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GRAMÁTICA

3
ENSINO
MÉDIO

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GRAMÁTICA
Fábia Alvim Leite

CLASSES DE PALAVRAS
1 Substantivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
O que nomeia os seres? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5
Classificação dos substantivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6
Flexões do substantivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
Substantivo e polissemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
Os substantivos na construção dos textos. . . . . . . . . . .15
2 Adjetivo /Artigo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
O que qualifica os seres?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 GRAMÁTICA
Locução adjetiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
Flexões do adjetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
O adjetivo e a construção de sentido . . . . . . . . . . . . . .32
O precedente do substantivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
Revisão Obrigatória | 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Revisão Obrigatória | 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
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Classes de palavras

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MÓDULO
Classes de palavras

O Sistema Solar é constituído de uma estrela (Sol) e, sob seu


domínio gravitacional, há um conjunto compreendendo asteroides,
oito planetas como Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno,
Urano e Netuno, entre outros corpos celestes em órbita.
A estrutura atômica é constituída de um núcleo central, de carga
elétrica positiva, composto de prótons e nêutrons, envolto por uma
nuvem de elétrons de carga negativa.

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JURGEN ZIEWE/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES
ALHOVIK/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES
REFLETINDO SOBRE A IMAGEM

1 Que imagens podem ser identificadas nessas


duas páginas? Em quais outras disciplinas
você já as encontrou?
2 Você acha que uma ciência é capaz de expli-
car os fenômenos da linguagem humana? Se
sim, que ciência seria essa?
3 De que maneira uma palavra pode nomear
algo? Como ela pode ser o núcleo de uma
estrutura linguística e quais outras palavras
podem acompanhá-la? Dê exemplos.

www.sesieducacao.com.br

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CAPÍTULO

1 Substantivo

Objetivos: Ainda muito pequenos, nós, humanos, começamos a aprender que somos capazes de emitir
sons significativos que estabelecem a nossa conexão com o Universo. Ainda hoje, o contato manti-
c Conhecer a definição do com tudo o que se localiza próximo ou distante de nós se estabelece por meio de palavras que
de substantivo.
nomeiam uma realidade, concreta ou imaginável: os nossos sentimentos, as nossas ações, os seres
c Conhecer a animados e os inanimados. Ao iniciarmos os nossos estudos de morfologia e analisando os mais
classificação semântica diferentes aspectos da língua portuguesa, aprendemos que essas palavras são classificadas, grama-
e morfológica dos ticalmente, como substantivos. É claro que eles, sozinhos, não são capazes de dizer, com clareza,
substantivos. tudo o que queremos ou precisamos expressar. Em contrapartida, ninguém pode negar que eles
são a forma mais direta de mostrarmos ao outro, com palavras, o mundo que vemos e com o qual
c Conhecer as categorias
nos relacionamos.

FRANCIS LOUSADA RUBIINI DE OLIVEIRA


gramaticais do
Veja, ao lado, uma
substantivo.
página diferente de
c Conhecer as funções um dicionário. Trata-
sintáticas do -se de trecho de um
substantivo. dicionário hieróglifo-
-português. Observe-a
c Refletir sobre o papel
do substantivo na
e, em seguida, respon-
construção de textos. da às questões.
Você sabe bem o
que significa hieró-
Os hieróglifos, ou hieroglifos, são os sinais da escrita
glifo? Se necessário, de civilizações antigas. O termo tem origem na
faça uma breve pes- língua grega e significa algo como “escrita sagrada”.
quisa e registre suas
OLIVEIRA, Francis Lousada Rubini de. A escrita sagrada do Egito Antigo.
descobertas. Dicionário hieróglifo-português. Edição do Autor, 2008. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br (acesso em 30 nov. 2016)

Na página de dicionário apresentada, quais dos hieróglifos listados serviam para nomear objetos
concretos? Localize-os por sua posição na página, numerando linhas e colunas.
Nomeiam objetos os seguintes hieróglifos: 1, 2 e 5 da primeira coluna e 1 e 3 da segunda coluna.

A palavra “hieróglifo”, atualmente, é empregada para se referir de maneira pejorativa a qualquer


Professor, esta atividade permite trabalhar
linguagem difícil de ser decifrada. Observando a página de dicionário apresentada, como essa
a habilidade 1 da matriz de referência do qualificação pejorativa se justifica?
Enem, que consite em “identificar as diferentes
Os símbolos apresentados no dicionário são complexos, difíceis de serem decifrados ou compreendidos por quem os
linguagens e seus recursos expressivos como
elementos de caracterização dos sistemas de observa nos dias de hoje. Essa complexidade justifica o uso pejorativo de “hieróglifo”.
comunicação”. O exercício proposto, de aná-
lise de uma página de dicionário hieróglifo-
-português, permite não só o contato com
uma linguagem pertencente a uma civiliza-
ção distante no tempo, mas extremamente
importante, como também a percepção da Por meio da observação dos hieróglifos, pode-se afirmar que a ligação entre eles e o significa-
arbitrariedade da relação entre a represen- do que a eles era atribuído é arbitrário, o que fica ainda mais claro quando se comparam esses
tação visual e o significado que se liga a ela.

4 Classes de palavras

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hieróglifos à nossa língua e a outras, tanto antigas quanto modernas. Explique, brevemente, o
que significa essa arbitrariedade.
A arbitrariedade do signo significa que aqueles símbolos (letras, desenhos etc.) que representam determinados significados
apenas se ligam a esses significados por meio de uma convenção, de uma determinação humana. Ou seja: não existe
algo intrínseco às representações gráficas das línguas que dê a cada palavra — ou hieróglifo — determinado significado.

O QUE NOMEIA OS SERES?


O poder de nomear significava para os antigos hebreus dar às coisas a sua verdadeira natureza,
ou reconhecê-las. Esse poder é o fundamento da linguagem e, por extensão, o fundamento da
poesia.
BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. São Paulo: Cultrix, 1983.

Como você leu na abertura deste capítulo, os substantivos são as palavras que usamos para
nomear aquilo que nos rodeia. Os seres, os objetos, os sentimentos, são nomeados por meio de
substantivos. São, ainda, palavras que aparecem muitas vezes precedidas de artigos. Praticamente
todas as palavras da nossa língua, de todas as classes gramaticais, podem ser transformadas em
substantivos, desde que empreguemos artigos antes delas.

Leia o trecho da canção de Milton Nascimento e Fernando Brant.


Bola de meia, bola de gude
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão

Há um passado no meu presente


Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão

E me fala de coisas bonitas


Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade, alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
GRAMÁTICA
Qualquer sacanagem ser coisa normal

Bola de meia, bola de gude


O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino

Classes de palavras 5

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Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão
[...]
Milton Nascimento e Fernando Brant. “Bola de meia, bola de gude”. Milton Nascimento. Miltons. CBS, 1988.
Note como os substantivos têm papel importante para compor essa letra. Eles são usados
para criar um universo infantil, com as brincadeiras (bola de meia, bola de gude, quintal) e os
medos comuns de uma criança (a bruxa). Há, ainda, os substantivos que nomeiam as “coisas bo-
nitas que não deixarão de existir”: amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor.
Em outra passagem da letra da canção, a aproximação sonora dos substantivos “solidário” e
“solidão”, que, de certa maneira, se opõem em sentido nos versos de Milton Nascimento e Fer-
nando Brant, também ajuda a construir os sentidos e a compor a sonoridade dos versos. Isso sem
contar a que talvez seja a maior das oposições dos versos da canção, “menino/moleque” e “adulto”,
que participam de universos diferentes e, ao mesmo tempo, caminham juntos, de mãos dadas.

CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS


Gramaticalmente, os substantivos obedecem a uma classificação. Acompanhe a seguir.

Nomeia o que existe na Próprio Primitivo


Apresenta apenas um
realidade sensível ou o que se
radical em sua estrutura:
imagina como real: avião,
circo, palhaço, chuva,
bola, chupeta, mito, livro, Designa determinado ser de uma É o substantivo que não
guarda, flor, pé, balão.
Lisboa, Brasil. espécie: Romeu (entre nomes), provém de nenhuma outra
Curitiba (entre cidades), Manuel Bandeira palavra da língua: macaco,
(entre poetas), Pisa (entre torres). charuto, menino, goiaba.
Simples Composto
Concreto
Abstrato
É o substantivo formado
Aplica-se a todos os seres de outras palavras, pelo
Apresenta pelo menos dois
de uma mesma espécie: processo de derivação:
radicais em sua estrutura:
Nomeia qualidades, ações, estados, relógio, cidade, goiabada, charutaria,
pombo-correio, guarda-chuva,
considerados independentes, mas que só homem, rua, camelô. meninice, bananada.
couve-flor, flor-de-maio, pé de
existem em relação aos seres em que moleque, pernilongo.
se revelam: desejo, solidão, beleza, erro,
meninice, preocupação, caridade.
Comum Coletivo Derivado

É o substantivo que nomeia um conjunto de


seres da mesma espécie: enxame, matilha,
elenco, manada.
FERNANDO GONSALES

Observe que as palavras “enxame” e “matilha” nomeiam um conjunto de seres de uma mesma espécie: enxame,
conjuto de abelhas; matilha, conjunto de cachorros. Esse tipo de substantivo se chama coletivo.
Folha de S.Paulo, 30 mar. 1992. Ilustrada.

6 Classes de palavras

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FLEXÕES DO SUBSTANTIVO ATENÇÃO!
Os substantivos sofrem flexões que indicam: 1
gênero: garoto (masculino) / garota (feminino); A palavra “parede” é um substan-
número: garoto (singular) / garotos (plural); tivo do gênero feminino e não do
grau: garotão (aumentativo) garotinho (diminutivo). sexo feminino.
A palavra “telhado” é um substan-
tivo do gênero masculino e não do
Flexão de gênero sexo masculino.
Gênero é a denominação atribuída a uma categoria gramatical que, na língua portuguesa, se-
para os nomes em masculinos e femininos. 2 Nem sempre as regras mencio-
nadas bastam para se apresentar
Exemplos: advogado – advogada.
a formação do gênero em língua
Não existe, entretanto, correspondência entre gênero e sexo. 1 portuguesa. Há, por exemplo, subs-
tantivos que, apesar de terminados
Gênero do substantivo em “-a”, são do gênero masculino: o
aneurisma, o aroma, o champanha,
Há dois gêneros para os substantivos: masculino e feminino. o clima, o cometa, o diagrama, o
Pertencem ao gênero masculino todos os substantivos a que se pode antepor o artigo “o”, e é mapa, o melodrama, o morfema, o
pijama, o problema, o telefonema.
feminino todo substantivo a que se pode antepor o artigo “a”.
Quando se trata de seres inanimados, que não têm sexo, o gênero é puramente arbitrá-
rio. Em geral, os substantivos terminados em “-o” são masculinos, e os terminados em “-a”, 3 Há substantivos que, ao se opor
o gênero, mudam de significado.
femininos.
Exemplos: o cabeça (o chefe) – a
Muitos substantivos são flexionados no feminino de forma simples, com substituições que cabeça (parte do corpo); o moral
não alteram muito a forma da palavra original, no masculino. É comum se fazer o feminino (o ânimo) – a moral (costumes);
simplesmente com o acréscimo de um “-a” ao final da palavra ou com trocas pequenas. Veja: 2 o capital (dinheiro) – a capital
(cidade-sede); o grama (unidade de
peso) – a grama (a relva); o cisma (a
Regras Exemplos
separação) – a cisma (a dúvida); o
Substitui-se “-o” por “-a” gato – gata; lobo – loba; pombo – pomba foca (jornalista principiante) – a foca
(animal marinho)
Acrescenta-se à consoante final a leitor – leitora; freguês – freguesa;
desinência “-a” (é preciso ficar atento às regras de camponês – camponesa
acentuação gráfica!)
OBSERVAÇÃO
Substitui-se “-e” por “-a” mestre – mestra; presidente – presidenta; elefante –
elefanta 1

Substitui-se “-ão” por “-oa” ermitão – ermitoa; leitão – leitoa; Há, ainda, outros processos de
leão – leoa formação do feminino: barão
– baronesa; ladrão – ladra; per-
Substitui-se “-ão” por “-ã” aldeão – aldeã; anão – anã; digão – perdiz; sultão – sultana.
anfitrião – anfitriã São dignos de nota os femininos
Substitui-se “-ão” por “-ona” comilão – comilona; figurão – figurona; solteirão –
dos seguintes substantivos: côn-
sul – consulesa; czar – czarina;
solteirona
conde – condessa; frade – freira;
1 maestro – maestrina; oficial –
Há substantivos que apresentam formas distintas para indicar seres do sexo masculino e do oficiala; profeta – profetisa; rei
sexo feminino. Eles são chamados de biformes. – rainha; réu – ré.
Exemplos: homem/mulher; bode/cabra; cão/cadela; carneiro/ovelha; cavalo/égua; frei/
sóror; genro/nora; marido/mulher; pai/mãe; zangão/abelha; cavaleiro/amazona; cavalheiro/
dama. GRAMÁTICA
Há, ainda, substantivos que têm uma só forma para os dois gêneros. São os substantivos uni-
formes. Podem ser: comuns de dois, sobrecomuns e epicenos. 3

Classes de palavras 7

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ATENÇÃO! Sobrecomuns
1 Existem substantivos terminados Comuns de dois Epicenos
em “-ão” que admitem mais de um Não apresentam nenhum determinante para
plural. Observe alguns exemplos: diferenciar o masculino do feminino, nem uma
marca interna, e têm um só gênero gramatical para
guardião: guardiões/ guardiães Têm apenas uma forma para os dois designar pessoas de ambos os sexos. Têm só um gênero gramatical
gêneros, mas distinguem o masculino do para nomear animais de
charlatão: charlatães/ charlatões
Exemplos:
feminino pelo artigo (o, os, a, as) ou outro o cônjuge, a criança, a vítima, a testemunha, ambos os sexos.
determinante (este, esta, entre outros).
vilão: vilões/ vilães/ vilãos a pessoa, a criatura, o indivíduo, o carrasco. Exemplos:
Exemplos: a águia, o besouro, o tigre, a
ancião: anciãos/ anciões/ anciães o mártir / a mártir; o colega / a colega; o
suicida / a suicida; o jovem / a jovem;
onça, o jacaré, a cobra,
a capivara, a tartaruga.
aldeão: aldeãos/ aldeões/ al- o estudante / a estudante.

deães
alazão: alazães/ alazões
vulcão: vulcães/ vulcãos/ vulcões
No caso dos substantivos epicenos, a determinação do masculino e do feminino se dá pela
adição das palavras “macho” e “fêmea” posteriormente ao nome do animal. Assim, temos jacaré
macho e jacaré fêmea, caso seja necessário diferenciar.
OBSERVAÇÃO Flexão de número
1 “Corrimão” é palavra composta e Número é a denominação atribuída a uma categoria gramatical na língua portuguesa. Quando
deveria ocorrer apenas o plural se fala em flexão de número, as duas formas possíveis são apenas singular e plural.
“corrimãos”, mas existe, também,
O substantivo singular nomeia um só ser ou um conjunto de seres.
a formação plural “corrimões”.
Exemplos: o homem, o povo, a fase, a tempestade.
2 Os substantivos “cônsul” e “mal” O plural nomeia dois ou mais seres, ou dois ou mais conjuntos de seres.
não seguem a regra. Observe: côn- Exemplos: os homens, os povos, as fases, as tempestades, as matilhas.
sul – cônsules; mal – males. Aval, A seguir, veremos a formação do plural dos substantivos comuns.
mel e fel fazem avales ou avais,
meles ou méis, feles ou féis. Acréscimo de -s
Em geral, o que marca o plural dos substantivos é a presença da desinência -s no seu final. Isso
3 Os substantivos “réptil” e “projétil”, acontece quando temos substantivos terminados por:
pronunciados como palavras paro-
a) vogal ou ditongo oral. Exemplos: livro – livros; lei – leis.
xítonas, fazem “répteis” e “projé-
teis”; pronunciados como palavras b) vogal nasal tônica ou átona. Exemplos: ímã – ímãs; irmã – irmãs.
oxítonas, “reptil” e “projetil”, fazem c) ditongos nasais -ãe (tônicos ou átonos) e -ão. Exemplos: mãe – mães; bênção – bênçãos.
“reptis” e “projetis”.
Acréscimo de -es
Ocorre quando o substantivo singular termina por -s (em sílaba tônica), -z (em sílaba tônica) e -r.
Exemplos: freguês – fregueses; luz – luzes; repórter – repórteres.
Substantivos terminados em -ão
a) Geralmente a terminação -ão transforma-se em -ões. Exemplos: balão – balões; canção –
canções; fração – frações; questão – questões. Esse grupo inclui, também, todos os aumen-
tativos. Exemplos: bobalhão – bobalhões; dramalhão – dramalhões; narigão – narigões;
vozeirão – vozeirões; gatão – gatões; sorvetão – sorvetões.
b) Poucas palavras alteram a terminação -ão para -ães. Exemplos: alemão – alemães; cão –
cães; escrivão – escrivães; pão – pães.
c) Poucas palavras oxítonas e todas as paroxítonas terminadas em -ão fazem o plu-
ral apenas acrescentando-se um -s à forma singular. Exemplos: cidadão – cidadãos;
cristão – cristãos; irmão – irmãos; órgão – órgãos; sótão – sótãos. 1 1
Substantivos terminados em -l
Os substantivos terminados em -al, -el, -ol, -ul fazem o plural com o acréscimo de -is, supri-
mindo-se o -l. Exemplos: carnaval – carnavais; papel – papéis; lençol – lençóis. 2
Substantivos terminados em -il
a) Se o -il está em sílaba átona, ocorre a passagem do i para e, suprimindo-se o -l e acrescen-

8 Classes de palavras

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tando-se -is. Exemplos: fóssil (i átono) – fósseis; réptil – répteis. DEFINIÇÕES
b) Se o -il está em sílaba tônica, substitui-se -il por -is. Exemplo: funil – funis. 3
Alvíssaras: exclamação de alegria
Substantivos terminados em -x por acontecimento feliz.
Exéquias: cerimônias ou honras
a) Se o -x tiver som de cs e valor de ce (final com que pode também ser grafado), o plural fúnebres.
normalmente será feito em -ces. Exemplo: apêndix (ou apêndice) – apêndices.
b) Se o -x tiver valor de cs, não haverá alteração na palavra. Exemplos: o tórax – os tórax; o
ônix – os ônix; o fax – os fax.
Substantivos gregos em -n
Nos nomes de origem grega terminados em -n, pode-se obter o plural com o acréscimo da desinência
-s ou -es. Exemplos: certâmen – certamens ou certâmenes; dólmen – dolmens ou dólmenes; gérmen
– germens ou gérmenes; hífen – hifens ou hífenes; regímen – regimens ou regímenes.
Há, ainda, outras situações em que o plural dos substantivos não é marcado por substituições
ou acréscimos de letras.
Veja os casos a seguir
Plurais com alteração de “o” fechado para “o” aberto (metafonia)
Muitas palavras com “o” fechado tônico, quando passam para o plural, mudam esta vogal para
“o” aberto. A essa mudança no timbre da vogal dá-se o nome de metafonia. Portanto, diz-se que
essas palavras apresentam um plural metafônico. Exemplos:

caroço ô caroços ó forno ô fornos ó miolo ô miolos ó

corpo ô corpos ó fosso ô fossos ó osso ô ossos ó

despojo ô despojos ó jogo ô jogos ó ovo ô ovos ó

Plurais que sofrem deslocamento do acento tônico


Há palavras que, no plural, mudam a sílaba tônica. Exemplos:

caráter caracteres te Júpiter Jupíteres pí sênior seniores o

júnior juniores o Lúcifer Lucíferes cí espécimen especímenes cí

Pluralia tantum — palavras só usadas no plural


Eis as principais: alvíssaras, anais, arredores, confins, costas, exéquias, férias (= repouso), núp-
cias, óculos, trevas, víveres.
Palavras sem marca de número
Existem palavras terminadas por -s em sílaba átona que não apresentam marca de
número, quer no singular, quer no plural, pois se mostram alheias à classe gramati-
cal do número. O plural vem, então, marcado externamente, ou seja, pelo uso do artigo.
Exemplos:
o lápis os lápis o oásis os oásis

o pires os pires o ônibus os ônibus


GRAMÁTICA
o cais os cais o ourives os ourives

Plural dos substantivos compostos


O plural dos substantivos compostos merece especial atenção, uma vez que as dúvidas são fre-
quentes. A questão envolve dificuldades de ordem ortográfica (uso ou não do hífen) e de ordem
gramatical.

