de um substantivo comum de dois
b) o estudante gêneros. A mudança de gênero seria usada para referir-
extensão, conotativamente, como a marca que os seres hu-
c) o bandeirinha -se a uma estudante do sexo feminino, mas não haveria manos deixam em ambientes marinhos quando o poluem.
d) o capital mudança no significado da palavra. c) o substantivo “pegada”, denotativamente, é entendido como
Alternativa b
e) o cabeça a marca do pé de determinado ser vivo sobre o chão que pisa
e, por extensão, conotativamente, associa-se aos “rastros”
10 +Enem [H21] Leia o texto com atenção.
que o ser humano deixa no meio ambiente por causa de
Pegada Ecológica? O que é isso? seus padrões de consumo.
d) o meio ambiente é representado, na imagem, pela forma
WWF BRASIL
REPRODUÇÃO
agricultura, pastagens, florestas, pesca, área construída e
energia e absorção de dióxido de carbono (CO2).
Disponível em www.wwf.org.br (acesso em 30 nov. 2016)
O texto citado está organizado em duas instâncias complemen-
tares: a imagem, em que se vê representada uma pegada, e a
seção verbal, em que se lê a explicação para a campanha da
WWF. Ambas as instâncias estão ligadas pelo adjetivo “ecológi-
ca”. Sobre o conjunto observa-se que:
a) o substantivo “pegada” pode ser compreendido denotativa-
mente como a marca do pé de determinado ser vivo sobre
o chão que pisa e, por extensão, conotativamente, como as
marcas que os seres humanos deixam no mundo quando Leia as assertivas a seguir.
devastam o meio ambiente. I. Os recursos gráficos, tais como a disposição dos nomes dos
18 Classes de palavras
texto, pode caracterizar o horror máximo de um crime que ou como verbo, modificando o sentido da notícia.
é cometido contra a humanidade.
III. Extorsão e extermínio são palavras que podem ser subs-
tituídas no texto, sem prejuízo de sentido, pelas palavras
“violência” ou “ameaça”. 11. O problema em III é que os ter-
Assinale a alternativa correta. mos propostos para a substituição
a) Apenas I está correta. levariam à alteração significativa
de sentido; “extorsão” relaciona-se COMPLEMENTARES
PARA PRATICAR
b) Apenas II está correta. mais à ameaça e “extermínio” à
c) Apenas I e II estão corretas. destruição. Alternativa c
Texto para as questões 14 e 15.
d) Apenas I e III estão corretas.
e) Apenas II e III estão corretas. A raposa e as uvas
Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira car-
12 (Fuvest-SP, adaptada) Leia o poema e responda.
regadinha de lindos cachos maduros, coisa de fazer vir
Porquinho-da-índia água à boca. Mas tão altos que nem pulando.
Quando eu tinha seis anos O matreiro bicho torceu o focinho.
Ganhei um porquinho-da-índia. — Estão verdes — murmurou. — Uvas verdes, só para
Que dor de coração me dava cachorro.
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão! E foi-se.
Levava ele pra sala Nisto deu o vento e uma folha caiu.
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos A raposa ouvindo o barulhinho voltou depressa e pôs-se
Ele não gostava: a farejar…
Queria era estar debaixo do fogão. Moral: Quem desdenha quer comprar.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas… Monteiro Lobato
O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira na-
14 (UFPR, adaptada) O texto transcrito é uma fábula — uma nar-
morada.
rativa de fundo didático, em que os animais simbolizam um as-
Manuel Bandeira
pecto ou qualidade do ser humano. Narre uma história da vida
Como os substantivos “bichinho” e “ternurinhas” contribuem
moderna que seja a transposição da fábula que você acabou de
para o sentido do poema?
ler. Para compor o seu texto, escolha substantivos que façam
Esses substantivos, que estão no diminutivo, denotam o afeto do eu lírico,
parte do campo semântico da tecnologia. Escreva, no máximo,
quando criança, pelo porquinho-da-índia. 10 linhas.
15 Reescreva os trechos seguintes, retirados da fábula, substituin-
do os substantivos em destaque por outros que mantenham
o sentido da passagem. Se necessário, faça ajustes nas demais
palavras.
a) “Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira carregadi-
nha de lindos cachos maduros […].”
13 (Fuvest-SP, adaptada) É correto afirmar que na frase ocorre am- b) “Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira carregadi-
biguidade? Justifique sua resposta. nha de lindos cachos maduros […].”
c) “O matreiro bicho torceu o focinho.”
16 (Fuvest-SP) Compare o provérbio “Por fora bela viola, por dentro GRAMÁTICA
pão bolorento” com a seguinte mensagem publicitária de um
empreendimento imobiliário:
Por fora as mais belas árvores. Por dentro a melhor planta.
Aponte o jogo de palavras que ocorre no texto publicitário, mas
não no provérbio.
Classes de palavras 19
1 (UFMT, adaptada) Leia atentamente o texto de Rico, cartunista O poema de Cruz e Sousa, poeta simbolista brasileiro, filho de es-
mineiro, publicado em 22 de março de 2006. cravos alforriados, faz parte de um conjunto de poemas chama-
dos de “humorísticos e irônicos”. O autor é considerado um dos
Pau que bate em chico bate em francisco!
precursores do Simbolismo no Brasil. Sobre o poema, assinale a
alternativa correta.
a) A opção por substantivos como “patife” e “pança” coopera
para o tom irônico e humorístico dos versos.
b) Apenas a palavra “piruetas” contribui para a construção do
humor, pois se trata da única imagem que, nos versos, pode
fazer rir: a de um inglês obeso que gira em piruetas.
c) O tema da morte (“finou-se”) dá ao poema um tom de
seriedade e, até, melancolia, o que torna incoerente sua
classificação como “humorístico” ou “irônico”.
d) Não há qualquer enredo que se possa notar no poema;
trata-se, simplesmente, de frases soltas que constroem um
todo propositadamente ininteligível.
