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Relações entre rizobactérias e plantas

Trabalho realizado por: Alexandre Dias, nº 26676


Índice
Resumo ............................................................................................................................. 3
Introdução ......................................................................................................................... 3
Fixação de Nitrogénio ...................................................................................................... 3
Solubilização de Fósforo .................................................................................................. 4
Controlo de Agentes Patogénicos ..................................................................................... 5
Atividade antifúngica ....................................................................................................... 5
Diminuição dos efeitos de stresses bióticos e abióticos ................................................... 6
Conclusão ......................................................................................................................... 6
Bibliografia ....................................................................................................................... 7
Resumo

Rizobactérias são organismos que Rhizobacteria are organisms that inhabit


habitam o a rizosfera e promovem o the rhizosphere and promote the growth and
crescimento e desenvolvimento de plantas, development of plants through biological
através de processos biológicos. Entre os
processes. Which are nitrogen fixation,
quais pode-se encontrar a fixação de
nitrogénio, solubilização de fósforo, phosphorus solubilization, suppression of
supressão de agentes patogénicos incluindo pathogens including fungal activity and
a atividade fúngica e diminuição dos stresses decrease of biotic and abiotic stress. These
bióticos e abióticos. Estes processos são processes are characterized by relationships
caracterizados pelas relações que são between plants and other microorganisms in
estabelecidas entre as plantas e os outros the rhizosphere.
microrganismos na rizosfera.

Introdução

Em redor das raízes das plantas existe uma fina camada de solo envolvente com
espessura estimada de dois a três milímetros, que varia com o nível de atividade vegetal,
ao qual se classifica de rizosfera [1]. Esta camada de solo é extremamente importante para
a atividade radicular e para o metabolismo da planta, em que a quantidade de
microrganismos é muito superior do que em uma porção de solo afastado de algum tipo
de raízes, entre os quais é possível encontrar bactérias, protozoários, fungos e algas, sendo
as bactérias os mais comuns. Os microrganismos que habitam na rizosfera são
classificados conforme a interação com as raízes e o seu efeito nas plantas, podendo ser
patogénicos ou beneficiar a planta. Dentro das rizobactérias encontram-se as PGPR’s
(Plant Growt-Promoting Rhizobacteria) que são as espécies de bactérias que beneficiam
o crescimento das plantas de forma direta ou indireta. Como tema de estudo já foram
identificadas vários tipos de bactérias que promovem o crescimento de plantas, cujas
espécies são: Pseudomonas, Azospirillum, Azotobacter, Klebsiella, Enterobacter,
Alcaligenes, Arthrobacter, Burkholderia, Bacillus e Serratia [2, 3]. Estas bactérias
estabelecem relações com as plantas em que utilizam nutrientes e compostos segregados
pelas raízes para o seu crescimento e ao mesmo tempo libertam para a rizosfera
metabólicos, que por sua vez são assimilados pelas plantas promovendo o seu
crescimento [4]. Estas bactérias estimulam o crescimento atuando como biofertilizantes
através da fixação do nitrogénio da atmosfera no solo, solubilização de fósforo, controlo
de agentes patogénicos, supressão de atividade antifúngica e diminuição dos efeitos de
stresses bióticos e abióticos [2].

Fixação de Nitrogénio

O processo de fixação de nitrogénio é talvez o processo mais importante realizado pelas


rizobactérias que promovem o crescimento de plantas. O nitrogénio é o componente
central de muitas estruturas vegetais, como por exemplo: nos aminoácidos que ligados
em cadeia por ligações peptídicas formam proteínas, que são importantes no
desenvolvimento dos tecidos vegetais, como as membranas celulares. O nitrogénio
também é um componente dos nucleótidos, que
por sua vez ligados entre si dão origem ao DNA,
que por si é vital ao funcionamento das plantas,
pois este define as características fisiológicas e
processos biológicos das plantas. Este elemento
também desempenha um papel importante nos
processos metabólicos das plantas, como por
exemplo: ajuda a melhorar os processos da
fotossíntese, que ocorrem na clorofila [5].
O nitrogénio que existe em abundância na
atmosfera sobre a forma de N2 não é útil às
plantas, pois necessitam de quebrar a ligação
covalente tripla na molécula, para poderem
utilizar o nitrogénio, e como essa ligação precisa Figura 1 – Nódulos nas raízes de plantas [6]
de muita energia, mais precisamente, requer o
uso de 16 ATP’s para ser quebrada, as plantas não conseguem realizar. Já as PGPR’s
conseguem destruir essas ligações e sintetizar compostos de nitrogénio que podem ser
utilizados pelas plantas. Desta forma as plantas fornecem as rizobactérias com
aminoácidos e depois recebem o nitrogénio já fixado. A fixação do nitrogénio é realizada
pela enzima nitrogenase que quebra a ligação na molécula de N 2 e necessita de funcionar
em condições anaeróbicas. É neste processo em que a formação de nódulos nas raízes de
leguminosas pela espécie de bactéria Rhizobium beneficia pois, esta estrutura permite
criar um ambiente anaeróbico, favorável para as bactérias fixarem nitrogénio [7].