Classes de palavras 9

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OBSERVAÇÃO Sem a pretensão de esgotar o assunto, apresentamos os seguintes critérios:
a) Quando os substantivos compostos não são formados por hífen, o plural normalmente se
1 Para fazer o plural dos diminutivos, é dá pelo acréscimo de um -s final, ou seja, são pluralizados como se fossem substantivos
preciso flexioná-los no plural em seu
grau normal para, em seguida, acres-
simples. Exemplo:
centar o sufixo diminutivo. Exemplo: passatempo passatempos
cão – cães: cãezinhos
b) Quando os compostos são formados com hífen, é preciso analisar cada um dos componentes e
considerar que as formas verbais, os prefixos, as palavras invariáveis e as formas adjetivas “grão”,
“grã” e “bel” ficam invariáveis e que substantivos, adjetivos e numerais são variáveis. Exemplos:
arranha-céu arranha-céus pré-vestibular pré-vestibulares bota-fora os bota-fora
Arranhã é forma verbal e não varia; Pré é prefixo e não varia; Bota é uma forma verbal, portanto invariável;
céu é substantivo e varia. vestibular é substantivo e varia. fora é advérbio, também invariável.

bel-prazer bel-prazeres carta-bilhete cartas-bilhetes amor-perfeito amores-perfeitos


Bel e invariável; Ambos são substantivos e, Há um substantivo e um adjetivo,
prazer é substantivo, portanto variável. portanto, variam. logo ambos variam.

c) Nos compostos de três ou mais elementos, não sendo o segundo elemento uma preposição,
e nos compostos em que se repete a palavra, somente o último elemento varia.
Exemplos:
bem-te-vi bem-te-vis reco-reco reco-recos

d) Nos compostos em que há preposição, somente o primeiro elemento varia.


Exemplo:
perna de pau pernas de pau

e) Nos compostos de dois temas verbais de sentidos opostos, nenhum elemento varia.
Exemplo:
o vai-volta os vai-volta o leva e traz os leva e traz

Flexão de grau
A flexão em grau exprime o aumento ou a diminuição da grandeza do ser em relação ao tama-
nho considerado normal. Há, portanto, dois graus: o aumentativo e o diminutivo, que podem se
apresentar de modo sintético ou analítico. 1
Sintético:
Certos sufixos aumentativos ou diminutivos são acrescentados ao radical do substantivo.
Exemplos:
bolh- + inha = bolhinha (diminutivo sintético)
colher + aça = colheraça (aumentativo sintético)

Analítico:
As palavras “grande”e “pequeno” (ou outras de sentido equivalente) acompanham o substantivo.
Exemplos:
chapéu pequeno, boca enorme, estátua grande, navio imenso, caixa minúscula, dedo mínimo.

Pode-se perceber que a flexão de grau é, na realidade, um processo de derivação sufixal.


Exemplos: patinho (radical pat- + sufixo diminutivo -inho), paredão (radical pared- + sufixo
aumentativo -ão).

10 Classes de palavras

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Sufixos mais usados no grau aumentativo

Sufixos Grau aumentativo

-ão paredão

-alhão grandalhão

-aça mulheraça

-aço ricaço

-ázio copázio

-uça dentuça

-anzil corpanzil

-aréu fogaréu

-arra bocarra

Sufixos mais usados no grau diminutivo

Sufixos Grau diminutivo Sufixos Grau diminutivo


-inho, -inha menininho, menininha -eco, -eca livreco

-zinho, -zinha cãozinho, ruazinha -ico, -ica burrico

-ino, -ina cravina -ela viela, ruela

-im espadim -ete lembrete

-acho, -acha riacho -ote, -ota velhote, velhota

-icho, -icha rabicho; barbicha -isco, -isca chuvisco

-ebre casebre -ulo, -ula glóbulo, gotícula

Observe o anúncio abaixo:


DIVULGAÇÃO

GRAMÁTICA

Disponível em: jornalempregaosorocaba.blogspot.com

No anúncio, a palavra “emprego” aparece no grau aumentativo. Nesse caso, a ideia é que, caso o
leitor do jornal seja qualificado e tenha acesso às oportunidades de trabalho (por meio do próprio
jornal), ele não só conseguirá um emprego, mas um bom emprego, com vantagens.
Agora, observe mais um anúncio:

Classes de palavras 11

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DIVULGAÇÃO
Disponível em: cursinhodapoliusp.wordpress.com

1. O substantivo composto “navio-escola” é


formado por dois elementos que são subs- Nesse caso, o diminutivo na palavra “curso” dá a ela um significado específico, já conhecido
tantivos. Nesse caso, o segundo substantivo pela população em geral. Um “cursinho” é uma escola ou um curso preparatório direcionado aos
funciona como determinante do primeiro:
hotéis-fazenda e navios-escola. Nas demais, vestibulares. Na origem, usava-se a expressão “cursinho pré-vestibular”, que, com o tempo, foi
as formas plurais são: amores-perfeitos simplificada. Hoje, usa-se somente “cursinho” na maior parte das vezes.
(substantivo + adjetivo), sextas-feiras (nume-
ral + substantivo), guarda-chuvas (verbo +
+ substantivo) e guardas-florestais (substanti-
vo + adjetivo). Alternativa a
ATIVIDADES

1 (UFES, adaptada) Assinale o item em que a palavra se flexiona que dizia enquanto era gravado, ficou claro que o dinhei-
em número como “hotel-fazenda”. ro lhe fora entregue em troca da concessão de diversos
a) navio-escola aumentos no preço das passagens municipais de ônibus.
b) amor-perfeito Contra todas as expectativas, o homem teve de voltar ao
c) sexta-feira presídio.
d) guarda-chuva GUZZO, J. R. Agravo × embargo.
e) guarda-florestal Veja, 25 jun. 2008.

2 (UFAC) O autor do artigo estabelece, logo no início do


Observe o seguinte parágrafo para responder às questões texto, uma qualidade de exceção ao ex-prefeito de Juiz
de 2 a 4. de Fora. Como estratégica de construção do artigo, a
O ex-prefeito de Juiz de Fora Carlos Alberto Bejani é palavra “fenômeno” ganha um sentido irônico ao longo do pró-
mesmo um fenômeno. Em pleno Brasil do ano de 2008, prio parágrafo que acaba nos revelando:
onde tão pouca gente chega a se meter em algum pro- a) o comprometimento do autor do artigo com a eficiên-
blema mais sério, de verdade, por cometer atos de de- cia das nossas leis penais já demonstrada em outras
linquência na vida pública, ele conseguiu ser preso duas ocasiões com relação aos políticos contraventores.
vezes seguidas, entre abril e junho. Para começar, deixou- b) a necessidade de se abrirem brechas maiores nos códigos
-se pegar em flagrante, naquele tipo de cena que hoje em penais a fim de facilitar a argumentação de defesa dos
dia se tornou um clássico da nossa política: recebendo políticos contraventores.
pacotes de dinheiro vivo, em valor um pouco acima de c) a obrigatória condição de surpresa dos leitores diante das
1,1 milhão de reais, numa gravação com imagem e som. contravenções dos maus políticos.
Ficou 14 dias na cadeia e foi solto, como acontece sem- d) a falta de escrúpulos de alguns políticos como algo que
pre: e, como acontece sempre, tudo deveria ir acabando vai além de qualquer expectativa.
por aí. Neste caso, porém, nem mesmo a incomparável e) a imensa capacidade de imaginação dos políticos contra-
proteção que as leis e a justiça brasileira oferecem a gente ventores para se livrarem das detenções.
como o ex-prefeito foi suficiente para mantê-lo solto. O
3 (UFAC) O autor utiliza um recurso de repetição no meio do
documento que ele apresentou para justificar a origem
parágrafo (como acontece sempre) que enfatiza um aspec-
do dinheiro — a já tradicional venda de uma “fazenda”,
to importante para o reforço da ideia a ser desenvolvida.
variante da venda de bois, cavalos etc. — foi considera-
Isso demonstra, na sequência, que ele:
do falso. Diante de sua absoluta falta de cuidado com o
a) confia extremamente na justiça brasileira.
2. O político em questão se tornou um “fenômeno” porque, apesar da sabida impu-
nidade aos políticos no Brasil, conseguiu contrariar a lei a ponto de ser preso — mais
12 Classes de palavras de uma vez. Alternativa d

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3. A ideia é a de que Bejani deveria ser capaz de se proteger, por meio da observação 4. No texto, defende-se a ideia de que os políticos que enriquecem ilicitamente sem-
daquilo que sempre acontece em casos semelhantes, ou seja, por meio da constatação pre procuram desculpas parecidas para tentar justificar o aumento do patrimônio.
de que a justiça brasileira teria algo de previsível. Alternativa a
Alternativa e

b) estabelece uma posição otimista de mudança do panorama atletas.


judiciário brasileiro. b) nem sempre a compleição física limita a atividade desportiva.
c) considera irrepreensível a conduta do ex-prefeito em relação c) a baixa estatura pode ser uma vantagem comparativa no
a sua posição de defesa. tênis.
d) não considera improvável que o ex-prefeito possa deixar de d) o tênis não requer intensa expansão da capacidade aeróbica.
provar a sua inocência. e) a capacidade aeróbica não interfere no desenvolvimento do
e) desconfia da capacidade do ex-prefeito de compreender os atleta.
mecanismos de funcionamento do nosso judiciário para se
safar.
COMPLEMENTARES
PARA PRATICAR
4 (UFAC) Quando o autor nos fala da apresentação do documento
Leia o texto a seguir para responder às questões de 6 a 8.
como defesa do ex-prefeito, abrindo um travessão a seguir (—
Graciliano Ramos, em seu livro Infância, reflete sobre uma de
a já tradicional venda de uma “fazenda”, variante da venda de
suas marcantes impressões de menino.
bois, cavalos etc.), este recurso enfatiza um aspecto:
a) que se tornou comum para que muitos políticos contraven- Bem e mal ainda não existiam, faltava razão para que nos
tores possam justificar o seu enriquecimento ilícito. afligissem com pancadas e gritos. Contudo as pancadas e
b) que fundamenta a verdade por trás dos fatos. os gritos figuravam na ordem dos acontecimentos, partiam
c) que no contexto apresentado não tem uma serventia esti- sempre de seres determinados, como a chuva e o sol vinham
lística efetiva. do céu. E o céu era terrível, e os donos da casa eram for-
d) que esvazia a força argumentativa do autor ao ironizar a tes. Ora, sucedia que a minha mãe abrandava de repente e
forma de defesa do ex-prefeito. meu pai, silencioso, explosivo, resolvia contar-me histórias.
e) que redireciona o argumento sem efetivamente alcançar o Admirava-me, aceitava a lei nova, ingênuo, admitia que a
efeito desejado. natureza se houvesse modificado. Fechava-se o doce parên-
tese — e isso me desorientava.
5 +Enem [H11] Leia o texto e responda à questão.
A baixinha vence as gigantes 6 (Fuvest-SP) Ao se referir às violências sofridas quando menino,
Em um esporte iluminado nos últimos anos por longilíneas o autor compara-as a elementos da natureza (chuva, sol, céu).
atletas russas, a tenista belga Justine Henin é uma notável O que mostra ele ao estabelecer tal comparação?
exceção. Franzina e asmática, ela se consagrou pela tercei-
7 (Fuvest-SP) Esclareça o preciso significado, no contexto, da ex-
ra vez como a melhor do circuito internacional de tênis fe-
pressão “Fechava-se o doce parêntese”.
minino. Vencedora de dois dos quatro principais torneios
(Roland Garros e o Aberto dos Estados Unidos) de 2007,
8 (Fuvest-SP) A ideia de que os gritos e as pancadas haviam parado
ela encerrou a temporada com um total de dez títulos. […]
é retomada também por uma aproximação de imagens, como
“A estatura de Justine esconde um preparo f ísico impecável.
aquela que, antes, havia-os aproximado da chuva e do sol. Qual
Este pode ser atestado pela maneira como ela corre de um
é essa segunda aproximação?
lado para o outro da quadra”, observa o preparador f ísico
catarinense Mark Caldeira.
Disponível em http://veja.abril.com.br (acesso em 06 dez. 2016)

Depreende-se do texto que:


a) a constituição física não dá vantagens comparativas aos

Tarefa proposta 1-14

5. A questão apresenta a condição de uma atleta


que supera obstáculos e limitações e constrói
SUBSTANTIVO E POLISSEMIA carreira vencedora em um esporte profissional. As
GRAMÁTICA
alternativas erradas sinalizam desvios de leitura
Na tirinha adiante, o autor brinca com os sentidos da palavra “plutocracia”. No dicionário, a e extrapolações que não encontram respaldo no
texto e na realidade.
palavra está registrada como “influência do dinheiro ou dos ricos em um governo”. Na tirinha, a) (F) A constituição física favorece a prática da
porém, o substantivo passa a ter um novo sentido, já que a personagem Pluto, dos desenhos ani- maioria dos esportes, mas não é um obstáculo
intransponível.
mados, é quem parece governar ou influenciar o povo. Essa pluralidade de sentidos é muito usada c) (F) O texto não subsidia tal afirmação.
nos anúncios publicitários e nas tirinhas, para influenciar as pessoas ou gerar humor. d) (F) A expansão da capacidade aeróbica deve ser
desenvolvida por qualquer esporte.
e) (F) A capacidade aeróbica interfere no desem-
penho, mas não é determinante. Alternativa b
Classes de palavras 13

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 13 09/12/16 11:11


ADÃO ITURRUSGARAI
Disponível em: page2rss.com

Substantivo e homonímia
Há situações, porém, nas quais o que ocorre não é polissemia, ou seja, não é o caso de uma
palavra ter assumido uma de suas várias significações ou de apresentar uma simples mudança
de gênero, mas, sim, homonímia, ou seja, a possibilidade de uma palavra, na língua, assumir a
mesma forma de outra, mas cada uma delas ter etimologia e sentido diferentes. Isso ocorre, por
exemplo, com “o lente” (do latim legens, legentis,“aquele que lê”), que significa “professor”, e “a
lente” (do latim lens, lentis, “lentilha”), que tem o sentido de “disco de vidro”, instrumento óptico.
Outro caso de homonímia de uso muito frequente acontece com a palavra “grama”: no gênero
feminino (a grama), o termo vem do latim (gramina, gramma), significando “erva, relva”; no gêne-
ro masculino (o grama), o termo é oriundo do grego (gramma, grammatos), usado como unidade
de massa.

Alguns substantivos notáveis


Os substantivos a seguir têm variações semânticas e morfológicas (de gênero). Em alguns
casos, há tão somente polissemia; em outros, ocorre homonímia (assinalados com asterisco).
Em caso de dúvida quanto à origem da palavra, é bom consultar um dicionário etimológico.

Substantivos notáveis
Feminino: fruta Feminino: sede do poder executivo de
Masculino: paspalho, moleirão país ou de região administrativa
Banana Capital Masculino: patrimônio, bens

Feminino: marco, estaca, limite; manobra Feminino: sonho, devaneio; preocupação,


de trânsito suspeita
Baliza Masculino: soldado à cabeça de uma Cisma* Masculino: dissidência, dissolução,
tropa; folião à frente de um bloco separação
carnavalesco
Feminino: parte do corpo; pessoa Feminino: resíduo de combustão
inteligente Masculino: a cor cinzenta
Cabeça Masculino: líder, chefe, dirigente Cinza

Feminino: recipiente; Caixa Econômica; Feminino: um dos sacramentos do


seção de pagamentos catolicismo
Masculino: livro de anotações contábeis Masculino: óleo que se usa em alguns
Caixa Crisma
Comum de dois gêneros: aquele ou rituais católicos
aquela que trabalha numa seção de
pagamentos

14 Classes de palavras

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Substantivos notáveis
Feminino: cabeleira, juba; vírgula Feminino: fruta
Coma* Masculino: estado mórbido, sonolência Laranja Masculino: otário
(também usado como feminino)
Feminino: cobra Feminino: tecido
Coral* Masculino: canto em coro; pólipo; nome Lhama Masculino: animal mamífero comum dos
de cor Andes
Feminino: ato ou efeito de curar Feminino: idioma; músculo da cavidade
Cura* Masculino: pároco, vigário Língua bucal
Masculino: poliglota; intérprete
Feminino: doença Maria- Feminino: locomotiva a vapor
Dengue Masculino: o mesmo que dengo Masculino: trem com locomotiva a vapor
fumaça
Feminino: planície com vegetação Feminino: honestidade; bons costumes;
Estepe* herbácea Moral ética
Masculino: pneu sobressalente Masculino: ânimo; brio; autoestima
Feminino: relva Feminino: fonte, nascedouro
Grama* Masculino: unidade de massa Nascente Masculino: lado onde “nasce” o Sol

Feminino: vigilância; ato ou efeito de Feminino: estação retransmissora


Guarda guardar; destacamento militar Rádio* Masculino: elemento químico; aparelho
Masculino: sentinela, vigia radiofônico; osso do antebraço
Feminino: formulário; fileira de pedras Feminino: jardim; logradouro público;
Guia que delimita rua e calçada Praça cidade (termo bancário)
Comum de dois gêneros: cicerone Masculino: guarda, soldado
Feminino: lodo Feminino: orifício, abertura; guarida
Lama* Masculino: sacerdote budista Vigia Masculino: sentinela; guarita

OS SUBSTANTIVOS NA CONSTRUÇÃO DOS TEXTOS


Os textos podem apresentar pontos de vista parecidos, porém ser construídos de modos muito
diferentes. Pela forma como o autor escolhe trabalhar a linguagem em seu texto, ele pode torná-
-lo mais figurativo ou mais temático, ou seja, podem predominar substantivos concretos ou subs-
tantivos abstratos.
Textos figurativos e textos temáticos têm função diversa. O texto figurativo, por trabalhar com
o concreto, cria um efeito de realidade porque representa o mundo com seus seres e acontecimen-
tos, fazendo com que o indivíduo “enxergue”, por meio de figuras e de imagens, imediatamente o
tema sobre o qual vai refletir; o texto temático interpreta, explica o mundo, o que leva o indivíduo

D13/SHUTTERSTOCK
a vários níveis de abstração, fazendo-o também pensar, entrar no mundo das ideias.
Os contos de fadas e os provérbios populares são ótimos exemplos de como a figurativização
é imprescindível para crianças e adultos cuja capacidade de abstração seja limitada. As figuras fa-
zem com que eles apreendam mais rapidamente o significado das coisas. Um provérbio como “Sua
alma, sua palma” seria muito difícil de ser compreendido, caso fosse tematizado.
Em contrapartida, a maioria das provas de vestibulares e de concursos exige a leitura e o de-
senvolvimento de textos temáticos, porque querem avaliar a capacidade que o candidato tem de
identificar o tema, explicá-lo, ordenar as ideias, estabelecer relações e argumentar de forma clara, GRAMÁTICA
coerente e consistente.