Disponível em: http://ricostudio.blogspot.com (acesso em 16 jun. 2006)
e) A ausência de rimas e a despreocupação com a sonoridade
a) Explicite a crítica contida na charge. são elementos típicos do Modernismo, movimento de que
b) Por que os substantivos “chico” e “francisco”, tradicional- Cruz e Sousa também fez parte.
mente próprios, aparecem escritos com inicial minúscula?
4 (UFBA)
2 (Uncisal, adaptada) Considere o trecho a seguir para responder Fechava a fila das primeiras lavadeiras, o Albino, um sujeito
à questão. afeminado, fraco, cor de espargo cozido e com um cabelinho
castanho, deslavado e pobre, que lhe caía, numa só linha, até
— Vejo por aí, meu pai, que vosmecê condena toda e qual-
ao pescocinho mole e fino. Era lavadeiro e vivia sempre en-
quer aplicação de processos modernos.
tre as mulheres, com quem já estava tão familiarizado que
— Entendamo-nos. Condeno a aplicação, louvo a deno-
elas o tratavam como a uma pessoa do mesmo sexo; em pre-
minação. O mesmo direi de toda a recente terminologia
sença dele falavam de coisas que não exporiam em presença
científica; deves decorá-la.[…] como tens de ser medalhão
de outro homem; faziam-no até confidente dos seus amores
mais tarde, convém tomar as armas do teu tempo.
e das suas infidelidades, com uma franqueza que o não re-
No trecho, o complemento dos substantivos “aplicação” e “de-
voltava, nem comovia. Quando um casal brigava ou duas
nominação” é:
amigas se disputavam, era sempre Albino quem tratava de
a) de processos modernos.
reconciliá-los, exortando as mulheres à concórdia. Dantes
b) recente terminologia científica.
encarregava-se de cobrar o rol das colegas, por amabilidade;
c) medalhão.
mas uma vez, indo a uma república de estudantes, deram-
d) condenar e louvar.
-lhe lá, ninguém sabia por quê, uma dúzia de bolos, e o
e) as armas do teu tempo.
pobre-diabo jurou então, entre lágrimas e soluços, que nun-
3 +Enem [H18] Leia o poema de Cruz e Sousa. ca mais se incumbiria de receber os róis.
E daí em diante, com efeito, não arredava os pezinhos do
Piruetas
cortiço, a não ser nos dias de carnaval, em que ia, vestido de
Finou-se um tal inglês
dançarina, passear à tarde pelas ruas e à noite dançar nos
Gastrônomo e patife
bailes dos teatros. […]
Que tanto — de uma vez
Naquela manhã levantara-se ainda um pouco mais lân-
Comeu, comeu e esparramou-se em bife;
guido que do costume, porque passara mal a noite.
Que um dia de jejum,
A velha Isabel, que lhe ficava ao lado esquerdo, ouvindo-o sus-
Pela pança rotunda e quixotesca,
pirar com insistência, perguntou-lhe o que tinha.
Teve um parto... comum,
Ah! muita moleza de corpo e uma pontada do vazio que o
Um feto original... de carne fresca.
não deixava!
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br (acesso em 30 nov. 2016)
A velha receitou diversos remédios, e ficaram os dois, no
20 Classes de palavras
diminuiu a luz, e sentou-se à beira da cama, e tomou nas gressar no inesquecível território do imaginário.
suas a mãozinha sem força, gasta de tanto calor…? Moacyr Scliar. Histórias que os jornais não contam.
MEIRELES, Cecília. Olhinhos de gato.
São Paulo: Moderna, 2003. 6 (UECE) Escrevendo a introdução de um livro de sua autoria,
Moacyr Scliar focaliza um dos problemas da literatura: os limites
Julgue (V ou F) cada afirmação.
entre o real e o ficcional. Sobre esses dois territórios — o real e
I. “Mas cadê ela?” (6o parágrafo): o emprego do pronome pes-
o ficcional —, considere as proposições a seguir, com base no
Classes de palavras 21
22 Classes de palavras
GRAMÁTICA
O humor, na tirinha, constrói-se por mais de um elemento, incluindo a linguagem não verbal e a polissemia de uma palavra que apa-
rece no segundo quadrinho, que é:
a) sortudo c) pegar e) morto
b) vai d) o
Classes de palavras 23
MELO NETO, João Cabral de. A mulher e a casa. In: Os melhores poemas de João Cabral de Melo Neto. Seleção de Antônio
Carlos Secchini. 6. ed. São Paulo: Global, 1998.
24 Classes de palavras
23 (UFGO) O título do texto é aparentemente incoerente. Durante a leitura, essa aparência é desfeita pelo estabelecimento da referência
textual, que ocorre pela:
a) experiência prévia do leitor com o tema.
b) introdução do referente no corpo do texto.
c) subversão do significado referencial da palavra “engorda”.
d) conclusão decorrente de inferências permitidas pelo texto.
e) recuperação de um referente impessoal pelo pronome “ele”.
24 (UFGO) No texto, o termo “casamento” (2o parágrafo) é empregado em sentido metafórico. Que traço do sentido denotativo perma-
nece no sentido figurado?
a) Acordo d) Dependência
b) Afinidade e) Relação
c) Condição
VÁ EM FRENTE
GRAMÁTICA
Leia
Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000035.pdf> (acesso em 30 nov. 2016), você pode ler outros tre-
chos de Lucíola, de José de Alencar. O romance traça um perfil da sociedade da época, fazendo-nos mergulhar em fatos e costumes
daquele tempo (fim do século XIX).