N2 + 8H + + 16ATP → 2NH4+ + H2 + 16ADP + 16Pi


Figura 2 - Equação do processo de fixação de N2 [7]

Solubilização de Fósforo

Apesar do grande peso do nitrogénio na fertilidade dos solos, o fósforo também


desempenha um papel bastante importante nas plantas. Para que o fósforo possa ser
utilizado necessita de estar solubilizado no solo. É nessa parte em que os microrganismos
entram. Estes possuem mecanismos que permitem a solubilização do fósforo no solo.
Neste caso as PGPR’s aumentam a produtividade das plantas, pois conseguem converter
fósforo insolúvel, noutra forma que pode ser utlizada pelas plantas, como o fosfato. Desta
forma o uso de rizobactérias solubilizadoras de fósforo aumenta a incorporação de fósforo
pelas plantas, logo melhorando o seu crescimento e produtividade [2].
Como por exemplo, na transferência de energia, em que o fósforo faz parte da estrutura
química do trifosfato de adenosina (ADP e ATP), cujo é o composto que permite às
plantas realizarem o transporte de energia química, sendo responsável por grande parte
das reações químicas. Quando o ATP liberta o fosfato de alta energia fornece energia, a
este processo é denominado de fosforilação, e depois transforma-se em ADP. O fósforo
também é um componente vital das substâncias que constroem aglomerados de genes e
cromossomas. É essencial no processo de transferência do material genético de uma
geração para outra, aquando da formação de novas células [8].
Controlo de Agentes Patogénicos

As rizobactérias desempenham um importante papel na supressão de outros


microrganismos que são patogénicos de plantas. Grandes resultados foram observados
em laboratórios e em estufa (ambientes controlados) porém estudos em campo mostrou
resultados inconsistentes, devido à grande quantidade de variáveis. Os microrganismos
conseguem eliminar a atividade de toda uma variedade de bactérias, fungos e nematodes
[2]. De especial importância são Pseudomonas spp. e Bacillus spp. que conseguem
suprimir com bastante eficácia patogénicos e ao mesmo tempo aumentar a produtividade
de culturas [9].
Ferro têm um papel importante no metabolismo de microrganismos aeróbicos e
anaeróbios facultativos e a sua disponibilidade no solo diminui drasticamente com valores
de PH superiores a 6. Os microrganismos competem por este composto através da
libertação de sideróforos, cujos são compostos químicos com grande afinidade por Fe3+.
Através deste método foi evidenciado, nos solos arenosos de Salinas Valley da
Califórnia, que a bactéria Pseudomonas putida contribui para a supressão de doenças de
murchidão causadas por formae speciales de Fusarium oxysporum, através da competição
por ferro mediada por sideróforos, desta forma a falta de ferro em Fusarium oxysporum
a inibiu o da germinação de clamidospóros e o crescimento do tubo germinativo na fase
saprofítica do fungo no solo da rizosfera [9].
Também já observado que produção de cianeto, por parte de algumas espécies PGPR’s
é uma forma de aumentar a produtividade de certas culturas, pois o cianeto inibe o
crescimento de alface e capim, que sendo espécies indesejáveis competem com a espécie
de cultura, a sua eliminação provocará maior crescimento da cultura. [2]

Atividade antifúngica

Algumas PGPR’s conseguem inibir o


crescimento e proliferação de fungos
através da síntese de substâncias que atuam
como antifúngicos e da degradação de
substâncias produzidas por fungos
patogénicos que afetam a produtividade da
planta. Por exemplo: a espécie P.
fluorescens produz 2,4-diacetil
floroglucinol que inibe o desenvolvimento
de fungos patogénicos; certas rizobactérias
degradam o ácido fusárico sintetizado pelo
fungo Fusarium sp.; Pseudomonas stutzeri
tem a capacidade de produzir quitinase Figura 3 – Bactérias de Bacillus subtilis [10]
extracelular e Laminarina que provocam a
lise do micélio de Fusarium solani [2]
Outro exemplo é a capacidade das rizobactérias Bacillus subtilis, Bacillus
amyloliquefasciens, Bacillus thuringiensis, Bacillus magaterium e Enterobacter
cloaceae, em inibir o crescimento de Sclerotinia sclerotiorum, fungo patogénico que cria
um bolor branco podendo causar a morte da planta, através da segregação de metabólitos
difusíveis e compostos voláteis que criam uma zonas de antibiose [11]
Diminuição dos efeitos de stresses bióticos e abióticos