O substantivo nos textos narrativo-descritivos


A descrição é um recurso usado em qualquer narrativa, em qualquer obra.
E descrever é criar um retrato, é caracterizar — às vezes minuciosamente
— um objeto, uma pessoa, uma cena, um sentimento etc. Geralmente, a
caracterização ocorre por meio dos adjetivos, mas outras classes de palavras

Classes de palavras 15

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 15 09/12/16 11:11


ou expressões podem ter o mesmo papel.
Observe estes exemplos:
Seus olhos eram dois diamantes.
Era a secretária que estávamos procurando.
Era uma pessoa como poucas: não odiava ninguém.
Leia o texto a seguir e note como os adjetivos são empregados pelo autor. Trata-se do primeiro
capítulo do romance Lucíola, de José de Alencar.
I
A senhora estranhou, na última vez que estivemos juntos, a minha excessiva indulgência
pelas criaturas infelizes, que escandalizam a sociedade com a ostentação do seu luxo e extra-
vagâncias.
Quis responder-lhe imediatamente, tanto é o apreço em que tenho o tato sutil e esquisito
da mulher superior para julgar de uma questão de sentimento. Não o fiz, porque vi sentada no
sofá, do outro lado do salão, sua neta, gentil menina de 16 anos, flor cândida e suave, que mal
desabrocha à sombra materna. Embora não pudesse ouvir-nos, a minha história seria uma
profanação na atmosfera que ela purificava com os perfumes da sua inocência; e — quem
sabe? — talvez por ignota repercussão o melindre de seu pudor se arrufasse unicamente com
os palpites de emoções que iam acordar em minha alma.
Receei também que a palavra viva, rápida e impressionável não pudesse, como a pena
calma e refletida, perscrutar os mistérios que desejava desvendar-lhe, sem romper alguns fios
da tênue gaza com que a fina educação envolve certas ideias, como envolve a moda em rendas
e tecidos diáfanos os mais sedutores encantos da mulher. Vê-se tudo; mas furta-se aos olhos
a indecente nudez.
Calando-me naquela ocasião, prometi dar-lhe a razão que a senhora exigia; e cumpro o
meu propósito mais cedo do que pensava. Trouxe no desejo de agradar-lhe a inspiração; e
achei voltando a insônia de recordações que despertara a nossa conversa. Escrevi as páginas
que lhe envio, às quais a senhora dará um título e o destino que merecerem. É um perfil de
mulher apenas esboçado.
Desculpe, se alguma vez a fizer corar sob os seus cabelos brancos, pura e santa coroa de
uma virtude que eu respeito. O rubor vexa em face de um homem; mas em face do papel,
muda e impassível testemunha, ele deve ser para aquelas que já imolaram à velhice os últimos
desejos, uma como essência de gozos extintos, ou extremo perfume que deixam nos espinhos
as desfolhadas rosas.
De resto, a senhora sabe que não é possível pintar sem que a luz projete claros e escuros.
Às sombras do meu quadro se esfumam traços carregados, contrastam debuxando o relevo
colorido de límpidos contornos.
José de Alencar. Lucíola. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br
Observe como os substantivos são parte importante da narrativa construída por Alencar. Chama
a atenção, em primeiro lugar, a palavra “indulgência”, que, já de início, dá a ideia de que a osten-
tação de luxo e riqueza é uma espécie de erro ou pecado, que precisa de perdão. Isso já revela que
a escolha do substantivo mostra, em parte, as intenções do texto, sejam elas de crítica ou de elogio.
No segundo parágrafo, a palavra “profanação” opõe-se à atmosfera angelical trazida
pela presença da neta, marcada por termos como “cândida” e “inocência”, por exemplo —
adjetivo e substantivo, respectivamente. No parágrafo seguinte, outro substantivo é importante
para a compreensão adequada do texto. Trata-se da palavra “pena”, que, no lugar de “caneta”,
promove uma marcação temporal do texto, permitindo que o leitor, caso não tenha tal informação
antecipadamente, localize a passagem no tempo de sua produção, ainda que aproximadamente.
Isso, claro, aliado a outras marcas, como a própria linguagem em si.
Outros termos, no texto, também mostram como a seleção dos substantivos é importante, muitas
vezes qualificados por outras palavras. As “páginas” enviadas esclarecem se tratar de uma carta, os
“cabelos brancos” mostram que a destinatária não é jovem, entre tantos outros exemplos possíveis.

16 Classes de palavras

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CONEXÕES

Leia uma parte do texto introdutório de um livro que, como uma espécie de dicionário temático, reúne algumas das palavras extraordinárias e mar-
cantes presentes na obra do escritor João Guimarães Rosa. Nessa introdução, a autora explica por que decidiu escrever um livro sobre o léxico do autor.
Em seguida, leia alguns dos verbetes apresentados no miolo dessa obra.

O léxico de Guimarães Rosa


Ler Guimarães Rosa é participar de uma aventura no reino mágico da palavra. E se essa aventura nos oferece muitos encantamentos, não é
isenta de problemas e dificuldades. Para dar vazão à sua portentosa imaginação, aliada a finíssima sensibilidade, com as quais cria suas inúme-
ras personagens, movimenta-se em tramas surpreendentes e coloca-as num ambiente natural minuciosa e poeticamente descrito, Guimarães
Rosa revolveu as potencialidades da língua e criou um estilo que assombra e desafia o leitor. A sua opulência verbal inclui recursos expressivos
extremamente variados, quer de ordem léxica, quer sintática, quer retórica. O uso que faz da língua resulta simultaneamente de imaginação,
sensibilidade, memória, conhecimento, pesquisa, erudição; de “trabalho, trabalho e trabalho”, para usar sua própria explicação; acrescente-se
ainda, com relação a seu experimentalismo, ousadia, anseio de originalidade e perfeição. […]
A linguagem intensamente elaborada de Guimarães Rosa foge, intencionalmente, à transparência para se embeber de mistério. Há obstáculos
que exigem atenção e provocam reação diversa nos leitores. A sintaxe, por suas inversões e elipses, o léxico, por sua requintada complexidade, não
permitem que o texto seja recebido passivamente, mas solicitam o leitor a ter também algum papel na criação artística. […]
Ababelo. Os cavalos contritos. Filas e fileiras se armaram: sem ababelo, sem emboléus, tal, e al, contêm-se os vaqueiros, de aguarda. Desordem,
confusão.
Chimpanzefa. A gorila-fêmeo. A chimpanzé ou chimpanzefa. A orangovalsa (Não menos acertará quem disser chimpanzoa). Ludismo em
torno do feminino de chimpanzé, gorila ou orangotango.
Havente. O Liso do Sussuarão não concedia passagem a gente viva, era o raso pior havente, era um escampo dos infernos. Existente, que há.
Munhãmunhã. Ah, munhãmunhã: bobagem. Pensamento, fala boba.
Quatrinca. Em cada quatrinca de bezerros, um é a sua paga. Grupo de quatro.
MARTINS, Nilce Sant’Anna. O léxico de Guimarães Rosa. São Paulo: Edusp, 2001.

1 Você sabe o que significa “léxico”? Escreva o significado da palavra. Caso seja necessário, pesquise-o.

2 Explique, de maneira objetiva, como a autora de O léxico de Guimarães Rosa organizou os verbetes em seu livro.

3 Explique, brevemente, qual é a brincadeira que Guimarães Rosa constrói ao criar o substantivo “orangovalsa”.

4 A palavra “ababelo” associa-se a “babel”, como explica a autora. Explique essa associação. Pesquise, se for necessário.

5 Inspirando-se nas palavras que você conheceu, crie alguns substantivos e dê seu respectivo significado.
ALPHASPIRIT/SHUTTERSTOCK

GRAMÁTICA

Classes de palavras 17

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ATIVIDADES

9 Assinale a alternativa em que a mudança de gênero do substan- b) o meio ambiente é representado, na imagem, pela forma
tivo não levaria à mudança de sentido. de uma pegada, denotativamente entendida como a marca
a) o grama do pé de um ser humano sobre a areia de uma praia e, por
9. Em b, trata-se de um substantivo comum de dois
b) o estudante gêneros. A mudança de gênero seria usada para referir-
extensão, conotativamente, como a marca que os seres hu-
c) o bandeirinha -se a uma estudante do sexo feminino, mas não haveria manos deixam em ambientes marinhos quando o poluem.
d) o capital mudança no significado da palavra. c) o substantivo “pegada”, denotativamente, é entendido como
Alternativa b
e) o cabeça a marca do pé de determinado ser vivo sobre o chão que pisa
e, por extensão, conotativamente, associa-se aos “rastros”
10 +Enem [H21] Leia o texto com atenção.
que o ser humano deixa no meio ambiente por causa de
Pegada Ecológica? O que é isso? seus padrões de consumo.
d) o meio ambiente é representado, na imagem, pela forma
WWF BRASIL

de uma pegada, denotativamente entendida como a mar-


ca do pé de um ser humano sobre a areia a marca que os
seres humanos deixam em ambientes marinhos quando os
exploram por meio de atividades turísticas.
e) o substantivo “pegada”, denotativamente, é entendido como
a marca do pé de determinado ser vivo sobre o chão que pisa
e, por extensão, conotativamente, associa-se aos “rastros” que
Você já parou para pensar que a forma como vivemos deixa
o ser humano deixa na ecologia por causa de seus padrões
marcas no meio ambiente? É isso mesmo, nossa caminhada
de consumo.
pela Terra deixa “rastros”, “pegadas”, que podem ser maiores 10. Esta é mais uma peça para o site da WWF. Nela, associam-se a foto de
ou menores, dependendo de como caminhamos. […] uma pegada humana na areia, preenchida de água, e um texto que explica
A Pegada Ecológica é uma metodologia de contabilidade a metodologia denominada Pegada Ecológica, que consta de procedimentos
de avaliação dos hábitos de consumo das populações mundiais e de como
ambiental que avalia a pressão do consumo das populações tais hábitos geram impactos aos recursos ambientais. A intenção é fazer
humanas sobre os recursos naturais. Expressada em hectares compreender que tudo o que se faz em termos de consumo gera impactos
globais (gha), permite comparar diferentes padrões de con- que deixam marcas, às vezes permanentes, na capacidade de sustentação do
planeta. a) (F) Não se associa a imagem por completo ao conteúdo do texto
sumo e verificar se estão dentro da capacidade ecológica do verbal, que considera os padrões de consumo, e não a devastação por si só,
planeta. Um hectare global significa um hectare de produ- que deixa o meio ambiente “marcado”. b) (F) A metodologia denominada
Pegada Ecológica não se baseia, exclusivamente, em ambientes marinhos.
tividade média mundial para terras e águas produtivas em
d) (F) A pegada não representa o meio ambiente, tampouco a exploração de
um ano. ambientes marinhos por meio de atividades turísticas. A pegada representa
Já a biocapacidade representa a capacidade dos ecossistemas as ações do ser humano sobre o meio ambiente. e) (F) O ser humano, repre-
sentado pela marca que deixa pela pegada, não o faz na ecologia, mas, sim,
em produzir recursos úteis e absorver os resíduos gerados no meio ambiente. Alternativa c
pelo ser humano.
11 (UFTO) Considere a leitura do infográfico para responder à ques-
Sendo assim, a Pegada Ecológica contabiliza os recursos na-
tão.
turais biológicos renováveis (grãos e vegetais, carne, peixes,
madeira e fibras, energia renovável etc.), segmentados em

REPRODUÇÃO
agricultura, pastagens, florestas, pesca, área construída e
energia e absorção de dióxido de carbono (CO2).
Disponível em www.wwf.org.br (acesso em 30 nov. 2016)
O texto citado está organizado em duas instâncias complemen-
tares: a imagem, em que se vê representada uma pegada, e a
seção verbal, em que se lê a explicação para a campanha da
WWF. Ambas as instâncias estão ligadas pelo adjetivo “ecológi-
ca”. Sobre o conjunto observa-se que:
a) o substantivo “pegada” pode ser compreendido denotativa-
mente como a marca do pé de determinado ser vivo sobre
o chão que pisa e, por extensão, conotativamente, como as
marcas que os seres humanos deixam no mundo quando Leia as assertivas a seguir.
devastam o meio ambiente. I. Os recursos gráficos, tais como a disposição dos nomes dos

18 Classes de palavras

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Sim. Ocorre ambiguidade porque não se sabe se um preso está vigiando o
crimes hediondos e as diferentes grafias, podem sugerir o
acusado de matar o empresário ou se foi preso o vigia acusado da morte do
caráter repulsivo e horrendo dos crimes.
II. Genocídio, apresentado no topo e na posição central do empresário. No caso da frase, “vigia” pode ser interpretado como substantivo

texto, pode caracterizar o horror máximo de um crime que ou como verbo, modificando o sentido da notícia.
é cometido contra a humanidade.
III. Extorsão e extermínio são palavras que podem ser subs-
tituídas no texto, sem prejuízo de sentido, pelas palavras
“violência” ou “ameaça”. 11. O problema em III é que os ter-
Assinale a alternativa correta. mos propostos para a substituição
a) Apenas I está correta. levariam à alteração significativa
de sentido; “extorsão” relaciona-se COMPLEMENTARES
PARA PRATICAR
b) Apenas II está correta. mais à ameaça e “extermínio” à
c) Apenas I e II estão corretas. destruição. Alternativa c
Texto para as questões 14 e 15.
d) Apenas I e III estão corretas.
e) Apenas II e III estão corretas. A raposa e as uvas
Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira car-
12 (Fuvest-SP, adaptada) Leia o poema e responda.
regadinha de lindos cachos maduros, coisa de fazer vir
Porquinho-da-índia água à boca. Mas tão altos que nem pulando.
Quando eu tinha seis anos O matreiro bicho torceu o focinho.
Ganhei um porquinho-da-índia. — Estão verdes — murmurou. — Uvas verdes, só para
Que dor de coração me dava cachorro.
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão! E foi-se.
Levava ele pra sala Nisto deu o vento e uma folha caiu.
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos A raposa ouvindo o barulhinho voltou depressa e pôs-se
Ele não gostava: a farejar…
Queria era estar debaixo do fogão. Moral: Quem desdenha quer comprar.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas… Monteiro Lobato
O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira na-
14 (UFPR, adaptada) O texto transcrito é uma fábula — uma nar-
morada.
rativa de fundo didático, em que os animais simbolizam um as-
Manuel Bandeira
pecto ou qualidade do ser humano. Narre uma história da vida
Como os substantivos “bichinho” e “ternurinhas” contribuem
moderna que seja a transposição da fábula que você acabou de
para o sentido do poema?
ler. Para compor o seu texto, escolha substantivos que façam
Esses substantivos, que estão no diminutivo, denotam o afeto do eu lírico,
parte do campo semântico da tecnologia. Escreva, no máximo,
quando criança, pelo porquinho-da-índia. 10 linhas.
15 Reescreva os trechos seguintes, retirados da fábula, substituin-
do os substantivos em destaque por outros que mantenham
o sentido da passagem. Se necessário, faça ajustes nas demais
palavras.
a) “Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira carregadi-
nha de lindos cachos maduros […].”
13 (Fuvest-SP, adaptada) É correto afirmar que na frase ocorre am- b) “Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira carregadi-
biguidade? Justifique sua resposta. nha de lindos cachos maduros […].”
c) “O matreiro bicho torceu o focinho.”
16 (Fuvest-SP) Compare o provérbio “Por fora bela viola, por dentro GRAMÁTICA
pão bolorento” com a seguinte mensagem publicitária de um
empreendimento imobiliário:
Por fora as mais belas árvores. Por dentro a melhor planta.
Aponte o jogo de palavras que ocorre no texto publicitário, mas
não no provérbio.