Classes de palavras 25
2 Adjetivo /Artigo
Objetivos: É natural dos seres humanos observar, qualificar, oferecer estados ou atributos àquilo que existe
ou ao que habita os nossos sentimentos e imaginação, seja isso feito instantaneamente ou depois
c Conhecer a definição de muita reflexão. O importante é ter olhos para o mundo, atribuir a ele palavras que lhe ofereçam
de adjetivo e artigo.
qualidades ou alguma espécie de caracterização. Para isso existem os adjetivos.
c Conhecer a Leia a letra da canção “Musa híbrida”, de Caetano Veloso. Depois, responda às questões.
classificação semântica
e morfológica dessas Musa híbrida
classes gramaticais. Musa híbrida
musa híbrida
c Reconhecer as funções Professor, nesta atividade pode-se trabalhar
de olho verde e carapinha cúprica a habilidade 22 da matriz de referência do
morfossintáticas
cúprica cúprica cúprica Enem, pela qual é possível “relacionar, em
dessas classes diferentes textos, opiniões, temas, assuntos
gramaticais.
onça, onça
e recursos linguísticos”; estes últimos tor-
nam a letra da canção lírica e expressiva.
c Refletir sobre o a minha voz tão fosca A cunhagem de novas palavras, por meio
papel dessas classes de elementos presentes na língua, torna os
brilha por teus lábios bundos versos semanticamente ricos e sonoramente
gramaticais na a malha do teu pelo surpreendentes.
construção de textos. dongo, congo, gê, tupi, batavo, luso, hebreu e
mouro
se espalha pelo mundo
vamos refazer o mundo
teu buço louro
meu canto mestiçoso
tu, onça tu
eu, jacaré eu
Caetano Veloso. Cê. Universal Music, 2006.
De que maneira a palavra “híbrida”, que caracteriza a musa da canção, se relaciona em sentido
com o terceiro verso da primeira estrofe?
A caracterização da musa como “híbrida” refere-se a uma mistura, a algum ser que seja o resultado da junção de ele-
mentos diferentes. Assim, o terceiro verso, que traz elementos da aparência da musa, se relaciona com essa ideia de
imagem misturada, da junção de fenótipos.
A palavra “cúprica” relaciona-se a “cobre”. Faça uma pesquisa e descubra qual é a origem da
formação dessa palavra. (Por que se diz “cúprico”, não “cóbrico”?)
A origem está na palavra latina cuprum, que nomeava o cobre.
26 Classes de palavras
Na tirinha, logo no primeiro quadrinho, a palavra “belo” qualifica o casal, mas não foi em-
pregada apenas em seu sentido mais comum, relacionado à beleza física. A ideia, nesse caso, é
a de um casal que, além de bonito, deu certo, com muitas afinidades. No segundo quadrinho,
as palavras “coloridas” e “xadrez” (mantida a grafia original da tirinha — o correto seria xadre-
zes), que qualificam, respectivamente, as meias e as gravatas, também são imprescindíveis para
que o leitor compreenda a opinião de Garfield sobre o casal: o gato não acha que eles sejam um
“belo” casal, assim como não acha bonitas as meias coloridas e as gravatas xadrezes.
As palavras que modificam o substantivo para atribuir-lhe uma característica, ou seja, uma
qualidade, propriedade ou estado, são denominadas adjetivos.
O adjetivo pode ser explicativo, restritivo ou pátrio.
YURI ARCURS/SHUTTERSTOCK
Restritivo
Explicativo Pátrio
Classes de palavras 27
FLEXÕES DO ADJETIVO
O adjetivo, assim como o substantivo, flexiona-se em número, gênero e grau.
Número do adjetivo
O adjetivo acompanha o número do substantivo a que se refere.
Exemplos:
aluno atento: substantivo “aluno” (singular), adjetivo “atento” (singular)
alunos atentos: substantivo “alunos” (plural), adjetivo “atentos” (plural) 1
28 Classes de palavras
Gênero do adjetivo
Observe a capa desta revista.
EDITORA GLOBO
GRAMÁTICA
Repare como o nome da revista é sugestivo: Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Além
da sonoridade, a construção de sentido do nome da revista chama a atenção dos potenciais
leitores. Os adjetivos “pequenas” e “grandes” ajudam muito na construção da ideia de que
empresas de pequeno porte podem ser bem-sucedidas, podem render muitos lucros. Veja
que o adjetivo “pequenas” está flexionado em gênero para concordar com “empresas”. Em
contrapartida, o adjetivo “grandes” tem flexão apenas de número, não flexionando em
gênero, independentemente do substantivo a que se refere.
Classes de palavras 29
Grau do adjetivo
Grau é a flexão que expressa a intensidade maior ou menor com que o adjetivo qualifica
(ou caracteriza) o substantivo. Este grau (ou flexão) pode ser realizado de modo sintético ou
analítico.
Sintético:
Faz-se com o auxílio de sufixos intensificadores: dificílimo (sufixo -imo), barcaça (sufixo -aça).
Analítico:
Faz-se com o auxílio de palavras que designam intensificação: muito inteligente, menos bonito.
30 Classes de palavras
Este livro é utilíssimo. Este livro é muito útil. A sequoia é uma das O uirapuru é um dos
árvores mais antigas do pássaros menos vistos da
planeta. nossa fauna.
Alguns superlativos prendem-se a formas latinas e, por isso, são chamados de superlativos
eruditos.
