O filme "Nha Fala" retrata a jornada de Vita de sua cidade natal na África para estudar em Paris, desafiando uma tradição familiar que proíbe mulheres de cantar sob pena de morte. O filme representa de forma vívida a cultura local em contraste com a cultura ocidental, abordando temas como colonização e silenciamento. A superação da maldição por Vita representa a ousadia de vencer amarras sociais impostas.
O filme "Nha Fala" retrata a jornada de Vita de sua cidade natal na África para estudar em Paris, desafiando uma tradição familiar que proíbe mulheres de cantar sob pena de morte. O filme representa de forma vívida a cultura local em contraste com a cultura ocidental, abordando temas como colonização e silenciamento. A superação da maldição por Vita representa a ousadia de vencer amarras sociais impostas.
O filme "Nha Fala" retrata a jornada de Vita de sua cidade natal na África para estudar em Paris, desafiando uma tradição familiar que proíbe mulheres de cantar sob pena de morte. O filme representa de forma vívida a cultura local em contraste com a cultura ocidental, abordando temas como colonização e silenciamento. A superação da maldição por Vita representa a ousadia de vencer amarras sociais impostas.
Turma e Cidade: Turma Brasil 03 Referente ao módulo: Relações Étnico-raciais (nome da disciplina) Referências: Ribeiro, G. R. (2010) – “Nha Fala, uma festa do tradicional com o moderno”; Bamba, M. e Meleiro, A. (2012) – “Filmes da África e da Diáspora, objetos de discurso”; Carelli, F. (2012) – “Cantam pretos, dançam brancos: Coreografia da colonização em Nha Fala, de Flora Gomes”. Valor: 10 pts. Nota:
A presente atividade consistiu na visualização do filme “Nha Fala”, de
Flora Gomes, e na análise dos pontos que nos chamaram a atenção e que conseguimos relacionar com os temas de debate em sala. O filme é uma produção do diretor Flora Gomes, nascido em Guiné- Bissau, que retrata a jornada de Vita, uma jovem que sai de sua cidade natal, em África, para estudar em Paris. O Enredo gira em torno de uma tradição/maldição que permeia a família de Vita, que impede que as mulheres da família cantem, sob a pena de perder a vida. Contudo, desafiando esse destino silenciador, Vita conhece Pierre em Paris, um músico, ao qual ela se apaixona. Encorajada, Vita permite-se cantar, e a sua bela voz é recebida por Pierre com tanta admiração, que juntos gravam um disco. Com o sucesso do disco gravado, Vita se dá conta de um fato: Como ela cantou, apesar de não ter morrido, ela deveria ter que passar pelo seu rito de morte. Pensando nisso, ela retorna com Pierre à Guiné-bissau para realizar o seu próprio funeral, e durante a cerimônia, Vita e Pierre encorajam sua mãe a também expressar sua voz, a livrando também da maldição que a calava. Um primeiro ponto que me chamou a atenção na produção de Flora Gomes, foi a estética do filme, retratando a cultura local de uma forma muito alegre e otimista, diferentemente do que costuma-se observar na maioria dos filmes (principalmente ocidentais) que se passam na África. As cores, as vestimentas, as músicas, e até mesmo os ritos de passagem, são retratados de 1 maneira vívida, com falas que remetem a um povo feliz, e referenciados em sua própria cultura. No mesmo sentido, me chamou a atenção a língua falada no filme. Em vez de produzir um longa-metragem em Francês ou mesmo em Português, o diretor optou por utilizar-se do Crioulo, língua nativa de Guiné e região, novamente retratando mais fielmente a cultura local, a partir de suas próprias linguagens. Outro ponto marcante da produção é a relação sutil exposta entre Europa e África, representada por vezes como um conflito simbólico entre a modernidade da cultura ocidental e a tradição das culturas originárias africanas, remetendo ao debate Colonizador x Colonizado. Esse debate surge por meio de falas, como dos garotos pedindo para Vita trazer para o país “Nike, Coca-Cola, Barbie”; O personagem Louco jogando farinha em seu rosto e dizendo “Agora assim pareço mais sério” – como branco; ou o Idoso francês, que apesar de dançar com as mulheres de guiné, dizia repetidamente “não gosto e pretos”; dentre outras cenas. A própria temática central do filme – a voz –, pode ser interpretada como um ensaio sobre o silenciamento e a liberdade de expressão, remetendo à povos/pessoas que não são ouvidos, apesar de possuírem voz e enunciarem suas próprias narrativas. A superação da maldição colocada às mulheres da família de Vita, representa, de certa forma, a ousadia daqueles que precisam vencer as amarras socialmente e historicamente impostas a si mesmos, para poderem ser ouvidos. O tempo retratado no filme também é marcado por uma representação cíclica, diferentemente da lógica ocidental do tempo linear. A morte como um renascimento, o início como um fim, a imagem da bicicleta andando de ré na cena final, são elementos que trazem uma certa circularidade à narrativa do filme, mais uma vez apresentando uma estética referenciada nos valores e percepções das filosofias africanas. Em suma pode-se dizer que o filme nos auxilia a realizar simbolicamente o exercício do giro decolonial, nos conduzindo para começar a compreender e respeitar as vozes que falam (e cantam) a partir de outras epistemologias, para além da cultura ocidental moderna.