Tarefa proposta 15-24

Classes de palavras 19

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TAREFA PROPOSTA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

1 (UFMT, adaptada) Leia atentamente o texto de Rico, cartunista O poema de Cruz e Sousa, poeta simbolista brasileiro, filho de es-
mineiro, publicado em 22 de março de 2006. cravos alforriados, faz parte de um conjunto de poemas chama-
dos de “humorísticos e irônicos”. O autor é considerado um dos
Pau que bate em chico bate em francisco!
precursores do Simbolismo no Brasil. Sobre o poema, assinale a
alternativa correta.
a) A opção por substantivos como “patife” e “pança” coopera
para o tom irônico e humorístico dos versos.
b) Apenas a palavra “piruetas” contribui para a construção do
humor, pois se trata da única imagem que, nos versos, pode
fazer rir: a de um inglês obeso que gira em piruetas.
c) O tema da morte (“finou-se”) dá ao poema um tom de
seriedade e, até, melancolia, o que torna incoerente sua
classificação como “humorístico” ou “irônico”.
d) Não há qualquer enredo que se possa notar no poema;
trata-se, simplesmente, de frases soltas que constroem um
todo propositadamente ininteligível.
Disponível em: http://ricostudio.blogspot.com (acesso em 16 jun. 2006)
e) A ausência de rimas e a despreocupação com a sonoridade
a) Explicite a crítica contida na charge. são elementos típicos do Modernismo, movimento de que
b) Por que os substantivos “chico” e “francisco”, tradicional- Cruz e Sousa também fez parte.
mente próprios, aparecem escritos com inicial minúscula?
4 (UFBA)
2 (Uncisal, adaptada) Considere o trecho a seguir para responder Fechava a fila das primeiras lavadeiras, o Albino, um sujeito
à questão. afeminado, fraco, cor de espargo cozido e com um cabelinho
castanho, deslavado e pobre, que lhe caía, numa só linha, até
— Vejo por aí, meu pai, que vosmecê condena toda e qual-
ao pescocinho mole e fino. Era lavadeiro e vivia sempre en-
quer aplicação de processos modernos.
tre as mulheres, com quem já estava tão familiarizado que
— Entendamo-nos. Condeno a aplicação, louvo a deno-
elas o tratavam como a uma pessoa do mesmo sexo; em pre-
minação. O mesmo direi de toda a recente terminologia
sença dele falavam de coisas que não exporiam em presença
científica; deves decorá-la.[…] como tens de ser medalhão
de outro homem; faziam-no até confidente dos seus amores
mais tarde, convém tomar as armas do teu tempo.
e das suas infidelidades, com uma franqueza que o não re-
No trecho, o complemento dos substantivos “aplicação” e “de-
voltava, nem comovia. Quando um casal brigava ou duas
nominação” é:
amigas se disputavam, era sempre Albino quem tratava de
a) de processos modernos.
reconciliá-los, exortando as mulheres à concórdia. Dantes
b) recente terminologia científica.
encarregava-se de cobrar o rol das colegas, por amabilidade;
c) medalhão.
mas uma vez, indo a uma república de estudantes, deram-
d) condenar e louvar.
-lhe lá, ninguém sabia por quê, uma dúzia de bolos, e o
e) as armas do teu tempo.
pobre-diabo jurou então, entre lágrimas e soluços, que nun-
3 +Enem [H18] Leia o poema de Cruz e Sousa. ca mais se incumbiria de receber os róis.
E daí em diante, com efeito, não arredava os pezinhos do
Piruetas
cortiço, a não ser nos dias de carnaval, em que ia, vestido de
Finou-se um tal inglês
dançarina, passear à tarde pelas ruas e à noite dançar nos
Gastrônomo e patife
bailes dos teatros. […]
Que tanto — de uma vez
Naquela manhã levantara-se ainda um pouco mais lân-
Comeu, comeu e esparramou-se em bife;
guido que do costume, porque passara mal a noite.
Que um dia de jejum,
A velha Isabel, que lhe ficava ao lado esquerdo, ouvindo-o sus-
Pela pança rotunda e quixotesca,
pirar com insistência, perguntou-lhe o que tinha.
Teve um parto... comum,
Ah! muita moleza de corpo e uma pontada do vazio que o
Um feto original... de carne fresca.
não deixava!
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br (acesso em 30 nov. 2016)
A velha receitou diversos remédios, e ficaram os dois, no

20 Classes de palavras

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meio de toda aquela vida, a falar tristemente sobre moléstias. soal do caso reto sugere que se trata de transcrição da lín-
E, enquanto, no resto da fileira, a Machona, a Augusta, a Leo- gua falada.
cádia, a Bruxa, a Marciana e sua filha conversavam de tina a II. “Anda, fica boa depressa, que te dão uma boneca!” (4o pará-
tina, berrando e quase sem se ouvirem, a voz um tanto cansa- grafo): de acordo com a norma culta, a frase está incorreta,
da já pelo serviço, defronte delas, separado pelos jiraus, for- por causa da mistura de pessoas do discurso, entre a flexão
mava-se um novo renque de lavadeiras, que acudiam de fora, verbal e o pronome de segunda pessoa.
carregadas de trouxas, e iam ruidosamente tomando lugar ao III. “ela estava tão mal!” (1o parágrafo) — ela estava tão bem!;
lado umas das outras, entre uma agitação sem tréguas, onde “naquele abatimento triste” (7o parágrafo) — naquela pros-
se não distinguia o que era galhofa e o que era briga. Uma a tração melancólica
uma ocupavam-se todas as tinas. E de todos os casulos do Nas alterações havidas nos pares citados, identificam-se,
cortiço saíam homens para as suas obrigações. […] respectivamente, antônimos e sinônimos.
AZEVEDO, A. O cortiço. São Paulo: Saraiva, 2008. IV. “com tão bom modo” (último parágrafo): essas palavras
classificam-se, respectivamente, como preposição, advér-
Considerando o fragmento transcrito e a obra de onde foi reti-
bio, adjetivo e substantivo.
rado, justifique, do ponto de vista da escolha do vocabulário,
o emprego do substantivo “casulos” no último parágrafo do
Leia o texto para responder às questões de 6 a 8.
texto.
Introdução
5 (UFSE, adaptada) Leia o texto para responder à questão.
Em geral acreditamos que existe uma nítida linha divisó-
Mas naquela noite ela estava tão mal! Doía-lhe tudo. Que ria entre o real e o imaginário, entre o fato e a ficção: terri-
tinha? Por que lhe deram de beber tantos remédios diferen- tórios claramente demarcados em nossa vida. Mas será que
tes…? é assim mesmo? Os escritores terão dúvidas.
[…] Frequentemente partem da realidade — um episódio
E por que lhe aplicaram aquelas coisas chamadas sinapis- histórico, um personagem conhecido, um fato acontecido
mos, que no dia seguinte lhe deixavam tamanha bolha um — para, a partir daí, construírem suas histórias. Uma ex-
pouco acima dos calcanhares? E por que não adiantava periência que tive muitas vezes ao longo de minha trajetó-
nada a ternurinha ciciosa de Dentinho de Arroz, que lhe ria literária. Mas confesso que não estava preparado para a
mostrava figuras muito coloridas, muito cheirosas de tin- verdadeira aventura, que teve início quando, anos atrás, e a
ta, figuras lustrosas de moças de olhos pretos, saídas das convite de editores da Folha de S.Paulo, comecei a escrever
caixas de passas? textos ficcionais baseados em notícias de jornal. Não é, ob-
Por que era também inútil a voz grossa de Maria Maruca: viamente, algo novo; já aconteceu muitas vezes. Mas, prati-
“Trata de ficares boa! Anda, fica boa depressa, que te dão cada sistematicamente, essa atividade foi se revelando cada
uma boneca! Fica boa, para chupares bala de coco: chegou vez mais surpreendente e fascinante. Descobri que, atrás de
agora mesmo um cartuchão!”? muitas notícias, ou nas entrelinhas destas, há uma história
Por que era vã, completamente, a presença de Boquinha de esperando para ser contada, história essa que pode ser ex-
Doce, pensativa e serena, acendendo uma vela diante do tremamente reveladora da condição humana.
Senhor Santo Cristo? O jornal funciona, neste sentido, como a porta de en-
E por que veio Có, e lhe falou baixinho, e lhe levantou da trada para uma outra realidade — virtual, por assim dizer.
testa o cabelo tão suado, e lhe consertou o travesseiro, e lhe Neste momento o texto jornalístico, objetivo e preciso, dá
apalpou por baixo das cobertas o corpinho mole, magro e lugar à literatura ficcional. À mentira, dirá o leitor. Bem, não
ardente, e lhe sorriu com a sua boca muito sinuosa, de lábios é propriamente mentira; são histórias que esqueceram de
largos, e girando os olhos para o lado lhe perguntou quase acontecer. O que o escritor faz é recuperá-las antes que se
sem voz: “Mas cadê ela?” percam na imensa geleia geral composta pelos nossos so-
E por que a fez sorrir doridamente, naquele abatimento nhos, nossas fantasias, nossas ilusões.
triste, longe dos bichos, das plantas, do sol…? Este livro contém várias das histórias assim escritas.
E por que lhe pediu que dormisse, com tão bom modo, e Espero que o leitor as tome como um convite para in-
GRAMÁTICA

diminuiu a luz, e sentou-se à beira da cama, e tomou nas gressar no inesquecível território do imaginário.
suas a mãozinha sem força, gasta de tanto calor…? Moacyr Scliar. Histórias que os jornais não contam.
MEIRELES, Cecília. Olhinhos de gato.
São Paulo: Moderna, 2003. 6 (UECE) Escrevendo a introdução de um livro de sua autoria,
Moacyr Scliar focaliza um dos problemas da literatura: os limites
Julgue (V ou F) cada afirmação.
entre o real e o ficcional. Sobre esses dois territórios — o real e
I. “Mas cadê ela?” (6o parágrafo): o emprego do pronome pes-
o ficcional —, considere as proposições a seguir, com base no

Classes de palavras 21

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raciocínio que o autor desenvolve no texto. Fragmento Sinônimo
I. Existe, para qualquer pessoa, clara demarcação entre reali-
a) “o ovo dos vícios” a causa
dade e ficção.
II. O trabalho dos escritores de ficção situa-se no território da b) “Caía um ar danado de doença” condenado
fantasia. “a cara geral dos edifícios” fachada
c)
III. O real está fora das preocupações do escritor.
É correto o que se declara: d) “uma horda feroz de cães famintos” um bando
a) apenas em I e II. c) em I, II e III. “Uivava dentro do eu” dentro de mim
e)
b) apenas em III. d) apenas em II.
10 (U. F. Viçosa-MG) Assinale a alternativa em que há erro de varia-
7 (UECE) Indique a opção em que se traduz corretamente o que
ção de número.
Moacyr Scliar denomina de verdadeira aventura.
a) as águas-marinhas – as públicas-formas – os acórdãos
a) Escrever textos puramente ficcionais, ou seja, literários.
b) abajures – caracteres – os ônus
b) Criar um texto ficcional, partindo de uma notícia de jornal.
c) autosserviços – alto-falantes – lilases (substantivo)
c) Escrever sistematicamente para o jornal Folha de S.Paulo.
d) capitães-mor – sabiás-pirangas – autos de fé
d) Escrever textos jornalísticos, isto é, textos não ficcionais.
e) guardas-florestais – malmequeres – ave-marias
8 (UECE) Reflita sobre a dicotomia literatura × não literatura e
assinale a opção em que todas as palavras estão, no texto de Leia o cartão de Natal adiante, da empresa Natura ao povo
Moacyr Scliar, relacionadas somente com a literatura. brasileiro, publicado na revista Veja, de 28 de dezembro de
a) imaginário (l. 2); territórios (l. 3); histórias (l. 8-9); aventura 2005, para responder às questões de 11 a 13.
(l. 11); textos ficcionais (l. 13); história (l. 19); histórias que
Natal no Brasil tem pinheiro enfeitado,
esqueceram de acontecer (l. 27)
mas também tem jatobá, andiroba e jequitibá.
b) imaginário (l. 2); ficção (l. 3); histórias (l. 8-9); textos ficcionais
(l. 13); história (l. 19); outra realidade (l. 23); histórias que
Papai Noel chega de trenó
esqueceram de acontecer (l. 27)
ou de canoa, carroça ou chalana.
c) imaginário (l. 2); fato (l. 2); ficção (l. 3); histórias (l. 8-9);
textos ficcionais (l. 13); história (l. 19); realidade —
É uma festa de índios, caboclos e mamelucos.
virtual (l. 23); histórias que esqueceram de acontecer
E de gente de todo o mundo.
(l. 27); inesquecível território do imaginário (l. 33-34)
d) imaginário (l. 2); ficção (l. 3); histórias (l. 8-9); textos fic-
Feliz Brasil para você.
cionais (l. 13); história (l. 19); a porta de entrada para
uma outra realidade (l. 22-23); uma outra realidade 11 (UFMT, adaptada) Qual é a ressignificação que o texto pretende
(l. 23); histórias que esqueceram de acontecer (l. 27) dar ao Natal? Por quê?
9 (UFES, adaptada) 12 (UFMT) Quais recursos foram utilizados para promover essa res-
significação?
Texto I
13 Os substantivos “canoa” e “chalana” aproximam-se em seu sen-
As cismas do destino
tido, apesar de não serem sinônimos. Aponte, de maneira des-
A noite fecundava o ovo dos vícios
critiva, semelhanças e diferenças entre eles.
Animais. Do carvão da treva imensa
Caía um ar danado de doença 14 (U. E. Ponta Grossa-PR) A série de palavras que, no plural, mu-
Sobre a cara geral dos edif ícios! dam o timbre do “o” tônico é:
a) acordo – transtorno – sogro – molho – repolho
Tal uma horda feroz de cães famintos, b) imposto – povo – corpo – esforço – tijolo
Atravessando uma estação deserta, c) logro – toco – soldo – gorro – fofo
Uivava dentro do eu, com a boca aberta, d) gafanhoto – globo – bolso – coco – bolo
A matilha espantada dos instintos! e) forro – esposo – rolo – sopro – topo
Augusto dos Anjos. Eu.
15 (Unicamp-SP, adaptada)
Cada alternativa a seguir contém um fragmento retirado do
Matte a vontade.
texto e um sinônimo para o termo destacado. A alternativa
Matte Leão.
que apresenta o sinônimo inadequado para o termo desta-
cado é:

22 Classes de palavras

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 22 09/12/16 11:11


Este enunciado faz parte de uma propaganda afixada em lugares nos quais se vende o chá Matte Leão. Observe as construções a
seguir, feitas a partir do enunciado em questão:
Matte à vontade.
Mate a vontade.
Mate à vontade.
a) Complete cada uma das construções dadas com palavras ou expressões que explicitem as leituras possíveis relacionadas à pro-
paganda.
b) Retome a propaganda e explique o seu funcionamento, explicitando as relações morfológicas, sintáticas e semânticas envolvidas.
c) Em relação às palavras “Matte”, “mate” e “vontade”, em qual enunciado uma delas deve ser lida como substantivo?
16 (ITA-SP) Assinale a interpretação sugerida pelo seguinte trecho publicitário.
Fotografe os bons momentos agora, porque depois vem o casamento.
a) O casamento não merece fotografias.
b) A felicidade após o casamento dispensa fotografias.
c) Os compromissos assumidos no casamento limitam os momentos dignos de fotografia.
d) O casamento é uma segunda etapa da vida que também deve ser registrada.
e) O casamento é uma cerimônia que exige fotografias exclusivas.
17 (UFPR) Leia o trecho para responder à questão.
[…] O grego Ptolomeu (90-168) e toda a escola de Alexandria lhe teriam servido melhor, mas se calculasse bem, o genovês
não teria chegado onde chegou. Mesmo porque a imaginação, encharcada de relatos sobre terras fantásticas e da obsessão por
monstros, o guiava tanto ou mais que o conhecimento “científico”. Encontrar tais monstros era fundamental, com a tradição
rezando que sua presença augurava riquezas. Foi grande o desapontamento de Colombo quando os naturais das ilhas do Ca-
ribe lhe disseram que nunca tinham visto tais seres. […]
Que alternativa reescreve a sentença “Encontrar tais monstros era fundamental, com a tradição rezando que sua presença augurava
riquezas”, mantendo as principais relações de sentido?
a) Encontrar os monstros era sinal de mau agouro, ou seja, significava não encontrar riquezas.
b) Era imprescindível encontrar os monstros e, se rezassem em sua presença, poderiam encontrar riquezas.
c) Era importante encontrar os monstros, para os quais tradicionalmente se rezava para atrair riquezas.
d) Era lendário o fato de que monstros rezavam para atrair riquezas e encontrá-los era essencial.
e) Era importante encontrar os monstros que, pela tradição, constituíam indícios de riqueza.
18 +Enem [H18] Leia a tirinha.
NÍQUEL NÁUSEA/FERNANDO GONSALES

GRAMÁTICA

O humor, na tirinha, constrói-se por mais de um elemento, incluindo a linguagem não verbal e a polissemia de uma palavra que apa-
rece no segundo quadrinho, que é:
a) sortudo c) pegar e) morto
b) vai d) o

Texto para as questões de 19 a 21.

Classes de palavras 23

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CAULOS

19 (UEMS, adaptada) Para o cartunista, o que é a comunicação?


20 (UEMS, adaptada) Ainda para o cartunista, comunicação poderia ser resumida por qual dos seguintes substantivos?
a) competição
b) espírito crítico
c) rejeição
d) controvérsia
e) harmonia
21 (UEMS) Como símbolo visual da comunicação, Caulos usou a figura de um quebra-cabeça com pecinhas de encaixar. A escolha visual
é muito boa, pois as peças também servem para mostrar a possibilidade de:
a) beleza e senso estético.
b) desencaixe e incompreensão.
c) progresso e tecnologia.
d) automatismo e insensibilidade.
e) incômodo e burocracia.

Leia o texto para responder à questão.


A mulher e a casa
Tua sedução é menos é possível contemplá-la. seus recintos, suas áreas,
de mulher do que de casa: organizando-se dentro
Seduz pelo que é dentro,
pois vem de como é por dentro em corredores e salas,
ou será, quando se abra;
ou por detrás da fachada.
pelo que pode ser dentro os quais sugerindo ao homem
Mesmo quando ela possui de suas paredes fechadas; estâncias aconchegadas,
tua plácida elegância, paredes bem revestidas
pelo que dentro fizeram
esse teu reboco claro, ou recessos bons de cavas,
com seus vazios, com o nada;
riso franco de varandas,
pelos espaços de dentro, exercem sobre esse homem
uma casa não é nunca não pelo que dentro guarda; efeito igual ao que causas:
só para ser contemplada; a vontade de corrê-la
pelos espaços de dentro:
melhor: somente por dentro por dentro, de visitá-la.

MELO NETO, João Cabral de. A mulher e a casa. In: Os melhores poemas de João Cabral de Melo Neto. Seleção de Antônio
Carlos Secchini. 6. ed. São Paulo: Global, 1998.

24 Classes de palavras

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22 (UFPB, adaptada) Observando-se os elementos temáticos apresentados no poema, analise as afirmações e dê a soma dos números
dos itens corretos.
(01) A figura feminina considerada em sua força de sedução.
(02) A idealização da figura feminina como ser inatingível.
(04) A mulher como figura de sedução exclusivamente física.
(08) A contemplação da mulher em sua dimensão interior.
(16) O poder da essência feminina na conquista amorosa.

Texto para as questões 23 e 24.


Ele também engorda as crianças
Criança reage ao estresse de modo parecido ao dos adultos. A pesquisadora Elizabeth Susman, da Universidade Penn State
(EUA), comprovou a ligação entre o excesso de cortisol e de peso, notadamente nas garotas. Ela avaliou 111 meninos e meninas com
idades entre 8 e 13 anos à procura de sintomas de depressão e mediu os níveis do hormônio em amostras de saliva após atividades
estressantes, como fazer contas mentais. “Houve grande aumento de cortisol em todos, porém nas meninas isso pareceu direta-
mente associado ao ganho de peso” […]. Uma das hipóteses é a interação entre as mudanças bioquímicas patrocinadas pelo estresse
sobre o hormônio feminino estrogênio.
O pesquisador Steve Garasky, da Universidade de Iowa (EUA), observou que o casamento entre a obesidade e o estresse começa
cedo. Ele analisou crianças de 7 anos até jovens de 15 e verificou que, entre aqueles que sofriam algum tipo de estresse, 56% tinham
sobrepeso ou estavam obesos. Garasky constatou que o ambiente e o humor materno têm papel importante. “Quando a mãe é es-
tressada e as crianças vivem em uma casa com comida adequada — e talvez isso seja a comida do conforto, como doces e chocolates
—, é possível que comam mais”, diz o cientista. Além de depressão, problemas socioeconômicos e falta de orientação para o futuro,
estudos mostram que a falta de atenção dos pais em relação aos problemas dos filhos é outro fator que estressa as crianças.
Adaptado de PEREIRA, Cilene e TARANTINO, Mônica.
IstoÉ, São Paulo: Editora Três, ago. 2010.

23 (UFGO) O título do texto é aparentemente incoerente. Durante a leitura, essa aparência é desfeita pelo estabelecimento da referência
textual, que ocorre pela:
a) experiência prévia do leitor com o tema.
b) introdução do referente no corpo do texto.
c) subversão do significado referencial da palavra “engorda”.
d) conclusão decorrente de inferências permitidas pelo texto.
e) recuperação de um referente impessoal pelo pronome “ele”.
24 (UFGO) No texto, o termo “casamento” (2o parágrafo) é empregado em sentido metafórico. Que traço do sentido denotativo perma-
nece no sentido figurado?
a) Acordo d) Dependência
b) Afinidade e) Relação
c) Condição

VÁ EM FRENTE
GRAMÁTICA

Leia
Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000035.pdf> (acesso em 30 nov. 2016), você pode ler outros tre-
chos de Lucíola, de José de Alencar. O romance traça um perfil da sociedade da época, fazendo-nos mergulhar em fatos e costumes
daquele tempo (fim do século XIX).