Superlativos eruditos
simples – simplicíssimo,
doce – dulcíssimo mísero – misérrimo
simplíssimo
Classes de palavras 31
32 Classes de palavras
ATIVIDADES
1 (UFAC) A alternativa em que a locução adjetiva não corresponde Nesse texto, as palavras “sem”, “pequena”, “noite” e “cada”
ao adjetivo dado é: 1. O adjetivo “plúmbeo” refere-se àquilo apresentam, respectivamente, a seguinte classificação morfo-
a) dos quadris – ciático que tem cor de chumbo, que se relaciona ao lógica:
chumbo. Alternativa d
b) de veias – venoso a) artigo – substantivo – adjetivo – numeral
c) de garganta – gutural b) preposição – adjetivo – substantivo – pronome indefinido
d) de chuva – plúmbeo c) preposição – substantivo – substantivo – verbo
e) de prata – argênteo d) conjunção coordenativa – substantivo – adjetivo – advérbio
e) numeral – adjetivo – adjetivo – pronome pessoal
2
GRAMÁTICA
(UEMS)
3 +Enem [H9] Leia o texto para responder à questão.
Hino ao sono
sem a pequena morte Plínio, o Antigo, informa-nos que o ato de semear trigo é uma
de toda noite operação que se realiza sob o compasso […]. Em Madagascar as
como sobreviver à vida mulheres que preparam a terra para semear o arroz “parecem
de cada dia? bailarinas executando um ballet”, de tal forma é cadenciado e
José Paulo Paes marcado o ritmo do andar. Os malaios remam em comum ao
2. Conhecendo bem a natureza de substantivos e adjetivos, é possível responder
à questão, mesmo sem conhecer as demais classes gramaticais envolvidas.
Alternativa b Classes de palavras 33
34 Classes de palavras
Nesse poema, encontramos seguidamente substantivos (homem, mulher e rosto, por exemplo),
precedidos pelas palavras “o”, “a”, “um” e “uma”. As palavras “o” e “a” contrapõem-se a “um” e
“uma” em sua significação: as duas primeiras determinam o substantivo e as duas últimas suge-
rem uma determinação vaga. Essas palavras, nesse caso, são classificadas como artigos.
Artigo é a palavra que precede um substantivo, individualizando-o ou generalizando-o. Observe:
Ideia individualizada: O rapaz espalhou o boato pelos corredores da escola.
Ideia generalizada: Um rapaz espalhou o boato pelos corredores da escola.
Os artigos classificam-se em definidos e indefinidos.
Definidos (o homem, a mulher, a parede, o museu): juntam-se aos substantivos de forma que
estes possam ser claramente determinados pelo leitor ou ouvinte.
Indefinidos (um jogo, uma partida, um gol, umas advertências): juntam-se aos substantivos,
indicando-os de maneira indeterminada para o leitor ou ouvinte.
GRAMÁTICA
Classes de palavras 35
NIKKYTOK/SHUTTERSTOCK
(à: preposição a + artigo a; ao:
preposição a + artigo o)
OBSERVAÇÃO
Repare que, nos versos da composição, aparece a pergunta “O que será o amanhã?”, que já
foi feita, provavelmente, por quase todas as pessoas em algum momento. Na pergunta, a palavra
“amanhã”, que é normalmente um advérbio de tempo, aparece precedida de um artigo, o que a
transforma em um substantivo.
b) O artigo esclarece o gênero (masculino e feminino) e o número (singular e plural) do subs-
tantivo. Exemplos:
a cal (substantivo feminino singular)
o dó (substantivo masculino singular)
o ônibus (substantivo masculino singular)
os atlas (substantivo masculino plural)
c) Costuma aparecer ao lado de certos nomes próprios geográficos, principalmente os que
designam países, oceanos, rios, montanhas, ilhas. Exemplos: a Suécia, o Pacífico, o Tâmisa,
os Andes, a Groenlândia.
d) Usa-se o artigo depois dos pronomes “todo”, “toda”, “todos”, “todas”, para significar a totalidade.
Exemplos: 1
Todos os seis livros serão entregues em dia.
Toda a vizinhança se mobilizou contra a derrubada da árvore.
e) Diante de nomes próprios de pessoas, o artigo é usado para indicar intimidade, familiari-
dade. Exemplo:
O Carlos é bom camarada!
f) Alguns estados brasileiros admitem artigos; outros, não.
Há artigo em: o Acre, o Amapá, o Amazonas, a Bahia, o Ceará, o Distrito Federal, o Espírito
Santo, o Maranhão, o Pará, a Paraíba, o Paraná, o Piauí, o Rio de Janeiro, o Rio Grande
36 Classes de palavras
Casos especiais
a) Antes de nomes de cidades, em geral, e de nomes de pessoas célebres, não se usa artigo.
Exemplos:
Voltei de Paris ontem.
Platão foi um grande filósofo ateniense.
Entretanto, se tais nomes vierem determinados ou caracterizados, exigirão artigo.Exem-
plo:
Ela gostaria de conhecer a bela Paris. (a: artigo, bela: caracterizador) 1
b) Antes de pronomes possessivos (meu, minha, teu, tua, nossa, vosso etc.), o uso do artigo é
livre, facultativo. Exemplos:
Eles reconhecem seu valor.
Eles reconhecem o seu valor.
c) Antes da palavra “casa”, designando a própria residência ou família, não se usa artigo.