Todos os tipos de culturas se sofrerem algum tipo de stresse é certo que a sua
produtividade irá diminuir. Os stresses abióticos sendo os maios comuns, podem
representar perdas de produtividade na ordem dos 50% a 80%. Por exemplo, das regiões
semiáridas em que a alta salinidade da água de rega e dos solos é uma barreira para a
produtividade das culturas, deste modo as plantas apresentam um crescimento foliar,
devido à dificuldade de absorção da água, que restringe os processos fotossintéticos [2].
Como por exemplo da interação entre as bactérias Paenibacillus sp. e Bacillus sp. e a soja
(Glycine max L.) que diminuíram os efeitos do stress hídrico das plantas, esta interação
causou um crescimento no sistema radicular da planta, permitindo que esta consiga
capturar mais água. Estes benefícios devem-se à produção de biofilme, ACC deaminase
e polissacarídeos extracelulares por parte das rizobactérias. [12]

Figura 4 – Efeitos da inoculação de plantas de soja com


Bacillus e Paenibacillus em condições de seca. A) planta
esquerda: controlo; planta direita: inoculada com Bacillus sp.
(W201). B) planta esquerda: inoculada com Paenibacillus sp.
(W610); planta direita: controlo. [12]

Conclusão

Enquanto o mundo continua a usar fertilizantes químicos e pesticidas é importante ter


em atenção como o mundo microbiológico funciona, de forma a tirar o máximo de
proveito do mesmo. É notável que a rizosfera e as rizobactérias apesar de não fazerem
parte de uma planta conseguem influenciar o seu funcionamento num sentido favorável,
desfavorável ou nenhum dos dois. Esses microrganismos conseguem em específicas
condições promover o crescimento e melhor vigor de determinadas espécies de plantas,
através de mecanismos biológicos. A combinação correta entre as espécies de plantas e
rizobactérias pode levar a grandes níveis de produtividade e qualidade biológica muito
satisfatórios.
Bibliografia
[1] - Nerastri, L. P. (2020). Rizoesfera. GMicS. Retirado de: https://gmicsesalq.com.br/rizosfera/. Acedido a 21/12/2021
[2] - Saharan, B. S., Nehra, V. (2011). Plant Growth Promoting Rhizobacteria: A Critical Review (Department of Microbiology,
Kurukshetra University). Retirado de:
https://www.researchgate.net/file.PostFileLoader.html?id=58484da6404854b7f44ed68b&assetKey=AS%3A436719616040960%40
1481133478064
[3] - Rhizobacteria. Wikipedia. Retirado de: https://en.wikipedia.org/wiki/Rhizobacteria. Acedido a 21/12/2021
[4] - van Loon, L. C. (2007). Plant responses to plant growth-promoting rhizobacteria. In Bakker, P. A. H. M., Raaijmakers, J. M.,
Bloemberg, G., Höfte, M., Lemanceau, P., Cooke, B. M. (Eds.). New Perspectives and Approaches in Plant Growth-Promoting
Rhizobacteria Research (pp 243-254). Retirado de: https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-1-4020-6776-1_2
[5] - Tajer, A. (2016). What´s the function of Nitrogen (N) in plants?. Greenway Biotech. Retirado de:
https://www.greenwaybiotech.com/blogs/gardening-articles/whats-the-function-of-nitrogen-n-in-plants
Acedido a 07/01/2022.
[6] - Rhizobium root nodules. SciencePhotoLibrary. Retirado de: https://www.sciencephoto.com/media/82184/view/rhizobium-root-
nodules
[7] – Lodwig, E., Poole, P. (2003). Metabolism of Rhizobium Bacteroids. Critical Reviews in Plant Sciences, 22(1), 37-78. Retirado
de: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/713610850
[8] - Canada, I. (1999). Functions of Phosphorus in Plants. Better Crops With Plant Food, 83(1), 6-7. Retirado de:
http://www.ipni.net/publication/bettercrops.nsf/0/8E2921B2D5FB31B085257980007CD130/$FILE/BC-1999-1.pdf
[9] - Schippers, B. (1988). Biological control of pathogens with rhizobacteria (Department of Plant Pathology, State University of
Amsterdam). Retirado de: https://royalsocietypublishing.org/doi/pdf/10.1098/rstb.1988.0010
[10] - Bacillus subtilis. Wikipedia. Retirado de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bacillus_subtilis.
Acedido a 10/01/2021.
[11] - Abdeijalil, N. O., Vallance, J., Gerbore, J., Rey, P., Daami-Remadi, M. (2016) Bio-suppression of Sclerotinia Stem Rot of
Tomato and Biostimulation of Plant Growth Using Tomato-associated Rhizobacteria. J Plant Pathol Microbiol. Retirado de:
https://www.researchgate.net/profile/Mejda-Daami-Remadi/publication/301566862
[12] - Braga, A. P. A. (2016). Rizobactérias nativas da Caatinga com potencial para redução dos o da seca em soja (Glycine max L.)
(Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queioz”, Universidade de São Paulo). Retirado de:
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11138/tde-27062016-104028/publico/Ana_Paula_Andrade_Braga.pdf.

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