Classes de palavras 25

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CAPÍTULO

2 Adjetivo /Artigo

Objetivos: É natural dos seres humanos observar, qualificar, oferecer estados ou atributos àquilo que existe
ou ao que habita os nossos sentimentos e imaginação, seja isso feito instantaneamente ou depois
c Conhecer a definição de muita reflexão. O importante é ter olhos para o mundo, atribuir a ele palavras que lhe ofereçam
de adjetivo e artigo.
qualidades ou alguma espécie de caracterização. Para isso existem os adjetivos.
c Conhecer a Leia a letra da canção “Musa híbrida”, de Caetano Veloso. Depois, responda às questões.
classificação semântica
e morfológica dessas Musa híbrida
classes gramaticais. Musa híbrida
musa híbrida
c Reconhecer as funções Professor, nesta atividade pode-se trabalhar
de olho verde e carapinha cúprica a habilidade 22 da matriz de referência do
morfossintáticas
cúprica cúprica cúprica Enem, pela qual é possível “relacionar, em
dessas classes diferentes textos, opiniões, temas, assuntos
gramaticais.
onça, onça
e recursos linguísticos”; estes últimos tor-
nam a letra da canção lírica e expressiva.
c Refletir sobre o a minha voz tão fosca A cunhagem de novas palavras, por meio
papel dessas classes de elementos presentes na língua, torna os
brilha por teus lábios bundos versos semanticamente ricos e sonoramente
gramaticais na a malha do teu pelo surpreendentes.
construção de textos. dongo, congo, gê, tupi, batavo, luso, hebreu e
mouro
se espalha pelo mundo
vamos refazer o mundo
teu buço louro
meu canto mestiçoso

tu, onça tu
eu, jacaré eu
Caetano Veloso. Cê. Universal Music, 2006.

De que maneira a palavra “híbrida”, que caracteriza a musa da canção, se relaciona em sentido
com o terceiro verso da primeira estrofe?
A caracterização da musa como “híbrida” refere-se a uma mistura, a algum ser que seja o resultado da junção de ele-
mentos diferentes. Assim, o terceiro verso, que traz elementos da aparência da musa, se relaciona com essa ideia de
imagem misturada, da junção de fenótipos.

A palavra “cúprica” relaciona-se a “cobre”. Faça uma pesquisa e descubra qual é a origem da
formação dessa palavra. (Por que se diz “cúprico”, não “cóbrico”?)
A origem está na palavra latina cuprum, que nomeava o cobre.

26 Classes de palavras

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Como se pode interpretar a caracterização de uma voz como “fosca”?
Uma voz fosca pode ser interpretada como uma voz não tão clara e forte como poderia ser. Trata-se de uma voz enfra-
quecida por alguma razão ou pouco clara.

Qual é o efeito de sentido que se cria com o uso da palavra “mestiçoso”?


À palavra “mestiço”, que significa misturado, acrescentou-se o sufixo “-oso”. Assim, a palavra não só retoma a ideia de
a musa ser híbrida como também aponta para a modificação da palavra, sua mistura com um novo sufixo. Há outras
interpretações possíveis.

O QUE QUALIFICA OS SERES?


GARFIELD, JIM DAVIS. 2008 PAWS, INC. ALL RIGHTS
RESERVED / DIST. UNIVERSAL UCLICK

Disponível em: http://menina-voadora.blogspot.com.br

Na tirinha, logo no primeiro quadrinho, a palavra “belo” qualifica o casal, mas não foi em-
pregada apenas em seu sentido mais comum, relacionado à beleza física. A ideia, nesse caso, é
a de um casal que, além de bonito, deu certo, com muitas afinidades. No segundo quadrinho,
as palavras “coloridas” e “xadrez” (mantida a grafia original da tirinha — o correto seria xadre-
zes), que qualificam, respectivamente, as meias e as gravatas, também são imprescindíveis para
que o leitor compreenda a opinião de Garfield sobre o casal: o gato não acha que eles sejam um
“belo” casal, assim como não acha bonitas as meias coloridas e as gravatas xadrezes.
As palavras que modificam o substantivo para atribuir-lhe uma característica, ou seja, uma
qualidade, propriedade ou estado, são denominadas adjetivos.
O adjetivo pode ser explicativo, restritivo ou pátrio.
YURI ARCURS/SHUTTERSTOCK

Restritivo
Explicativo Pátrio

Quando, particularizando um ser, atribui a ele


GRAMÁTICA
Quando, não particularizando um qualidade acidental, ou seja, que ele pode ter ou Quando indica a nacionalidade
ser, atribui a ele uma qualidade não. ou a procedência de um ser ou
que lhe é própria. Exemplos: de algo que está sendo
Exemplos: sol forte, diamante impuro, homem representado por um
sol brilhante, diamante duro, inteligente, pimenta importada. substantivo.
homem mortal, pimenta Exemplos:
ardida. restaurante francês,
porcelana inglesa, povo
brasileiro.

Classes de palavras 27

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OBSERVAÇÃO Há alguns adjetivos pátrios bem diferentes, tornando-se difícil associá-los ao lugar a que dizem
respeito. Exemplos:
1 Existem alguns adjetivos que se Portenho (Buenos Aires), soteropolitano (Salvador), potiguar (Rio Grande do Norte), capixaba
mostram indiferentes à marca de
número, servindo indistintamente
(Espírito Santo).
para a indicação do singular e do Dependendo da posição que ocupa em relação ao substantivo, o adjetivo pode sofrer alteração
plural. Exemplo: critério simples
w critérios simples de significado. Exemplo:
Era o pobre funcionário da praça. (= coitado)
Era o funcionário pobre da praça. (= desprovido de recursos)
ATENÇÃO!
O adjetivo pode tornar-se um substantivo, antepondo-se a ele um artigo ou outro determi-
1 nante. Exemplos:
Os substantivos usados como Os arrogantes foram excluídos da seleção.
adjetivos ficam invariáveis. Este indisciplinado não participará do torneio de xadrez.
Veja os exemplos:
blusa abacate w blusas abacate
terno cinza w ternos cinza LOCUÇÃO ADJETIVA
bolsa gelo w bolsas gelo
O plural de surdo-mudo é sur- É a expressão com função qualificadora, isto é, com função de adjetivo, formada por preposição
dos-mudos. (de, em, com, sem etc.) mais substantivo ou equivalente. Exemplos:
mulher de coragem (preposição + substantivo) = mulher corajosa (adjetivo)
livro sem capa (preposição + substantivo) = livro desencapado (adjetivo)

Nem sempre encontramos um adjetivo da mesma família e de significado idên-


tico ao da locução adjetiva, assim como nem toda locução adjetiva tem um adjetivo
equivalente. Exemplos:
região de lagos = região lacustre
imagens de sonhos = imagens oníricas
livro de matemática = não tem adjetivo equivalente
colega de turma = não tem adjetivo equivalente

FLEXÕES DO ADJETIVO
O adjetivo, assim como o substantivo, flexiona-se em número, gênero e grau.

Número do adjetivo
O adjetivo acompanha o número do substantivo a que se refere.
Exemplos:
aluno atento: substantivo “aluno” (singular), adjetivo “atento” (singular)
alunos atentos: substantivo “alunos” (plural), adjetivo “atentos” (plural) 1

Plural dos adjetivos compostos


Para fazermos o plural dos adjetivos compostos (aqueles formados por duas ou mais pa-
lavras), precisamos, antes, analisar a classificação gramatical das palavras que os compõem.
a) Se tais palavras forem adjetivos, somente a última irá para o plural. Veja: acordo sino-
-russo-japonês (sino = adjetivo referente à China, russo = adjetivo referente à Rússia,
japonês = adjetivo referente ao Japão); todas as palavras são adjetivos, portanto somente
o último elemento vai para o plural: acordos sino-luso-japoneses.
Outros exemplos:
antologia anglo-espanhola w antologias anglo-espanholas
partido social-democrata w partidos social-democratas

28 Classes de palavras

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b) Se em tais palavras o segundo elemento for um substantivo, ele ficará invariável. Exem-
plos: o plural de uniforme verde-oliva é uniformes verde-oliva (oliva não varia porque
é um substantivo); carro vermelho-sangue faz o plural em carros vermelho-sangue (pois
sangue é substantivo).
Também são invariáveis: azul-marinho, azul-celeste, furta-cor, ultravioleta, sem-sal.
casaco azul-marinho w casacos azul-marinho
piscina azul-celeste w piscinas azul-celeste
esmalte furta-cor w esmaltes furta-cor
raio ultravioleta w raios ultravioleta
história sem-sal w histórias sem-sal 1

Gênero do adjetivo
Observe a capa desta revista.
EDITORA GLOBO

GRAMÁTICA

Repare como o nome da revista é sugestivo: Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Além
da sonoridade, a construção de sentido do nome da revista chama a atenção dos potenciais
leitores. Os adjetivos “pequenas” e “grandes” ajudam muito na construção da ideia de que
empresas de pequeno porte podem ser bem-sucedidas, podem render muitos lucros. Veja
que o adjetivo “pequenas” está flexionado em gênero para concordar com “empresas”. Em
contrapartida, o adjetivo “grandes” tem flexão apenas de número, não flexionando em
gênero, independentemente do substantivo a que se refere.

Classes de palavras 29

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Flexão de gênero
VALUA VITALY/SHUTTERSTOCK

Quanto ao gênero, os adjetivos dividem-se em uniformes e biformes.


Os adjetivos uniformes (uno, “um”) são os que apresentam uma única forma para acompa-
nhar os substantivos masculinos e femininos. Exemplos:
breve exame w breve prova
trabalho útil w ação útil
objeto ruim w coisa ruim
Os adjetivos biformes (bi, “duas”) são os que apresentam uma forma para o masculino e outra
para o feminino. Exemplos:
homem honesto w mulher honesta
selo antigo w moeda antiga
Para formarmos o feminino dos adjetivos biformes, precisamos considerar as regras a seguir.

Adjetivos terminados em:


OBSERVAÇÃO -o alteram a terminação para -a
Exemplos: agudo – aguda; miúdo – miúda; alto – alta
1
São invariáveis quanto ao gêne- -ês, -or, -u geralmente recebem a terminação -a
ro os adjetivos: hindu, cortês, pe- Exemplos: japonês – japonesa; entregador – entregadora; nu – nua
drês, montês, incolor, multicor,
bicolor, tricolor, inferior, anterior, -ão alteram essa terminação para -ã, -ona e, às vezes, -oa
posterior, interior, maior, menor, Exemplos: são – sã; chorão – chorona; beirão – beiroa
melhor, pior, superior (superiora
é substantivo feminino, “religio- -eu alteram a terminação para -eia
sa que dirige um convento ou Exemplos: ateu – ateia; europeu – europeia; galileu – galileia
mosteiro”).
O adjetivo “mau” faz o feminino
-éu alteram a terminação para -oa
Exemplos: tabaréu – tabaroa; ilhéu – ilhoa
“má”.

Ao estudarmos o plural dos adjetivos compostos, vimos que:


a) se os dois elementos são adjetivos, somente o segundo varia; a mesma regra é válida para
ATENÇÃO! o gênero feminino. Exemplos:
acordo luso-brasileiro
1 O feminino de surdo-mudo é sur- festa luso-brasileira
damuda.
b) se o segundo elemento for um substantivo, ele ficará invariável, regra que continua valendo
para o feminino. Exemplos:
casaco rosa-choque
blusa rosa-choque 1 1

Grau do adjetivo
Grau é a flexão que expressa a intensidade maior ou menor com que o adjetivo qualifica
(ou caracteriza) o substantivo. Este grau (ou flexão) pode ser realizado de modo sintético ou
analítico.

Sintético:
Faz-se com o auxílio de sufixos intensificadores: dificílimo (sufixo -imo), barcaça (sufixo -aça).

Analítico:
Faz-se com o auxílio de palavras que designam intensificação: muito inteligente, menos bonito.

Existem dois graus: o comparativo e o superlativo.


O grau comparativo compara qualidades entre dois ou mais seres. Ele pode ser de:

30 Classes de palavras

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igualdade: Antônio é tão inteligente quanto (ou como) Pedro.
superioridade: O Himalaia é mais alto (do) que o Pão de Açúcar.
inferioridade: A prata é menos valiosa (do) que o ouro.
VAMOS VER QUEM É
MAIS ALTO?
O grau superlativo indica uma característica atribuída em máxima intensidade ao substantivo.
Subdivide-se em absoluto e relativo.
Leia atentamente as informações do quadro a seguir.

Superlativo absoluto Superlativo relativo


A superioridade é ressaltada
Ressalta-se, com vantagem ou desvantagem, a
sem nenhuma relação
qualidade em relação a outros seres.
com outros seres.
Sintético (por meio do Analítico (antecipação de De superioridade De inferioridade
uso de sufixos) palavra intensificadora)

Este livro é utilíssimo. Este livro é muito útil. A sequoia é uma das O uirapuru é um dos
árvores mais antigas do pássaros menos vistos da
planeta. nossa fauna.

Alguns superlativos prendem-se a formas latinas e, por isso, são chamados de superlativos
eruditos.

Superlativos eruditos

acre – acérrimo frio – frigidíssimo negro – nigérrimo

amargo – amaríssimo geral – generalíssimo nobre – nobilíssimo

amigo – amicíssimo humilde – humílimo parco – parcíssimo

antigo – antiquíssimo incrível – incredibilíssimo pessoal – personalíssimo

áspero – aspérrimo inimigo – inimicíssimo pobre – paupérrimo

benéfico – beneficentíssimo íntegro – integérrimo pródigo – prodigalíssimo

benévolo – benevolentíssimo livre – libérrimo provável – probabilíssimo

célebre – celebérrimo magnífico – magnificentíssimo público – publicíssimo

cristão – cristianíssimo magro – macérrimo sábio – sapientíssimo

cruel – crudelíssimo maléfico – maleficentíssimo sagrado – sacratíssimo


GRAMÁTICA
difícil – dificílimo malévolo – malevolentíssimo salubre – salubérrimo

simples – simplicíssimo,
doce – dulcíssimo mísero – misérrimo
simplíssimo

fiel – fidelíssimo miúdo – minutíssimo soberbo – superbíssimo

Classes de palavras 31

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Superlativos irregulares
Os adjetivos “bom”, “mau”, “grande” e “pequeno” formam o superlativo absoluto sintético
e o superlativo relativo de superioridade como segue:

bom ótimo o melhor de

mau péssimo o pior de

grande máximo o maior de

pequeno mínimo o menor de

Comparação de duas qualidades


Usam-se as formas analíticas (“mais bom”, “mais mau”, “mais grande”, “mais pequeno”)
quando se confrontam duas qualidades do mesmo ser. Exemplos:
Nosso vizinho é mais bom que inteligente.
Este carro é mais grande que confortável.

O ADJETIVO E A CONSTRUÇÃO DE SENTIDO


Leia o texto a seguir, trecho que abre o romance Senhora, de José de Alencar (o mesmo autor
de Lucíola).
Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha
dos salões.
Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.
Era rica e formosa.
Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; dois esplendores que
se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante.
Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte como
brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu
fulgor?
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e
logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia.
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem
os comentários malévolos de que usam vesti-la os noveleiros.
Aurélia era órfã; e tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, d. Firmina Masca-
renhas, que sempre a acompanhava na sociedade.
Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpu-
los da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação
feminina.
Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante
do firme propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse.
Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade desconhecida, a julgar
pelo caráter da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade, do que a velha
parenta.
A convicção geral era que o futuro da moça dependia exclusivamente de suas inclinações
ou de seu capricho; e por isso todas as adorações se iam prostrar aos próprios pés do ídolo.
Assaltada por uma turba de pretendentes que a disputavam como o prêmio da vitória,
Aurélia, com sagacidade admirável em sua idade, avaliou da situação dif ícil em que se achava,
e dos perigos que a ameaçavam.
ALENCAR, José de. Senhora. São Paulo: Saraiva, 2007.

32 Classes de palavras

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Reflita, agora, sobre os aspectos descritivos presentes entre as ideias do texto que você
acabou de ler e observe como os adjetivos foram amplamente empregados. Há frases curtas
formadas quase exclusivamente por eles, como é o caso de “Era rica e formosa”. Todos os ad-
jetivos e todas as locuções adjetivas que aparecem no texto servem para construir a imagem
de uma mulher, personagem principal da obra de Alencar.
Muitas vezes, parece desnecessário haver tantos adjetivos e descrições tão minuciosas para
uma só personagem ou para um só lugar. Entretanto, é preciso ter em mente que o autor,
provavelmente, tivesse alguma intenção ao desenvolver tais descrições, como valorizar ou
criticar pessoas, apresentar espaços e costumes. E José de Alencar não foi o único a valorizar
tanto as descrições minuciosas e o uso de adjetivos na construção dos textos. Nomes como
os de Manuel Antônio de Almeida e Aluísio Azevedo fazem parte do grupo de escritores que
valorizaram a descrição nos textos narrativos, criando imagens fiéis daquilo que pretendiam
dividir com o leitor. O precedente do substantivo

ATIVIDADES

1 (UFAC) A alternativa em que a locução adjetiva não corresponde Nesse texto, as palavras “sem”, “pequena”, “noite” e “cada”
ao adjetivo dado é: 1. O adjetivo “plúmbeo” refere-se àquilo apresentam, respectivamente, a seguinte classificação morfo-
a) dos quadris – ciático que tem cor de chumbo, que se relaciona ao lógica:
chumbo. Alternativa d
b) de veias – venoso a) artigo – substantivo – adjetivo – numeral
c) de garganta – gutural b) preposição – adjetivo – substantivo – pronome indefinido
d) de chuva – plúmbeo c) preposição – substantivo – substantivo – verbo
e) de prata – argênteo d) conjunção coordenativa – substantivo – adjetivo – advérbio
e) numeral – adjetivo – adjetivo – pronome pessoal
2
GRAMÁTICA
(UEMS)
3 +Enem [H9] Leia o texto para responder à questão.
Hino ao sono
sem a pequena morte Plínio, o Antigo, informa-nos que o ato de semear trigo é uma
de toda noite operação que se realiza sob o compasso […]. Em Madagascar as
como sobreviver à vida mulheres que preparam a terra para semear o arroz “parecem
de cada dia? bailarinas executando um ballet”, de tal forma é cadenciado e
José Paulo Paes marcado o ritmo do andar. Os malaios remam em comum ao
2. Conhecendo bem a natureza de substantivos e adjetivos, é possível responder
à questão, mesmo sem conhecer as demais classes gramaticais envolvidas.
Alternativa b Classes de palavras 33

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3. A questão exige que se reconheça o papel do ritmo e das manifestações corporais como produto da atividade social, notadamente do trabalho. Também se espera que se
distingam as permanências dessa realidade no tempo e no espaço, em diferentes culturas. a) (F) Extrapolação preconceituosa, que não corresponde ao que se arma no texto.
b) (F) O ritmo pode representar uma maneira de injetar ânimo e alegria no trabalho cotidiano, o que invalida a afirmação. c) (F) O texto não trata de imposições, mas, sim,
de escolhas.d) (F) O texto está justamente comparando sociedades e culturas diferentes. Alternativa e
som de um tam-tam periódico; e ao compasso de um tambor 5 Que expressões da quadrinha justificam o emprego de “novinhas
se realizam alguns trabalhos corporais de certos grupos da em folha” e de “resplandecentes”, no comentário feito pelo autor
China e do Sudão. […] há no Louvre um quadro de Tebas, do texto?
onde se distinguem quatro padeiras reunidas diante de um “Novinhas em folha” é explicado por “desabrochar” e “resplandecentes”, por
amassador e trabalhando a massa com as mãos; à esquerda,
“luz do Sol”. As rosas, quando desabrocham, de fato estão novinhas em folha.
outra mulher sentada, tocando uma flauta dupla. Tudo parece
A palavra “resplandecente” refere-se de forma bastante nítida à luz, à lumino-
indicar que seu papel consiste em dirigir os movimentos das
amassadoras, animando-as e distraindo-as ao mesmo tempo. sidade e, assim, ao Sol.