Exemplos:
Fui a casa. (residência)
Todos de casa. (família)
Quando a palavra “casa” for seguida por nome do possuidor ou por um adjetivo ou expressão
adjetiva, deve acompanhar-se do artigo. Exemplo:
Venho da casa de minha namorada.
d) Com expressões sinônimas, não é preciso repetir o artigo. Exemplos:
A persistência e perseverança ajudam-nos a alcançar nossos objetivos.
Os fracassos e reveses costumam deixar cicatrizes indeléveis.
e) Com expressões antônimas, deve-se repetir o artigo. Exemplos:
Às vezes torna-se dif ícil enxergar o limite entre o bem e o mal.
Os dias e as noites sucediam-se monotonamente.
f) Para evitar ambiguidade, é aconselhável repetir o artigo. Exemplo: GRAMÁTICA
Ana Lúcia estuda a língua espanhola e a inglesa.
Caso não houvesse a repetição do artigo, a clareza da frase estaria prejudicada. Seria possí-
vel pensar em uma exótica língua que misturasse inglês e espanhol, a qual seria estudada por
Ana Lúcia.
g) Com nomes de publicações e obras literárias.
Como regra, geralmente tais nomes aparecem destacados do corpo do texto e acompanha-
Classes de palavras 37
AGÊNCIA O GLOBO
Emprega-se sempre o artigo com os
verbos intransitivos colocados antes
do sujeito e com os particípios:
“Chega hoje o presidente da França”,
“Acusado o ministro da Fazenda”.
Adaptado de Manual de redação e estilo
de O Estado de S. Paulo.
São Paulo: Moderna, 2000.
Repare que, nas manchetes, não aparecem artigos antes de grande parte dos substantivos, espe-
cialmente daqueles que as iniciam, como em “déficit” e “protesto”. No caso de “déficit”, seria possível
usar um artigo definido; no caso de “protesto”, um artigo indefinido.
38 Classes de palavras
Leviana
O azar é seu
Em vir me procurar Sinto muito, mas vai tratar da sua vida
Me abandona, me deixa Leviana
Não quero mais ver Precisando eu te posso dar uma guarida
A luz do seu olhar Mas o meu lar
Você manchou um lar que era feliz Sente vergonha como eu
E agora quer voltar O nosso amor morreu
Leviana
1 O que significa o adjetivo “leviana” e a quem ele se refere nos versos da canção?
3 A palavra “leviana” que aparece no segundo verso da segunda estrofe da canção causa certa ambiguidade, na medida em que pode ter dois refe-
rentes distintos. Quais são eles?
ATIVIDADES
Observe o anúncio para responder às questões 9 e 10. 10 O destaque visual dado ao artigo definido, no anúncio, faz com
que ele assuma um papel de qualificador. Como é essa qualifi-
DIVULGAÇÃO
Classes de palavras 39
ANOTAÇÕES
13. a) As palavras referem-se, também, de maneira direta, às personagens que
aparecem na letra da canção.
b) As palavras têm significados diferentes: na segunda ocorrência, a palavra refere-
-se à perda de medida; na primeira, são as contas da casa, que devem ser pagas.
c) As expressões têm ideias que se complementam, mostrando a sensação de
cansaço e desânimo.
d) Os problemas das personagens são diferentes; uma reclama das contas, a
outra lamenta a longa caminhada.
Alternativa e
40 Classes de palavras
Leia o texto a seguir para responder às questões 1 e 2. sobre o crack. “Um estudo dessa magnitude vai produzir um
banco de dados gigantesco”, diz.
Crack avança na classe média e entra na agenda política
O levantamento pode ser um esforço hercúleo, mas não
Devastador como nenhuma outra droga no Brasil, ele
escapa das críticas dos especialistas. Ronaldo Laranjeira, psi-
se espalha pelo país e demanda ações mais contundentes
quiatra da Associação Brasileira de Psiquiatria, diz que o go-
das autoridades
verno deveria substituir pesquisas por ações. “Há doze anos,
A tragédia do crack não é nova para o Brasil. Há anos, a comunidade científica aponta que o crack é uma droga dife-
o país convive com o drama de violência e morte. Novo e rente. Para que gastar dinheiro com um grande levantamento
oportuno, contudo, é o fato de a elite política do país, en- quando o que precisamos é de ação e de propostas?”, questio-
fim, reconhecer a emergência do problema. No último dia na. O governo contra-ataca. Lembra que, em maio, lançou o
31, em seu primeiro discurso como presidente eleita, Dil- Plano Integrado para Enfrentamento do Crack e outras dro-
ma Rousseff disse que o governo não deveria descansar en- gas, com investimento estimado em 410 milhões de reais em
quanto “reinar o crack e as cracolândias”. Poderia ter falado pesquisa, prevenção, combate e tratamento.
genericamente “drogas”, mas referiu-se especificamente ao Droga nefasta — “Comparado a outras drogas, o crack
crack. Não foi à toa. Estima-se que no mínimo 600 mil pes- é sem dúvida a mais nefasta, porque produz rapidamente
soas sejam dependentes da droga no país — variante devas- a dependência: sob a compulsão pela substância, o usuário
tadora da cocaína que, como nenhuma outra, mata 30% de desenvolve comportamentos de risco, que podem chegar à
seus usuários no prazo máximo de cinco anos. atividade criminosa e à prostituição”, diz Solange Nappo, da
A praga do crack nasceu e grassou entre os miseráveis, Unifesp. Pablo Roig, psiquiatra e dono de uma clínica de tra-
a tal ponto que “cracolândia” virou sinônimo de “local onde tamento de dependentes químicos, acrescenta que a depen-
pobres consomem sua droga”. É mais do que tempo de re- dência chega a tal ponto que “o usuário perde a capacidade
ver esse conceito. Pesquisa da Secretaria de Estado da Saú- de decidir se usará ou não a droga”.
de de São Paulo divulgada em 2009 constatou que o crack A mancha do crack se espalha entre usuários de drogas
avança rapidamente entre os mais abastados: o crescimen- devido a uma combinação de acesso econômico e potência
to entre pessoas com renda superior a vinte salários míni- química. Jairo Werner, psiquiatra da Universidade Federal
mos foi de 139,5%. Além dos números, os dramas pessoais Fluminense e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro,
confirmam que a química do crack corrói toda a socieda- chama a atenção para a relação “custo-efeito” da droga. “A
de. Nas clínicas particulares, que custam aos viciados que relação entre preço e efeito faz do crack uma droga muito
tentam se livrar da cruz alucinógena milhares de reais ao popular, de fácil acesso”, diz. Ele explica ainda que os trafi-
mês, multiplicam-se universitários, empresários, professo- cantes desenvolveram uma verdadeira estratégia para am-
res, militares. […] pliar o mercado da droga: a “venda casada”, de maconha
O crack se espraia pelas classes sociais e pelas paragens mais crack. “No primeiro momento, a maconha dá um re-
brasileiras. “Antes, São Paulo era o reduto. Falava-se do as- laxamento e o efeito do crack é mitigado. Depois, o usuário
sunto como um fenômeno paulistano. Agora, ele chega com resolve experimentar o crack puro e sente um efeito muito
força em outras cidades e estados”, diz Dartiu Xavier, coor- mais poderoso.”
denador do Programa de Orientação e Atendimento a De- Começam, então, as mudanças de comportamento.
pendentes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Além de graves consequências para a saúde, a droga pro-
[…] voca no dependente atitudes violentas. “Ele fica alterado,
Embora tardias, duas pesquisas em andamento na esfera inquieto, irritado e, em geral, passa a se envolver com a cri-
do governo federal explicitam a preocupação das autorida- minalidade como nenhum outro usuário de drogas”, diz La-
des com a questão. Uma, a cargo do Ministério da Saúde, ranjeira, da Associação Brasileira de Psiquiatria. […]
vai traçar o perfil do usuário de crack. Outra, nas mãos da
GRAMÁTICA
Disponível em: http://veja.abril.com.br (acesso em 06 dez. 2016)
Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), pretende determi-
1 (UFTO) Assinale a alternativa que expressa as ideias do texto.
nar padrões de consumo, barreiras para o tratamento e his-
a) O crack é uma droga devastadora que está presente em di-
tórico social e médico de 22 mil usuários — que farão testes
versas cidades e estados, mas que se limita apenas a algumas
de HIV, hepatites (B e C) e tuberculose. Paulina Duarte, se-
classes sociais.
cretária adjunta da Senad e responsável técnica pelo estudo,
b) Ao afirmar que “Embora tardias, duas pesquisas em
acredita que será a maior pesquisa já realizada no mundo
andamento na esfera do governo federal explicitam a
Classes de palavras 41
REPRODUÇÃO
c) As pesquisas realizadas pelo governo são consideradas pelos
especialistas, como Ronaldo Laranjeira, exemplos de ações
incisivas das autoridades.
d) A relação “custo-efeito” é apresentada no texto como um
fator que contribui para o consumo cada vez maior do crack.
e) A expressão “venda casada”, utilizada no texto, refere-se ao
fato de os traficantes venderem aos usuários inicialmente
o crack e, logo depois, a maconha.
2 (UFTO) Assinale a alternativa em que o termo destacado, ao ser
substituído, altera o sentido.
a) A praga do crack nasceu e grassou entre os miseráveis, a tal
ponto que “cracolândia” virou sinônimo de “local onde
pobres consomem sua droga” (2o parágrafo) = propagou-se.
b) O crack se espraia pelas classes sociais e pelas paragens
brasileiras (3o parágrafo) = alastra.
c) O levantamento pode ser um esforço hercúleo, mas não Desse modo, no texto publicitário anterior, o sufixo “-ão”:
escapa das críticas dos especialistas (5o parágrafo) = árduo. a) é empregado depreciativamente.
d) Comparado a outras drogas, o crack é sem dúvida a mais b) demonstra que a qualidade denotada excede os limites do
nefasta, porque produz rapidamente a dependência: sob normal.
a compulsão […] (6o parágrafo) = trágica. c) expressa a atitude desfavorável do emissor com relação ao
e) No primeiro momento, a maconha dá um relaxamento e o Banco Leal.
efeito do crack é mitigado. […] (7o parágrafo) = potencializado. d) expressa ideia de capacidade.
e) realça a excelência dos serviços prestados por todos os bancos.
3 (U. F. Uberlândia-MG) “Talvez seja bom que o proprietário de
imóvel possa desconfiar de que ele não é tão imóvel assim.” A 6 +Enem [H16] Leia o trecho a seguir.
palavra destacada é, respectivamente:
[…]
a) substantivo e substantivo. d) advérbio e adjetivo.
Estou farto do lirismo namorador
b) substantivo e adjetivo. e) adjetivo e advérbio.
Político
c) adjetivo e verbo.
Raquítico
4 (ESPM-SP) Observe a construção do texto a seguir: Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
nuvens brancas
fora de si mesmo
passam
De resto não é lirismo
em brancas nuvens
[…]
LEMINSKI, Paulo. Caprichos & Relaxos. São Paulo: Brasiliense, 1983.