SPINA, Segismundo. Na madrugada das formas poéticas.


São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.

Sobre o texto, afirma-se que:


a) os trabalhadores se mostram mais afeitos a ritmos mecânicos
e menos diferenciados.
b) o ritmo e o movimento são o avesso da festa e da alegria
para as classes trabalhadoras.
c) o ritmo e o movimento constituem uma imposição para
aqueles que trabalham.
d) ritmos e movimentos constituem produtos culturais pecu-
liares e incomparáveis.
e) ritmos mecânicos exercem um papel disciplinador em di-
versas sociedades. COMPLEMENTARES
PARA PRATICAR
Leia o texto para responder às questões 4 e 5.
6 (Fuvest-SP)
Décadas atrás, vozes bem afinadas cantavam no rádio esta
O cheque em branco que o eleitor passa ao eleito é alto de-
singela quadrinha de propaganda:
mais, faz parte da condição mesma de candidato expor-se
As rosas desabrocham
ao escrutínio público e abrir mão de uma série de prerroga-
Com a luz do Sol,
tivas, entre elas a privacidade.
E a beleza das mulheres
Folha de S.Paulo, 3 set. 1998.
Com o creme Rugol.
Os versos nunca fizeram inveja a Camões, mas eram boniti- Há algum problema de coerência na expressão “alto demais”,
nhos. E sabe-se lá quantas senhoras não foram atrás do cre- dado o contexto linguístico em que ela ocorre? Justifique sua
me Rugol para se sentirem novinhas em folha, como rosas resposta.
resplandecentes.
7 Leia a primeira estrofe de “Trem das cores”, de Caetano Veloso.
Quintino Miranda

4 (Fuvest-SP, adaptada) Diga a que palavras se referem “afinadas” A franja da encosta


e “singela”, explicitando a classe gramatical de todos os termos Cor de laranja
citados e dizendo como ocorre a concordância entre os termos. Capim rosa-chá
“Afinadas” modifica “vozes” e “singela” modifica “quadrinha”. Enquanto “afina- O mel desses olhos luz
Mel de cor ímpar
das” e “singela” são adjetivos, “vozes” e “quadrinha” são os substantivos a que
se referem. A concordância dos adjetivos se faz com o gênero e o número dos Reescreva a estrofe, passando para o plural os termos desta-
substantivos que modificam. cados.
8 (Fuvest-SP) Leia o seguinte texto.
Os irmãos Villas-Boas não conseguiram criar, como que-
riam, outros parques indígenas em outras áreas. Mas o que
criaram dura até hoje, neste país juncado de ruínas novas.
Identifique o recurso expressivo de natureza semântica presen-
te na expressão “ruínas novas”.

Tarefa proposta 1-16

34 Classes de palavras

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 34 09/12/16 11:11


O PRECEDENTE DO SUBSTANTIVO
Leia o seguinte poema.
O homem olha o rosto de uma bela mulher
A mulher, presa num quadro de uma parede qualquer
O homem, a mulher
Um rosto, um quadro
Uma moldura dourada
Na parede do museu
Um amor se encontrou
e se perdeu...
Ágata de Assis

Nesse poema, encontramos seguidamente substantivos (homem, mulher e rosto, por exemplo),
precedidos pelas palavras “o”, “a”, “um” e “uma”. As palavras “o” e “a” contrapõem-se a “um” e
“uma” em sua significação: as duas primeiras determinam o substantivo e as duas últimas suge-
rem uma determinação vaga. Essas palavras, nesse caso, são classificadas como artigos.
Artigo é a palavra que precede um substantivo, individualizando-o ou generalizando-o. Observe:
Ideia individualizada: O rapaz espalhou o boato pelos corredores da escola.
Ideia generalizada: Um rapaz espalhou o boato pelos corredores da escola.
Os artigos classificam-se em definidos e indefinidos.
Definidos (o homem, a mulher, a parede, o museu): juntam-se aos substantivos de forma que
estes possam ser claramente determinados pelo leitor ou ouvinte.
Indefinidos (um jogo, uma partida, um gol, umas advertências): juntam-se aos substantivos,
indicando-os de maneira indeterminada para o leitor ou ouvinte.

GRAMÁTICA

Classes de palavras 35

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 35 09/12/16 11:12


ATENÇÃO! Em alguns casos, o artigo definido pode designar qualidade ou elogio em relação a algo. Veja:
Eles tinham certeza de que aquele não seria mais um dia de trabalho, seria o dia.
1 Os artigos podem contrair-se ou
combinar-se com certas preposi-
ções (a, de, em). Exemplos:
Percebe-se, nesse caso, que o uso do artigo definido mostra que, por alguma razão, seria um
Pupilas acesas vinham esperar dia especial ou diferente dos demais, destacando-se.
entre as árvores, como que também
atraídas pela melodia da taquara do Emprego do artigo
caboclinho.
a) Como o artigo se caracteriza por ser a palavra que introduz o substantivo, indicando-lhe o
(pela: preposição per + artigo a;
da: preposição de + artigo a; do: gênero e o número, qualquer palavra ou expressão antecedida de artigo se torna substantivo.
preposição de + artigo o) Veja o exemplo a seguir. 1
Vou à feira e, depois, irei ao almoço.

NIKKYTOK/SHUTTERSTOCK
(à: preposição a + artigo a; ao:
preposição a + artigo o)

OBSERVAÇÃO

1 Quando os pronomes “todos” e


“todas” vierem acompanhados de O amanhã
numeral + substantivo, o artigo
A cigana leu o meu destino
será usado antes do numeral. Se
o substantivo for omitido, o artigo […]
deverá ser evitado. Exemplo: E eu sempre perguntei
Todas as três irmãs têm Maria no O que será o amanhã?
nome.
Como vai ser o meu destino?
Todas três têm Maria no nome.
Já desfolhei o malmequer
[…]
João Sérgio

Repare que, nos versos da composição, aparece a pergunta “O que será o amanhã?”, que já
foi feita, provavelmente, por quase todas as pessoas em algum momento. Na pergunta, a palavra
“amanhã”, que é normalmente um advérbio de tempo, aparece precedida de um artigo, o que a
transforma em um substantivo.
b) O artigo esclarece o gênero (masculino e feminino) e o número (singular e plural) do subs-
tantivo. Exemplos:
a cal (substantivo feminino singular)
o dó (substantivo masculino singular)
o ônibus (substantivo masculino singular)
os atlas (substantivo masculino plural)
c) Costuma aparecer ao lado de certos nomes próprios geográficos, principalmente os que
designam países, oceanos, rios, montanhas, ilhas. Exemplos: a Suécia, o Pacífico, o Tâmisa,
os Andes, a Groenlândia.
d) Usa-se o artigo depois dos pronomes “todo”, “toda”, “todos”, “todas”, para significar a totalidade.
Exemplos: 1
Todos os seis livros serão entregues em dia.
Toda a vizinhança se mobilizou contra a derrubada da árvore.
e) Diante de nomes próprios de pessoas, o artigo é usado para indicar intimidade, familiari-
dade. Exemplo:
O Carlos é bom camarada!
f) Alguns estados brasileiros admitem artigos; outros, não.
Há artigo em: o Acre, o Amapá, o Amazonas, a Bahia, o Ceará, o Distrito Federal, o Espírito
Santo, o Maranhão, o Pará, a Paraíba, o Paraná, o Piauí, o Rio de Janeiro, o Rio Grande

36 Classes de palavras

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 36 09/12/16 11:12


do Norte, o Rio Grande do Sul e o Tocantins. CURIOSIDADE
Não há artigo em: Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernam-
buco, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. Veja: 1 Venho de Guarujá ou Venho do
Guarujá?
O roteiro do conferencista ficou complicado: sua primeira reunião será no Rio de Ja- Moro em Praia Grande ou Moro na
neiro, a segunda em Santa Catarina, depois em Goiás e finalmente no Paraná. Praia Grande?
Em geral, não se empregam artigos
diante de nomes de cidades. No
Não se usa o artigo caso de Guarujá e Praia Gran-
a) Entre as palavras “cujo”, “cujos”, “cuja”, “cujas” e o substantivo seguinte. Exemplos: de, consagraram-se, pelo uso,
Os países cujos governantes são desonestos só regridem. as formas precedidas de artigo:
o Guarujá, a Praia Grande. Entre-
Assisti a um filme cujas cenas são belíssimas. tanto, os nomes oficiais dessas
cidades não incluem o artigo,
b) Antes de pronomes de tratamento (Vossa Alteza, Vossa Majestade, Vossa Senhoria etc.).
como se constata em seus sites
Exemplo: oficiais: “Prefeitura de Guarujá” e
Vossa Excelência virá com seus assessores? “Prefeitura de Praia Grande”.

Casos especiais
a) Antes de nomes de cidades, em geral, e de nomes de pessoas célebres, não se usa artigo.
Exemplos:
Voltei de Paris ontem.
Platão foi um grande filósofo ateniense.
Entretanto, se tais nomes vierem determinados ou caracterizados, exigirão artigo.Exem-
plo:
Ela gostaria de conhecer a bela Paris. (a: artigo, bela: caracterizador) 1
b) Antes de pronomes possessivos (meu, minha, teu, tua, nossa, vosso etc.), o uso do artigo é
livre, facultativo. Exemplos:
Eles reconhecem seu valor.
Eles reconhecem o seu valor.
c) Antes da palavra “casa”, designando a própria residência ou família, não se usa artigo.
Exemplos:
Fui a casa. (residência)
Todos de casa. (família)
Quando a palavra “casa” for seguida por nome do possuidor ou por um adjetivo ou expressão
adjetiva, deve acompanhar-se do artigo. Exemplo:
Venho da casa de minha namorada.
d) Com expressões sinônimas, não é preciso repetir o artigo. Exemplos:
A persistência e perseverança ajudam-nos a alcançar nossos objetivos.
Os fracassos e reveses costumam deixar cicatrizes indeléveis.
e) Com expressões antônimas, deve-se repetir o artigo. Exemplos:
Às vezes torna-se dif ícil enxergar o limite entre o bem e o mal.
Os dias e as noites sucediam-se monotonamente.
f) Para evitar ambiguidade, é aconselhável repetir o artigo. Exemplo: GRAMÁTICA
Ana Lúcia estuda a língua espanhola e a inglesa.
Caso não houvesse a repetição do artigo, a clareza da frase estaria prejudicada. Seria possí-
vel pensar em uma exótica língua que misturasse inglês e espanhol, a qual seria estudada por
Ana Lúcia.
g) Com nomes de publicações e obras literárias.
Como regra, geralmente tais nomes aparecem destacados do corpo do texto e acompanha-

Classes de palavras 37

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OBSERVAÇÃO dos dos artigos que os constituem. Assim, deveríamos usar:
A nota foi divulgada em O Estado de S. Paulo.
1
A foto está estampada em A Tribuna.
Jornalisticamente, admite-se a omis-
são do artigo definido nos títulos, Para manter a fluência da mensagem, porém, pode-se fazer a contração das preposições com
como medida de economia de sinais:
“Extremistas assumem ataque à ONU os artigos, imprimindo um ritmo mais leve aos textos. Assim, podemos empregar:
que matou 18 na Nigéria”, “Mortali- A nota foi divulgada no Estado de S. Paulo.
dade infantil cai 61,8% em 20 anos no
estado de São Paulo”.
A foto está estampada na Tribuna.
Deve-se, entretanto, manter o artigo, Esse episódio é dos Lusíadas. 1
mesmo nos títulos, com superlati-
vos ou palavras de sentido absoluto: Observe esta página de jornal, com suas manchetes.
“Ministro diz que Brasil é o país mais
protecionista”, “Cai o último invicto”.

AGÊNCIA O GLOBO
Emprega-se sempre o artigo com os
verbos intransitivos colocados antes
do sujeito e com os particípios:
“Chega hoje o presidente da França”,
“Acusado o ministro da Fazenda”.
Adaptado de Manual de redação e estilo
de O Estado de S. Paulo.
São Paulo: Moderna, 2000.

Disponível em: rafaelrag.blogspot.com

Repare que, nas manchetes, não aparecem artigos antes de grande parte dos substantivos, espe-
cialmente daqueles que as iniciam, como em “déficit” e “protesto”. No caso de “déficit”, seria possível
usar um artigo definido; no caso de “protesto”, um artigo indefinido.

38 Classes de palavras

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 38 09/12/16 11:12


CONEXÕES

Leia os versos de “Leviana”, de Zé Keti e Amado Régis, para responder às perguntas.

Leviana
O azar é seu
Em vir me procurar Sinto muito, mas vai tratar da sua vida
Me abandona, me deixa Leviana
Não quero mais ver Precisando eu te posso dar uma guarida
A luz do seu olhar Mas o meu lar
Você manchou um lar que era feliz Sente vergonha como eu
E agora quer voltar O nosso amor morreu
Leviana

Zé Ketti. 75 anos de samba — Grandes sambistas. RioArteDigital/Kuarup, 1996.

1 O que significa o adjetivo “leviana” e a quem ele se refere nos versos da canção?

2 Que outro adjetivo poderia substituir “leviana” no título da canção?

3 A palavra “leviana” que aparece no segundo verso da segunda estrofe da canção causa certa ambiguidade, na medida em que pode ter dois refe-
rentes distintos. Quais são eles?

ATIVIDADES

Observe o anúncio para responder às questões 9 e 10. 10 O destaque visual dado ao artigo definido, no anúncio, faz com
que ele assuma um papel de qualificador. Como é essa qualifi-
DIVULGAÇÃO

cação? Como esse recurso contribui para a construção dos sen-


tidos no anúncio?
O artigo em destaque é lido com ênfase na pronúncia. Essa distinção, tanto visual
quanto sonora, qualifica positivamente a festa, colocando-a acima de todas as
demais festas, como sendo especial, exclusiva, melhor.

11 Assinale a opção em que o uso do artigo tem um significado de


Disponível em: madmag.com.br elogio, de visão positiva de algo.
9 Como a linguagem verbal e a linguagem não verbal dialogam a) Tenho uma bolsa nova e a cor dela não se acha em lugar
nesse anúncio? algum. GRAMÁTICA
No anúncio, o nome da festa — “Pardieiro” — relaciona-se diretamente com a b) Comprei um carro importado e o preço foi inacreditável.
imagem, na qual uma mulher, com um violão diante de si, vê um pardal batendo c) Uma mãe deve sempre tentar conversar com o filho sobre
as asas sobre o instrumento. A imagem do violão relaciona-se com “festa” e a do
os problemas familiares.
d) Ele não era um amigo, era o amigo.
passarinho com o nome dado ao evento.
e) Uma nova forma de vida foi descoberta, e o nome será
escolhido pelos cientistas responsáveis.
11. Pode-se entender que se trata de um amigo diferenciado, especial.
Alternativa d

Classes de palavras 39

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 39 09/12/16 11:12


12. Em II trata-se de uma criança específica, ou seja, aquela que a mãe levou ao
médico à força. Alternativa e
12 Leia com atenção as frases seguintes. sempre de ordem financeira.
I. A criança menor de 10 anos deve receber a dose da vacina e) as palavras “umas” e “outras” se colocam em oposição,
ainda nesta semana. referindo-se a personagens diferentes na letra da canção,
II. A mãe pegou a criança pelo braço e levou-a à força ao médico. mas com uma sensação coincidente de desânimo depois de
III. O aposentado não cadastrado no último mês deixará de um dia difícil.
receber o abono salarial.
Assinale a alternativa que contém a(s) frase(s) cujo artigo desta-
cado foi usado em sentido genérico. COMPLEMENTARES
PARA PRATICAR
a) Apenas I. d) Apenas I e II.
b) Apenas III. e) Apenas I e III.
14 Dê como resposta a soma dos números dos itens em que a pa-
c) Apenas II e III.
lavra em destaque é um artigo.
13 +Enem [H18] Leia alguns versos da canção “Umas e outras”, de (01) Ele não a havia convidado.
Chico Buarque, para, em seguida, responder à questão. (02) Encontrei-o ontem, no shopping center.
(04) A casa dos primos ficava em um bairro distante.
Umas e outras
(08) Demos as flores a elas.
Se uma nunca tem sorriso
(16) Sempre conversava com o rapaz simpático no ponto de
É pra melhor se reservar
ônibus.
[…]
Que dia! Nossa, pra que tanta conta 15 Em cada frase, determine quais são as junções de preposição
Já perdi a conta de tanto rezar com artigo que aparecem.
a) Ela seguiu pelo caminho mais curto.
Se a outra não tem paraíso
b) Mariana estava na casa do amigo quando bateram à porta.
Não dá muita importância, não
c) Fui ao casamento do Ronaldo e achei a festa excelente.
[…]
16 Leia a primeira estrofe da canção “Um dia qualquer”, gravada
Que dia! Puxa, que vida danada
pelo grupo Skank, para responder aos itens propostos.
Tem tanta calçada pra se caminhar
Disponível em: www.vagalume.com.br (acesso em 30 nov. 2016) Um dia qualquer
Na espuma das ondas
Sobre os versos da canção, pode-se afirmar que:
As meninas se lançam
a) as palavras “umas” e “outras”, no título da canção, se referem,
As cadeiras redondas
exclusivamente, ao hábito da bebida; a expressão “tomar
Onde as ondas se amansam
umas e outras” é comum na fala cotidiana dos brasileiros.
[…]
b) as duas ocorrências da palavra “conta”, na primeira estrofe,
têm exatamente o mesmo significado. a) A substituição do artigo indefinido por artigo definido no
c) as ideias de “não ter sorriso” e “não ter paraíso” são antôni- título da canção seria possível?
mas, quando consideradas em seu contexto. b) Comente a sonoridade construída pelo conjunto das palavras
d) os problemas de “umas” e “outras” são, nos versos da canção, escolhidas para formar os versos da canção.