Analisando-se esse texto, a afirmação descabida é: — Não quero mais saber do lirismo que não é
a) “Nuvens brancas” significam nuvens cor do leite, cor da neve. libertação.
b) “Brancas nuvens” significam momentos de facilidade, de BANDEIRA, Manuel. Libertinagem & Estrela da manhã.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
conforto, de alegria; sem sofrimento.
c) Sempre que se muda o adjetivo de lugar, muda-se o sentido O trecho do poema intitulado “Poética”, de autoria de Manuel
do substantivo. Bandeira, reforça, no contexto do movimento modernista brasi-
d) A mudança de posição do adjetivo foi um recurso que o poeta leiro, algumas propostas trazidas à composição poética: a liber-
usou para provocar a alteração de sentido. dade da forma, a revisão crítica da experiência literária anterior,
e) O autor faz um jogo de palavras, usando o mesmo adjetivo a revolução da linguagem, o “problema da língua brasileira”.
e o mesmo substantivo. Levando-se esse comentário em consideração, conclui-se que:
a) o arranjo formal do trecho é bastante representativo do que
5 (UFMA, adaptada) O significado de uma palavra aumentativa ou
se convencionou chamar liberdade da forma no Modernis-
diminutiva depende, muitas vezes, da situação, o que implica
mo — não há preocupação com a métrica, com o ritmo,
dizer, por exemplo, que um sufixo aumentativo como “-ão” pode
tampouco com a rima; os versos são livres, construídos ao
42 Classes de palavras
Classes de palavras 43
GLOSSÁRIO
a própria mulher dele, eram doidas.
Nota diplomática:
A pressão. O reparo para qualquer deslize tolo ou gafe:
comunicação escrita e oficial entre os governos de dois países, so-
— Filho de comerciante. bre assuntos do interesse de ambos.
E Violeta, que nunca teve filhos, engordava, lambia os dedos
e os beiços untados de manteiga. Muita banha, preguiça de
13 (Fuvest-SP, adaptada) Tendo em vista o trecho “para tocar a ideia
sair de casa, uma ou outra nota no piano de cauda, com o
capital e a intenção que lhe dá origem”, indique um sinônimo
jarro de flores, onde as moscas dormiam e cagavam.
da palavra “capital” que seja adequado ao contexto.
Veio o desquite. O marido mudou-se para São Paulo. Fez
carreira brilhante, é advogado de prestígio e, faz muito 14 (Fuvest-SP, adaptada) Por que, segundo o autor, é preciso “desa-
tempo, vive com a outra. Mas fixou pensão para a mulher taviar uma nota diplomática de todas as frases, circunlocuções,
e escrevia-lhe, talvez por pena dela: a gordura disforme. Fo- desvios, adjetivos e advérbios, para tocar a ideia capital e a in-
ram cartas que raramente recebeu, e uma ou outra que ela tenção que lhe dá origem”?
própria tivesse escrito, tia Matilda, a renitente, tomava do
Leia o texto e responda às questões 15 e 16.
jardineiro, lia e rasgava.
Quando essa tia morreu, porque afinal todos morreram, Modesto, pintado de um controverso verde e com a fa-
Violeta encontrou no quarto dela dentro da gaveta da cômo- chada em forma de ondas, o edif ício Ypiranga seria mais
da, lá no fundo, algumas dessas cartas do marido, amarradas uma brava reminiscência da década de 1950 em Copaca-
com o fitilho. Trancou-se, leu-as à luz do abajur e chorou. bana, na zona sul carioca, caso não abrigasse o famoso es-
O casarão, com a torre, é ninho de morcegos, que voejam na critório de Oscar Niemeyer. Para se chegar à toca do arqui-
tarde. Tudo é silêncio. O gradil do muro, enferrujado. Secou teto do século, é preciso sair do elevador no nono andar e
a fonte, onde o vento rodopia folhas mortas. De resistente subir uma escadinha meio rocambolesca, improvável em
apenas a hera, que sobe pelas velhas paredes, uma ou outra projetos arquitetônicos de hoje. Despojado de qualquer
vez aguada por Seu Vicente, jardineiro, ou pela preta mais sofisticação ou modismo, o escritório é uma lufada de bom
nova, também cria da família. gosto, todo branco, com janelões de vidro que emolduram
A única amiga que a visita volta a assegurar que a vida dela o mar azul. Nas paredes, a marca do dono: retas e curvas
dá um romance. em total liberdade a formar desenhos e pilares filosóficos
— Acho que sim. […].
E Violeta se levanta, pesada, envolvida no cachecol, para fe- LOBATO, Eliane. IstoÉ, 16 out. 2002.
char a janela por onde vem a corrente de ar e já se aproxima
15 (U. E. Londrina-PR) Sobre o escritório descrito no texto, é correto
a noite.
afirmar:
CAMPOS, José Maria Moreira. Dizem que os cães veem coisas. Fortaleza:
Edições UFC, 1987. a) Apesar de luxuoso e aconchegante, tem uma decoração
bastante comum.
Assinale a alternativa cujo par de características pertence ao
b) O acesso a ele se dá por uma escada antiquada para os
casarão, espaço onde se desenrola a narrativa.
modernos padrões arquitetônicos.
a) janelas estreitas / paredes c) paredes altas / cômodos
c) Sua decoração é muito sofisticada e segue as tendências da
altas pequenos
moda atual.
b) piso estragado / janelas d) grades enferrujadas / piso
d) Seu estilo segue o padrão convencional da fachada do edi-
estreitas estragado
44 Classes de palavras
Classes de palavras 45
ANOTAÇÕES
VÁ EM FRENTE
Leia
Disponível em: < www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000082.pdf>. (acesso em 30 nov. 2016), você pode ler trechos de
O crime do padre Amaro e notar como Eça de Queirós emprega os adjetivos de maneira surpreendente. Observe, também, como eles
participam das construções de sentido do texto.