ANOTAÇÕES
13. a) As palavras referem-se, também, de maneira direta, às personagens que
aparecem na letra da canção.
b) As palavras têm significados diferentes: na segunda ocorrência, a palavra refere-
-se à perda de medida; na primeira, são as contas da casa, que devem ser pagas.
c) As expressões têm ideias que se complementam, mostrando a sensação de
cansaço e desânimo.
d) Os problemas das personagens são diferentes; uma reclama das contas, a
outra lamenta a longa caminhada.
Alternativa e

Tarefa proposta 17-24

40 Classes de palavras

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 40 09/12/16 11:12


TAREFA PROPOSTA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

Leia o texto a seguir para responder às questões 1 e 2. sobre o crack. “Um estudo dessa magnitude vai produzir um
banco de dados gigantesco”, diz.
Crack avança na classe média e entra na agenda política
O levantamento pode ser um esforço hercúleo, mas não
Devastador como nenhuma outra droga no Brasil, ele
escapa das críticas dos especialistas. Ronaldo Laranjeira, psi-
se espalha pelo país e demanda ações mais contundentes
quiatra da Associação Brasileira de Psiquiatria, diz que o go-
das autoridades
verno deveria substituir pesquisas por ações. “Há doze anos,
A tragédia do crack não é nova para o Brasil. Há anos, a comunidade científica aponta que o crack é uma droga dife-
o país convive com o drama de violência e morte. Novo e rente. Para que gastar dinheiro com um grande levantamento
oportuno, contudo, é o fato de a elite política do país, en- quando o que precisamos é de ação e de propostas?”, questio-
fim, reconhecer a emergência do problema. No último dia na. O governo contra-ataca. Lembra que, em maio, lançou o
31, em seu primeiro discurso como presidente eleita, Dil- Plano Integrado para Enfrentamento do Crack e outras dro-
ma Rousseff disse que o governo não deveria descansar en- gas, com investimento estimado em 410 milhões de reais em
quanto “reinar o crack e as cracolândias”. Poderia ter falado pesquisa, prevenção, combate e tratamento.
genericamente “drogas”, mas referiu-se especificamente ao Droga nefasta — “Comparado a outras drogas, o crack
crack. Não foi à toa. Estima-se que no mínimo 600 mil pes- é sem dúvida a mais nefasta, porque produz rapidamente
soas sejam dependentes da droga no país — variante devas- a dependência: sob a compulsão pela substância, o usuário
tadora da cocaína que, como nenhuma outra, mata 30% de desenvolve comportamentos de risco, que podem chegar à
seus usuários no prazo máximo de cinco anos. atividade criminosa e à prostituição”, diz Solange Nappo, da
A praga do crack nasceu e grassou entre os miseráveis, Unifesp. Pablo Roig, psiquiatra e dono de uma clínica de tra-
a tal ponto que “cracolândia” virou sinônimo de “local onde tamento de dependentes químicos, acrescenta que a depen-
pobres consomem sua droga”. É mais do que tempo de re- dência chega a tal ponto que “o usuário perde a capacidade
ver esse conceito. Pesquisa da Secretaria de Estado da Saú- de decidir se usará ou não a droga”.
de de São Paulo divulgada em 2009 constatou que o crack A mancha do crack se espalha entre usuários de drogas
avança rapidamente entre os mais abastados: o crescimen- devido a uma combinação de acesso econômico e potência
to entre pessoas com renda superior a vinte salários míni- química. Jairo Werner, psiquiatra da Universidade Federal
mos foi de 139,5%. Além dos números, os dramas pessoais Fluminense e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro,
confirmam que a química do crack corrói toda a socieda- chama a atenção para a relação “custo-efeito” da droga. “A
de. Nas clínicas particulares, que custam aos viciados que relação entre preço e efeito faz do crack uma droga muito
tentam se livrar da cruz alucinógena milhares de reais ao popular, de fácil acesso”, diz. Ele explica ainda que os trafi-
mês, multiplicam-se universitários, empresários, professo- cantes desenvolveram uma verdadeira estratégia para am-
res, militares. […] pliar o mercado da droga: a “venda casada”, de maconha
O crack se espraia pelas classes sociais e pelas paragens mais crack. “No primeiro momento, a maconha dá um re-
brasileiras. “Antes, São Paulo era o reduto. Falava-se do as- laxamento e o efeito do crack é mitigado. Depois, o usuário
sunto como um fenômeno paulistano. Agora, ele chega com resolve experimentar o crack puro e sente um efeito muito
força em outras cidades e estados”, diz Dartiu Xavier, coor- mais poderoso.”
denador do Programa de Orientação e Atendimento a De- Começam, então, as mudanças de comportamento.
pendentes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Além de graves consequências para a saúde, a droga pro-
[…] voca no dependente atitudes violentas. “Ele fica alterado,
Embora tardias, duas pesquisas em andamento na esfera inquieto, irritado e, em geral, passa a se envolver com a cri-
do governo federal explicitam a preocupação das autorida- minalidade como nenhum outro usuário de drogas”, diz La-
des com a questão. Uma, a cargo do Ministério da Saúde, ranjeira, da Associação Brasileira de Psiquiatria. […]
vai traçar o perfil do usuário de crack. Outra, nas mãos da
GRAMÁTICA
Disponível em: http://veja.abril.com.br (acesso em 06 dez. 2016)
Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), pretende determi-
1 (UFTO) Assinale a alternativa que expressa as ideias do texto.
nar padrões de consumo, barreiras para o tratamento e his-
a) O crack é uma droga devastadora que está presente em di-
tórico social e médico de 22 mil usuários — que farão testes
versas cidades e estados, mas que se limita apenas a algumas
de HIV, hepatites (B e C) e tuberculose. Paulina Duarte, se-
classes sociais.
cretária adjunta da Senad e responsável técnica pelo estudo,
b) Ao afirmar que “Embora tardias, duas pesquisas em
acredita que será a maior pesquisa já realizada no mundo
andamento na esfera do governo federal explicitam a

Classes de palavras 41

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 41 09/12/16 11:12


preocupação das autoridades com a questão” (4o parágra- ter tanto a função de indicar aumento como a de expressar to-
fo), o autor do texto se posiciona de maneira contrária nalidade emotiva.
à realização dessas pesquisas.

REPRODUÇÃO
c) As pesquisas realizadas pelo governo são consideradas pelos
especialistas, como Ronaldo Laranjeira, exemplos de ações
incisivas das autoridades.
d) A relação “custo-efeito” é apresentada no texto como um
fator que contribui para o consumo cada vez maior do crack.
e) A expressão “venda casada”, utilizada no texto, refere-se ao
fato de os traficantes venderem aos usuários inicialmente
o crack e, logo depois, a maconha.
2 (UFTO) Assinale a alternativa em que o termo destacado, ao ser
substituído, altera o sentido.
a) A praga do crack nasceu e grassou entre os miseráveis, a tal
ponto que “cracolândia” virou sinônimo de “local onde
pobres consomem sua droga” (2o parágrafo) = propagou-se.
b) O crack se espraia pelas classes sociais e pelas paragens
brasileiras (3o parágrafo) = alastra.
c) O levantamento pode ser um esforço hercúleo, mas não Desse modo, no texto publicitário anterior, o sufixo “-ão”:
escapa das críticas dos especialistas (5o parágrafo) = árduo. a) é empregado depreciativamente.
d) Comparado a outras drogas, o crack é sem dúvida a mais b) demonstra que a qualidade denotada excede os limites do
nefasta, porque produz rapidamente a dependência: sob normal.
a compulsão […] (6o parágrafo) = trágica. c) expressa a atitude desfavorável do emissor com relação ao
e) No primeiro momento, a maconha dá um relaxamento e o Banco Leal.
efeito do crack é mitigado. […] (7o parágrafo) = potencializado. d) expressa ideia de capacidade.
e) realça a excelência dos serviços prestados por todos os bancos.
3 (U. F. Uberlândia-MG) “Talvez seja bom que o proprietário de
imóvel possa desconfiar de que ele não é tão imóvel assim.” A 6 +Enem [H16] Leia o trecho a seguir.
palavra destacada é, respectivamente:
[…]
a) substantivo e substantivo. d) advérbio e adjetivo.
Estou farto do lirismo namorador
b) substantivo e adjetivo. e) adjetivo e advérbio.
Político
c) adjetivo e verbo.
Raquítico
4 (ESPM-SP) Observe a construção do texto a seguir: Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
nuvens brancas
fora de si mesmo
passam
De resto não é lirismo
em brancas nuvens
[…]
LEMINSKI, Paulo. Caprichos & Relaxos. São Paulo: Brasiliense, 1983.
Analisando-se esse texto, a afirmação descabida é: — Não quero mais saber do lirismo que não é
a) “Nuvens brancas” significam nuvens cor do leite, cor da neve. libertação.
b) “Brancas nuvens” significam momentos de facilidade, de BANDEIRA, Manuel. Libertinagem & Estrela da manhã.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
conforto, de alegria; sem sofrimento.
c) Sempre que se muda o adjetivo de lugar, muda-se o sentido O trecho do poema intitulado “Poética”, de autoria de Manuel
do substantivo. Bandeira, reforça, no contexto do movimento modernista brasi-
d) A mudança de posição do adjetivo foi um recurso que o poeta leiro, algumas propostas trazidas à composição poética: a liber-
usou para provocar a alteração de sentido. dade da forma, a revisão crítica da experiência literária anterior,
e) O autor faz um jogo de palavras, usando o mesmo adjetivo a revolução da linguagem, o “problema da língua brasileira”.
e o mesmo substantivo. Levando-se esse comentário em consideração, conclui-se que:
a) o arranjo formal do trecho é bastante representativo do que
5 (UFMA, adaptada) O significado de uma palavra aumentativa ou
se convencionou chamar liberdade da forma no Modernis-
diminutiva depende, muitas vezes, da situação, o que implica
mo — não há preocupação com a métrica, com o ritmo,
dizer, por exemplo, que um sufixo aumentativo como “-ão” pode
tampouco com a rima; os versos são livres, construídos ao

42 Classes de palavras

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 42 09/12/16 11:12


sabor do sentido que se quer constituir. Que outro adjetivo poderia substituir aquele escolhido pelo au-
b) o trecho se detém no desarranjo da forma e deixa de lado tor?
a revisão crítica de toda a experiência literária anterior;
9 (UEMS, adaptada) [O Boi e o Asno] em doce complexidade. A
não menciona sequer os traços que caracterizaram alguns
expressão “doce complexidade” é contraditória? Justifique, va-
dos movimentos antecedentes, como o Parnasianismo e o
lendo-se do contexto do poema.
Romantismo.
c) em termos de linguagem, o trecho traz à composição ele- Leia o poema “cidade / city / cité”, de Augusto de Campos,
mentos novos, típicos do contexto do início do século XX, para responder às questões 10 e 11.
como os barbarismos universais, as sintaxes de exceção e o
atrocaducapacaustiduplielastiferofugahistoriloqualubrimendi-
cunho vernáculo dos vocábulos. multipliorganiperiodiplastipublirapareciprorustisagasimplitenav
d) a não ser pela ausência de uma pontuação formal, o trecho eloveravivaunivora
de Bandeira não se afasta das convenções que o Modernismo cidade
city
quis criticar, mantém uma certa regularidade nas estrofes cité
e emprega figuras de linguagem antes frequentes, como a
anáfora. 10 (UFES, adaptada) No texto, alguns dos adjetivos que recebem
e) representativo da necessidade que os modernistas tinham de o sufixo “-idade” terminam por “-z”, que é substituído por “-c”,
quebrar padrões antes tão explorados, o trecho do poema de antes do acréscimo do sufixo, como “atroz-atrocidade” e “feliz-
Bandeira prega a libertação da composição especialmente -felicidade”. Os nomes seguintes, sugeridos no poema, também
exercitada no uso de termos linguísticos típicos do Brasil. se formam a partir de um adjetivo terminado em “-z”, exceto:
a) vivacidade, veracidade.
Leia o poema para responder às questões de 7 a 9. b) ferocidade, fugacidade.
c) sagacidade, tenacidade.
O Burro e o Boi no Presépio
d) lubricidade, mendicidade.
Boi que atende e começa a assim de acordo com o e) capacidade, loquacidade.
esperar, silêncio,
11 (UFES, adaptada) Como o emprego dos adjetivos, unidos às de-
De sua sombra, o bom Boi,
mais palavras, ajuda na construção do sentido do poema?
Do espesso que terá o bom Asno?
De ser iluminado. 12 (UFCE)
Os que por oculta ciência Os moradores do casarão
Ao plano e inefável de tudo souberam. […]
O Burrinho se curva, Consultando o relógio de parede, que bate as horas num ge-
Numa inocência de forma. Seus mágicos presentes, mer de ferros, ela chama uma das pretas, para que lhe traga
o Menino recebe-os. a chaleira com água quente. Toma banho dentro da bacia no
Revoavam através do nada quarto, cujos tacos já estão podres. Demora-se sentada no
invulneráveis anjos. O colo. banco de madeira com medo da corrente de ar, os cabelos
A mãe. soltos e os ombros protegidos pela toalha.
Se espiam O Universo. A única amiga que a visita diz que a vida dela dá um roman-
Entre ruínas e pompas ce. O casarão. A posição social de outrora. A educação dela:
sempre próximos, Atrás, porém, os dois o piano, a aula particular de francês, o curso de pintura com
em doce complexidade; — um Burro, um Boi — irmã Honorine. Tudo se foi acabando. Os mortos são retra-
Que segredo grimaçante e aturdido, tos no alto das paredes. Galeria de retratos, o do pai, impo-
de Divindade mugínguo e mudo. nente, o cabelo partido ao meio, certa ironia nos olhos, ao
representam? tempo em que foi secretário de estado e diretor do grande
Inevitáveis. hospital. Foi por esse tempo que ela se casou com o bacharel
Além da ausência de Íntimos das sombras. recente. As tias fizeram oposição forte. Aquelas tias magras, GRAMÁTICA
monstros, Insubstituíveis. de nervuras nos pescoços, as blusas de colarinho de ren-
que atestam da, os bandós. A mais renitente delas era tia Matilda. A so-
Guimarães Rosa brinha merecia coisa melhor, homem já projetado na vida,
com carreira feita, que a família era nobre, quisessem ou
7 (UEMS, adaptada) Ao usar o adjetivo “espesso”, Guimarães Rosa
não: vinha de boa cepa portuguesa, com barão na origem.
pode estar se referindo a quê?
O moço era filho de comerciante, com pequena loja de te-
8 (UEMS, adaptada) Como Guimarães Rosa caracteriza os anjos? cidos:

Classes de palavras 43

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 43 09/12/16 11:12


— E um menino! Em começo de vida. e) cômodos pequenos / gra-
Mas casaram. Foi decidido que ficassem no casarão, que des enferrujadas
dava para todos, e ninguém queria separar-se de Violeta,
Leia o trecho para responder às questões 13 e 14.
que tinha muitas mães, todas mandando nela. Violeta, go-
vernada, sem vontade própria, como se ainda fosse menina, Uma nota diplomática é semelhante a uma mulher da
ouvindo uma e outra: moda. Só depois de se despojar uma elegante de todas as
— Estou bem com este vestido? fitas, rendas, joias, saias e corpetes, é que se encontra o
A nervura das tias: exemplar não correto nem aumentado da edição da mu-
— Horrível! Ponha o de organdi. lher, conforme saiu dos prelos da natureza. É preciso de-
Ela voltava ao grande quarto, de forro alto, e mudava a rou- sataviar uma nota diplomática de todas as frases, circun-
pa na frente do marido, marginalizado e em silêncio. Con- locuções, desvios, adjetivos e advérbios, para tocar a ideia
cessão maior só do pai, que era meio boêmio, apreciava uma capital e a intenção que lhe dá origem.
roda de cerveja e de pôquer. O pai soltava gargalhada na Machado de Assis
cadeira de balanço e garantia ao genro que aquelas velhas, e

GLOSSÁRIO
a própria mulher dele, eram doidas.
Nota diplomática:
A pressão. O reparo para qualquer deslize tolo ou gafe:
comunicação escrita e oficial entre os governos de dois países, so-
— Filho de comerciante. bre assuntos do interesse de ambos.
E Violeta, que nunca teve filhos, engordava, lambia os dedos
e os beiços untados de manteiga. Muita banha, preguiça de
13 (Fuvest-SP, adaptada) Tendo em vista o trecho “para tocar a ideia
sair de casa, uma ou outra nota no piano de cauda, com o
capital e a intenção que lhe dá origem”, indique um sinônimo
jarro de flores, onde as moscas dormiam e cagavam.
da palavra “capital” que seja adequado ao contexto.
Veio o desquite. O marido mudou-se para São Paulo. Fez
carreira brilhante, é advogado de prestígio e, faz muito 14 (Fuvest-SP, adaptada) Por que, segundo o autor, é preciso “desa-
tempo, vive com a outra. Mas fixou pensão para a mulher taviar uma nota diplomática de todas as frases, circunlocuções,
e escrevia-lhe, talvez por pena dela: a gordura disforme. Fo- desvios, adjetivos e advérbios, para tocar a ideia capital e a in-
ram cartas que raramente recebeu, e uma ou outra que ela tenção que lhe dá origem”?
própria tivesse escrito, tia Matilda, a renitente, tomava do
Leia o texto e responda às questões 15 e 16.
jardineiro, lia e rasgava.
Quando essa tia morreu, porque afinal todos morreram, Modesto, pintado de um controverso verde e com a fa-
Violeta encontrou no quarto dela dentro da gaveta da cômo- chada em forma de ondas, o edif ício Ypiranga seria mais
da, lá no fundo, algumas dessas cartas do marido, amarradas uma brava reminiscência da década de 1950 em Copaca-
com o fitilho. Trancou-se, leu-as à luz do abajur e chorou. bana, na zona sul carioca, caso não abrigasse o famoso es-
O casarão, com a torre, é ninho de morcegos, que voejam na critório de Oscar Niemeyer. Para se chegar à toca do arqui-
tarde. Tudo é silêncio. O gradil do muro, enferrujado. Secou teto do século, é preciso sair do elevador no nono andar e
a fonte, onde o vento rodopia folhas mortas. De resistente subir uma escadinha meio rocambolesca, improvável em
apenas a hera, que sobe pelas velhas paredes, uma ou outra projetos arquitetônicos de hoje. Despojado de qualquer
vez aguada por Seu Vicente, jardineiro, ou pela preta mais sofisticação ou modismo, o escritório é uma lufada de bom
nova, também cria da família. gosto, todo branco, com janelões de vidro que emolduram
A única amiga que a visita volta a assegurar que a vida dela o mar azul. Nas paredes, a marca do dono: retas e curvas
dá um romance. em total liberdade a formar desenhos e pilares filosóficos
— Acho que sim. […].
E Violeta se levanta, pesada, envolvida no cachecol, para fe- LOBATO, Eliane. IstoÉ, 16 out. 2002.
char a janela por onde vem a corrente de ar e já se aproxima
15 (U. E. Londrina-PR) Sobre o escritório descrito no texto, é correto
a noite.
afirmar:
CAMPOS, José Maria Moreira. Dizem que os cães veem coisas. Fortaleza:
Edições UFC, 1987. a) Apesar de luxuoso e aconchegante, tem uma decoração
bastante comum.
Assinale a alternativa cujo par de características pertence ao
b) O acesso a ele se dá por uma escada antiquada para os
casarão, espaço onde se desenrola a narrativa.
modernos padrões arquitetônicos.
a) janelas estreitas / paredes c) paredes altas / cômodos
c) Sua decoração é muito sofisticada e segue as tendências da
altas pequenos
moda atual.
b) piso estragado / janelas d) grades enferrujadas / piso
d) Seu estilo segue o padrão convencional da fachada do edi-
estreitas estragado