46 Classes de palavras
A quinta estrofe da canção é, na verdade, um conjunto de versinhos transmitidos oralmente pelas gerações. Trata-se de uma
brincadeira entre os sons dos numerais e nomes de alimentos. Há outras versões, como esta:
Um, dois: feijão com arroz / Três, quatro: feijão no prato / Cinco, seis: molho inglês / Sete, oito: café e biscoito / Nove, dez: comer pastéis
Crie um conjunto de versinhos que também faça essa brincadeira com a sonoridade, substituindo os nomes de alimentos por
outros, com outra temática. Resposta pessoal.
Explique como ocorre a expressividade do refrão da canção, que também dá nome a ela.
A proximidade sonora entre “trabalha” e “dá trabalho” contribui para que se expresse uma reflexão sobre o papel da
criança, que é o de brincar, divertir-se, não trabalhar. Numa análise mais detida, trata-se de uma crítica ao trabalho infantil,
ANOTAÇÕES feita de maneira leve e lúdica.
H18 – Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos
de diferentes gêneros e tipos.
GRAMÁTICA
Classes de palavras 47
A palavra “amaro”, que funciona como substantivo no título do livro, pode ser também um adjetivo, segundo os dicionários de
língua portuguesa. O que significa esse adjetivo? O adjetivo “amaro” significa “amargo”.
Em que medida a resposta dada ao exercício anterior explica o fato de o superlativo de “amargo” ser “amaríssimo”?
É a explicação direta para o fato de que o superlativo de “amargo” seja “amaríssimo”, não “amarguíssimo”.Trata-se, na verdade, de um superlativo
que provém de uma forma sinônima do adjetivo “amargo”.
Considerando o contexto, como se pode interpretar o adjetivo “sanguíneo”, usado para caracterizar o pároco?
O adjetivo significa corado, saudável.
O adjetivo “singular”, segundo os dicionários, significa “que se aplica a um sujeito único”. Esse é o sentido de “singular” no texto?
No texto, a ideia é de que eram histórias exóticas, surpreendentes, inacreditáveis.
A forma como o pároco é caracterizado no terceiro parágrafo — voz rouca, cabelos nos ouvidos, palavras muito rudes —
explica, em parte, por que ele não era amado pelos habitantes do lugar. Reescreva o trecho, caracterizando positivamente o
pároco, mostrando-o como uma pessoa agradável. Resposta pessoal.
Substitua a locução “da aldeia” por um único adjetivo, em “freguesias da aldeia”. Freguesias aldeãs.
H15 – Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico,
social e político.
ANOTAÇÕES
48 Classes de palavras
Inveja
Ainda bem que o cemitério ficava ao lado. O caixão era o vizinho que fazia, e a gente já estava tão acostumado com mais um anjo
no céu que tudo virava festa. “O filhinho de dona Zeli está morrendo!”, gritaram bem de manhã cedo, e a gente levantou para ver se
ainda pegava o último suspiro. Corria a história de que quem segurasse a vela na mãozinha de um anjo ia ser sempre feliz, ficava pro-
tegido por ele o resto da vida. Por isso eu corri, mas quando cheguei lá, o filho de dona Isabel já estava todo vitorioso, segurando
aqueles dedinhos ainda rosados. Fiquei com raiva de Lúcio. Ele parecia adivinhar a hora da morte e era capaz de nem dormir quando
sabia que mais um estava se cagando, ruim das tripas, como sempre acontecia com os que iam para o céu. E assim que o anjo (nem
nome tinham, só botavam se achassem que ia vingar) se foi, Lúcio guardou o pedaço de vela no bolso, no maior acinte.
VIANA, Antonio Carlos. Aberto está o inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p.148.
1 Sobre o conto do escritor sergipano Antonio Carlos Viana a) O narrador do conto revela grande insensibilidade, pois enca-
(1946-), é possível constatar que: c ra uma mazela social como uma “festa”.
a) O título do conto é formado por um substantivo comum e b) O principal fator que aproxima os dois documentos é a
concreto. legenda da fotografia, o que demonstra como a lingua-
b) Ao longo do texto, aparecem quatro substantivos próprios. gem verbal é mais adequada para tratar de determina-
c) Os substantivos sintéticos de grau diminutivo são de grande dos assuntos.
importância para o conto, porque evidenciam, com clara for- c) Os dois documentos tratam de assuntos próximos, porém, no
ça expressiva, a morte das crianças recém-nascidas. caso do conto, prevalece a perspectiva infantil, tema que está
d) De acordo com o narrador, “anjo” é um substantivo derivado ausente da fotografia.
e abstrato, cuja função é identificar as crianças mortas, já que d) O drama da mortalidade infantil é abordado nos dois docu-
elas só receberiam nomes próprios se “vingassem”. mentos, o que revela como a morte, representada em dife-
e) O narrador do conto é uma criança pequena, o que fica tão
rentes linguagens, é uma triste constante para as populações
bem expresso no constante uso de substantivos sintéticos de
sertanejas.
grau aumentativo.
e) Tanto a literatura como a fotografia são maneiras distintas de
2 Sobre as relações que podem ser estabelecidas entre o con- abordar determinado assunto, o que comprova que as ques-
to de Antonio Carlos Viana e a fotografia de Sebastião Salgado tões estéticas e formais são secundárias quando o foco recai
(1944-), pode-se afirmar que: d sobre um drama social tão latente.
49
50 Classes de palavras
GRAMÁTICA
Classes de palavras 51
16-08163 CDD-469.507
Impressão e acabamento
Uma publicação
52 Classes de palavras