44 Classes de palavras

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 44 09/12/16 11:12


fício. tar Oliveira como cidade onde tudo acontece.
e) Segue as tendências da moda atual, mas não reflete a per- b) acentuar a exclusividade do comportamento típico das
sonalidade de seu proprietário. personagens; marcar a generalidade das situações que
são objeto de seus comentários.
16 (U. E. Londrina-PR) Os adjetivos “controverso”, “brava” e “rocam-
c) definir a conduta das duas irmãs como criticável; colocá-
bolesca” utilizados no texto para caracterizar “verde”, “reminis-
las como responsáveis pela maioria dos acontecimentos
cência” e “escadinha” podem ser entendidos, respectivamente,
da cidade.
como:
d) particularizar a maneira de ser das manas Lousadas; situá-las
a) escuro, constante e estreita.
numa cidade onde são famosas pela maledicência.
b) agressivo, desfeita e de metal.
e) associar as ações das duas irmãs; enfatizar seu livre acesso
c) discutível, resistente e espiralada.
a qualquer ambiente da cidade.
d) espalhafatoso, agradável e íngreme.
e) sombrio, agressiva e fora de moda. 20 (UFES, adaptada) O fragmento em que pelo menos um “a” des-
toa morfologicamente dos demais é:
17 (U. F. Itajubá-MG) Leia o seguinte trecho.
a) “… a tuberculose era a doença dos boêmios…”
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. b) “A estimativa de órgãos oficiais é de que hoje em dia cerca
Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que de um terço da população mundial…”
vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que c) “… a pessoa que tem o bacilo, mas não desenvolveu a
abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borbole- doença…”
tas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. d) “… a expectativa é de que a chance de desenvolvimento da
Marimbondos que sempre parecem personagens de Lope doença…”
de Vega. Às vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. e) “A cada ano, portanto, a chance de um HIV+ desenvolver a
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. Eu tuberculose aumenta progressivamente.”
me sinto completamente feliz.
21 Leia os textos a seguir para, depois, responder à questão.
Cecília Meireles
Texto I
Nesse trecho há seis frases em que a autora omite o artigo.
a) Justifique essa omissão. Tecendo o Saber
b) Segundo a regra, em que outros casos o uso do artigo definido Tecendo o Saber foi um projeto educacional televisivo do
é evitado? Instituto Paulo Freire, composto por 64 episódios, que es-
treou em 2005, tendo sido transmitido por vários canais
18 Assinale a(s) frase(s) em que o uso do artigo não seria obrigatório.
de TV. Com a proposta de levar conhecimento do ensino
a) À noite, regressarei à casa de meus pais.
fundamental básico a jovens e adultos, a série exibe his-
b) Todas as luzes foram acesas às 19 horas.
tórias que partem de temas como sexualidade, trabalho e
c) Hoje visitei a casa da Sônia Regina.
meio ambiente, propondo melhoria na qualidade de vida e
d) Aproveite. Hoje é o seu dia de sorte.
transformação da sociedade. O núcleo de protagonistas é
e) Irei à feira de ciências do colégio.
composto pelo migrante nordestino Celestino, pela diarista
19 (Fuvest-SP) Socorro e sua filha Bruna, pelo primo de Socorro, o também
migrante Francisco, pelo eterno desempregado Januário e
As duas manas Lousadas! Secas, escuras e gárrulas como
por sua mulher, a gari Valdete.
cigarras, desde longos anos, em Oliveira, eram elas as es-
Adaptado de www.wikipedia.com.br (acesso em 30 nov. 2016).
quadrinhadoras de todas as vidas, as espalhadoras de todas
as maledicências, as tecedeiras de todas as intrigas. E na Texto II
desditosa cidade, não existia nódoa, pecha, bule rachado,
Pré-natal poderia ter evitado até 45 mortes
coração dorido, algibeira arrasada, janela entreaberta, poei-
Pelo menos 40 mulheres morrem durante a gestação ou em
ra a um canto, vulto a uma esquina, bolo encomendado nas
decorrência de complicações no parto em Goiás, segundo
Matildes, que seus olhinhos furantes de azeviche sujo não
GRAMÁTICA
o Comitê Estadual de Mortalidade Materna. De acordo
descortinassem, e que sua solta língua, entre os dentes ralos,
com o presidente do Comitê, Clidenor Gomes Filho, 90%
não comentasse com malícia estridente.
dos casos poderiam ser evitados […].
Eça de Queirós. A ilustre casa de Ramires.
O Hoje, 6 jun. 2011.
No texto, o emprego de artigos definidos e a omissão de artigos
Sobre os dois textos, leia as afirmações e, em seguida, escolha
indefinidos têm como efeito, respectivamente:
a alternativa correta.
a) atribuir às personagens traços negativos de caráter; apon-

Classes de palavras 45

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 45 09/12/16 11:12


I. Há algo em comum entre o título do texto I e o nome do Pode-se afirmar, a respeito do título e do subtítulo da reporta-
jornal em que foi publicado o texto II. Em ambos há pala- gem, que:
vras de outras classes gramaticais, diferentes do substanti- a) o uso de artigos definidos serve para especificar as persona-
vo, que estão precedidas de artigos. gens da reportagem, que são conhecidas nacionalmente.
II. O nome do jornal é adequado, já que transforma em subs- b) a ausência de artigos antes dos substantivos “homicídios” e
tantivo a palavra “hoje”. Isso ajuda a construir a ideia de que, “secretário” é típica da linguagem jornalística, construindo
no jornal, podem-se ler as principais notícias de cada dia. uma linguagem mais direta e enxuta.
III. No texto I, a expressão “o Saber” poderia ser substituída por c) a construção “secretário da Segurança” foi empregada ade-
“um Saber” sem alteração de sentido. quadamente no texto; a retirada do artigo definido unido à
IV. Caso a manchete do jornal fosse “Pré-natal poderia ter evi- preposição levaria à impossibilidade de compreender o texto.
tado as 45 mortes”, o sentido seria diferente, já que seria d) a palavra “da” em “da Segurança” é uma preposição flexio-
possível interpretar que o número de mortes foi exatamen- nada no feminino.
te 45. e) não há qualquer relação entre o fato de os homicídios au-
Está correto o que se afirma em: mentarem e o secretário cair, como fica claro com a leitura
a) nenhuma das afirmações. do subtítulo.
b) somente uma das afirmações.
Leia parte da letra da canção “Tarde em Itapoã” para, em
c) somente duas das afirmações.
seguida, responder às questões 23 e 24.
d) somente três das afirmações.
e) todas as afirmações. Tarde em Itapoã
Um velho calção de banho Beber uma água de coco
22 +Enem [H18] Observe a manchete de jornal a seguir.
Um dia pra vadiar É bom!
O mar que não tem tama- Passar uma tarde em Itapuã
FOLHAPRESS

nho Ao sol que arde em Itapuã


E um arco-íris no ar Ouvindo o mar de Itapuã
Depois, na Praça Caymmi Falar de amor em Itapuã
Sentir preguiça no corpo
E numa esteira de vime […]
Toquinho

23 Reescreva o trecho apresentado, substituindo os artigos defini-


dos por indefinidos, e vice-versa.
24 A troca funcionou em todos os casos? Justifique sua resposta
Disponível em: www.atireiopaunografico.com.br com exemplos.

ANOTAÇÕES

VÁ EM FRENTE

Leia
Disponível em: < www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000082.pdf>. (acesso em 30 nov. 2016), você pode ler trechos de
O crime do padre Amaro e notar como Eça de Queirós emprega os adjetivos de maneira surpreendente. Observe, também, como eles
participam das construções de sentido do texto.

46 Classes de palavras

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 46 09/12/16 11:12


REVISÃO OBRIGATÓRIA | 1
Substantivo
Leia a letra de canção que aparece abaixo para, em seguida, responder às questões.
Criança não trabalha
Lápis, caderno, chiclete, pião Giz, mertiolate, band-aid, sabão
Sol, bicicleta, skate, calção Tênis, cadarço, almofada, colchão
Esconderijo, avião, correria, Quebra-cabeça, boneca, peteca,
Tambor, gritaria, jardim, confusão Botão, pega-pega, papel, papelão
Bola, pelúcia, merenda, crayon Criança não trabalha,
Banho de rio, banho de mar, Criança dá trabalho
Pula-sela, bombom Criança não trabalha…
Tanque de areia, gnomo, sereia
Um, dois: feijão com arroz,
Pirata, baleia, manteiga no pão
Três, quatro: feijão no prato
Cinco, seis: tudo outra vez!
ANTUNES, Arnaldo e TATIT, Paulo. Palavra Cantada. Canções curiosas. Selo Palavra Cantada / MCD World Music, 2004.

Os substantivos que aparecem nos versos da Brincadeira Escola Comida Outro


canção remetem ao universo infantil. Eles se pião lápis chiclete sol
aproximam daquilo que faz parte do cotidia- bicicleta caderno calção
no de uma criança: estudar, brincar, comer. skate jardim
esconderijo
Organize, na tabela ao lado, os substantivos avião
da primeira estrofe de acordo com o universo correria
tambor
mais específico a que eles pertencem.
gritaria
confusão
Na segunda estrofe, alguns substantivos re-
metem ao fantástico, ao universo das histórias, da imaginação. Quais são esses substantivos?
Trata-se dos substantivos “gnomo”, “sereia” e “pirata”.

A quinta estrofe da canção é, na verdade, um conjunto de versinhos transmitidos oralmente pelas gerações. Trata-se de uma
brincadeira entre os sons dos numerais e nomes de alimentos. Há outras versões, como esta:
Um, dois: feijão com arroz / Três, quatro: feijão no prato / Cinco, seis: molho inglês / Sete, oito: café e biscoito / Nove, dez: comer pastéis
Crie um conjunto de versinhos que também faça essa brincadeira com a sonoridade, substituindo os nomes de alimentos por
outros, com outra temática. Resposta pessoal.

Explique como ocorre a expressividade do refrão da canção, que também dá nome a ela.
A proximidade sonora entre “trabalha” e “dá trabalho” contribui para que se expresse uma reflexão sobre o papel da
criança, que é o de brincar, divertir-se, não trabalhar. Numa análise mais detida, trata-se de uma crítica ao trabalho infantil,
ANOTAÇÕES feita de maneira leve e lúdica.
H18 – Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos
de diferentes gêneros e tipos.
GRAMÁTICA

Classes de palavras 47

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 47 09/12/16 11:12


REVISÃO OBRIGATÓRIA | 2
Adjetivo / artigo
Leia um trecho de O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós. Em seguida, responda às questões propostas.
Foi no domingo de Páscoa que se soube em Leiria, que o pároco da Sé, José Miguéis, tinha morrido de madrugada
com uma apoplexia. O pároco era um homem sanguíneo e nutrido, que passava entre o clero diocesano pelo comilão dos
comilões. Contavam-se histórias singulares da sua voracidade. O Carlos da Botica — que o detestava — costumava dizer,
sempre que o via sair depois da sesta, com a face afogueada de sangue, muito enfartado:
— Lá vai a jiboia esmoer. Um dia estoura!
Com efeito estourou, depois de uma ceia de peixe — à hora em que defronte, na casa do doutor Godinho que fazia anos,
se polcava com alarido. Ninguém o lamentou, e foi pouca gente ao seu enterro. Em geral não era estimado. Era um aldeão;
tinha os modos e os pulsos de um cavador, a voz rouca, cabelos nos ouvidos, palavras muito rudes.
Nunca fora querido das devotas; arrotava no confessionário e, tendo vivido sempre em freguesias da aldeia ou da serra,
não compreendia certas sensibilidades requintadas da devoção: perdera por isso, logo ao princípio, quase todas as confes-
sadas, que tinham passado para o polido padre Gusmão, tão cheio de lábia!
E quando as beatas, que lhe eram fiéis, lhe iam falar de escrúpulos de visões, José Miguéis escandalizava-as, rosnando:
— Ora histórias, santinha! Peça juízo a Deus! Mais miolo na bola!
As exagerações dos jejuns sobretudo irritavam-no:
— Coma-lhe e beba-lhe, costumava gritar, coma-lhe e beba-lhe, criatura!
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br

A palavra “amaro”, que funciona como substantivo no título do livro, pode ser também um adjetivo, segundo os dicionários de
língua portuguesa. O que significa esse adjetivo? O adjetivo “amaro” significa “amargo”.

Em que medida a resposta dada ao exercício anterior explica o fato de o superlativo de “amargo” ser “amaríssimo”?
É a explicação direta para o fato de que o superlativo de “amargo” seja “amaríssimo”, não “amarguíssimo”.Trata-se, na verdade, de um superlativo
que provém de uma forma sinônima do adjetivo “amargo”.
Considerando o contexto, como se pode interpretar o adjetivo “sanguíneo”, usado para caracterizar o pároco?
O adjetivo significa corado, saudável.

O adjetivo “singular”, segundo os dicionários, significa “que se aplica a um sujeito único”. Esse é o sentido de “singular” no texto?
No texto, a ideia é de que eram histórias exóticas, surpreendentes, inacreditáveis.

A forma como o pároco é caracterizado no terceiro parágrafo — voz rouca, cabelos nos ouvidos, palavras muito rudes —
explica, em parte, por que ele não era amado pelos habitantes do lugar. Reescreva o trecho, caracterizando positivamente o
pároco, mostrando-o como uma pessoa agradável. Resposta pessoal.

Substitua a locução “da aldeia” por um único adjetivo, em “freguesias da aldeia”. Freguesias aldeãs.
H15 – Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico,
social e político.
ANOTAÇÕES

48 Classes de palavras

SESI-EM-GRAMATICA-CAD3-vPR-graf.indb 48 09/12/16 11:12


MAIS ENEM
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Matemática e suas Tecnologias

Inveja
Ainda bem que o cemitério ficava ao lado. O caixão era o vizinho que fazia, e a gente já estava tão acostumado com mais um anjo
no céu que tudo virava festa. “O filhinho de dona Zeli está morrendo!”, gritaram bem de manhã cedo, e a gente levantou para ver se
ainda pegava o último suspiro. Corria a história de que quem segurasse a vela na mãozinha de um anjo ia ser sempre feliz, ficava pro-
tegido por ele o resto da vida. Por isso eu corri, mas quando cheguei lá, o filho de dona Isabel já estava todo vitorioso, segurando
aqueles dedinhos ainda rosados. Fiquei com raiva de Lúcio. Ele parecia adivinhar a hora da morte e era capaz de nem dormir quando
sabia que mais um estava se cagando, ruim das tripas, como sempre acontecia com os que iam para o céu. E assim que o anjo (nem
nome tinham, só botavam se achassem que ia vingar) se foi, Lúcio guardou o pedaço de vela no bolso, no maior acinte.
VIANA, Antonio Carlos. Aberto está o inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p.148.

SEBASTIÃO SALGADO/AMAZONAS IMAGES


Frequentar cemitérios é um dos
hábitos mais comuns do sertão.
Aí, a morte faz realmente parte
da vida, e a mortalidade infantil
é uma das mais altas do conti-
nente americano. Paraíba, 1980.
(Legenda do fotógrafo.)
SALGADO, Sebastião. Terra. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 72-3 e 140.

1 Sobre o conto do escritor sergipano Antonio Carlos Viana a) O narrador do conto revela grande insensibilidade, pois enca-
(1946-), é possível constatar que: c ra uma mazela social como uma “festa”.
a) O título do conto é formado por um substantivo comum e b) O principal fator que aproxima os dois documentos é a
concreto. legenda da fotografia, o que demonstra como a lingua-
b) Ao longo do texto, aparecem quatro substantivos próprios. gem verbal é mais adequada para tratar de determina-
c) Os substantivos sintéticos de grau diminutivo são de grande dos assuntos.
importância para o conto, porque evidenciam, com clara for- c) Os dois documentos tratam de assuntos próximos, porém, no
ça expressiva, a morte das crianças recém-nascidas. caso do conto, prevalece a perspectiva infantil, tema que está
d) De acordo com o narrador, “anjo” é um substantivo derivado ausente da fotografia.
e abstrato, cuja função é identificar as crianças mortas, já que d) O drama da mortalidade infantil é abordado nos dois docu-
elas só receberiam nomes próprios se “vingassem”. mentos, o que revela como a morte, representada em dife-
e) O narrador do conto é uma criança pequena, o que fica tão
rentes linguagens, é uma triste constante para as populações
bem expresso no constante uso de substantivos sintéticos de
sertanejas.
grau aumentativo.
e) Tanto a literatura como a fotografia são maneiras distintas de
2 Sobre as relações que podem ser estabelecidas entre o con- abordar determinado assunto, o que comprova que as ques-
to de Antonio Carlos Viana e a fotografia de Sebastião Salgado tões estéticas e formais são secundárias quando o foco recai
(1944-), pode-se afirmar que: d sobre um drama social tão latente.

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ANOTAÇÕES

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ANOTAÇÕES

GRAMÁTICA

Classes de palavras 51

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ANOTAÇÕES
Diretor de negócios editoriais: Maurício Pereira Fanganiello
Diretor editorial: Fernando Almeida
Diretora pedagógica: Francisca Paris
Coordenador de produção: Manoel Medeiros Lima
Elaboração de originais: Linguagens, códigos e suas
tecnologias: Alexandre Azevedo, Fábia Alvim Leite, Roseli
Aparecida de Sousa, Sheila Pelegri de Sá, Walfrido Vianna
Vital da Silva
Equipe de produção editorial e gráfica: Alan Carlos
Barbosa, Ana Lúcia Alves Vidal, Beatriz Elena Meirelles
Nogueira, Camila Tákyla Felix Batista, Daniel Alves Da Silva,
Daniel de Paula Elias, Denise Cristina Morgado, Francis Yoshida
de Mattos, José Ângelo Góes Mattei Júnior, José Segura Garcia
Junior, Juliana Aparecida Puga, Leiliane Coimbra de Oliveira,
Luciano Costa de Oliveira, Luiz Rafael Gomes, Marcelo de
Almeida, Marcos Diego Dos Santos, Maria Cecília Rodrigues
de Oliveira, Maria Clarisse Bombonato Prado, Mateus Galhardo
Grizante, Miriam Margarida Grisolia, Mouses Sagiorato Prado,
Patrícia Mariani Gallo Pantoni, Paulo Sérgio Fritoli, Priscila
Martesi Galan, Rafael Zattoni, Regilaine Ferreira Dos Santos,
Renato Kikugava Calura, Rodrigo Donizete Borges, Sandra
Hostina Bordini, Sonia Giselda de Araújo Sato, Vanessa Paula
Togniolo, Viviane Saraiva de Lima, Yara Ferreira Neves
Produção editorial complementar: Denise Favaretto e
Diagrama – Soluções Editoriais
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Leite, Fábia Alvim


Sistema de ensino ser : ensino médio, cadernos de
1 a 12 : gramática : professor / Fábia Alvim Leite. -- 3.
ed. -- São Paulo : Ática, 2017.

1. Português (Ensino médio) - Gramática I. Título.

16-08163 CDD-469.507

Índice para catálogo sistemático:


1. Gramática : Português : Ensino médio 469.507
2016
ISBN 978 85 08 18238 1 (AL)
ISBN 978 85 08 18240 4 (PR)
3ª edição
1ª impressão

Impressão e acabamento

Uma publicação

52 Classes de palavras

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